quarta-feira, 30 de maio de 2012

Capitalismo em transe: salve-se quem puder

Cesar Fonseca em 16/05/2012

DESESPERO POPULAR EM ASCENSÃO IRRESISTÍVEL. Corrida bancária na Grécia. Ângela Merkel, de início, deu uma de durona. Que a Grécia se lasque, se não pagar seus papagaios. A corrida bancária na terra de Sócrates, porém, é um presságio de que a Europa está diante do inferno financeiro, da intranquilidade geral que leva a cidadania ao desespero relativamente ao seu dinheiro. Náo há uma Linha Maginot que protege a Europa do risco grego, se esse estourar, como já estourou. Evidentemente, se a Grécia sai da zona do euro, a zona do euro já era. Por isso, La Merkel, de repente, caiu na real, depois de se encontrar com Hollande. Disse que não é conveniente que ocorra a saída dos gregos da moeda européia. A corrida bancária se estenderia aos demais países que estão entrando em crise, junto com a Grécia. Portugal, Espanha, Irlanda, Itália, também, cairiam na buraqueira financeira. O mundo já conhece essa história dramática. Em meio a essa loucura, que desata a insegurança geral, abre-se, nos Estados Unidos, o debate sobre o que fazer com o mercado financeiro. Deixa ele livre, como pregam os republicanos neoliberais radicais, ou regula o bicho, para impedir que novas loucuras sejam cometidas, como defendem os moderados liberais democratas? Do jeito que a coisa vai, com os bancos sendo alvos de corrida bancária, evidentemente, os mais interessados na intervenção estatal salvacionista serão os próprios banqueiros. Afinal, diante do salve-se quem puder, terão que declarar falência, urgente. É nessa hora que poderá ressurgir o discurso leninista segundo o qual as crises monetárias, por desatarem o medo social, atuam como propaganda do movimento socialista internacional. E a expressão efetiva de tal movimentação, na hora da crise e do desespero, é , naturalmente, o grito de ordem favorável a uma nova organização econômica. A primeira providência nesse sentido, portanto, deve ser feita por meio da estatização do crédito, como medida salvacionista, porque os mercados já comprovaram a sua ineficácia. A pergunta que não quer calar e que ninguém ousa fazer, especialmente, na grande mídia, é: o capitalismo, baleado financeiramente, com os governos falidos, aguenta nova corrida bancária? Se o capitalismo faliu, mas o socialismo não vingou, o que viria por aí, com as massas em desespero nas ruas, sem governo, como na Grécia?

O programa politico para

neoesquerda é pregar

O comportamento dos bancos privados brasileiros de resistência à diminuição dos absurdos spreads bancários é a demonstração inequívoca de que a bancocracia não tem compromisso com a sociedade, mas, tão somente, com o lucro imediato, em escala indecente, chocante, constituindo-se verdadeiro assalto à bolsa popular.

O capital financeiro especulativo agiota transformou-se na arma da nova escravidão moderna.

Acontece que a atividade bancária é uma concessão do Estado nacional para que seja utilizada, essencialmente, em nome do interesse público.

Emprestar dinheiro no crediário a 150, ate 200% ao ano, por acaso, representa interesse público?

Financiar o empresario a taxas de 50% para capital de giro, para que ele obtenha lucratividade necessária capaz de promover novos investimentos, de modo a gerar emprego, arrecadar impostos e proporcionar ao governo a construção da infraestrutura nacional com os recursos da sociedade, corresponde a algo parecido com interesse público?

a estatização do crédito

contra anarquia financeira,

Esses abusos, como demonstra a realidade, ao longo das últimas três décadas, pelo menos, têm assegurado taxas de lucro da ordem de 25% a 30% ao ano para os bancos.

Enquanto isso, a lucratividade das empresas ficam na faixa dos 8% aos 10%.

Afinal, elas, além de serem obrigadas a suportar a agiotagem desnaturada, sofrem a imposição, também, absurda de uma carga tributária descomunal, de 40% sobre o faturamento.

Ou seja, a produção e o consumo, no Brasil, se transformaram em escravos dos bancos e do governo, ambos em posição de grandes agiotas.

O capital e o trabalho produtivos foram massacrados pelo capital especulativo e pelo governo ganancioso.

para combater o caos econômico

global que a direita criou,

Por isso, pode-se perceber, claramente, que o destino histórico une, nesse instante, o capital e o trabalho produtivos em torno de uma só causa: fugir da canga dos juros e dos impostos.

Por que produção e emprego não constroem um discurso político que corresponderia a uma nova correlação de forças com o objetivo de ser útil à sociedade, visto que tanto os agiotas financeiros como o governo leonino, perderam, do ponto de vista social, a utilidade de servirem à sociedade,  de maneira razoavelmente, justa?

Qual seria a plataforma política adequada aos interesses da sociedade em meio aos estragos produzidos pela governabilidade que se compatibiliza com a agiotagem desenfreada, traduzida, simultaneamente, pelo assalto produzido pelos juros e pelos impostos, ambos desmedidos em relação aos ganhos médios dos trabalhadores e dos empresários?

Evidentemente, trata-se de colocar o crédito a serviço do interesse público pelo governo que precisa sofrer uma guinada na sua orientação política quanto à política tributária.

Se os banqueiros, como ficou clara a posição da Federação Brasileira dos Bancos – Febraban – , de que a taxa de juro para o crédito direto ao consumidor e à produção não irá diminuir, no rítmo requerido pelo interesse público, se depender da vontade eles, dos agiotas, não sobrará alternativa ao governo senão intervir no crédito, estatizando-o

 tornando os governos,

politicamente, inutéis,

Essa intervenção, evidentemente, não significaria iniciativa governamental para expropriar banqueiro, mas determinar a ele que taxa de juros ele deve utilizar, para adequar-se ao interesse público.

Tabelar o juro à produção, ao consumo, por que não?

A Constituição de 1988 previa o tabelamento do juro em 12% ao ano.

Na Era FHC, subordinada ao Consenso de Washington, ao FMI e aos credores, essa determinação constitucional foi banida, em nome de que, mesmo?

Prevaleceu o argumento de que o custo do dinheiro deve ser feito pelo mercado.

incapazes de manterem de pé o

utilitarismo ideológico fracassado

Mas, se o mercado é controlado, oligopolicamente, que mercado é esse, senão pura ficção?

Tem sentido a taxa básica, selic, estar em 9%, enquanto o juro para o consumidor alcançar até 200% e o juro à produção nunca ficar inferior a 50%, especialmente, para as micro e pequenas empresas?

A desaceleração econômica mundial, acentuada pela crise européia, acompanhada pela má performance da economia americana, que não reage, satisfatoriamente, visto que o mercado consumidor, tanto nos Estados Unidos, como na Europa, estouraram diante da superespeculação financeira, já está atingindo fortemente a economia brasileira.

A prova é o ritmo fraco das atividades produtivas em meio às pressões inflacionárias, agravadas pelo avanço da inadimplência, claramente, produzida pelo juro de agiota cobrado pelos bancos, tornando-se insuportável ao bolso dos consumidores, que não podem pagar suas dívidas.

A conjuntura explosiva na Europa que produz, nesse instante, o início de corrida bancária na Grécia, com possibilidade de espalhar para a periferia capitalista, nos países emergentes, coloca na ordem do dia a necessidade de controle estatal sobre o crédito, como primeiríssima providência para organizar a economia, antes que emerja a anarqia econômico-financeira.

A palavra de ordem política da neoesquerda, portanto, é controle estatal do crédito, ANTES QUE SEJA TARDE.

Categoria: (Economia, Política)

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