quinta-feira, 31 de maio de 2012

FUGA DE CAPITAIS: A INGRATIDÃO DOS MERCADOSA crise bancária na Espanha deflagrada com a quebra do Bankia,
envolvendo valores da ordem de 30% do PIB espanhol (leia matéria nesta pág do correspondente Oscar Guisoni),  ganhou contornos de pânico financeiro nas últimas horas. A Espanha já convive com intensa fuga de capitais. Em março, fundos especulativos estrangeiros e residentes, inclusive bancos, enviaram para fora do  país cerca de 66 bilhões de euros. Nos últimos nove meses a evasão chega a 200 bilhões de euros. A desconfiança com a política econômica do governo direitista de Rajoy é crescente. Detentores de riquezas se antecipam a uma possível quebra em cadeia do sistema bancário precipitando assim aquilo que temem: ações de bancos esfarelam nas bolsas ante a perspectiva de insolvência e supressão de dividendos. A direita do PP --uma espécie de Demos no poder, vitaminado pelo neoliberalismo tucano--  fez tudo o que os mercados exigiam. Ou ainda, fez tudo o que os credores, Merkel e o FMI exigem que a sociedade grega sancione nas urnas do próximo dia 17 de junho. E deu errado. Rajoy deu-lhes uma reforma trabalhista que barateia e agiliza as demissões, num país com cinco milhões de desempregados;temperou-a com tesouradas semanais em gastos com educação, saúde, previdência, estradas, cultura, saneamento. No momento em que o pânico financeiro investe como um touro ferido contra a desastrada aposta na recessão para equilibrar as contas nacionais --o que torna um país incapaz de gerar receita própria para se reerguer-- as  autoridades do euro admitem, no máximo, postergar por um ano as metas de ajuste fiscal fixadas para 2012. Só pedem uma coisa em troca: mais arrocho.

(Carta Maior; 6ª feira/01/06/2012)
Em tucanagem explícita em Brasília, só conversa fiada e à toa
Publicado em 31-Mai-2012
Falam em assumir o legado de FHC. O principal, a privataria tucana?... Em mais uma tucanagem explícita, daquelas que eles fazem costumeiramente em Brasília com pura conversa fiada e à toa, o comando nacional do PSDB cobrou nesta 4ª feira (ontem) a "nacionalização" do discurso tucano dos pré-candidatos do partido nas eleições municipais deste ano.

A receita tucana para a campanha de 2012 - e para as futuras - foi repassada pelo presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra (PE), o principal líder nacional deles, senador Aécio Neves (PSDB-MG) e por outros integrantes da direção tucana. Na plateia, 60 pré-candidatos a prefeito pelo partido nas 100 maiores cidades do país. Por "problemas de agenda", o pré-candidato à Prefeitura de São Paulo José Serra, não compareceu.

O senador Aécio sugeriu que os candidatos tucanos nacionalizem parte da campanha local deste ano, discutindo temas nacionais e repassando para o eleitor o que o PSDB pensa sobre essas questões. "A homogeneidade no discurso do PSDB nas questões nacionais será um diferencial", previu.

Herança de Aécio para Anastasia: um Estado falido


Depois Aécio descambou a falar da excelência dos governos tucanos. Teve a coragem de fazê-lo mesmo com seu sucessor, o governador Antônio Anastasia (PSDB) - eleito por ele - governando um Estado falido, herança do chamado choque de gestão aecista.O tal choque se resume a enxugamento da máquina, desemprego e demissão de funcionários públicos.

Na tucanagem de ontem o rol de recomendações foi vasto. Uma delas para a campanha deste ano foi o resgate do legado do ex-presidente tucano Fernando Henrique Cardoso. "Nas últimas campanhas de presidente, nós fizemos (cometemos) um erro muito forte. No primeiro momento, nos colocamos para baixo, preocupados com a rejeição ao Fernando Henrique. Nós praticamente escondemos o legado. E em outras campanhas não valorizamos".
Aí Guerra jogou nas costas da militância a culpa pela derrota na eleição nacional de 2010. Cobrou do PSDB que tenha militantes "vivos", capazes de divulgar as bandeiras do partido. Destacou, ainda, que foi preciso a presidenta Dilma Rousseff reconhecer a importância do ex-presidente FHC para o PSDB ter coragem de explorar e assumir o seu legado.

Agora pensam no resgate do legado de FHC


Vão incoporar este legado à campanha deste ano, assumi-lo de vez? Estou curioso para saber como vão fazer isto. Sim, porque na campanha eleitoral presidencial de 2002, FHC era tão rejeitado e estava tão em baixa que não o deixaram botar o pé uma vez sequer num palanque do candidato deles ao Planalto, José Serra.

Na de 2010, de novo com José, foi a mesma coisa. Até quiseram "exilar" o ex-presidente, aconselhado e induzido a ficar fora do país na maior parte do tempo da campanha. Outro problema que eles não tem como resolver: o maior legado dos governos FHC são as privatizações, também chamada pela mídia de privataria tucana.

Isso mesmo, as privatizações das quais em outra campanha presidencial, o candidato deles Geraldo Alckmin tremia toda vez que o assunto era levantado. Fugia dele como o diabo da cruz. José também, em 2002 e 2010 desviava o assunto rapidinho, sempre que era colocado.

Agora pensam no resgate do legado de FHC. Mas, este ano e sempre, o legado é o mesmo, não muda...Vão assumir?

Leiam, também, o post abaixo Um reconhecimento tucano aos méritos do PT e de Lula.
ONU: 170 medidas em prol dos Direitos Humanos no país
Publicado em 31-Mai-2012
Em entrevista, deputado Domingos Dutra fala ao blog sobre o tema... ImageO Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas (ONU) encaminhou uma série de recomendações ao Brasil. Ao todo foram propostas 170 medidas. Algumas, polêmicas, como a supressão da Polícia Militar (PM). Outras absolutamente necessárias, como dar um fim nos “esquadrões da morte”, herança maldita da época da ditadura que insiste em se manter entre nós, assassinando principalmente pobres negros e mulatos das periferias nas grandes regiões metropolitanas.

Foram sugeridas, também, a reforma do nosso sistema penitenciário, a revisão dos programas de formação em direitos humanos das nossas forças de segurança, o combate à impunidade e as investigações tanto dos crimes cometidos por agentes públicos, quanto dos cometidos contra ativistas de direitos humanos e juízes. A garantia de recursos para que a Comissão da Verdade possa reconhecer os direitos das vítimas à justiça também mereceu destaque por parte da ONU.

A avaliação das Nações Unidas é parte do relatório do Grupo de Trabalho sobre o Exame Periódico Universal (EPU) do Brasil. Ela se dá após o encontro do Conselho da ONU, em Genebra, no último dia 25, que contou com a participação da ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário (confira o discurso da ministra). Um dos participantes do evento, o deputado Domingos Dutra (PT/MA), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, falou ao blog sobre essas discussões.

Embora não trate somente desta questão na entrevista, a frase a seguir dá uma boa pista sobre o pensamento do presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara: “Nós temos que radicalizar a democracia no país e esse processo passa por uma divisão das responsabilidades. Não entendo por que os municípios estão fora desta questão da segurança pública”.

Deputado, como o sr. avalia as recomendações da ONU na área de direitos humanos?

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Domingos Dutra
[Domingos Dutra] O item principal dos questionamentos destes 60 países que compõem o Conselho foi sobre o sistema carcerário brasileiro. Também foram feitas muitas referências às execuções dos grupos de extermínio e aos assassinatos praticados por policiais fora do horário de trabalho.

Nós, da Comissão de Direitos Humanos, estamos com a intenção de priorizar o debate sobre a unificação das polícias, a humanização do aparato policial e a intensificação das polícias comunitárias. Hoje, o número de assassinatos por policiais durante o exercício da função sob alegação de resistência é muito alto, bem como o envolvimento de policiais com o crime organizado. Nós temos de fazer um amplo debate que passa pela melhoria das condições salariais, aumento do efetivo – o número de policiais relativo ao da população é muito pequeno –, reequipar as polícias e fortalecer o serviço de inteligência. Precisamos urgentemente levar os direitos humanos para dentro dos quartéis e das delegacias. A insegurança promovida pelas forças policiais é muito grande.

Em relação à unificação das polícias, qual o entrave?

[Domingos Dutra] Esse é um debate que se trava há muito tempo. O PT discute há anos essa questão. Há muito conflito. Existe uma guerra não apenas entre a polícia militar e a civil, mas entre a civil e o Ministério Público para saber quem tem primazia nas investigações. A Comissão de Segurança até hoje não fez nenhuma discussão a respeito. Por isso nós, da Comissão de Direitos Humanos, estamos inclinados a convidar especialistas, autoridades, parlamentares para fazê-lo. Mesmo porque é a população que está pagando o pato por essas disputas e pelas carências que o sistema de segurança tem. Os mais pobres que estão na periferia, os moradores de rua, enfim, os que estão incluídos na nossa temática de direitos humanos.

Nosso objetivo é transformar a Comissão de Direitos Humanos em um espaço de discussão sobre este tema. Segurança pública não é apenas tratar de armas, de polícia bem treinada. Ela deve ser vista na perspectiva da cidadania, mesmo porque as estatísticas de homicídios hoje no país revelam que eles estão centralizados nas áreas mais pobres. Nas regiões ricas do Rio e de São Paulo, esses índices equivalem aos da Suécia e da Suíça. Agora, vai lá na perifeira carioca ou paulistana: as taxas são iguais às dos países mais pobres da África. Esse debate tem de ser feito urgentemente.

