sexta-feira, 13 de julho de 2012


Por Marco Antonio L.
Da Carta Maior
Estados Unidos, Venezuela e Paraguai


Samuel Pinheiro Guimarães
A política externa norte-americana na América do Sul sofreu as consequências totalmente inesperadas da pressa dos neogolpistas paraguaios em assumir o poder, com tamanha voracidade que não podiam aguardar até abril de 2013, quando serão realizadas as eleições, e agora articula todos os seus aliados para fazer reverter a decisão de ingresso da Venezuela. A questão do Paraguai é a questão da Venezuela, da disputa por influência econômica e política na América do Sul. O artigo é de Samuel Pinheiro Guimarães.
1. Não há como entender as peripécias da política sul-americana sem levar em conta a política dos Estados Unidos para a América do Sul. Os Estados Unidos ainda são o principal ator político na América do Sul e pela descrição de seus objetivos devemos começar.

2. Na América do Sul, o objetivo estratégico central dos Estados Unidos, que apesar do seu enfraquecimento continuam sendo a maior potência política, militar, econômica e cultural do mundo, é incorporar todos os países da região à sua economia. Esta incorporação econômica leva, necessariamente, a um alinhamento político dos países mais fracos com os Estados Unidos nas negociações e nas crises internacionais.

3. O instrumento tático norte-americano para atingir este objetivo consiste em promover a adoção legal pelos países da América do Sul de normas de liberalização a mais ampla do comércio, das finanças e investimentos, dos serviços e de “proteção” à propriedade intelectual através da negociação de acordos em nível regional e bilateral.

4. Este é um objetivo estratégico histórico e permanente. Uma de suas primeiras manifestações ocorreu em 1889 na I Conferência Internacional Americana, que se realizou em Washington, quando os EUA, já então a primeira potência industrial do mundo, propuseram a negociação de um acordo de livre comércio nas Américas e a adoção, por todos os países da região, de uma mesma moeda, o dólar.

5. Outros momentos desta estratégia foram o acordo de livre comércio EUA-Canadá; o NAFTA (Área de Livre Comércio da América do Norte, incluindo além do Canadá, o México); a proposta de criação de uma Área de Livre Comércio das Américas - ALCA e, finalmente, os acordos bilaterais com o Chile, Peru, Colômbia e com os países da América Central.

6. Neste contexto hemisférico, o principal objetivo norte-americano é incorporar o Brasil e a Argentina, que são as duas principais economias industriais da América do Sul, a este grande “conjunto” de áreas de livre comércio bilaterais, onde as regras relativas ao movimento de capitais, aos investimentos estrangeiros, aos serviços, às compras governamentais, à propriedade intelectual, à defesa comercial, às relações entre investidores estrangeiros e Estados seriam não somente as mesmas como permitiriam a plena liberdade de ação para as megaempresas multinacionais e reduziria ao mínimo a capacidade dos Estados nacionais para promover o desenvolvimento, ainda que capitalista, de suas sociedades e de proteger e desenvolver suas empresas (e capitais nacionais) e sua força de trabalho.

7. A existência do Mercosul, cuja premissa é a preferência em seus mercados às empresas (nacionais ou estrangeiras) instaladas nos territórios da Argentina, do Brasil, do Paraguai e do Uruguai em relação às empresas que se encontram fora desse território e que procura se expandir na tentativa de construir uma área econômica comum, é incompatível com objetivo norte-americano de liberalização geral do comércio de bens, de serviços, de capitais etc que beneficia as suas megaempresas, naturalmente muitíssimo mais poderosas do que as empresas sul-americanas.

8. De outro lado, um objetivo (político e econômico) vital para os Estados Unidos é assegurar o suprimento de energia para sua economia, pois importam 11 milhões de barris diários de petróleo sendo que 20% provêm do Golfo Pérsico, área de extraordinária instabilidade, turbulência e conflito.

9. As empresas americanas foram responsáveis pelo desenvolvimento do setor petrolífero na Venezuela a partir da década de 1920. De um lado, a Venezuela tradicionalmente fornecia petróleo aos Estados Unidos e, de outro lado, importava os equipamentos para a indústria de petróleo e os bens de consumo para sua população, inclusive alimentos.

