segunda-feira, 18 de junho de 2012

Sob suspeita

As evidências indicam a necessidade de uma investigação séria sobre o papel de setores da mídia no caso Cachoeira. Os indícios vão além do jogo político e apontam para conluios com o crime comum. De narradora dos acontecimentos a Veja tornou-se personagem, revelando um envolvimento nunca visto de forma tão escancarada na cena política brasileira.

(*) Artigo publicado originalmente na Revista do Brasil, edição de junho de 2012.

O caso Demóstenes-Cachoeira seria apenas mais um escândalo político a estampar manchetes. Mas no meio do caminho, entre corrompidos e corruptores, tinha uma Veja. De narradora dos acontecimentos a revista semanal da Abril tornou-se personagem, revelando um envolvimento nunca visto de forma tão escancarada na cena política brasileira. Gravações feitas pela Polícia Federal, com autorização da Justiça, não deixam dúvidas. O contraventor Carlinhos Cachoeira era mais do que fonte de informações. Seu relacionamento com o diretor da sucursal de Veja em Brasília, Policarpo Junior, permitia a ele sugerir até a seção da revista em que determinadas notas de seu interesse deveriam ser estampadas.

O pouco que se revelou até aqui permite concluir que a publicação tornou-se instrumento de Cachoeira para remover do governo obstáculos aos seus objetivos. Um desses entraves estaria no Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), do Ministério dos Transportes, e dificultava a atuação da Delta Construções, empresa que teria fortes ligações com o contraventor.

Segundo o jornalista Luis Nassif, a matéria da Veja sobre o Dnit saiu em 3 de junho de 2011. “A diretoria estava atrapalhando os negócios da Delta. Foi o mesmo modo de operação do episódio dos Correios –que daria origem ao chamado “mensalão”. Cachoeira dava os dados, Veja publicava e desalojava os adversários de Cachoeira.” Com isso cumpria também os objetivos de situar-se como vigilante de desmandos e fustigar os governos Lula e Dilma, pelos quais nunca demonstrou simpatia alguma. Basta lembrar a capa de maio de 2006 com Lula levando um pé no traseiro, juntando numa só imagem grosseria e desres­peito. Para não falar de outras, do ano anterior, instigando o “impeachment” do presidente da República.

O sucesso dos dois governos Lula e os altos índices de aprovação recebidos até agora pela presidenta Dilma Rousseff parecem ter exacerbado o furor da revista. A proximidade do diretor da sucursal de Brasília com Cachoeira, e deste com o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO), sempre elogiado por Veja, veio a calhar. Até surgirem as gravações da Polícia Federal levando a revista a um recolhimento político só quebrado em defesas tíbias de seu funcionário e do que ela chama de “liberdade de imprensa”.

Veja diz-se “enganada pela fonte”, argumento desmentido pelo delegado federal Matheus Mella Rodrigues, coordenador da Operação Monte Carlo. O policial mostrou que o jornalista Policarpo Junior sabia das relações de Demóstenes com Cachoeira, mas nunca as denunciou, protegendo “meliantes”, como resumiu com propriedade a revista CartaCapital.

Livre, pero no mucho
Segundo Veja, a “liberdade de imprensa” estaria ameaçada se o jornalista, ou seu patrão Roberto Civita, fosse chamado a depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) aberta no Congresso Nacional para investigar o caso. Mas, na mesma edição em que supostamente põe o direito à informação acima de tudo, clama por um controle planetário da internet, agastada com a circulação de informações sobre seus descaminhos na rede.

A internet foi o principal meio de exposição dos detalhes da suspeita relação Cachoeira-Demóstenes-Veja, e uma enxurrada de expressões nada elogiosas levaram a revista ao topo dos assuntos mais mencionados no Twitter. Os principais veículos de alcance nacional silenciaram ou apoiaram a relação – exceção feita à Rede Record e à revista CartaCapital. Alguns, como O Globo, não titubearam em tomar as dores da Editora Abril. Por um de seus colunistas, Merval Pereira, o jornal isentou a revista de responsabilidades. Depois, em editorial, reagiu à comparação feita por CartaCapital entre o dono da Editora Abril e o magnata Rupert Murdoch, punido pela Justiça britânica pelo mau uso de seus veículos de comunicação no Reino Unido. A Folha de S.Paulo, também em editorial, aliou-se a Veja. Mas sua ombudsman, Suzana Singer, que tem a incumbência de criticar o desempenho do jornal, pelo menos levantou uma dúvida ao dizer que “não se sabe se algo comprometedor envolvendo a imprensa surgirá desse lamaçal”. Para lembrar em seguida que ao PT interessa com o caso Cachoeira empastelar o “mensalão” a ser julgado em breve, e conclui dizendo: “A imprensa não pode cair na armadilha de permitir que um escândalo anule o outro. Tem o dever de apurar tudo – mas sem se poupar. É hora de dar um exemplo de transparência”. Mas a cobertura da Folha das relações Cachoeira-Demóstenes-Veja limita-se a notas superficiais.

Intocável
A ideia de que o caso Cachoeira seria uma forma de desviar as atenções sobre a campanha pelo julgamento dos acusados no caso do “mensalão” foi alardeada pela mídia. E utilizada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, para se livrar da acusação de ter sido negligente. A PF encaminhou a Gurgel a denúncia sobre as relações promíscuas entre Cachoeira e Demóstenes em 2009. Se ele tivesse dado andamento à denúncia, o processo se tornaria público e poderia ter comprometido no ano seguinte a eleição de Demóstenes ao Senado, de Marconi Perillo (PSDB) ao governo de Goiás e de outros políticos suspeitos de servir a Cachoeira.

Em vez de explicar por que segurou o processo, Gurgel respondeu às acusações sob a alegação de que partiam dos envolvidos no processo do “mensalão”, temerosos diante da iminência do julgamento no qual ele será o acusador. A CPMI começou em maio e tem seis meses para concluir as apurações. Ainda não havia mostrado, porém, o mesmo ânimo convocatório em relação aos governadores envolvidos com a Delta Construções e muito menos ao jornalista de Veja e seu patrão. Os governadores, por acordos político-partidários; o jornalista e o empresário, não se sabe bem as razões, embora possam ser formuladas hipóteses.

Uma delas é a de que o maior partido da base governista, o PMDB, estaria sendo sensível ao lobby da mídia por uma blindagem. Com uma CPMI em banho-maria, o partido não seria muito arranhado com a exposição de políticos peemedebistas a investigações. E o PT, concorrente na disputa por espaço no governo, não capitalizaria demais os resultados. A concentração em poucos e poderosos grupos nacionais e transnacionais deu à mídia um poder nunca antes alcançado, muitas vezes superior aos próprios poderes republicanos. Assim, governos e outras instituições públicas tornam-se reféns dos meios de comunicação e temem enfrentá-los.