Como o sr. avalia os esforços em termos de segurança pública hoje no país?

[Domingos Dutra] Desde o governo Lula tem havido um esforço muito grande no sentido da União participar mais da segurança pública. A Constituição estabelece que a segurança pública é uma obrigação dos governos estaduais; já a segurança nacional, do espaço aéreo, das fronteiras etc., está nas mãos do governo federal.

O problema é que com a violência nos patamares que hoje se encontra, a União precisou atuar com mais força na segurança pública. Não pode mais deixar apenas nas mãos dos governos estaduais. Exemplo disso é o Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) do Ministério da Justiça. Temos, ainda, a construção dos presídios federais para isolar lideranças de organizações criminosas. O trabalho, agora desenvolvido, com a população carcerária ... e tantos outros.

Nós temos que radicalizar a democracia no país e esse processo passa por uma divisão das responsabilidades. Não entendo por que os municípios estão fora desta questão da segurança pública. Como você pode deixar a capital paulista, com mais de 15 milhões de habitantes, sem responsabilidade sobre segurança pública?

Naelson Correia Guimarães

Naelson Correia GuimarãesNaelson Correia Guimarães
Publicado em 20-Abr-2011
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AL tem uma caminhada longa para o socialismo
Para Naelson Correia, comunista da velha guarda, o processo se dá em muitas etapas.
AL tem uma caminhada longa para o socialismo

ImageNaelson Correia Guimarães é um desses comunistas da velha guarda que retratam o que há de melhor na esquerda. Combatividade, esperança, lealdade à causa e uma juventude que contrasta com os 90 anos registrados em sua carteira de identidade. Ex-conselheiro municipal e estadual da saúde, Naelson não perdeu o vigor da militância, nem depois de sofrer várias pontes de safena ao longo da vida. Para este aguerrido senhor, que viu duas ditaduras – a de Getúlio Vargas e a dos Militares – a eleição de Dilma Rousseff à presidência é um tremendo avanço para a sociedade brasileira.

José Sérgio Gabrielli

José Sérgio GabrielliJosé Sérgio Gabrielli
Publicado em 01-Ago-2011
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"Não há desafio que a Petrobras não possa superar"

É o que diz o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli
Image "Não há desafio que a Petrobras não possa superar"

À frente da 34ª empresa do mundo – segundo o ranking da 500 maiores companhias da revista Fortune – o economista e professor baiano Sérgio Gabrielli, presidente da Petrobras desde 2005, é um homem confiante. Para ele, não há desafio que a Petrobras não possa superar. Com um faturamento anual superior a R$ 213 bi e um lucro líquido anual que excede os R$ 35 bi, a empresa acaba de divulgar o seu plano de investimentos 2011-2015. Ele está cotado em dólares. Serão US$ 224,7 bi  desembolsados para dar forma a 688 projetos. Um dos maiores planos de investimentos em curso no mundo.
Rubens Barbosa
Publicado em 28-Out-2011
Image"Com os BRICS, Brasil já é visto em pé de igualdade com China
e Rússia"
A opinião é do embaixador brasileiro Rubens Barbosa
Image"Com os BRICS, Brasil já
é visto em pé de igualdade
com China e Rússia"



A diminuição do valor facial da dívida e o seu reescalonamento – duas medidas já adotadas pelo Brasil e Argentina no passado – são a única forma de a Europa sair de sua crise econômica. Já, as medidas que o Fundo Monetário Internacional (FMI) impõe e o Banco Central Europeu e os governos dos países daquele continente estão impondo à Grécia e a Portugal não funcionam.

Ao contrário, provocarão uma recessão de muitos anos na região. A análise e a previsão são de um especialista em relações internacionais e mestre da Escola Superior de Ciências Econômicas e Políticas de Londres, Rubens Barbosa.  Diplomata de carreira, Barbosa foi embaixador brasileiro, dentre outros postos, em Londres e em Washington na década de 90 e no início dos anos 2000. Foi, ainda, atuante nos bastidores e no front da política externa brasileira, como coordenador do MERCOSUL por três anos. Autor de vários livros, lançou recentemente “O Dissenso de Washington”, no qual narra boa parte do que testemunhou nos anos em que presidiu a embaixada na capital norte-americana.

Na Entrevista do Mês, abaixo, fomos ouvi-lo, já que a posição do Brasil frente a um mundo em constante e profundas transformações é um tema apaixonante e cada dia mais estratégico. Vários temas foram tratados – da nova relação Brasil e China ao papel do nosso país junto a fóruns como o G-20,  BRICS e MERCOSUL. Nem de longe Barbosa esconde suas opiniões, mesmo que num discurso diplomático. E defende posições polêmicas. Entre elas, a defesa de o Brasil deter um poderio militar à sua altura, assim como o domínio da construção de armas atômicas (ainda que não venha a tê-las). Além de achar desnecessárias campanhas para o Brasil entrar no Conselho de Segurança permanente da ONU. Ele fala, ainda, do seu desencanto com os rumos do MERCOSUL.

Cético sobre as pretensões brasileiras a um assento no Conselho de Segurança na ONU, o embaixador chega a afirmar que o país jogou dinheiro fora em seu “ativismo” em prol da vaga. Por outro lado, também sabe elogiar: credita a Celso Amorim o acerto de ter buscado institucionalizar os BRICS – até então uma sigla usada apenas por economistas – o que tem forçado Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul a um maior conhecimento mútuo e alavancado a imagem do Brasil no exterior, colocando-nos, aos olhos dos investidores, no mesmo patamar que Rússia e China.

Confira a seguir um depoimento sincero, inteligente e crítico dessa testemunha privilegiada da história recente - e nos bastidores - das relações internacionais do Brasil.

[ Zé Dirceu ] Embaixador, os EUA, a Europa e, por extensão, o mundo mergulharam em profunda crise econômica em 2008, que se arrasta até agora e recrudesceu do ano passado para cá. As soluções tentadas não resolvem nada. Qual a saída? Existe chance de uma solução não ortodoxa e de caminhos mais multilaterais que dependam menos dos EUA e da Europa?

[ Rubens Barbosa ] Estive recentemente na Grécia. A crise de agora não tem nada a ver com a de 2008. Àquela ocasião, tivemos um fenômeno que afetou o setor privado, um problema de solvência e derivado da falta de regulamentação das áreas mais sofisticadas de transações financeiras. Agora, o que temos é uma crise fiscal. Os países da Europa se endividaram mais do que podiam. Nos EUA, a mesma coisa. Seu endividamento está crescendo e se agravou muito com a eleição de George W. Bush – presidente que foi um desastre para os norte-americanos. E uma coisa incide sobre a outra.

Os EUA vão sair antes da crise e se recuperar mais rapidamente porque a economia norte-americana tem a chamada resilience, ou seja, uma resistência muito grande a pressões, porque o país está à frente dos demais em tecnologia. Agora, a Europa não. O caso europeu é mais grave. Ela está numa camisa de forças devido ao sistema monetário europeu: um único Banco Central, uma moeda única. E os países, sobretudo os menores, perderam a liberdade de praticar suas políticas econômicas. Não têm instrumentos de política monetária, cambial… É tudo o Banco Central Europeu (BCE) que determina.  Eles não podem desvalorizar moeda, aumentar ou baixar taxa de juros, a não ser por meio do BCE.

A Grécia, por exemplo, está em uma situação pré-falimentar. Além de a sociedade grega ser a grande perdedora, outros grandes perdedores são os bancos alemães e franceses, que botaram muito dinheiro no país. Os governos estão tentando evitar o default grego para que os bancos alemães e franceses não quebrem. Isso envolveria a perda de bilhões de euros. Agora, o que me espanta é a demora para tomarem a única medida possível, na minha visão: fazer o que foi feito aqui na região, no Brasil e na Argentina. É preciso diminuir o valor facial da dívida e reescaloná-la.

O problema é que só estão começando a analisar essas possibilidades agora. E não há outra maneira. Essas medidas que o Fundo Monetário está querendo adotar e que o BCE  e os países europeus estão impor à Grécia e a Portugal não funcionam. Com elas, corta-se o crescimento, demitem-se funcionários… Vão promover uma recessão de muitos anos. É o que pode acontecer à Europa: serão cinco, 10 anos pelo menos, até que o continente volte a crescer o que crescia antes da crise. Será um longo período de crescimento muito baixo, de 1%, ou menos disso ao ano. E, sem uma perspectiva de saída, pois quando um país corta o seu crescimento o que ocorre é que também se tira a possibilidade do pagamento da dívida.

Europa não quer a interferência do FMI

[ Dirceu ] É um tiro no pé...

Image[ Barbosa ] O objetivo deveria ser, ao contrário, que esses países pagassem a dívida. Vejo, portanto, uma situação muito complicada na Europa. E nesse quadro é difícil que se encontre uma solução do ponto de vista multilateral. A solução na Europa será encontrada no âmbito da União Europeia (UE). Eles não querem a interferência do Fundo Monetário, nem de gente de fora nessa história.

[ Dirceu ] Em relação ao G-20 e aos BRICS, fóruns com os quais temos relações, quais as perspectivas para os próximos anos? O que nos aproxima e nos separa dos países reunidos nesses fóruns?