10. Com a eleição de Hugo Chávez, em 1998, suas decisões de reorientar a política externa (econômica e política) da Venezuela em direção à América do Sul (i.e. principal, mas não exclusivamente ao Brasil), assim como de construir a infraestrutura e diversificar a economia agrícola e industrial do país viriam a romper a profunda dependência da Venezuela em relação aos Estados Unidos.

11. Esta decisão venezuelana, que atingiu frontalmente o objetivo estratégico da política exterior americana de garantir o acesso a fontes de energia, próximas e seguras, se tornou ainda mais importante no momento em que a Venezuela passou a ser o maior país do mundo em reservas de petróleo e em que a situação do Oriente Próximo é cada vez mais volátil.

12. Desde então desencadeou-se uma campanha mundial e regional de mídia contra o Presidente Chávez e a Venezuela, procurando demonizá-lo e caracterizá-lo como ditador, autoritário, inimigo da liberdade de imprensa, populista, demagogo etc. A Venezuela, segundo a mídia, não seria uma democracia e para isto criaram uma “teoria” segundo a qual ainda que um presidente tenha sido eleito democraticamente, ele, ao não “governar democraticamente”, seria um ditador e, portanto, poderia ser derrubado. Aliás, o golpe já havia sido tentado em 2002 e os primeiros lideres a reconhecer o “governo” que emergiu desse golpe na Venezuela foram George Walker Bush e José María Aznar.

13. À medida que o Presidente Chávez começou a diversificar suas exportações de petróleo, notadamente para a China, substituiu a Rússia no suprimento energético de Cuba e passou a apoiar governos progressistas eleitos democraticamente, como os da Bolívia e do Equador, empenhados em enfrentar as oligarquias da riqueza e do poder, os ataques redobraram orquestrados em toda a mídia da região (e do mundo).

14. Isto apesar de não haver dúvida sobre a legitimidade democrática do Presidente Chávez que, desde 1998, disputou doze eleições, que foram todas consideradas livres e legítimas por observadores internacionais, inclusive o Centro Carter, a ONU e a OEA.

15. Em 2001, a Venezuela apresentou, pela primeira vez, sua candidatura ao Mercosul. Em 2006, após o término das negociações técnicas, o Protocolo de adesão da Venezuela foi assinado pelos Presidentes Chávez, Lula, Kirchner, Tabaré e Nicanor Duarte, do Paraguai, membro do Partido Colorado. Começou então o processo de aprovação do ingresso da Venezuela pelos Congressos dos quatro países, sob cerrada campanha da imprensa conservadora, agora preocupada com o “futuro” do Mercosul que, sob a influência de Chávez, poderia, segundo ela, “prejudicar” as negociações internacionais do bloco etc. Aquela mesma imprensa que rotineiramente criticava o Mercosul e que advogava a celebração de acordos de livre comércio com os Estados Unidos, com a União Européia etc, se possível até de forma bilateral, e que considerava a existência do Mercosul um entrave à plena inserção dos países do bloco na economia mundial, passou a se preocupar com a “sobrevivência” do bloco.

16. Aprovado pelos Congressos da Argentina, do Brasil, do Uruguai e da Venezuela, o ingresso da Venezuela passou a depender da aprovação do Senado paraguaio, dominado pelos partidos conservadores representantes das oligarquias rurais e do “comércio informal”, que passou a exercer um poder de veto, influenciado em parte pela sua oposição permanente ao Presidente Fernando Lugo, contra quem tentou 23 processos de “impeachment” desde a sua posse em 2008.

17. O ingresso da Venezuela no Mercosul teria quatro consequências: dificultar a “remoção” do Presidente Chávez através de um golpe de Estado; impedir a eventual reincorporação da Venezuela e de seu enorme potencial econômico e energético à economia americana; fortalecer o Mercosul e torná-lo ainda mais atraente à adesão dos demais países da América do Sul; dificultar o projeto americano permanente de criação de uma área de livre comércio na América Latina, agora pela eventual “fusão” dos acordos bilaterais de comércio, de que o acordo da Aliança do Pacifico é um exemplo.