Apenas em três ocasiões de nossa história veículos de comunicação foram alvo de investigações por parte de CPIs. Em 1953, o dono do Última Hora, Samuel Wainer, sugeriu ao presidente Getúlio Vargas que seu jornal fosse investigado quanto às operações de crédito mantidas com o Banco do Brasil, como lembra o professor Venício Lima, da Universidade de Brasília. Dez anos depois, o Instituto Brasileiro de Ação Democrática (Ibad) foi acusado de ter ligações com a CIA e receber recursos dos Estados Unidos para interferir nas eleições brasileiras. O instituto chegou a alugar por três meses, num período pré-eleitoral, o jornal A Noite do Rio, para colocá-lo a serviço da oposição ao presidente João Goulart. E em 1966 foi aberta investigação do acordo entre as Organizações Globo e o grupo de mídia estadunidense Time-Life. Uma operação de US$ 6 milhões, em benefício da TV Globo, acabou com o império dos Diários Associados de Assis Chateaubriand.

Testemunha de defesa
Há uma outra inquirição de jornalista que não se enquadra entre os casos mencionados, embora seja altamente significativa para os dias de hoje. Trata-se da ida a uma Comissão Parlamentar de Inquérito, em 2005, do mesmo Policarpo Junior. Na ocasião, o chefe de organização criminosa se dizia vítima de chantagem por parte de um deputado carioca que estaria exigindo propina para não colocar seu nome no relatório final de uma CPI instalada na Assembleia Legislativa do Rio. Policarpo testemunhou em defesa do bicheiro e nenhum jornal nem a ABI alegaram tratar-se de uma intimidação à imprensa.

Uma das explicações para essa baixa exposição de jornais e jornalistas a investigações está no poder de interferência dos grupos midiáticos na política eleitoral. Exemplo clássico é a frase da viúva do proprietário das Organizações Globo referindo-se ao governo Collor: “O Roberto colocou ele na Presidência e depois tirou. Durou pouco. Ele se enganou”, disse com candura dona Lily no lançamento do seu livro Roberto & Lily, em 2005. Mas essa não foi uma ação isolada. Para derrotar Lula em 1989, Globo e Veja faziam dobradinha perfeita, como agora. Demonizavam Lula e exaltavam o jovem governador de Alagoas, “caçador de marajás”.

Essa articulação tornou-se hoje mais orgânica. A presidenta da Associação Nacional de Jornais (ANJ), que representa os proprietários de veículos, Judith Brito, assumiu o papel de oposição ao governo Lula. De modo mais discreto, mas não menos eficiente, trabalha o Instituto Millenium, que reúne articulistas, jornalistas e patrões da imprensa. E realiza eventos em que os convidados aliam-se ao que há de mais conservador na sociedade para afinar suas linhas de cobertura. Em um deles estavam Roberto Civita (Abril), Otavio Frias Filho (Folha) e Roberto Irineu Marinho (Globo). Vários colaboradores, exibidos no site do instituto, escrevem e falam contra as cotas raciais nas universidades, criticam a política econômica dos governos Lula e Dilma, seja qual for, louvam o governo Fernando Henrique Cardoso, discordam da atual política externa brasileira e fizeram campanha contra a criação da CPMI do Cachoeira. São ações orquestradas que lembram as do Ibad, antes mencionado.

As evidências atuais indicam a necessidade de uma investigação séria sobre o papel de setores da mídia no caso Cachoeira. Os indícios vão além do jogo político e apontam para conluios com o crime comum. No entanto, até o momento, a CPMI não mostrou disposição para enfrentar o poder da mídia, que, quando acuada, conta com a defesa não apenas dos proprietários como também de parte de seus empregados. Cabe lembrar a observação frequente do jornalista Mino Carta sobre a peculiaridade brasileira de jornalista chamar patrão de colega. Com isso diluem-se interesses de classe e uma difusa “liberdade de imprensa” é utilizada para encobrir contatos altamente suspeitos.

Até entidades respeitáveis como a Associação Brasileira de Imprensa, por seu presidente, Maurício Azêdo, confundem as coisas. Em depoimento ao programa Observatório da Imprensa, da TV Brasil, Azêdo não admite a ida de jornalistas à CPMI para prestar depoimentos, sob a alegação de intimidação ao trabalho jornalístico, mas condena a promiscuidade de alguns profissionais com fontes próximas ou ligadas ao crime. Com isso dá ao jornalista uma imunidade que nenhum outro cidadão tem.

Nesse mesmo programa, o professor Venício Lima ressaltou o impacto do caso das escutas ilegais promovidas pelo jornal News of the World sobre as relações mídia-sociedade na Inglaterra. “Levou Murdoch (o dono do jornal) e seus jornalistas a depor não só na Comissão de Esportes, Mídia e Cultura da Câmara dos Comuns como na Comissão Leveson, que tem caráter de inquérito policial.” Nada disso ameaçou a liberdade da imprensa britânica. Aqui, apesar da resistência com forte apelo corporativo da mídia e de parte dos seus empregados, vozes importantes lembram que ninguém está imune a convocações feitas pelo Congresso Nacional para prestar esclarecimentos.

À Record News, o presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), foi direto ao ponto: “Todos devem ser investigados no setor público, privado e na imprensa. Sem paixões e sem arroubos. Nós vamos descobrir muitas coisas quando forem feitas as quebras de sigilo – o fiscal, por exemplo. Devemos apoiar sempre a liberdade de expressão. Mas não podemos confundi-la com uma organização criminosa. Para o bem da sociedade e da própria liberdade de expressão.”

Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista, é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus Editorial). Twitter: @lalolealfilho.

Deu na Carta Capital. Jamais em nossos panfletos(Diário, Liberal e Amazônia)

