domingo, 6 de maio de 2012


Boni, da TV Globo, frequentava sauna com coronéis da ditadura, diz testemunha

“O Boni é malandro, inteligente. Não sei o que falava com os militares"
- Basílio Pinto Moreira, dono do restaurante

No livro “Memórias de uma Guerra Suja”, o ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo Cláudio Guerra afirma que o restaurante tradicional carioca Angu do Gomes, frequentado por artistas e celebridades, era também ponto de encontro de coronéis linha dura do regime militar no fim dos anos 70 e começo dos anos 80.

Guerra conta: “O restaurante, inaugurado em 1977 pelo português Basílio Pinto Moreira e por João Gomes, era associado a uma sauna e foi fachada para as nossas atividades, misturando agentes da comunidade de informações ... Foram planejados assassinatos comuns e com motivações políticas, e discutimos vários atentados a bomba que tinham como objetivo incriminar a esquerda e dificultar, ou impedir, a redemocratização”.

... Por telefone, Basílio Moreira (82 anos) confirmou que Cláudio Guerra participava de reuniões com coronéis no local. Entre eles, o coronel Freddie Perdigão, do DOI-CODI.

“O Claudinho não saía daqui, rapaz! Vi que ele deu uma entrevista e muitas coisas que disse são verdade ... Tinha o Cláudio, o Freddie Perdigão ... Era uns 10 coronéis. Se reuniam aqui. Nunca me interessei na conversa deles, que era de militar para militar. Então eu me afastava. Não tenho nada que falar deles”, completou.

Sauna e artistas

Anexo ao restaurante funcionava uma sauna com garotas de programa. “Tinha strip-tease, e passou a ser frequentada também por artistas, policiais, militares e figurões da época...”, diz Guerra.

Basílio Moreira confirma e diz que seu irmão, ex-policial federal Augusto Pinto Moreira, era dono. Moreira lembra de alguns nomes famosos que frequentavam a sauna, entre eles o então executivo da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho: “O Boni é malandro, inteligente. Não sei o que falava com os militares", desconversou.

Outros famosos, segundo Guerra e Basílio, eram Jece Valadão, Carlos Imperial, Lúcio Mauro, e Ciro Batelli, ex-vice-presidente da rede de hotéis-cassino Caesar Palace. (Com informações do Ig)

A série de matérias sobre o livro "Memórias de uma guerra Suja", com incineração de corpos de desaparecidos políticos em usina de açúcar, com desaparecidos na Lagoa da Pampulha e outras revelações  está aqui.

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