[ Barbosa ] Uma das boas coisas feitas pelo ex-presidente Lula e pelo Celso Amorim (chanceler naquele governo) no segundo mandato - esta é uma iniciativa brasileira - foi institucionalizar os BRICS. A nomenclatura foi criada em 2001 e, até 2008, só existia enquanto uma sigla usada por economistas. Mas o Celso Amorim teve a iniciativa de querer gradualmente institucionalizá-la (enquanto um fórum multilateral). Inicialmente foram feitas reuniões de ministros do exterior entre os BRICS Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Depois, de ministros da Fazenda e, depois, de presidentes da República. Já, na terceira reunião ocorreu algo impressionante. As conversas se deram em vinte áreas - bancos centrais, IPEA, órgãos de estatísticas, IBGE etc. Essas áreas todas se reuniram entre esses países. O Brasil e a China, o Brasil e a Rússia, o Brasil e a África do Sul sempre tiveram relações boas, mas não havia nenhuma intimidade. Eles não nos conhecem e tampouco os conhecemos. Mas, com a institucionalização dos BRICS, um maior conhecimento mútuo foi forçado.

[ Dirceu ] Quais foram as vantagens dessa aproximação?

[ Barbosa ] Eu atribuo que grande parte da projeção externa do Brasil obtida nos últimos anos se deve à institucionalização dos BRICS. Se fôssemos fazer uma campanha publicitária para colocar Brasil junto a URSS e a China, levaríamos 20 anos para termos algum resultado… Mas, de uma hora para outra, com o (grupo) BRICS, em dois anos, o mundo passou a ver o Brasil, a Rússia, Índia e a China em pé de igualdade, apesar de todas as diferenças entre eles. Essa foi uma das principais razões da recente projeção externa do Brasil.

[ Dirceu ] Como o sr. vê a agenda dos BRICS?

[ Barbosa ] Os BRICS não têm uma agenda comum. Aliás, nem sei se isso é importante. Do ponto de vista do Brasil, o importante é isso: é ser equiparado à China e à Rússia em termos de destino de investimentos. Por sinal, nós estamos em uma situação muito melhor do que a da China e da Rússia para atrair investimentos. Os BRICS, gradualmente, vão formar uma agenda comum.

[ Dirceu ] E quais são as principais diferenças?

[ Barbosa ] Nesse fórum (BRICS) Brasil e a África do Sul não são países nucleares. Já, Índia, China e Rússia têm suas bombas atômicas. Portanto, a agenda deles é mais complexa e diferente da nossa. Estamos vendo agora no G-20 e na Organização das Nações Unidas (ONU), que o Brasil tem atuado junto com os BRICS nas questões do Oriente Médio. Ou seja, não há uma agenda pré-estabelecida entre os BRICS, mas ela será gradualmente desenvolvida com a evolução do grupo.

"Mercado interno ou força militar?"

[ Dirceu ] E por falar em poder militar, nos próximos cinco, dez anos, seremos a 5ª ou 6ª economia do mundo. É uma necessidade do Brasil a estratégia de defesa nacional que foi assumida na questão do Atlântico Sul, do pré-sal, da Amazônia. Qual relação há entre o novo papel que o Brasil assumiu internacionalmente, sua posição nos BRICS e a questão da nossa força militar? O quanto conta dispormos de forças armadas modernas tecnologicamente no mundo de hoje? Reformulando a pergunta: em seu mais recente livro (O Dissenso de Washington) o sr. menciona que, na década passada, o Brasil já era visto pelos EUA como economia emergente, mas não era tratado com a mesma importância dada à Rússia, à Índia e à China, três países com conflitos internos e/ou regionais, e armas nucleares. Hoje, ainda é importante dispor de armas nucleares para ser tratado com deferência? Para as potências, o que conta mais: mercado interno forte ou força militar?

[ Barbosa ] Claro que a força militar conta. E o Brasil não tem arma nuclear…

[ Dirceu ] E nem deve ter.

[ Barbosa ] O Brasil não deve ter armas nucleares, mas deve ter o que eles chamam no exterior de “capability”. Deve ter (dominar) o conhecimento para fazê-las.

[ Dirceu ] Estou de acordo.

Image[ Barbosa ] Disso não podemos abrir mão e devemos acelerar essa questão. Já, em relação ao fortalecimento militar, ele é muito importante. O Brasil, com as dimensões que tem, com os recursos naturais descobertos agora, não pode deixar de proteger as suas fronteiras. Essas usinas do porte de uma Itaipu, as plataformas para a prospecção de petróleo... Não vejo a necessidade de nos armarmos contra ataques terroristas, mas imagine um maluco que destrua uma plataforma daquelas? Equivalem a 10% do fornecimento de petróleo do país.

[ Dirceu ] Precisamos de Forças Armadas bem equipadas e capacitadas...

[ Barbosa ] É preciso ter a Marinha, a Aeronáutica e o Exército equipados. E isso vem de encontro à política de fortalecimento da indústria nacional de defesa. Trata-se de uma questão muito importante. Sempre achei que nós tínhamos de identificar o que nos importava para a defesa no Brasil e atrair empresas do exterior para produzirem aqui esses equipamentos e essas tecnologias. É o que vai fortalecer o chamado “poder nacional”. Na prática, o Brasil não pode ter uma presença externa, sem dispor de uma presença militar.

Recentemente, o Brasil mandou uma fragata para o Líbano. Não é possível ter o comando das Forças Navais no Líbano e não dispor de um navio lá. Tampouco se pode querer defender a fronteira no Amazonas, inóspita e não habitada, sem ter os aviões não tripulados, sem dispor de uma tropa ali na fronteira, sem equipamento especializado. Da mesma forma, nos rios e no Atlântico. Não estou falando de uma força de ataque, mas de uma força defensiva. Não somos bélicos. O Brasil não tem uma guerra há 150 anos: o país definiu todas as fronteiras e se tornou independente sem qualquer guerra. Mas é preciso contarmos com uma força militar compatível com o tamanho do país.

[ Dirceu ] O sr. mencionava o fortalecimento de uma indústria nacional de defesa...

[ Barbosa ] O fortalecimento dessa indústria é muito importante para o país. Nos EUA, por exemplo, as verbas dedicadas pelo Pentágono à indústria da defesa são brutais. Daí saem as grandes inovações tecnológicas, depois  readaptadas para o uso civil. Temos que começar a fazer o mesmo.

Brasil passa a ter voz em novas áreas

[ Dirceu ] Voltando ao tema do G-20...

[ Barbosa ] O Brasil tem um papel a desempenhar no G-20 e isso já começa a acontecer. O Brasil está em uma transição entre um país que está em desenvolvimento e um país que começa a ter uma posição fora de sua região, para além dela. Por projeção externa entendo a forma como o Brasil passa a ter voz em áreas como o Oriente Médio, a África, a Ásia.

[ Dirceu ] Quais as conseqüências disso?

[ Barbosa ] Isso cria uma situação complicada para nós. Para se ter influência no G-20 é preciso ter ideias, ter políticas. O ministro Guido Mantega (Fazenda) lançou em fórum recente o conceito da “guerra cambial”. É um exemplo de como o Brasil pode influir nas discussões globais. Mas, nosso país não tem, ainda, um peso específico como a Rússia, a China, para influir num conflito na Ásia… É um pouco de pretensão nossa querer influir no Oriente Médio. Não temos, ainda, peso para isso.

[ Dirceu ] Em que temos peso?

[ Barbosa ] Temos peso para atuarmos nos grandes temas multilaterais. Acredito que outra grande razão da projeção externa do Brasil é que o país é um ator importante nos grandes temas globais – comércio exterior, meio ambiente, mudança de clima, energia, água, democracia, direitos humanos. O Brasil é chamado a se manifestar nesses assuntos. É nesses campos que podemos exercer a nossa influência com ideias. E mesmo aqui, nós sempre ficamos em uma posição reflexa. O Brasil sempre reflete o que perguntam… Temos que, a partir de agora, passar a ter posição pró-ativa, políticas e uma ação propositiva.

China: parceiro e concorrente

[ Dirceu ] Hoje o Brasil é um grande exportador de matérias primas e importador de tecnologia e manufaturas. Nesse contexto, como ficamos em relação à China? O país é mais um concorrente, um parceiro ou um desafio?

[ Barbosa ] O Brasil tem uma visão ingênua em relação a China. Ela é o principal parceiro comercial do Brasil, passou até os EUA. E é o segundo grande parceiro, aqui da região sul-americana. Um dos equívocos da política externa do governo Lula foi considerar a China como “economia de mercado” (um status de tratamento bilateral especial). A consequência prática disso é que esse fato restringiu a margem de manobra do governo brasileiro e das empresas brasileiras na hora de usarem os mecanismos de solução de controvérsias. E isso faz falta, agora, com a invasão de produtos chineses que está ocorrendo. Não só porque os chineses têm uma maior competitividade, mas, também, pela sua influência na manipulação cambial – coisa que pouca gente sabe aqui no Brasil. Sobretudo, porque eles vêm ao Brasil praticando um preço de dumping, quando não fazem uma triangulação com outros países para que seus produtos sejam vendidos aqui. A triangulação é usada exatamente quando o Brasil começa a tomar medidas para enfrentar os produtos chineses. Aí, eles os exportam para o Vietnã, para, a partir de lá, conquistarem o nosso mercado.

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[ Dirceu ] Em resumo, a China é uma oportunidade ou um desafio?

[ Barbosa ] A China ainda é uma grande oportunidade para o Brasil. Eu não acredito que o seu crescimento, mesmo com essa crise internacional, vá cair dramaticamente. Os chineses crescem 12% ao ano. Mesmo com a crise internacional, no pior cenário, o seu PIB deverá se desacelerar para 9% ou 8% ao ano… E, mesmo que isso  aconteça, a China continuará a ser um grande comprador de produtos primários brasileiros. Nossa receita de exportação para a China deve continuar a crescer. Aí está a oportunidade.

