Planejando o PIB de 2013
Enviado por luisnassif, qui, 07/06/2012 - 11:04
Coluna Econômica - 07/06/2012
O PIBinho do primeiro semestre está diretamente relacionado com as medidas tomadas no ano passado.
Havia um quadro internacional neutro negativo. Internamente, o aumento da inflação em decorrência dos preços internacionais de commodities.
Fazenda e Banco Central resolveram adotar a postura mais conservadora possível: combinação de juros altos e medidas prudenciais (restrição de crédito) visando esfriar a economia. Se a situação internacional piorasse, a dosagem seria excessiva.
Piorou.
Não apenas isso. O país acabou submetido a quatro fatores de desaquecimento:
A piora da situação internacional.
A queda na safra agrícola.
Mudanças no mercado de caminhões. Como tiveram que se adaptar às novas normas de emissão. Com isso, fabricantes anteciparam produção no padrão anterior. Quando entrou em vigor o novo padrão, houve queda de até 50% nas vendas de algumas linhas.
Os problemas sérios na Argentina atrapalhando as exportações brasileiras. A Argentina responde por 30% de nossas exportações.
***
Pelos primeiros indicadores, as medidas de estímulo ao consumo deverão garantir um segundo semestre rodando a 1,5% ao trimestre. Como o primeiro semestre foi muito ruim, o PIB de 2012 já está comprometido.
A notícia boa é que começa a se pensar estrategicamente 2013 e 2014.
***
Ainda não se considera esgotado o mercado de consumo interno. Nos últimos anos houve a incorporação de milhões de consumidores, mas leva-se em conta outros milhões ainda a serem incorporados.
De qualquer modo, o motor do crescimento será o investimento.
Da parte dos investimentos de governo - transporte, habitação, saneamento -, o problema maior é operacional, com necessidade de preparar mais projetos, revisão de custos etc.
A Petrobrás é elemento central. Sozinha, investe mais do que 1,5 vez o governo. Também tem uma dinâmica própria de investimento, algo como o que gasto militar representa para a economia norte-americana.
Nesse momento seus projetos estão passando por algumas reavaliações. Em breve deverá retomar o ritmo normal de investimentos.
No caso da infraestrutura, os investimentos estão calcados em concessões. Há vários projetos caminhando em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Não movimenta de imediato o PIB mas mobiliza novos investimentos.
Há ganhos objetivos da crise. O maior deles é o fato dos juros terem chegado a um patamar irreversível. Mesmo que a inflação eventualmente volte a aumentar, não haverá mais risco de se jogar as taxas de juros nos níveis das últimas décadas.
Outro ganho - ainda à espera de consolidação - é parar de se analisar o superávit fiscal como uma variável estática.
Quando a economia fraqueja, estímulos fiscais ajudam na sua recuperação, permitindo o crescimento absoluto da receita - mesmo com quedas se alíquotas ou desonerações.
O caminho da retomada está dado. O desafio é muito mais de execução do que de prospecção de novos rumos.
PS - é escandalosa a maneira como antigos membros da Confraria da Selic passaram a aceitar os juros mais baixos. Não propriamente pelo ataque de bom senso. Mas pelo fato de, agora, estarem na ponta comprada do mercado futuro de juros.
O PIBinho do primeiro semestre está diretamente relacionado com as medidas tomadas no ano passado.
Havia um quadro internacional neutro negativo. Internamente, o aumento da inflação em decorrência dos preços internacionais de commodities.
Fazenda e Banco Central resolveram adotar a postura mais conservadora possível: combinação de juros altos e medidas prudenciais (restrição de crédito) visando esfriar a economia. Se a situação internacional piorasse, a dosagem seria excessiva.
Piorou.
Não apenas isso. O país acabou submetido a quatro fatores de desaquecimento:
A piora da situação internacional.
A queda na safra agrícola.
Mudanças no mercado de caminhões. Como tiveram que se adaptar às novas normas de emissão. Com isso, fabricantes anteciparam produção no padrão anterior. Quando entrou em vigor o novo padrão, houve queda de até 50% nas vendas de algumas linhas.
Os problemas sérios na Argentina atrapalhando as exportações brasileiras. A Argentina responde por 30% de nossas exportações.
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Pelos primeiros indicadores, as medidas de estímulo ao consumo deverão garantir um segundo semestre rodando a 1,5% ao trimestre. Como o primeiro semestre foi muito ruim, o PIB de 2012 já está comprometido.
A notícia boa é que começa a se pensar estrategicamente 2013 e 2014.
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Ainda não se considera esgotado o mercado de consumo interno. Nos últimos anos houve a incorporação de milhões de consumidores, mas leva-se em conta outros milhões ainda a serem incorporados.
De qualquer modo, o motor do crescimento será o investimento.
Da parte dos investimentos de governo - transporte, habitação, saneamento -, o problema maior é operacional, com necessidade de preparar mais projetos, revisão de custos etc.
A Petrobrás é elemento central. Sozinha, investe mais do que 1,5 vez o governo. Também tem uma dinâmica própria de investimento, algo como o que gasto militar representa para a economia norte-americana.
Nesse momento seus projetos estão passando por algumas reavaliações. Em breve deverá retomar o ritmo normal de investimentos.
No caso da infraestrutura, os investimentos estão calcados em concessões. Há vários projetos caminhando em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Não movimenta de imediato o PIB mas mobiliza novos investimentos.
Há ganhos objetivos da crise. O maior deles é o fato dos juros terem chegado a um patamar irreversível. Mesmo que a inflação eventualmente volte a aumentar, não haverá mais risco de se jogar as taxas de juros nos níveis das últimas décadas.
Outro ganho - ainda à espera de consolidação - é parar de se analisar o superávit fiscal como uma variável estática.
Quando a economia fraqueja, estímulos fiscais ajudam na sua recuperação, permitindo o crescimento absoluto da receita - mesmo com quedas se alíquotas ou desonerações.
O caminho da retomada está dado. O desafio é muito mais de execução do que de prospecção de novos rumos.
PS - é escandalosa a maneira como antigos membros da Confraria da Selic passaram a aceitar os juros mais baixos. Não propriamente pelo ataque de bom senso. Mas pelo fato de, agora, estarem na ponta comprada do mercado futuro de juros.
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