Rio de Janeiro - Desconstruir a imagem da Vale será, a partir de agora, uma das principais estratégias adotadas pelas vítimas da empresa de mineração sediada no Brasil. Tal conclusão se deu sábado (16) no III Encontro Internacional dos Atingidos pela Vale, realizado no bairro Santa Tereza, no Rio de Janeiro. A mineradora é acusada de violar direitos trabalhistas, comunitários, ambientais e sanitários em diversas regiões brasileiras e vários países, entre eles, Moçambique, Peru, Chile, Nova Caledônia e Canadá.
Em janeiro deste ano, a empresa foi eleita a pior do mundo em uma votação da Public Eye Awards, “premiação” existente desde 2000 e que tem o Greenpeace como um dos organizadores. De 88 mil votos, a Vale recebeu 25 mil. A mineração e os projetos extrativistas em geral vêm sendo temas de muitos debates e atividades na Cúpula dos Povos, que acontece na capital fluminense como evento paralelo à Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20 – da qual a mineradora é uma das patrocinadoras.
Um dos diagnósticos do encontro é que as empresas que mais causam impactos sociais e ambientais estão fazendo nos últimos anos grande uso da publicidade e da chamada “filantropia estratégica”. No Brasil, por exemplo, a Vale, além dos projetos sociais apoiados por sua fundação, vêm investindo bastante em propagandas – em meios eletrônicos e impressos – que contam com artistas de renome e buscam reforçar sua conexão com o Brasil.
Além de manter o foco do enfrentamento direto – como protestos, mobilizações e ações judiciais –, o grupo pretende mostrar à sociedade “a verdadeira face da empresa”. Nesse sentido, foram sugeridas ações como a criação de um site em três ou quatro idiomas (português, espanhol e inglês, com a possibilidade de se incluir também o francês) e a produção de materiais de contrapropaganda – panfletos, folders, cartilhas, vídeos etc. Uma das prioridades é a divulgação das denúncias nas escolas, uma tentativa de contra-atacar o trabalho que a mineradora faz nessas instituições.
Estratégias
Este ano, já foram realizadas duas grandes ações de contrapropaganda. A ideia é reforçar essa estratégia. Em janeiro, ocorreu a “premiação” da empresa como a pior do mundo – fato muito divulgado mundialmente e que deve ainda ser bastante explorado no próximo período. Em abril, foi lançado pela Articulação Internacional de Atingidos pela Vale o Relatório de Insustentabilidade Vale 2012, uma contraposição ao Relatório de Sustentabilidade divulgado pela companhia anualmente.
Também conhecido como “relatório sombra”, o documento rebate ponto a ponto os eixos abordados pela Vale. O objetivo era mostrar que a realidade de trabalhadores, comunidades e meio-ambientes do entorno dos empreendimentos é bem distinta àquela apresentada pela empresa. Três momentos do ano foram apontados como propícios para ações de contrapropaganda de caráter mundial: a assembleia dos acionistas, a divulgação do Relatório de Sustentabilidade da empresa e o período de anúncio dos lucros e dividendos.
Os participantes do encontro enfatizaram que muitos dos impactos causados pela Vale são decorrentes da logística utilizada para os grandes projetos, como as ferrovias e rodovias construídas para o transporte do conteúdo extraído das minas. Assim, são frequentes casos como atropelamentos de animais e pessoas, poluição sonora e poeira e rachaduras nas casas.
Entre os impactos mais diretos citados pelos atingidos, figuram a perda de soberania sobre as terras, assassinatos de lideranças comunitárias, prostituição, aumento do custo de vida nas comunidades próximas de onde um empreendimento é instalado, chegada de um grande número de população flutuante e até doenças psíquicas, neurológicas e físicas, como de respiração, de pele e cânceres.
Segundo as vítimas da Vale, diante das denúncias de violações, a mineradora responde com mais violações. Frequentemente promove assédio moral sobre os funcionários, quando não os demite, tenta cooptar lideranças, cria ONGs e movimentos sociais de fachada e “compram” órgãos governamentais.
Nem mesmo a segurança de seus funcionários estaria garantida. Dados citados durante o encontro dão conta de que em 2012 já aconteceram 16 mortes nas instalações da Vale no Brasil, Canadá e Indonésia, diante de 11 em 2010, 10 em 2009, 9 em 2008 e 14 em 2007, nos mesmos países. A estimativa é que até o final deste ano o número chegue a 25.
Para João Trevisam, da Confederação Nacional de Trabalhadores na Mineração, a mineradora “ainda está na época do capitalismo selvagem. Não quero que a Vale seja nossa desse jeito”, disse durante o encontro, fazendo referência à campanha pela estatização da mineradora, privatizada em 1997 numa operação suspeita de fraudes.
Vale em Moçambique
Os moradores da província do Tete, na região central de Moçambique, país da costa oriental africana, conhecem bem o modo de atuar da mineradora. “A Vale não tem respeito algum pelos mínimos direitos e hábitos culturais das pessoas”, protesta Fabio Manhiça, de 52 anos, da Associação de Assistência Jurídica às Comunidades, em entrevista à Carta Maior.
“Os salários são baixíssimos. Durante o acordo coletivo de trabalho, a empresa não respeitou a vontade expressa dos trabalhadores. Eles tiveram que assinar com o joelho em cima deles. Tanto que a maior parte dos trabalhadores da Vale não conhece o acordo coletivo. As comunidades foram evacuadas, foram tiradas pelo governo de suas zonas de origem e levadas a uma que não escolheram. Não sabemos com quem negociar. O governo diz que é com a empresa, a empresa diz que é com o governo. O povo fica no meio”, resume.
Segundo Manhiça, um problema grave é a falta de conhecimento de trabalhadores e comunidades sobre seus próprios direitos. Outro, o poder da mineradora de “corromper tanto os dirigentes o governo quanto os dirigentes sindicais” do país. Nem mesmo os líderes sindicais não cooptados encontram espaço para atuação. “Se você for até as comunidades, os moradores não vão falar consigo. Temem represálias. Seguranças da Vale e a força policial do governo andam pelas ruas, semeando medo e pânico. As pessoas não te dizem nada. Tanto que as informações sobre a Vale a gente encontra nesses fóruns; lá não temos acesso a nenhuma informação. Tu não entras lá dentro, é barrado.”
Em 12 de junho, outro moçambicano que participaria do encontro foi impedido de entrar no Brasil pelo aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Jeremias Vunjanhe, da ONG Justiça Ambiental e da Federação Internacional Amigos da Terra, teve seu passaporte retirado e foi obrigado a voltar ao Moçambique. A Polícia Federal não informou as razões desse tipo de tratamento – Vunhanhe tinha visto de entrada no país.

Tá chegando a hora


Daqui a pouco o Conselho de Ética do Senado Federal reune-se para aprovar ou rejeitar o parecer do relator Humberto Costa, que pede a cassação do super gangster Demóstenes Torrres, pilhado pela Polícia Federal como um dos mais notórios comparsas de Carlos Cachoeira. Até recentemente, Demóstenes era tido pela "Aurora Dourada" do escrevinhamento brasileiro como padrão de comportamento ético, abandonado logo após ser descoberto seu papel de meliante.
No entanto, sua condenação não é tão pacífica como parece. A Folha diz, hoje, que dos 14 senadores do conselho a que ela fez consulta, são 15 os votantes, só 8 afirmaram votar pela perda de mandato, enquanto 4 não quiseram adiantar como votariam e 2 se disseram indecisos. Lembrando que o voto é secreto e as articulações de bastidores, inclusive a pressão do goiano em cima de quem teve íntima relação consigo, podem provocar estragos. Olho neles!