[ Dirceu ] E quais são os principais desafios envolvidos nessa relação?

[ Barbosa ] Nem o governo brasileiro, nem os empresários brasileiros sabem o que querem dessa relação. É a mesma coisa com os EUA. Nós não sabemos o que queremos da relação com eles.Nem o governo, nem o setor privado. Há confrontos, divergências. Com a China é mais grave porque o país está afetando diretamente a política comercial brasileira, além de forçar diretamente a apreciação do câmbio brasileiro. O governo da China, por meio do Banco da China, tem usado o mercado de derivativos, o mercado futuro, para interferir no nosso câmbio.

[ Dirceu ] Como ficam a indústria de transformação e o mercado interno brasileiros, agora, com o novo papel que a China está desempenhando no Brasil?

[ Barbosa ] Historicamente o mercado brasileiro era atendido por apenas 10% de produtos importados. Hoje essa proporção chegou a 25% e a maioria deles chegam da China, prejudicando a nossa indústria de transformação.

"MERCOSUL se transformou em fórum de debate político"

[ Dirceu ] Ainda nem falamos sobre a América Latina. Quais são as chances de conseguirmos um real avanço na integração regional? Qual o papel político do Brasil em função dos casos de crises em Honduras e na Venezuela e, ainda, no Haiti? Qual o nosso papel no MERCOSUL e na UNASUL?

[ Barbosa ] (momento de hesitação) Sou muito crítico da nossa política em relação a América do Sul. Não defendemos os nossos interesses como deveríamos. O Brasil mudou de patamar em sua relação com os países da região. Nós já temos interesses fora da região. Mas, aqui, na região, perdemos a possibilidade de exercer uma liderança efetiva. No começo do seu governo, o presidente Lula, repetiu várias vezes que o Brasil queria ser liderança na região. Nós não fizemos isso. Hoje, acredito que o país esteja a reboque dos acontecimentos na América Latina.

Outros países têm tomado a iniciativa, seja a Argentina, com essas medidas restritivas todas, seja a Venezuela. E o Brasil acompanha. Até a CELAC, a Comunidade dos Estados Latinoamericanos e Caribenhos, foi uma iniciativa do México... Essa UNASUL (inicialmente chamada de Comunidade Sul-Americana de Nações, uma união entre o MERCOSUL e a Comunidade Andina de Nações com vistas à integração sul-americana)... Eu não vejo resultados concretos nessa iniciativa. A integração na região sofreu um atraso, não avançou. Com isso, o Brasil resolveu bilateralizar as relações com todos os países.

A integração regional, econômica, comercial - que é o que interessa efetivamente ao Brasil - e é o que estava se dando no âmbito do MERCOSUL, parou. Está totalmente estagnada. O Brasil apresentou duas vezes, em 2004 e 2009, propostas para o MERCOSUL avançar e nem houve resposta. Nós perdemos a capacidade de influir porque os países perceberam que o Brasil não queria forçar nenhuma situação. Eu acho que é um equívoco cultivarmos aquilo que o Itamaraty denominou de “paciência estratégica com a Argentina”. Não é possível mantermos uma situação em que os argentinos restringem o comércio bilateral da maneira como estão restringindo, unilateralmente. E, fazendo-o apesar das regras do MERCOSUL e as da Organização Mundial de Comércio (OMC). E, ainda assim, o Brasil não fazer nada a respeito. Isso não é correto. Temos que reclamar. Não é bater, mas é preciso aplicar os mecanismos de defesa comercial que temos à mão, quando ocorre uma medida dessa natureza.

[ Dirceu ] E quanto ao MERCOSUL? Como estamos?

[ Barbosa ] Hoje, o MERCOSUL se transformou em um fórum de debate político e social. Apesar de a retórica do governo ser contrária ao que estou dizendo, na realidade, o MERCOSUL deixou de ser o acordo comercial e econômico que era na origem. Quando eu participei disso – fui coordenador do MERCOSUL durante três anos - só discutíamos questões comerciais, econômicas e financeiras. Claro que debater questões políticas e sociais é importante. Agora, não é o que foi inicialmente negociado e que era o que interessava ao Brasil: uma área de livre comércio na região. Nesse sentido, acredito que esteja faltando uma visão estratégica, inclusive, na integração da região.

O Brasil teria que promover a integração física da região. Por exemplo, nós estamos sem visão estratégica na questão da saída para o Pacífico, fundamental quando pensamos nossas relações com a China. A China é o principal parceiro comercial do Brasil e a América do Sul tem na China o seu principal mercado, mas a integração regional física parou durante 10 anos. Até a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana - IIRSA (programa conjunto de governos de 12 países da América do Sul), que tinha sido criada, parou. Só agora estão retomando.

Somos hoje exportadores de capitais para a América do Sul


[ Dirceu ] Na verdade, nessa parte que envolve rodovias, pontes, aviação, trem... o Brasil avançou. O que mudou é que, hoje, somos mais um país exportador de capitais, de serviços e de tecnologia para a América do Sul do que propriamente de matérias primas...

Image[ Barbosa ] Sim, claro. Foram feitas algumas coisas. Mas, o projeto atrasou. A integração não saiu do papel e se transformou hoje em integração social e política, o que é uma distorção.

[ Dirceu ] Até agora pouco mencionamos um ator importante das nossas relações exteriores, os Estados Unidos. O sr. considera que a produção do excedente de petróleo brasileiro a ser exportado, assim como a do etanol, possa melhorar as nossas relações com eles? Este poderia ser um assunto de interesse mútuo voltado ao desenvolvimento de pesquisas na área energética, de forma que os EUA diminuíssem a sua dependência brutal do petróleo do Oriente Médio? Estou me referindo a uma possível aliança nessa área, que poderia melhorar a eficiência da produção energética, com redução nos custos e poderia contemplar, também, a questão ambiental, que se tornou gravíssima. Enfim, uma aliança que poderia ser a base de uma nova economia – a exemplo do que foi a internet, quando gerou nos EUA um novo ciclo de desenvolvimento.

[ Barbosa ] A recente visita do presidente Barack Obama a presidenta Dilma Rousseff, no Brasil, deve ser vista sob uma perspectiva histórica. Ela é uma mudança do relacionamento entre Brasil e EUA. Por quê? Consciente ou inconscientemente, os governos brasileiro e norte-americano incluíram no comunicado do encontro presidencial quatro ou cinco áreas que, pela primeira vez, casam interesses concretos. Não estou falando de interesses políticos ou ideológicos, mas interesses pragmáticos entre as empresas brasileiras e as americanas.

Nesse comunicado foi tratada a questão do petróleo. Outra coisa importantíssima foi a decisão de os dois governos colaborarem na viabilização de bio-combustível para aviação. Essa parceria Brasil-EUA tem o potencial para movimentar bilhões de dólares. Terceiro ponto tratado na visita é um acordo na área espacial.

Dentro de 10 a 15 anos, o Brasil vai se tornar um dos maiores fornecedores de petróleo para os EUA. Aí, sim, e não mais na retórica, o Brasil será um parceiro estratégico dos EUA. As estatísticas do ano passado e deste ano mostram que o Brasil deixou de ser um país que exportava manufaturas para os EUA. No passado, exportávamos 80% de manufaturados e 20% de commodities. Hoje, da nossa pauta de exportação para os EUA, cerca de 90% é composta de produtos primários. E o primeiro produto de exportação para os EUA já é petróleo. Isso vai se acentuar e fazer com que os EUA olhem para o Brasil de outra maneira. Mas, nesse futuro diálogo em relação aos EUA, nós temos de deixar muito claro a defesa do interesse nacional e do respeito mútuo. Isto porque o Brasil vai se tornar para os EUA o que hoje o Oriente Médio é para eles. E, lá, os EUA exercem uma interferência muito grande nas questões internas. Nós temos que deixar claro como vamos atuar nessa relação.

Assento no Conselho de Segurança: só quando EUA quiserem

[ Dirceu ] E quais as chances de o Brasil vir a ter assento no Conselho de Segurança (CS) da ONU?

[ Barbosa ] Acho que o Brasil tem todas as qualificações para entrar no Conselho de Segurança. Mas fui crítico do ativismo brasileiro nesta defesa. Gastamos dinheiro, abrimos 40 ou 50 embaixadas ao redor do mundo. Foi uma perda de tempo e de recursos para um “não evento”. A partir de 2005, quando esse assunto foi discutido pela última vez na ONU, ele saiu de pauta. Não está, de fato, na mesa de negociação. Isso só vai acontecer quando os EUA e os outros membros permanentes (Rússia, China, Inglaterra e França) assim o desejarem. No fundo, os americanos é que estão bloqueando essa pauta. Por que os EUA incluiriam no Conselho de Segurança países que serão, na maioria das vezes, contra seus interesses? A Índia, a Nigéria, o Brasil? Se eles têm um grupo de cinco que eles controlam, por que colocariam 10 países no Conselho, se perderiam o seu controle?

A França e a Inglaterra, até com qualificações, apoiariam o nosso pleito ao Conselho. Já, a China está bloqueando a ampliação do Conselho por causa do Japão.

[ Dirceu ] As chances, no curto prazo, não existem?