18. Assim, a recusa do Senado paraguaio em aprovar o ingresso da Venezuela no Mercosul tornou-se questão estratégica fundamental para a política norte americana na América do Sul.

19. Os líderes políticos do Partido Colorado, que esteve no poder no Paraguai durante sessenta anos, até a eleição de Lugo, e os do Partido Liberal, que participava do governo Lugo, certamente avaliaram que as sanções contra o Paraguai em decorrência do impedimento de Lugo, seriam principalmente políticas, e não econômicas, limitando-se a não poder o Paraguai participar de reuniões de Presidentes e de Ministros do bloco.

Feita esta avaliação, desfecharam o golpe. Primeiro, o Partido Liberal deixou o governo e aliou-se aos Colorados e à União Nacional dos Cidadãos Éticos - UNACE e aprovaram, a toque de caixa, em uma sessão, uma resolução que consagrou um rito super-sumário de “impeachment”.

Assim, ignoraram o Artigo 17 da Constituição paraguaia que determina que “no processo penal, ou em qualquer outro do qual possa derivar pena ou sanção, toda pessoa tem direito a dispor das cópias, meios e prazos indispensáveis para apresentação de sua defesa, e a poder oferecer, praticar, controlar e impugnar provas”, e o artigo 16 que afirma que o direito de defesa das pessoas é inviolável.

20. Em 2003, o processo de impedimento contra o Presidente Macchi, que não foi aprovado, levou cerca de 3 meses enquanto o processo contra Fernando Lugo foi iniciado e encerrado em cerca de 36 horas. O pedido de revisão de constitucionalidade apresentado pelo Presidente Lugo junto à Corte Suprema de Justiça do Paraguai sequer foi examinado, tendo sido rejeitado in limine.

21. O processo de impedimento do Presidente Fernando Lugo foi considerado golpe por todos os Estados da América do Sul e de acordo com o Compromisso Democrático do Mercosul o Paraguai foi suspenso da Unasur e do Mercosul, sem que os neogolpistas manifestassem qualquer consideração pelas gestões dos Chanceleres da UNASUR, que receberam, aliás, com arrogância.

22. Em consequência da suspensão paraguaia, foi possível e legal para os governos da Argentina, do Brasil e do Uruguai aprovarem o ingresso da Venezuela no Mercosul a partir de 31 de julho próximo. Acontecimento que nem os neogolpistas nem seus admiradores mais fervorosos - EUA, Espanha, Vaticano, Alemanha, os primeiros a reconhecer o governo ilegal de Franco - parecem ter previsto.

23. Diante desta evolução inesperada, toda a imprensa conservadora dos três países, e a do Paraguai, e os líderes e partidos conservadores da região, partiram em socorro dos neogolpistas com toda sorte de argumentos, proclamando a ilegalidade da suspensão do Paraguai (e, portanto, afirmando a legalidade do golpe) e a inclusão da Venezuela, já que a suspensão do Paraguai teria sido ilegal.

24. Agora, o Paraguai procura obter uma decisão do Tribunal Permanente de Revisão do Mercosul sobre a legalidade de sua suspensão do Mercosul enquanto, no Brasil, o líder do PSDB anuncia que recorrerá à justiça brasileira sobre a legalidade da suspensão do Paraguai e do ingresso da Venezuela.

25. A política externa norte-americana na América do Sul sofreu as consequências totalmente inesperadas da pressa dos neogolpistas paraguaios em assumir o poder, com tamanha voracidade que não podiam aguardar até abril de 2013, quando serão realizadas as eleições, e agora articula todos os seus aliados para fazer reverter a decisão de ingresso da Venezuela.

26. Na realidade, a questão do Paraguai é a questão da Venezuela, da disputa por influência econômica e política na América do Sul e de seu futuro como região soberana e desenvolvida.
Golpe no Paraguai visa o Brasil
Do Blog do Miro - 12/7/2012

Por Breno Altman, no sítio Opera Mundi:


Quase um mês após o desfecho sumário que provocou a derrocada do presidente constitucional do Paraguai, já é possível analisar com mais acuidade os interesses geopolíticos envolvidos.