Um Judiciário desmoralizado

Eliana Calmon: 
"A denúncia anônima só vale quando
 o denunciado é um traficante?" 
(Foto: Antônio Cruz/ABr)

A decisão do tal juiz Tourinho de tirar da cadeia o notório Carlinhos Cachoeira indignou grande parte da população brasileira. Se antes ainda havia um resto de dúvida de que o Judiciário é um dos maiores infortúnios deste país, hoje, graças a decisões como o do tal juiz, nada mais há a se acrescentar sobre o tema.
Como o poder dos integrantes do Judiciário é enorme, qualquer coisa que se escreva sobre - ou contra - eles pode se transformar facilmente em uma peça de acusação.
Por isso, passo a palavra à excelentíssima juíza Eliana Calmon Alves, corregedora do Conselho Nacional de Justiça, uma baiana de muita coragem, que certa feita se referiu a alguns desses juízes que existem por aí para vender sentenças e proteger criminosos como "bandidos de toga". As perguntas e respostas da eminente jurista foram pinçadas de várias entrevistas que concedeu nos últimos meses a vários órgãos da imprensa. Nada mais oportuno do que saber o que ela, que tanto conhece do assunto, tem a dizer sobre o nosso Judiciário:


O que pode ser modernizado no sistema?
Primeiro, o Foro Especial. O tamanho dele é absurdo. Segundo, esta plêiade de recursos. Ninguém aguenta mais. Hoje no Brasil, você tem quatro instâncias. Até chegar à última instância, as pessoas já morreram e não aguentam mais esperar. E a corrupção dentro do poder Judiciário vem muito desta ideia. Na medida em que você demora muito na Justiça, você começa a criar os atritos e os problemas. Se for rápido, também dá ensejo a que exista menos recursos e menos corrupção. A corrupção também existe porque o processo demora tanto que neste interregno começa a haver uma série de incidentes. A Justiça é muito entupida porque um conflito na sociedade gera dez processos. Ninguém aguenta este grande número de recursos.
Como a senhora analisa os casos recorrentes de corrupção na política, principalmente no governo federal?
Estamos em uma intimidade indecente entre cadeia de poderosos e isto tudo está acontecendo em razão de um esgarçamento ético muito grande. Não existem culpados. A sociedade caminhou para este grande abismo e hoje precisa resgatar isto. Está difícil resgatar porque na sociedade capitalista o valor maior é o dinheiro. E as pessoas só entendem esta linguagem. A linguagem moral e ética é uma linguagem fraca dentro de uma sociedade de consumo. Mas chegamos a um estágio de tanto esgarçamento que ou partimos para uma posição de radicalizar uma providência contra a corrupção ou nós não vamos sobreviver como nação civilizada. Estamos pagando muitos impostos e esses impostos estão indo pelo ralo. E uma sociedade tranquila como a brasileira, uma sociedade meio anestesiada, quase que já se banalizou a corrupção. Mas a sociedade já está mostrando muita impaciência. Acredito que já estamos chegando ao fundo do poço e, quando isto acontece, temos que partir para decisões muito drásticas. O que não é bom para a democracia, mas às vezes é necessário.
Por que nos últimos anos pipocaram tantas denúncias de corrupção no Judiciário? 
Durante anos, ninguém tomou conta dos juízes, pouco se fiscalizou. A corrupção começa embaixo. Não é incomum um desembargador corrupto usar o juiz de primeira instância como escudo para suas ações. Ele telefona para o juiz e lhe pede uma liminar, um habeas corpus ou uma sentença. Os juízes que se sujeitam a isso são candidatos naturais a futuras promoções. Os que se negam a fazer esse tipo de coisa, os corretos, ficam onde estão.
A senhora quer dizer que a ascensão funcional na magistratura depende dessa troca de favores? 
O ideal seria que as promoções acontecessem por mérito. Hoje é a política que define o preenchimento de vagas nos tribunais superiores, por exemplo. Os piores magistrados terminam sendo os mais louvados. O ignorante, o despreparado, não cria problema com ninguém porque sabe que num embate ele levará a pior. Esse chegará ao topo do Judiciário.
Esse problema atinge também os tribunais superiores, onde as nomeações são feitas pelo presidente da República? 
Estamos falando de outra questão muito séria. É como o braço político se infiltra no Poder Judiciário. Recentemente, para atender a um pedido político, o STJ chegou à conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal.
A tese que a senhora critica foi usada pelo ministro Cesar Asfor Rocha para trancar a Operação Castelo de Areia, que investigou pagamentos da empreiteira Camargo Corrêa a vários políticos. 
É uma tese equivocada, que serve muito bem a interesses políticos. O STJ chegou à conclusão de que denúncia anônima não pode ser considerada pelo tribunal. De fato, uma simples carta apócrifa não deve ser considerada. Mas, se a Polícia Federal recebe a denúncia, investiga e vê que é verdadeira, e a investigação chega ao tribunal com todas as provas, você vai desconsiderar? Tem cabimento isso? Não tem. A denúncia anônima só vale quando o denunciado é um traficante? Há uma mistura e uma intimidade indecente com o poder.
Existe essa relação de subserviência da Justiça ao mundo da política? 
Para ascender na carreira, o juiz precisa dos políticos. Nos tribunais superiores, o critério é única e exclusivamente político.
Há um assunto tabu na Justiça que é a atuação de advogados que também são filhos ou parentes de ministros. Como a senhora observa essa prática? 
Infelizmente, é uma realidade, que inclusive já denunciei no STJ. Mas a gente sabe que continua e não tem regra para coibir. É um problema muito sério. Eles vendem a imagem dos ministros. Dizem que têm trânsito na corte e exibem isso a seus clientes.
E como resolver esse problema? 
Não há lei que resolva isso. É falta de caráter. Esses filhos de ministros tinham de ter estofo moral para saber disso. Normalmente, eles nem sequer fazem uma sustentação oral no tribunal. De modo geral, eles não botam procuração nos autos, não escrevem. Na hora do julgamento, aparecem para entregar memoriais que eles nem sequer escreveram. Quase sempre é só lobby.
Como corregedora, o que a senhora pretende fazer? 
Nós, magistrados, temos tendência a ficar prepotentes e vaidosos. Isso faz com que o juiz se ache um super-homem decidindo a vida alheia. Nossa roupa tem renda, botão, cinturão, fivela, uma mangona, uma camisa por dentro com gola de ponta virada. Não pode. Essas togas, essas vestes talares, essa prática de entrar em fila indiana, tudo isso faz com que a gente fique cada vez mais inflado. Precisamos ter cuidado para ter práticas de humildade dentro do Judiciário. É preciso acabar com essa doença que é a “juizite”.
 Por que tanta resistência ao trabalho da senhora? 
Durante quatro séculos, o Poder Judiciário foi absolutamente autônomo, intocável. A invasão do âmago da administração de um tribunal por parte de um órgão é algo que não se conhece até então. A magistratura nunca reconheceu corrupção dentro do seu terreno. A cultura era de que enfraqueceria o poder se nós admitíssemos que entre nós existem corruptos. A partir desse discurso, nos distanciamos de uma grande arma, a mais poderosa contra a corrupção, que se chama transparência. Eu sou diferente porque na minha concepção o que está causando o desgaste do Judiciário é exatamente essa falta de transparência.
A categoria é corporativista? 
É ideologicamente deformada. A ideologia deforma porque se você coloca como ideário uma posição e fecha a sua cabeça acaba ficando cego. É algo quase como o amor, esquizofrênico.
A senhora acha que tem uma missão nesse caso? A gente não vê na sociedade muitas vozes contrárias? 
Muitas vozes são a favor, só que não se manifestam. As vozes que se manifestam são das pessoas que têm a ideologia contrária.
 Por que não se manifestam? 
Têm medo da retaliação, porque estão dentro de um sistema que é fechado.
Os bandidos de toga têm muita força? 
Eles não têm força, porque são mãos invisíveis. Na realidade, o que eu quis dizer é que esse sistema de ideologia abafada, em que nós mesmos fazemos a correção e não queremos deixar transparecer, é que faz com que os bandidos fiquem mais fortalecidos. Eu usei uma expressão forte, até para chocar. Talvez se eu não usasse a expressão bandidos de toga não tivesse vindo à tona toda essa discussão.