[ Barbosa ] O Brasil vai, eventualmente, entrar no CS. Mas isso não se dará por causa do nosso ativismo. Protagonizamos esse ativismo na África, mas quando, em 2005, discutiu-se o assunto, a Organização da Unidade Africana (OUA) se reuniu e votou contra o Brasil, apesar de todo o esforço que fizemos. Quando o assunto estiver maduro, quando, de fato, EUA, França, Inglaterra, China e Rússia disserem sim à ampliação do CS, (aí, sim) vão entrar a Índia, a África do Sul, o Brasil, o Japão e não sei quem mais. Os cinco países, então, prepararão uma resolução, que será colocada e votada na Assembléia Geral. Para ser membro do CS, o Brasil não precisa fazer comício nenhum. Será um membro devido à sua projeção, ao peso, às políticas que o país está adotando, à nossa crescente participação fora do continente...

[ Dirceu ] Quando isto ocorrerá?

[ Barbosa ] Eu sou muito cético em relação à velocidade desse processo. Vai ser necessário ter um fato político internacional muito forte, como o que estamos testemunhando - o enfraquecimento da Europa e dos EUA em quatro ou cinco anos – e, em contraposição, o fortalecimento dos BRICS... Só aí, eles vão ceder à realidade.

[ Dirceu ] O sr. esteve à frente de postos importantes da diplomacia brasileira, como as embaixadas em Londres e em Washington. Nesta última, foi embaixador do Brasil tanto nos governos de FHC quanto no de Lula. Em seu livro "O dissenso de Washington" o sr. fala de preconceitos mútuos EUA-Brasil. Quais são esses preconceitos e quais deles mais prejudicam a relação bilateral?

[ Barbosa ] Temos uma história de desencontros entre Brasil e EUA. Desde os primórdios das nossas relações, logo após a Independência do Brasil (1822), em 1823, o primeiro ministro plenipotenciário nosso, o embaixador brasileiro, quis apresentar credenciais ao governo dos EUA e não conseguiu. Levou quase dois anos para apresentá-las, porque os EUA não quiseram reconhecer um país que tinha ligações tão estreitas com as monarquias européias. Àquela ocasião, os EUA já eram uma república.

[ Dirceu ] E de lá para cá?

[ Barbosa ] Ao longo do século XIX, o Brasil rompeu três vezes suas relações com os EUA. É uma coisa que pouca gente sabe. Depois, também, dois presidentes norte-americanos, entre eles Abraham Lincoln, quiseram impor ao Brasil o envio de seus negros libertos. Queriam fazer no norte do país, na Amazônia, a chamada Libéria. Esses fatos ficaram no nosso subconsciente. Tivemos, ainda, todas as atitudes intervencionistas norte-americanas durante a Guerra Fria.

[ Dirceu ] Como se deu essa relação na história recente?

[ Barbosa ] Nos tempos contemporâneos, e durante a minha estada lá, eu verifiquei concretamente uma grande desinformação sobre o Brasil por parte dos norte-americanos, alguns preconceitos arraigados em relação a nós. Como eles têm pouca informação sobre o nosso país, acham o Brasil “imprevisível”. Comparando, a Rússia e a China que são previsíveis. São contra vários interesses norte-americanos, mas são considerados países previsíveis. Os americanos, no entanto, não sabem o que esperar de nós. Há muita desconfiança em relação a como o Brasil vai agir nesta ou naquela situação.

[ Dirceu ] O inverso não é verdadeiro? Os brasileiros não têm preconceitos em relação aos EUA?

[ Barbosa ] Também, temos. Os nossos são de ordem ideológica. Isso ficou mais evidente no segundo mandato do presidente Lula, quando houve uma influência ideológica muito grande, que prejudicou as diretrizes traçadas pelo próprio presidente da República. Não houve o desenvolvimento de uma série de coisas. Um exemplo foi a base tecnológica de Alcântara, no Maranhão. Nós fizemos certas exigências aos norte-americanos que não estavam em jogo. O acordo entre os dois países em relação a Alcântara era de uma natureza de salvaguardas tecnológicas. Mas nós queríamos a transferência de tecnologia. Há, portanto, desencontros que permeiam toda a relação.

Sérgio Nobre

Sérgio Nobre
País precisa ser produtor de bens industriais e não apenas montador


Não é à toa que Sérgio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, cobra um novo modelo industrial para a região e o país. “O que está em jogo é uma divisão entre os países que serão produtores de bens industriais e os que serão importadores”, justifica. Líder sindical de uma base de cerca de 100 mil metalúrgicos, Nobre adverte que o Brasil deve se preparar para sediar uma indústria diferente daquela a que estamos acostumados. Para um parque fabril que privilegie as atividades de engenharia, projeto e gestão, em detrimento daquele que se dedica meramente à montagem de produtos. “Na China, quando alguém quer produzir por lá, tem de firmar um compromisso de parceria com o país, sob o controle do governo. No Brasil, não. A empresa pode vir para cá só para a montagem de produtos", adverte.

Profissionais da saúde terão acesso a publicações científicas para auxiliar no trabalho

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Profissionais da saúde já podem acessar conteúdo científico por meio do portal Saúde Baseada em Evidências. A iniciativa foi lançada nessa terça-feira (29), através de uma parceria entre o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).
Estão disponíveis para consulta mais de 31 mil periódicos completos e mais de 200 mil trabalhos acadêmicos digitalizados, entre dissertações de mestrado e teses de doutorado.
“Esse portal de periódicos científicos da Capes ajuda em toda pesquisa no Brasil, toda a vida acadêmica, em todas as áreas do conhecimento, todos nossos estudantes no exterior, bolsistas, pesquisadores, utilizam esse portal como referência, porque ele é muito bem organizado, muito didático. Foi feita uma comissão de cientistas, de especialistas e desenhou quais são os periódicos que interessam ao profissional na ponta, para ele melhorar o atendimento, o tratamento e a saúde”, disse ministro da Educação, Aloizio Mercadante.
Segundo Mercadante, o objetivo do portal é melhorar a eficiência do trabalho dos médicos no País, já que a proporção é relativamente pequena, com uma média nacional de 1,8 médico para cada mil habitantes. Na Argentina, a proporção é o dobro do que no Brasil.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explica que a ideia é apostar nos profissionais e gestores que já atuam hoje para que eles tenham informações mais atualizadas e possam tomar decisões mais corretas.
“O portal ajuda os profissionais a tratarem num tempo mais adequado as pessoas. Um dos grandes problemas hoje é o tempo de demora, de espera para fechar um diagnóstico, para resolver o tratamento. Com esse portal, lá na ponta, o profissional de saúde, onde estiver, vai poder checar o diagnóstico, qual é a melhor forma de fazer o diagnóstico, pode usar o Telessaúde (sistema do Ministério da Saúde em que os médicos tiram dúvidas pelo telefone) pra mandar as informações do exame que fez, pegar uma segunda opinião e, com isso, tratar melhor as pessoas”.
O médico Délio Batista Pereira, que atua em Porto Velho (RO), considera a iniciativa muito interessante para todos que trabalham com saúde.“Nós carecemos de bibliotecas de boa qualidade. Os livros são caros, os recursos são escassos e a abertura do portal da Capes para todo profissional de saúde é muito importante para gente manter a atualização e cuidar melhor dos nossos pacientes”.
Foram investidos R$ 10 milhões na criação do portal e na compra do acervo digital de sete bancos de dados. O acesso ao portal será feito com o número do registro profissional (CRM) e uma senha. Já estão cadastrados 920 mil trabalhadores em saúde. A expectativa é que esse número chegue a 1,8 milhões de profissionais.
O objetivo da medicina baseada em evidências é oferecer ao médico e profissionais de saúde subsídio de estudos e práticas anteriores para auxiliar na tomada de decisão.

