envolvendo valores da ordem de 30% do PIB espanhol (leia matéria nesta pág do correspondente Oscar Guisoni), ganhou contornos de pânico financeiro nas últimas horas. A Espanha já convive com intensa fuga de capitais. Em março, fundos especulativos estrangeiros e residentes, inclusive bancos, enviaram para fora do país cerca de 66 bilhões de euros. Nos últimos nove meses a evasão chega a 200 bilhões de euros. A desconfiança com a política econômica do governo direitista de Rajoy é crescente. Detentores de riquezas se antecipam a uma possível quebra em cadeia do sistema bancário precipitando assim aquilo que temem: ações de bancos esfarelam nas bolsas ante a perspectiva de insolvência e supressão de dividendos. A direita do PP --uma espécie de Demos no poder, vitaminado pelo neoliberalismo tucano-- fez tudo o que os mercados exigiam. Ou ainda, fez tudo o que os credores, Merkel e o FMI exigem que a sociedade grega sancione nas urnas do próximo dia 17 de junho. E deu errado. Rajoy deu-lhes uma reforma trabalhista que barateia e agiliza as demissões, num país com cinco milhões de desempregados;temperou-a com tesouradas semanais em gastos com educação, saúde, previdência, estradas, cultura, saneamento. No momento em que o pânico financeiro investe como um touro ferido contra a desastrada aposta na recessão para equilibrar as contas nacionais --o que torna um país incapaz de gerar receita própria para se reerguer-- as autoridades do euro admitem, no máximo, postergar por um ano as metas de ajuste fiscal fixadas para 2012. Só pedem uma coisa em troca: mais arrocho.
(Carta Maior; 6ª feira/01/06/2012)
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