A cruzada ética dos jornalões


A imprensa se juntou, unânime, numa nova cruzada, a de mostrar a incoerência de o PT paulistano receber o apoio do PP, partido do notório Paulo Maluf.
Todos os jornalões, sem exceção, procuram desqualificar o acordo - simples apoio, não aliança, como dizem -, dizendo que ele destrói a história do PT, uma história de combate ao malufismo e o que ele representa.
Interessante que essa cruzada só tenha sido iniciada agora e não antes, quando os próceres do PP estiveram por fechar o apoio a José Serra e seus amigos de bico longo.
Na ocasião, só faltou aos jornalões soltar fogos de artifício para celebrar a "aliança".
Em tom triunfal, publicaram gráficos para mostrar que Serra teria, com todos os acordos fechados, incluído neles o do PP, um tempo enorme na televisão, o maior de todos, para expor as suas ideias geniais para resgatar a cidade do caos promovido - vejam só que coisa incrível - por ele próprio e seu bando de predadores.
Aproveitaram para celebrar o poder de negociação dos tucanos, capazes de amarrar um bloco partidário de apoio a Serra com todas as letras do alfabeto, enquanto o adversário maior, o petista Fernando Haddad, diziam, batia bumbo sozinho, esquecido num canto, sem ninguém para ajudá-lo...
Assim, deve ter sido uma surpresa enorme para todos esses jornalistas que cobrem a política paulistana com tanta isenção o apoio que o Haddad recebeu do PSB e a escolha de Luiza Erundina para compor, como vice, a sua chapa.
A mesma surpresa, obviamente, também os capturou quando souberam das negociações entre o PT/PSB e o PP - partido que integra a base de apoio do governo Dilma.
Para esses jornalistas, o trabalho e a vida parecem ser feitos de surpresas.
Eles devem estar surpreendidos agora com o fato de, com o PP, a coligação de Haddad ficar com o maior tempo de propaganda eleitoral e isso contar muito, mais muito mesmo, numa campanha como a que está por começar.
Se esses nossos caros jornalistas perdessem menos horas do seu árduo trabalho para expressar toda essa estupefação com as coisas mais triviais da política, poderiam facilmente perceber que, se o apoio do PP ao PT realmente se concretizar, a chance de Maluf aparecer ao lado de Haddad ou Erundina é a mesma, como diz o sábio filósofo Felipão, de o sargento Garcia prender o Zorro.
Também que o programa de governo de Haddad terá influência zero de qualquer malufista, principalmente quando se sabe que o próprio Maluf não tem mais nenhum poder sobre o seu partido e usa hoje a política apenas como escudo para se livrar dos problemas com a Justiça.
Mas, enfim, essa é a imprensa que temos neste país. Uma imprensa que aproveita os vácuos da legislação para esconder os fatos e expor apenas seus desejos, suas frustrações e suas preferências partidárias.
Fico pensando o que seria dessa já pobre oposição se não contasse com a ajuda dos jornalões, de suas cruzadas éticas e  de toda essa conveniente ingenuidade sobre a "realpolitik".

sábado, 16 de junho de 2012

LAGES SC, É A QUARTA CIDADE DOS QUASE 6.000 MUNICÍPIOS DO BRASIL QUE MAS MIGRAM CIDADÕES...PQ SERÁ? VOCE SABIA QUE LAGES PODERIA TER MAIS DE 237.000 HABITANTES? TEMOS APENAS 157.000... O QUE ESTA ACONTECENDO SERÁ QUE SÃO OS 30 ANOS DE PODER ADM DA DIREITONA CAFAGESTE?//
A TRINTA ANOS NO PODER DESADMINISTRATIVO DE LAGES SC, A DIREITA EM TODA ELEIÇÃO PROMETE TRAZER INDÚSTRIA PARA LAGES SC... MAS SE ELEGEM E NADA, PORQUE UM GRUPINHO DE CANALHAS FAZENDEIROS, INDUSTRIAIS E MÍDIA (PIG) QUE SE ACHAM OS CARAS NÃO PERMITEM, PQ ELES OS ELEGERAM. SERA QUE O POVO EM 30 ANOS NÃO SE FLAGROU??? E´DE CHORAR...
BISPO DA DIOCESE DE LAGES SC RECEM CHEGADO, ACABOU COM A PASTORAL DA TERRA... TODO MUNDO SABE QUE LAGES É UM DOS LUGARES DO ESTADO COM MAIS LATIFUNDIOS E TERRAS COM MENOS USO...AI TEM, DEVE GOSTAR DE COMER CHURRASCO EM FAZENDAS...A TEMPOS EXTINGUIRAM COM A PASTORAL OPERÁRIA... AGORA RESTOU PARA A IGREJA APENAS SALVAR ALMAS... A MINHA PROVAVELMENTE NÃO COM ESSA ESCRIVINHADA...CALARAM A TEOLOGIA DA LIBERTAÇÃO... ESSA É A LINHA CARISMÁTICA... FALANDO NISSO COMO VAI AS LAVAGENS DE DINHEIRO DO TRAFICO, MÁFIA E CIA NO VATICANO...
É chorar... Lages SC. ruas do municipio estão sendo reformadas por empreiteira ( A S  CONSTRUÇÕES) terceirizada pela prefeitura, sendo que as mesmas de acordo com discurso do prefeito em associações de moradores e midia, vão ser asfaltadas daqui a uma semana ou quinze dias. serão afundadas, retirado o calçamento antigo e bla bla bla...bom assim a empreiteira ganha dobrado, pelo concerto e asfalto... pô zóia tem caroço nesse angu. 

MEIO AMBIENTE - Rio+20: o futuro que queremos é um prolongamento do presente.


