(Carta Maior; 4ª feira/23/05/2012)
terça-feira, 22 de maio de 2012
SABOTAGEM CONTRA O PAÍS Economistas de bancos, nariz empinado, gostam de pontificar que o corte dos juros exigido pelo governo forçará a demanda, uma irresponsabilidade heterodoxa, sublinham, que atrairá contra o país o vento frio da inflação. Na verdade, o mecanicismo indigente vendido com soberba professoral --a mesma que jogou o capitalismo na sua pior crise desde 1929-- recobre uma ardilosa manobra perpetrada pela própria banca. Sob pressão direta da Presidenta Dilma para cortar taxas e reduzir spreads -- os maiores do mundo, no caso brasileiro-- os bancos simularam adesão ao apelo oficial, depois de escaramuças em que o sindicato do setor, a Febraban e seu presidente, sairam chamuscados. Ao mesmo tempo, porém, conspiravam deflagrando um aperto no crédito e o aumento explosivo nos preços das tarifas, componentes que juntos mais do que anulam qualquer corte perfunctório que possam fazer nos juros. Foi o que evidenciou a prévia do INPC para o mês de maio: a alta do índice, de 0,51%, foi tratorada pela explosão das tarifas da banca que subiram três vezes mais do que a média dos preços: 1,66%. Amanhã o dispositivo midiático neoliberal estampará manchetes cínicas e análises alarmistas para sancionar a profecia autorrealizável. Curto e grosso, há um nome adequado para isso: sabotagem.
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