Fonte:
Agência Brasil

“Governo acumula forças para enfrentar debate sobre a mídia", diz André Vargas

AndreVArgasO secretário de Comunicação do Partido dos Trabalhadores, deputado André Vargas (PT-PR), diz em entrevista ao site da revista Carta Maior,  que os meios de comunicação, a revista Veja em especial, não podem ser poupados das investigações da CPI do Cachoeira.
"Se um deputado ou senador tem que responder por associação com o crime organizado, uma empresa de comunicação social também deve”, afirma. Leia a íntegra:
Qual é o projeto do PT para a área de comunicações? O PT recuou do programa apresentado nas eleições?
O PT vem sistematicamente, nos seus documentos, retomando um debate que não é só das eleições, mas da história dos 32 anos do partido. A questão da democratização das comunicações está na nossa plataforma. A agenda política permanece não só a mesma, como vem se aprimorando, buscando um foco. O PT continua com suas bandeiras, mas tem a contingência de ser o partido do governo. E a condução do governo tem outro ritmo.
Então, existe um descompasso entre o que o PT  pensa para a Comunicação e a forma como o governo age?
É natural que haja algum descompasso. Este é um governo de coalizão. Na nossa visão, o marco regulatório já deveria estar em discussão, mas o governo administra sua coalizão, sua governabilidade. O PT ajuda o governo nessa governabilidade, mas discorda e deixa isso bem claro em todos os seus documentos. Nós lutamos por um marco regulatório que, de fato, enfrente questões como o monopólio da mídia, a desconcentração, a propriedade cruzada, a questão do conteúdo regional, que rediscuta os contratos entre as afiliadas, o crescimento da internet etc.
E como se dá a pressão do PT nesse governo de coalizão? Qual o peso dela?
O partido dialoga de forma respeitosa com a presidente e este é tema recorrente. Nos seus documentos, o PT nunca deixou de manifestar sua opinião, sem deixar de entender que o governo tem o tempo dele e nós temos o nosso. Os grandes veículos exercem também sua pressão sobre o governo.
Nós vivemos em um ambiente democrático. Mas a mídia [tradicional], em especial a Veja, não esconde que tem quase uma fixação pelo PT, que deve ser avaliada no campo da psiquiatria, da psicologia. Agora, a CPI do Cachoeira mostrará mais um pouco disso. Muita coisa que a gente suspeitava pode ser verdade. Os veículos de comunicação bateram também no PSDB, mas no nosso caso há um superdimensionamento.
O senhor  está dizendo que a grande mídia usou desses expedientes especialmente nos governos do PT?
Isso ficou claro nos fatos que levaram à CPI do Cachoeira.  É a primeira vez que a mídia não apoia uma CPI no seu nascimento. É simbólico isso. E só passou a apoiar forçando uma mudança de foco: elegeram a Delta [construtora responsável por obras do PAC] , e se esqueceram do Demóstenes [Torres, senador por Goiás] e do [Marconi] Perillo [governador de Goiás]. Mas a gente fala mídia como se fosse um ente absoluto. Não é assim.
Não é mais porque a Globo falou que se torna verdade. Isso está muito relativizado. Não existe mais um jornal nacional no país. Jornal impresso, muito menos. Há jornal em São Paulo que pretende ser nacional e não chega no ABC paulista. O governo tem feito alguns movimentos, ainda que não do jeito que a gente gostaria. A questão da regionalização que a Secom [Secretaria de Comunicação da Presidência] faz. Eu gostaria que fizesse muito mais, mas já há mais investimentos na mídia da internet. Antes eram 500 veículos que recebiam publicidade oficial. Hoje já são mais de 8 mil. Já é alguma coisa.
No debate sobre a mídia, a militância reclama que essa questão andou apenas no final do governo Lula e foi relegada a  segundo plano no governo Dilma.
Em toda transição entre governos existe uma reacomodação. E o primeiro ano de todo governo é atípico mesmo. Mas eu acredito que o governo Dilma irá fazer muito neste campo, porque as condições de efetivamente fazer estarão melhores do que as condições de efetivamente fazer que o Lula teve.
E, neste aspecto, a CPMI do Cachoeira ajuda?
Ajuda. Não fomos nós que criamos a CPI; não fomos nós que delegamos a um senador moralista ser sócio do crime organizado. Nosso governo investiga mais criminosos, a Polícia Federal tem melhores condições de investigação. Mas não fomos nós que criamos os fatos da CPI. O que nós entendemos é que a dinâmica dos fatos estabelece uma ligação a ser esclarecida entre a fábrica de crises que a grande imprensa se utiliza sistematicamente e o crime, principalmente no período em que o PT está no poder.
Aliás, tem gente que estabelece semelhanças da capas da Veja de agora com as feitas no governo Collor, antes do impeachment. A revista nem foi criativa. Achou que havia escândalo suficiente para derrubar um governo e seguiu o roteiro. Se isso foi feito de forma criminosa, como fez o [Rudolf] Murdoch [o magnata das comunicações, controlador do jornal britânico News of the World, fechado por envolvimento em interceptação de conversas telefônicas de celebridades], esse é um debate legítimo ao qual a sociedade deve ter acesso. Isso será um subproduto da chamada CPI do Cachoeira. Vai estar presente nas investigações.
O que nos move é esclarecer os fatos. Se as gravações obtidas[pela Veja] para construir as matérias foram feitas de forma ilegal, nós queremos apurar. Queremos saber que relações esse jornalista [Policarpo Júnior] tinha com Cachoeira. Se um deputado ou senador tem que responder por associação com o crime organizado, uma empresa de comunicação social também deve, pois não é uma empresa neutra. É uma empresa que influencia opinião. Por que este seguimento não pode ter uma avaliação? Porque não podem se subordinar a uma conferência nacional? Ouvir o povo? No caso da TV Globo, ela é concessão pública.
Como enfrentar esses interesses, num ambiente de mídia concentrada e sem critério de regulação?
A democracia é o melhor dos ambientes. Esse novo Brasil não está sendo construído só pelo PT, pelos partidos, mas também pelo povo. Quanto mais nós conseguimos empoderar essa multiplicidade de comunicações, redes e tudo, maior será o avanço. Nós temos hoje um processo de acesso à informação multiplicado, mas um processo de produção de informação ainda muito concentrado. Eu acredito que o governo está armazenando as condições para encarar esse problema de frente, como fez com os bancos. Nós estamos em uma fase de acúmulo de forças para fazer este debate. Que não é um debate simples de fazer.
Acumulando forças como? E a maioria legislativa do governo?
Nós não temos muita alternativa. Quando nos pronunciamos a favor da regulação e o PSB, do neto do Miguel Arraes [Eduardo Campos, governador de Pernambuco] falou contra o documento do PT [que propõe o novo marco regulatório, democratização da comunicação etc], deu para perceber que não seria fácil . E tudo isso passará pelo Congresso Nacional. Para falar muito claramente sobre a correlação de forças: a Emenda 3, a famigerada, perdemos. O Código Florestal, nós arregimentamos forças e contamos 180 votos. Mas quando foi a voto não chegamos a 120 votos. Esses são os aliados que temos.
E como mudar essa correlação de forças?
Onde é que o povo se manifesta nessa questão? Essa discussão não vai provocar uma passeata com 50 mil pessoas. Há poucas manifestações sobre isso no campo das redes e esse é um debate que a população ainda não assumiu. São importantes estratégias como a do FNDC [Fórum Nacional de Democratização da Comunicação], de fazer uma campanha de popularização do marco regulatório da comunicação. Mas o PT não pode fazer essa mobilização sozinho, inclusive porque o tema fica estigmatizado como sendo algo do PT. Este é um trabalho para o conjunto de partidos, entidades, grupos e movimentos envolvidos nesse debate. Aliás, muito me impressiona entidades do nível da OAB e a CNBB não entrarem nesta agenda, pois isso interessa também a esses seguimentos.
Essa resistência não teria a ver com essa interpretação de que a regulação cerceará a liberdade de expressão?
Por isso é que nossa visão é que a nossa campanha seja pela liberdade de expressão. Por que é isso o que nós defendemos: uma liberdade de ir e vir, de receber, mas também de oferecer, de interagir. E a convergência digital oferecer essa possibilidade.
Por que o senhor assegura que o governo Dilma tem melhores condições de fazer esse debate que o governo anterior?
O governo vai ter que enfrentar este tema, e ninguém do governo disse que não vai enfrentar. O governo tem um desafio histórico de dar conta dessa demanda, que é uma demanda estrutural da sociedade brasileira. Não é uma demanda utópica, uma questão qualquer. É uma questão de fundo. O governo, dentro do processo de governabilidade, está acumulando energia e força. Nós não temos dúvida de que o governo tem este compromisso. Mas o PT vai continuar dizendo e tensionando. Não nos compete avaliar perfil de ministros, mas compete reforçar uma posição que a presidente tem colocado: a de que é favorável à liberdade de imprensa – aliás, isso nunca foi uma dicotomia para nós.
Nós somos favoráveis e somos frutos da liberdade de imprensa. A esquerda, o Lula, a Dilma, tudo isso é fruto da liberdade de imprensa. Mas também sofremos e padecemos da concentração da mídia que, muitas vezes, impõe uma visão que limita o desenvolvimento da sociedade. Nós não queremos que o PT se perpetue no poder, mas que a sociedade brasileira seja cada vez mais civilizada, aberta, sem preconceitos, onde todos tenham direito a comer, beber, vestir, emprego, universidade, lazer, esporte, enfim, a comunicar, a se ver, a ter identidade. Nós não cogitamos a hipótese de que isso não seja por uma via democrática. E a via democrática é o Congresso Nacional. Isso não quer dizer que não vamos debater os temas que não têm apoio da maioria do Congresso. Vamos debater, mas vai chegar a hora de votar. Mas existem passos que não demandam mudança de legislação. É importante, por exemplo, cobrar a instalação do Conselho de Comunicação, que está na Constituição.
Site da Revista Carta Maior

Silêncio de Demóstenes pode levar à cassação, diz Odair Cunha

OdairCPMIentrevistaO senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) recusou-se nesta quinta-feira (31) a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga a relação dele com o contraventor Carlos Cachoeira. A negativa gerou protesto na comissão. Demóstenes usou a prerrogativa Constitucional de permanecer calado. O relator da CPMI, deputado Odair Cunha (PT-MG), disse que o senador perdeu a oportunidade de prestar esclarecimentos. Para Odair, a estratégia do silêncio pode levar à perda de mandato do denunciado.
“Ele teve oportunidade de explicar as diversas contradições evidenciadas no depoimento que fez ao Conselho de Ética do Senado. Nós entendemos que essas contradições precisam ser esclarecidas. O silêncio do senador Demóstenes não é o silêncio dos inocentes. Com isso, ele pode ter assinado, hoje, a própria cassação”, constatou Odair Cunha.
O relator disse ainda, que a negativa do depoente não vai atrapalhar os trabalhos da comissão. Odair informou que as investigações terão como base as quebras de sigilos e os futuros depoimentos, já aprovados pela comissão. Ele disse também que as pessoas que irão depor na CPMI, na condição de testemunhas, são obrigadas a dizer a verdade, sob pena de serem responsabilizadas criminalmente.
Em relação aos debates acalorados que aconteceram na reunião, o relator ponderou sobre a adoção da prática da “boa civilidade”. “Queremos que as pessoas sejam respeitadas, evidentemente. Esse tipo de circo que muitas vezes acontece no plenário da CPMI não contribui”, avaliou o relator.
Governadores - A comissão definiu as datas para os depoimentos dos governadores. O governador de Goiás, Marconi Perillo depõe no próximo dia 12 de junho. Já o depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, foi marcado para o dia 13 de junho.