Leonardo Boff

O Documento Zero da ONU para a Rio+20 é ainda refém do velho paradigma da dominação da natureza para extrair dela os maiores benefícios possíveis para os negócios e para o mercado. O ser humano deve buscar os meios de sua subsistência.
A economia verde radicaliza essa tendência; como escreveu o diplomata e ecologista boliviano Pablo Solón, “ela busca não apenas mercantilizar a madeira das florestas, mas também sua capacidade de absorção de dióxido de carbono”. Tudo pode se transformar em bônus negociáveis pelo mercado e pelos bancos.
Destarte, o texto se revela definitivamente antropocêntrico, como se tudo se destinasse ao uso exclusivo dos humanos e a Terra tivesse sido criada somente para eles e não para os outros seres vivos que também exigem sustentabilidade das condições ecológicas para a sua permanência neste planeta.
Resumidamente, “o futuro que queremos”, lema do documento da ONU, não é outra coisa que o prolongamento do presente. Este se apresenta ameaçador e nega um futuro de esperança. Num contexto desses, não avançar é retroceder.
Há, outrossim, um agravante: todo o texto gira ao redor da economia. Por mais que a pintemos de marrom ou de verde, ela guarda sua lógica interna. Quanto posso ganhar no tempo mais curto, com o investimento menor possível? Não sejamos ingênuos: o negócio da economia vigente é o negócio. Ela não propõe uma nova relação para com a natureza, sentindo-se parte dela e responsável por sua vitalidade e integridade. Antes, move-lhe uma guerra total, como denuncia o filósofo da ecologia Michel Serres.
Nessa guerra, não possuímos nenhuma chance de vitória. A natureza ignora nossos intentos. Segue seu curso mesmo sem a nossa presença. A tarefa da inteligência é decifrar o que ela nos quer dizer (pelos eventos extremos), defender-nos de efeitos maléficos e colocar suas energias a nosso favor. Ela nos oferece informações, mas não nos dita comportamentos. Estes devem ser inventados por nós mesmos. Eles somente serão bons caso estiverem em conformidade com seus ritmos e ciclos.
Como alternativa a essa economia de destruição, precisamos, se queremos ter futuro, opor-lhe o paradigma da economia de preservação. Precisamos produzir sim, mas respeitando os direitos das gerações futuras e dos demais seres da comunidade de vida.
A Rio 92 consagrou o conceito antropocêntrico e reducionista de desenvolvimento sustentável, elaborado pelo relatório Brundland de 1987 da ONU. Ele se transformou num dogma professado pelos documentos oficiais, pelos Estados e empresas sem nunca ser submetido a uma crítica séria. Sequestrou a sustentabilidade só para o seu campo. Os desastres que causava eram vistos como externalidades. Ocorre que estas se tornaram ameaçadoras, capazes de destruir as bases físico-químicas que sustentam a vida humana e grande parte da biosfera.
Isso não é superado pela economia verde. Ela configura uma armadilha dos países ricos, especialmente da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que produziu o texto teórico “Iniciativa da Economia Verde”. Com isso, astutamente descartam a discussão sobre a sustentabilidade, a injustiça social e ecológica, o aquecimento global, o modelo econômico falido e mudança do olhar sobre o planeta que possa projetar um futuro real para a humanidade e para a Terra.
A Rio+20 poderia resgatar a Estocolmo+40. Nesta primeira conferência mundial, o foco central era o cuidado e a responsabilidade coletiva por tudo o que nos cerca. Essa perspectiva se perdeu com a cartilha fechada do desenvolvimento sustentável e, agora, da economia verde.

sábado, 16 de junho de 2012

MEIO AMBIENTE - Rio+20: o futuro que queremos é um prolongamento do presente.


Leonardo Boff

O Documento Zero da ONU para a Rio+20 é ainda refém do velho paradigma da dominação da natureza para extrair dela os maiores benefícios possíveis para os negócios e para o mercado. O ser humano deve buscar os meios de sua subsistência.
A economia verde radicaliza essa tendência; como escreveu o diplomata e ecologista boliviano Pablo Solón, “ela busca não apenas mercantilizar a madeira das florestas, mas também sua capacidade de absorção de dióxido de carbono”. Tudo pode se transformar em bônus negociáveis pelo mercado e pelos bancos.
Destarte, o texto se revela definitivamente antropocêntrico, como se tudo se destinasse ao uso exclusivo dos humanos e a Terra tivesse sido criada somente para eles e não para os outros seres vivos que também exigem sustentabilidade das condições ecológicas para a sua permanência neste planeta.
Resumidamente, “o futuro que queremos”, lema do documento da ONU, não é outra coisa que o prolongamento do presente. Este se apresenta ameaçador e nega um futuro de esperança. Num contexto desses, não avançar é retroceder.
Há, outrossim, um agravante: todo o texto gira ao redor da economia. Por mais que a pintemos de marrom ou de verde, ela guarda sua lógica interna. Quanto posso ganhar no tempo mais curto, com o investimento menor possível? Não sejamos ingênuos: o negócio da economia vigente é o negócio. Ela não propõe uma nova relação para com a natureza, sentindo-se parte dela e responsável por sua vitalidade e integridade. Antes, move-lhe uma guerra total, como denuncia o filósofo da ecologia Michel Serres.
Nessa guerra, não possuímos nenhuma chance de vitória. A natureza ignora nossos intentos. Segue seu curso mesmo sem a nossa presença. A tarefa da inteligência é decifrar o que ela nos quer dizer (pelos eventos extremos), defender-nos de efeitos maléficos e colocar suas energias a nosso favor. Ela nos oferece informações, mas não nos dita comportamentos. Estes devem ser inventados por nós mesmos. Eles somente serão bons caso estiverem em conformidade com seus ritmos e ciclos.
Como alternativa a essa economia de destruição, precisamos, se queremos ter futuro, opor-lhe o paradigma da economia de preservação. Precisamos produzir sim, mas respeitando os direitos das gerações futuras e dos demais seres da comunidade de vida.
A Rio 92 consagrou o conceito antropocêntrico e reducionista de desenvolvimento sustentável, elaborado pelo relatório Brundland de 1987 da ONU. Ele se transformou num dogma professado pelos documentos oficiais, pelos Estados e empresas sem nunca ser submetido a uma crítica séria. Sequestrou a sustentabilidade só para o seu campo. Os desastres que causava eram vistos como externalidades. Ocorre que estas se tornaram ameaçadoras, capazes de destruir as bases físico-químicas que sustentam a vida humana e grande parte da biosfera.
Isso não é superado pela economia verde. Ela configura uma armadilha dos países ricos, especialmente da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), que produziu o texto teórico “Iniciativa da Economia Verde”. Com isso, astutamente descartam a discussão sobre a sustentabilidade, a injustiça social e ecológica, o aquecimento global, o modelo econômico falido e mudança do olhar sobre o planeta que possa projetar um futuro real para a humanidade e para a Terra.
A Rio+20 poderia resgatar a Estocolmo+40. Nesta primeira conferência mundial, o foco central era o cuidado e a responsabilidade coletiva por tudo o que nos cerca. Essa perspectiva se perdeu com a cartilha fechada do desenvolvimento sustentável e, agora, da economia verde.