Benildes Rodrigues

PNE: Investimentos vão revolucionar a educação, garante Vanhoni

Angelo vanhoni D 2
O relator da comissão especial que analisou o Plano Nacional de Educação ( PNE-PL 8035/10), deputado Ângelo Vanhoni (PT-PR), encerrou a leitura do parecer final dos trabalhos do colegiado.
A reunião desta quarta-feira (30) foi marcada pela polêmica em torno do percentual do PIB a ser aplicado na educação neste decênio. Para o relator, o percentual de 7,5% de investimento direto ou 8% de investimento total na educação, proposto no texto, tem o potencial de realizar uma “revolução” no setor.
“Ao aplicarmos esses recursos na educação, até 2020, teremos condições de enfrentar os principais  problemas na educação do País. Poderemos universalizar o atendimento escolar, melhorar a qualidade do ensino e valorizar o salário dos professores, desde o nível básico até o superior”, destacou Vanhoni.
Para o vice-líder do governo no Congresso, deputado Gilmar Machado (PT-MG), o debate em torno do percentual do PIB a ser aplicado na educação não deve ser politizado. “Quando o relator propôs o índice, ele teve que escolher entre o sonho e a realidade. O meu é o de aplicar 10% do PIB, mas não podemos adotar esse índice de forma irresponsável só para agradar, e depois o País não ter condição de honrar o compromisso no futuro”, explicou.
De acordo com Gilmar Machado, os deputados da oposição, que atualmente defendem 10% do PIB para a educação, esquecem que os recursos destinados no relatório não levam em conta a proposta de 50% dos royalties do pré-sal para serem aplicados no setor nos próximos dez anos. O parlamentar lembrou que o texto prevê ainda a revisão do plano, no quarto ano de implementação, que poderá elevar o investimento previsto inicialmente.
Ao também criticar o oportunismo político de deputados do PSDB e do DEM, o presidente da Comissão de Educação da Câmara, deputado Newton Lima (PT-SP), lembrou que “durante o governo FHC”, esses partidos “foram contra a proposta de 7% do PIB, e aplicaram apenas 3% na educação”, alertou. Durante o governo Lula, segundo ele, os recursos aumentaram para 5,1%, sem computar o maior crescimento do PIB no período. 
A previsão de votação do texto na comissão especial nos dias 12 e 13 de junho. Também participaram da reunião a deputada Fátima Bezerra (PT-RN) e o deputado Biffi (PT-MS).
Héber Carvalho

Altamiro Borges: Folha tucana ataca a blogosfera

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Altamiro Borges: Venezuela retruca Gilmar Mendes

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Serra, Gilmar e Veja: conspiração?


Por Altamiro Borges

Saiu hoje na coluna de Mônica Bergamo:

*****

Quarto elemento

Há alguns dias, José Serra ligou para o ex-ministro Nelson Jobim. Pediu a ele que falasse com a revista "Veja". Jobim atendeu ao pedido do amigo – e só então soube da reportagem sobre Lula e o ministro Gilmar Mendes. Escaldado, Jobim disse não ter presenciado nada beligerante na conversa entre os dois, que ocorreu em seu escritório, em Brasília.

Memória


Mendes afirmou à revista que Lula tentou convencê-lo a adiar o julgamento do mensalão. Em troca, teria oferecido proteção na CPI do Cachoeira. Jobim contradiz o ministro. Lula também nega.


******

A nota da colunista da Folha é inflamável. Ela sugere uma articulação sombria entre o eterno candidato tucano, a revista acusada de associação com o crime organizado e o ministro do STF envolvido em várias crises institucionais. A conspiração, se confirmada, tem nítidos objetivos golpistas. Visaria atingir a honra e a liderança de Lula e tumultuar o quadro pré-eleitoral.

Diante da entrevista de Gilmar Mendes à Veja, quando acusou sem provas o ex-presidente de tentar chantageá-lo, os líderes do PSDB propuseram chamar Lula para depor no Congresso Nacional. Não seria o caso, agora, de convocar José Serra para explicar suas relações de amizade com o ministro do STF e sua ascendência sobre a revista – ajudando em suas pautas difamatórias?

O medo do pitbull da Veja

A carga explosiva da notinha de Mônica Bergamo já foi sentida por um dos capachos do ex-governador. O blogueiro agressivo e doente da Veja sentiu o baque. Para ele, a nota serve de “palavra de ordem para a esgotosfera: ‘Culpem o Serra!’”. Desesperado, Reinaldo Azevedo já partiu para baixaria, tentando desqualificar a jornalista da Folha.

Para ele, a notícia não tem valor. “Se é verdade ou mentira, pouco importa. Monica começou a trabalhar para a Polícia Federal e também está interessada em saber quem fala e quem não fala com Veja? Amiga de José Dirceu e ex-namorada de seu advogado, José Luís de Oliveira Lima, ela escreve uma notinha que faz dar a impressão de que tudo não passou de uma espécie de tramoia da oposição — e, se é assim, não pode faltar o nome de Serra”.

O pitbull da Veja, cada vez mais desmoralizado, isolado e temendo por seu futuro, chega a sugerir que Mônica Bergamo faria parte do movimento dos blogueiros progressistas – que ele apelidou de JEG. É uma calúnia, posso garantir! O único jegue neste caso é o próprio colunista da Veja. 

Redação Conversa Afiada

RedaçãoConversa Afiada

Santayana: Gilmar não é o Supremo !
Supremo, aja !

    Publicado em 31/05/2012
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O Conversa Afiada reproduz do JB Online texto de Mauro Santayana:

Gilmar não é o Supremo

Mauro Santayana


Engana-se o Sr. Gilmar Mendes, quando denuncia uma articulação conspiratória contra o Supremo Tribunal Federal, nas suspeitas correntes de que ele, Gilmar,  se encontra envolvido nas penumbrosas relações do Senador Demóstenes Torres com o crime organizado em Goiás.

A articulação conspiratória contra o Supremo partiu de Fernando Henrique Cardoso, quando indicou o seu nome para o mais alto tribunal da República ao Senado Federal, e usou de todo o rolo compressor do Poder Executivo, a fim de obter a aprovação. Registre-se que houve 15 manifestações contrárias, a mais elevada rejeição em votações para o STF nos anais do Senado.

Com todo o respeito pelos títulos acadêmicos que o candidato ostentava – e não eram tão numerosos, nem tão importantes assim – o Sr. Gilmar Mendes não trazia, de sua experiência de vida, recomendações maiores. Servira ao Sr. Fernando Collor, na Secretaria da Presidência, e talvez não tenha tido tempo, ou interesse, de advertir o Presidente das previsíveis dificuldades que viriam do comportamento de auxiliares como P.C. Farias. Afastado do Planalto durante o mandato de Itamar, o Sr. Gilmar Mendes a ele retornou, como Advogado Geral da União de Fernando Henrique Cardoso. Com a aposentadoria do ministro Néri da Silveira, Fernando Henrique o levou ao Supremo. No mesmo dia em que foi sabatinado, o jurista Dalmo Dallari advertiu que, se Gilmar chegasse ao Supremo, estariam “correndo sério risco a proteção dos direitos no Brasil, o combate à corrupção e a própria normalidade constitucional”. Pelo que estamos vendo, Dallari tinha toda a razão.

Gilmar, como advogado geral da União – e o fato é conhecido –, recomendara aos agentes do Poder Executivo não cumprirem determinadas ordens judiciais. Como alguém que não respeita as decisões da justiça pode integrar o mais alto tribunal do país?  Basta isso para concluir que Fernando Henrique, ao nomear o Sr. Gilmar Mendes, demonstrou o seu desprezo pelo STF. O Supremo, pela maioria de seus membros, deveria ter o poder de veto em casos semelhantes.

Esse comportamento de desrespeito – vale lembrar – ocorreu também quando o Sr. Francisco Rezek renunciou ao cargo de Ministro do Supremo, a fim de se tornar Ministro de Relações Exteriores, e voltou ao alto tribunal, re-indicado pelo próprio Collor. O episódio, tal como a posterior indicação de Gilmar, trouxe constrangimento à República. Ressalve-se que os conhecimentos jurídicos de Rezek, na opinião dos especialistas, são muito maiores do que os de Gilmar. Mas se Rezek não servia como chanceler, por que deveria voltar ao cargo de juiz a que renunciara?  São atos como esses, praticados pelo Poder Executivo, que atentam contra a soberania da Justiça, encarnada pelo alto tribunal.

A nação deve ignorar o esperneio do Sr. Gilmar Mendes. Ele busca a confusão, talvez com o propósito de desviar a atenção do país das revelações da CPI. O Congresso não se deve intimidar pela arrogância do Ministro, e levar a CPMI às últimas conseqüências; o STF deve julgar, como se espera, o processo conhecido como mensalão, como está previsto. Acima dos três personagens envolvidos na conversa estranha que só o Sr. Mendes confirma, lembremos o aviso latino, de que testis unus, testis nullus, está a Nação, em sua perenidade. Está o povo, em seus direitos. Está a República, em suas instituições.

O Sr. Gilmar Mendes não é o Supremo, ainda que dele faça parte. E se sua presença naquele tribunal for danosa à estabilidade republicana – sempre lembrando a forte advertência de Dallari – cabe ao Tribunal, em sua soberania,  agir na defesa clara da Constituição, tomando todas as medidas exigidas. Para lembrar um autor alemão, Carl Schmitt, que Gilmar deve conhecer bem, soberano é aquele que pratica o ato necessário.