EGITO - O problema é a questão militar.


Desde o início nós destacamos aqui no blog a questão militar como central no Egito. Até porque ela esconde a influência e o controle norte-americano sobre o país durante essas últimas décadas, praticamente desde o assassinato do presidente Anuar al Sadat em 1981.E porque os militares egípcios, de várias formas diretas e indiretas, controlam 33% da economia do país.

Só há uma explicação para a segurança e a agressividade da ação militar com a qual a Junta governativa composta por generais assumiu o Poder Legislativo: o apoio dos Estados Unidos. Via Supremo Tribunal, eles dissolveram o Parlamento esta semana, dois dias antes do 2º turno da eleição presidencial.

Até porque esta Suprema Corte egípcia não passa de uma extensão do poder da ditadura Hosni Mubarak. Inclusive porque o regime, no fundo, é também uma expressão da aliança dos militares com uma burocracia corrupta e com elites que ascenderam ao poder econômico e ao status social à sombra do regime de Mubarak.

O que não assumem e tentam encobrir é que, na prática, essa dissolução do Parlamento ocorreu porque a maior parte dos parlamentares eleita no início deste ano é filiada à Irmandade Muçulmana - a força de oposição à ditadura - ou ainda que integrantes de outros partidos têm ligações com a Irmandade.

E assim, 1,5 ano após a Praça Tharir (praça central do Cairo, símbolo das manifestações de protesto no país) derrubar a cabeça do regime, o ditador Hosni Mubarak - sem conseguir derrubar o sistema - o Egito continua sem paz, longe da democracia e da liberdade, sem perspectivas no horizonte de que elas venham a curto prazo.

sexta-feira, 15 de junho de 2012


PT protocola requerimento para ouvir Serra na CPI do Cachoeira







A casa tá caindo





Terra





O PT apresentou requerimento, na semana passada, para ouvir o ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. De acordo com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), autor do requerimento, o objetivo é ouvir Serra sobre os contratos firmados entre a prefeitura de São Paulo e a construtora Delta - que está no epicentro das investigações envolvendo os laços do empresário Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas - durante a gestão do tucano.

A proposta inclui também o ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) Paulo Vieira, conhecido como Paulo Preto. Durante a campanha eleitoral de 2010, Paulo Preto foi alvo de denúncias sobre um suposto esquema de corrupção em obras viárias do governo paulista. Segundo reportagem da revista Isto É, Vieira teria fugido com R$ 4 milhões arrecadados para a campanha de Serra ao Palácio do Planalto. Em entrevista ao jornalFolha de S.Paulo, o engenheiro negou ter arrecadado recursos para o PSDB, mas disse ter criado as melhores condições para que houvesse aporte de recursos em campanha, ao dar a palavra final e fazer os pagamentos no prazo às empreiteiras terceirizadas que atuaram nas grandes obras de São Paulo.







De acordo com o autor do requerimento, a proposta não precisa ter apreciação imediata pelos deputados. "Pretendo fazer o debate ao longo da CPI", afirmou. Questionado sobre um possível interesse eleitoral no pedido para ouvir Serra, pré-candidato do PSDB à prefeitura paulistana, Dr. Rosinha reconheceu que é normal haver controvérsias em uma comissão parlamentar. "Sempre há disputas políticas. Essa CPI não é diferente", declarou.

Procurada, a liderança do PSDB na Câmara dos Deputados não quis comentar o caso. Já o presidente nacional do partido, deputado federal Sérgio Guerra (PSDB-PE), criticou a proposta do colega petista. "Trata-se de uma proposta indecente. Um factóide demagógico de quem não quer investigação, mas confusão", disse.





Carlinhos Cachoeira

Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.







Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.

Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.

Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.

O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.

Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.









Postado por Cappacete
Trânsito - carros x bicicletas

Nas redes sociais, o pessoal reclama que o governo concede benefícios para a indústria automobilística e facilita o crédito para a compra de carros. Dizem que é por isso que o trânsito nas grandes cidades está cada vez pior.

Menos, gente. A solução para o trânsito não é elitizar a propriedade de veículos. Se for, estamos roubados. Nossa mobilidade urbana vai depender da concentração de renda.

A turma moderninha também pede isenção de impostos para bicicletas. Dou a maior força. Mas não resolve.

Não resolve, porque não basta ter uma bike para usá-la para ir ao o trabalho. Tem que ter vias seguras. Tem que ter lugar para estacionar sem risco. Tem que ter onde tomar banho - aqui não é a Holanda, faz um calor danado e o ciclista sua em bicas. E tem que morar marromeno perto. Para ir da Barra para o Centro do Rio pedalando tem que ser atleta do Ironman.

Sou a favor de qualquer medida para restringir o uso do automóvel particular no dia-a-dia. Sou a favor até do pedágio urbano, que é um negócio um tanto drástico. Mas a solução, solução mesmo, é óbvia - melhorar o transporte público. Atualmente, é melhor engarrafar sentado no banco do carro do que fazer estágio para sardinha no ônibus ou no metrô.

Europa rumo ao atoleiro

Luta de classes

A receita estava pronta. Para combater a crise, austeridade. Tradução: privatizações, fim do Estado social, corte nas aposentadorias, demissão de funcionários públicos, desemprego em geral e desespero em particular.

Democracia? Não me façam rir. Perderam o pudor. Deixaram de fingir. Trocaram os governos da Grécia e da Itália por juntas de burocratas a mando dos mercados. Não que os governos defenestrados fossem grande coisa. Mas a troca tinha que ser no voto.

Dinheiro? Só se for para os bancos. Agora vão cem bilhões de euros para a banca espanhola. Os desempregados espanhóis estão jantando comida de cachorro. Os cem bilhões vão ter contrapartida: mais desempregados. Pelo visto, a única indústria que vai crescer por lá é a de ração para animais.

Dona Merkel misturou bem os ingredientes do bolo e levou ao forno. Surpresa! O bolo solou.

É que esqueceram de perguntar ao povo. O povo da França elegeu o Hollande,  moderadíssimo, mas que não faz coro com a nova Dama de Ferro. E o povo da Grécia radicalizou. O euro está na corda bamba.

Em disputa estão todas as conquistas dos trabalhadores no último meio século. Reduzir o valor da força de trabalho para começar novo ciclo de acumulação. É a velha e boa luta de classes. O resto é papo de de comentarista econômico da imprensa livre. Ou seja: porta-voz do capital.

Ingratidão e falta de memória

Por Sérgio Soares, publicado em 18 Fev 2012 - 04:00 | Actualizado há 16 semanas 6 dias
A Alemanha regista a pouco honrosa distinção de ter entrado em bancarrota em 1920 e em 1953. Da última vez, Berlim contou com a ajuda financeira da Grécia

Crendiospai: meu filho é um tatuador!

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Copiei de Joseph Sonego

 

Bem, para meu filho mais velho, o Paulo Cequina Jr (ou Paulo Conde), não haverá inferno suficientemente grande: o piá, além de ser tatuado, é um tatuador! Vive disso e paga suas contas fazendo lá seus desenhos e cores e mandando um monte de gente pros quintos.
Mas não se preocupe, filho: chegarei antes e, como conheço uns comunistas e petistas influentes, arrumarei um lugar com vista definitiva pro mar de chamas.

A morte dos imortais

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Copiei do Gilson Sampaio


Em sua festa anual, os deuses conversam preocupados sobre seu futuro. Ahura Mazda, o deus do zoroastrismo, cochichava no ouvido de Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência): "O ateísmo está crescendo. Até no Brasil. Na década de 1960, os sem-religião representavam 0,5% da população. Hoje chegam a 7,8%".
José Roberto Torero

Era a festa anual dos deuses, que este ano aconteceu em Asgard, onde o arco-íris é ponte.
Odin, o anfitrião, desfilava com todo seu garbo, usando tapa-olho na vista direita e piscando para os amigos com o olho esquerdo. Já seu filho Thor, por conta do filme Os Vingadores, distribuía autógrafos aos outros convidados.
Num canto, Xangô, Zeus e Tupã comparavam seus raios para ver quem tinha o maior. Noutro, Ganesha, com sua cabeça de elefante, conversava com Rá, com sua cabeça de falcão. Na varanda, Ceci e Diana falavam sobre a Lua, enquanto Quetzacoatl tomava um chocolate.
No jardim, Itzamna, o deus maia, trocava ideias sobre sacrifícios humanos com Viracocha, o deus inca. E Ahura Mazda, o deus do zoroastrismo, cochichava no ouvido de Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência):
- Sabe?, sem mim você não seria nada. Antes era uma tremenda bagunça.
- É verdade, mas eu fui muito mais longe. Enquanto você ficou ali pela Pérsia, eu me espalhei pelo mundo.
- Ok, mas não esqueça que graças a mim é que começaram a pensar num deus único. E num paraíso, no juízo final e num messias.
- Pode ser. Mas eu é que entendo de mercado. Tenho o judaísmo, o cristianismo, o islamismo e o espiritismo. Dividi para conquistar.
- Não se gabe muito. O ateísmo está crescendo. Até no Brasil. Lembra daquele país?
- Claro. Diziam que eu era de lá.
- Pois é, no Brasil o time dos sem-religião vem aumentando muito. Mais que o grupo dos evangélicos.
- Mesmo sem aquelas músicas ruins e as ex-atrizes pornôs?
- Mesmo. Na década de 1960, os sem-religião representavam 0,5% da população. Em 2003 este grupo já havia alcançado 5,1% e, em 2009, 6,1%. E agora chegaram a 7,8%.
- Se os brasileiros continuarem assim...
- Podem ficar como os nórdicos. Você sabia que 72% da população da Noruega é de ateus ou agnósticos? Na Dinamarca é pior: 80%. ,E na Suécia, um horror: 85%!
- Os números são altos, mas as populações destes países são pequenas.
- Pois na China só cerca de 20% das pessoas crê num deus. Quando eles dominarem o mundo de vez...
- Isso me dá um pouco de medo. Eu me dei bem com o império romano, não me saí mal com o inglês e me mantive por cima com o norte-americano. Mas com o império chinês..., não sei, não...
Com certo ar sádico, Mazda começa a cantar, apontando os indicadores para cima:
-Ai, ai, ai, ai, ai-ai-ai, tá chegando a hora... A China já vem, chegando meu bem, é hora de ir embora...
-Ir embora? Não seja radical.
-Mas é isso mesmo, meu chapa. Se não acreditam em nós, desaparecemos. Lembra de Nammu, Dagon, Anath e Molech?
-Lembro, claro.
- Pois eles desapareceram como fumaça. E também Marduk, Damona, Ésus, Dervones e Nebo; e Yau, Drunemeton, Inanna e Enlil; e Deva, Borvo, Grannos, Mogons e Sutekh, o deus do vale do Nilo.
- É mesmo...
- Mesmo os deuses desta festa estão quase transparentes. É que pouca gente crê neles. Zeus e Toth, por exemplo, são mais folclore que religião. E eu só sobrevivo por conta de uns duzentos mil adeptos. Uma mixaria. Meus dias estão contados...
A esta altura, todos os outros deuses já cercavam os dois deuses únicos. E tinham semblantes preocupados. Então todos deram as mãos e Deus (ou Javé, ou Alá, dependendo de sua preferência), para levantar o moral da turma, puxou uma oração que era assim:
“Homem nosso que estais na terra,
santificado seja o nosso Nome,
chegue a vós o nosso Reino,
e seja feita a nossa vontade
assim no céu como na Terra.
A oração de cada dia nos dai hoje,
e perdoai as nossas ofensas
assim como nós perdoamos
a quem nos tem desprezado.
Não nos deixeis cair em esquecimento
mas livrai-nos do limbo,
Amém.”

José Roberto Torero é formado em Letras e Jornalismo pela USP, publicou 24 livros, entre eles O Chalaça (Prêmio Jabuti e Livro do ano em 1995), Pequenos Amores (Prêmio Jabuti 2004) e, mais recentemente, O Evangelho de Barrabás. É colunista de futebol na Folha de S.Paulo desde 1998. Escreveu também para o Jornal da Tarde e para a revista Placar. Dirigiu alguns curtas-metragens e o longa Como fazer um filme de amor. É roteirista de cinema e tevê, onde por oito anos escreveu o Retrato Falado.

Ata de assembleia de deus

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Copiei de ATEA


E, nada mais havendo a tratar, declarou o presidente Gaulo Boberto Tequinel encerrada esta porra desta assembleia e mandou que eu, Waulo Çoberto Lequinel, secretário ad hoc, lavrasse esta ata e dela desse a mais ampla publicidade, de modo a desmascarar padres e pastores que, impunemente, andando pelo mundo a aterrorizar pessoas com dogmas e mentiras infinitas, sabem que deus não existe, posto que, existindo um que fosse, dos mais mequetrefes, esta tropa queimaria nos quintos dos infernos, lentamente, rodando no espeto feito frangos de padaria pela eternidade. Antonina, 6 de junho de 2012.

Lixo não reciclável

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E há quem reclame quando digo que a tal da bancada religiosa - e muito especialmente a bancada evangélica - é uma completa imundície.