Redação Conversa Afiada

RedaçãoConversa Afiada

Selic de 8,5%
é nunca dantes

    Publicado em 30/05/2012
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Saiu na Agência Brasil:

Copom reduz taxa básica de juros para 8,5%, a menor desde 1999

Stênio Ribeiro

Repórter da Agência Brasil

Brasília – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu, hoje (30), para 8,5% ao ano a taxa básica de juros que remunera os títulos públicos depositados no Sistema Especial de Liquidação e de Custódia (Selic). É o nível mais baixo da taxa Selic, desde que a atual política monetária foi adotada, no início de 1999.

A redução veio em linha com as expectativas da maioria dos analistas financeiros, como mostra o boletim Focus, divulgado pelo BC na última segunda-feira (28).

Foi a sétima redução consecutiva da taxa básica de juros, que chegou a 12,5% em julho do ano passado, começou a declinar no mês seguinte e, desde então, caiu 4 pontos percentuais.

A definição da Selic em 8,5% foi unânime. “O Copom considera que, neste momento, permanecem limitados os riscos para a trajetória da inflação. O comitê nota ainda que até agora, dada a fragilidade da economia global, a contribuição do setor externo tem sido desinflacionária”, disse o comitê em nota. A decisão é sem viés, ou seja, não será alterada até a próxima reunião do colegiado.

(…)



Navalha
A dívida do Governo cai.
A nova regra da poupança exige que todo o sistema financeiro reduza seus custos.
Fundos de investimento vão ter que correr risco e comprar papel das empresas.
Fica mais barato comprar carro e geladeira.
Um horror!
Os neolibelês (*) se dedicarão a dar notícias da Espanha e, breve, da Itália.
Paulo Henrique Amorim
(*) “Neolibelê” é uma singela homenagem deste ansioso blogueiro aos neoliberais brasileiros. Ao mesmo tempo, um reconhecimento sincero ao papel que a “Libelu” trotskista desempenhou na formação de quadros conservadores (e golpistas) de inigualável tenacidade. A Urubóloga Miriam Leitão é o maior expoente brasileiro da Teologia Neolibelê.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

Capitalismo em transe: salve-se quem puder

Cesar Fonseca em 16/05/2012

DESESPERO POPULAR EM ASCENSÃO IRRESISTÍVEL. Corrida bancária na Grécia. Ângela Merkel, de início, deu uma de durona. Que a Grécia se lasque, se não pagar seus papagaios. A corrida bancária na terra de Sócrates, porém, é um presságio de que a Europa está diante do inferno financeiro, da intranquilidade geral que leva a cidadania ao desespero relativamente ao seu dinheiro. Náo há uma Linha Maginot que protege a Europa do risco grego, se esse estourar, como já estourou. Evidentemente, se a Grécia sai da zona do euro, a zona do euro já era. Por isso, La Merkel, de repente, caiu na real, depois de se encontrar com Hollande. Disse que não é conveniente que ocorra a saída dos gregos da moeda européia. A corrida bancária se estenderia aos demais países que estão entrando em crise, junto com a Grécia. Portugal, Espanha, Irlanda, Itália, também, cairiam na buraqueira financeira. O mundo já conhece essa história dramática. Em meio a essa loucura, que desata a insegurança geral, abre-se, nos Estados Unidos, o debate sobre o que fazer com o mercado financeiro. Deixa ele livre, como pregam os republicanos neoliberais radicais, ou regula o bicho, para impedir que novas loucuras sejam cometidas, como defendem os moderados liberais democratas? Do jeito que a coisa vai, com os bancos sendo alvos de corrida bancária, evidentemente, os mais interessados na intervenção estatal salvacionista serão os próprios banqueiros. Afinal, diante do salve-se quem puder, terão que declarar falência, urgente. É nessa hora que poderá ressurgir o discurso leninista segundo o qual as crises monetárias, por desatarem o medo social, atuam como propaganda do movimento socialista internacional. E a expressão efetiva de tal movimentação, na hora da crise e do desespero, é , naturalmente, o grito de ordem favorável a uma nova organização econômica. A primeira providência nesse sentido, portanto, deve ser feita por meio da estatização do crédito, como medida salvacionista, porque os mercados já comprovaram a sua ineficácia. A pergunta que não quer calar e que ninguém ousa fazer, especialmente, na grande mídia, é: o capitalismo, baleado financeiramente, com os governos falidos, aguenta nova corrida bancária? Se o capitalismo faliu, mas o socialismo não vingou, o que viria por aí, com as massas em desespero nas ruas, sem governo, como na Grécia?

O programa politico para

neoesquerda é pregar

O comportamento dos bancos privados brasileiros de resistência à diminuição dos absurdos spreads bancários é a demonstração inequívoca de que a bancocracia não tem compromisso com a sociedade, mas, tão somente, com o lucro imediato, em escala indecente, chocante, constituindo-se verdadeiro assalto à bolsa popular.

O capital financeiro especulativo agiota transformou-se na arma da nova escravidão moderna.

Acontece que a atividade bancária é uma concessão do Estado nacional para que seja utilizada, essencialmente, em nome do interesse público.

Emprestar dinheiro no crediário a 150, ate 200% ao ano, por acaso, representa interesse público?

Financiar o empresario a taxas de 50% para capital de giro, para que ele obtenha lucratividade necessária capaz de promover novos investimentos, de modo a gerar emprego, arrecadar impostos e proporcionar ao governo a construção da infraestrutura nacional com os recursos da sociedade, corresponde a algo parecido com interesse público?

a estatização do crédito

contra anarquia financeira,

Esses abusos, como demonstra a realidade, ao longo das últimas três décadas, pelo menos, têm assegurado taxas de lucro da ordem de 25% a 30% ao ano para os bancos.

Enquanto isso, a lucratividade das empresas ficam na faixa dos 8% aos 10%.

Afinal, elas, além de serem obrigadas a suportar a agiotagem desnaturada, sofrem a imposição, também, absurda de uma carga tributária descomunal, de 40% sobre o faturamento.

Ou seja, a produção e o consumo, no Brasil, se transformaram em escravos dos bancos e do governo, ambos em posição de grandes agiotas.

O capital e o trabalho produtivos foram massacrados pelo capital especulativo e pelo governo ganancioso.

para combater o caos econômico

global que a direita criou,

Por isso, pode-se perceber, claramente, que o destino histórico une, nesse instante, o capital e o trabalho produtivos em torno de uma só causa: fugir da canga dos juros e dos impostos.

Por que produção e emprego não constroem um discurso político que corresponderia a uma nova correlação de forças com o objetivo de ser útil à sociedade, visto que tanto os agiotas financeiros como o governo leonino, perderam, do ponto de vista social, a utilidade de servirem à sociedade,  de maneira razoavelmente, justa?

Qual seria a plataforma política adequada aos interesses da sociedade em meio aos estragos produzidos pela governabilidade que se compatibiliza com a agiotagem desenfreada, traduzida, simultaneamente, pelo assalto produzido pelos juros e pelos impostos, ambos desmedidos em relação aos ganhos médios dos trabalhadores e dos empresários?

Evidentemente, trata-se de colocar o crédito a serviço do interesse público pelo governo que precisa sofrer uma guinada na sua orientação política quanto à política tributária.

Se os banqueiros, como ficou clara a posição da Federação Brasileira dos Bancos – Febraban – , de que a taxa de juro para o crédito direto ao consumidor e à produção não irá diminuir, no rítmo requerido pelo interesse público, se depender da vontade eles, dos agiotas, não sobrará alternativa ao governo senão intervir no crédito, estatizando-o

 tornando os governos,

politicamente, inutéis,

Essa intervenção, evidentemente, não significaria iniciativa governamental para expropriar banqueiro, mas determinar a ele que taxa de juros ele deve utilizar, para adequar-se ao interesse público.

Tabelar o juro à produção, ao consumo, por que não?

A Constituição de 1988 previa o tabelamento do juro em 12% ao ano.

Na Era FHC, subordinada ao Consenso de Washington, ao FMI e aos credores, essa determinação constitucional foi banida, em nome de que, mesmo?

Prevaleceu o argumento de que o custo do dinheiro deve ser feito pelo mercado.

incapazes de manterem de pé o

utilitarismo ideológico fracassado

Mas, se o mercado é controlado, oligopolicamente, que mercado é esse, senão pura ficção?

Tem sentido a taxa básica, selic, estar em 9%, enquanto o juro para o consumidor alcançar até 200% e o juro à produção nunca ficar inferior a 50%, especialmente, para as micro e pequenas empresas?

A desaceleração econômica mundial, acentuada pela crise européia, acompanhada pela má performance da economia americana, que não reage, satisfatoriamente, visto que o mercado consumidor, tanto nos Estados Unidos, como na Europa, estouraram diante da superespeculação financeira, já está atingindo fortemente a economia brasileira.

A prova é o ritmo fraco das atividades produtivas em meio às pressões inflacionárias, agravadas pelo avanço da inadimplência, claramente, produzida pelo juro de agiota cobrado pelos bancos, tornando-se insuportável ao bolso dos consumidores, que não podem pagar suas dívidas.

A conjuntura explosiva na Europa que produz, nesse instante, o início de corrida bancária na Grécia, com possibilidade de espalhar para a periferia capitalista, nos países emergentes, coloca na ordem do dia a necessidade de controle estatal sobre o crédito, como primeiríssima providência para organizar a economia, antes que emerja a anarqia econômico-financeira.

A palavra de ordem política da neoesquerda, portanto, é controle estatal do crédito, ANTES QUE SEJA TARDE.

Categoria: (Economia, Política)