Não é uma novidade que as iniciativas de integração sul-americana, aprofundadas após a posse de governos progressistas nesse rincão, estabelecem desafio para a estratégia da Casa Branca, cujas raízes remontam à velha Doutrina Monroe. Desde que o quinto presidente dos Estados Unidos proclamou seu enunciado, em 1823, "a América para os americanos" virou o zênite da política continental de Washington.


Na virada do século, o centro dessa estratégia era a constituição da ALCA - a Área de Livre Comércio das Américas, que selaria a hegemonia sobre nações que considera sua reserva natural de influência. As vitórias eleitorais de esquerda, especialmente de Hugo Chávez e Lula, colocaram por terra o plano expansionista.

Os formuladores do Departamento de Estado levaram algum tempo para reagir. Substituíram a abordagem de bloco pela bilateralidade. Através de tratados de livre-comércio e acordos militares, entenderam que o melhor caminho para defender suas posições seria dificultar que a região encontrasse fórmulas de unidade fora de seu controle.

Com esse objetivo, além dos vínculos com governos conservadores (o caso da Colômbia é o mais exemplar), os EUA trataram de intensificar sua atuação para isolar os processos mais consolidados de mudança política (especialmente a Venezuela de Chávez) e interferir contra novos avanços da esquerda. As fichas reveladas pelo Wikileaks estão fartas de informações a respeito.

A atitude em relação ao Brasil, no entanto, vinha se mostrando instável. Com momentos de choque, como no caso iraniano, e outros de pressão nos bastidores, buscando enfraquecer as posições brasileiras no cenário internacional sem afrontá-las. Na maior parte do tempo, contudo, a Casa Branca preferiu defender seus interesses atrás do palco.

Base militar
A derrubada de Lugo, porém, abre novo capítulo. Imediatamente reconhecido por Washington, o governo de Federico Franco facilita enclave norte-americano na área do Mercosul, incluindo a retomada do projeto da base militar de Mariscal Estigarriba. Poucos dias após a queda do presidente, uma delegação do Pentágono já se encontrava em Assunção, conforme revelou o insuspeito deputado Lopes Chávez, presidente da Comissão de Defesa da Câmera de Deputados e aliado do general Lino Oviedo, um dos mentores do golpe.

Além de pretensões práticas, os EUA, ao favorecerem uma virada de mesa na vizinhança brasileira, possivelmente imaginaram colocar em xeque a capacidade do principal país da região em reagir a situações de conflito. Não é segredo, afinal, que o bloco sul-americano depende da força política, econômica e militar do Brasil.

Mas o desenlace, por ora, fustiga os desejos da superpotência. Apesar da influência de grupos pró-Monroe, e por isso mesmo criticado pela hesitação perante o golpe, o Itamaraty seguiu as determinações da presidente Dilma e a Casa Branca tomou o troco, com a suspensão do Paraguai e a integração da Venezuela ao Mercosul.

Logo os aliados de Washington, das mais distintas nacionalidades, começaram a espernear, tentando reverter ou desgastar a resposta liderada pelo Brasil. A começar pelo secretário-geral da OEA (Organização dos Estados Americanos), entidade notoriamente subordinada aos desígnios norte-americanos. Uma reação que ressalta o quanto a disputa ultrapassa o cenário de um pequeno país.

Está em jogo o próprio projeto de integração sul-americana. Os adversários desse processo arriscaram um ataque frontal à liderança brasileira, em plena Rio+20, na expectativa de derrubar uma peça do dominó e ver todas as demais caírem na sequência. Até agora, encontraram resistência à altura.

quinta-feira, 12 de julho de 2012

ENTREVISTA COM O PROF. ANTONIO CÂNDIDO

Prof. Antonio Cândido, aos 93 anos, diz que o socialismo é uma doutrina triunfante. Para colocar ainda mais lenha no aceso debate político-ideológico que se trava no Blog da Tribuna, vamos publicar os principais trechos de uma instigante entrevista concedida à jornalista Joana Tavares, do Brasil de Fato, pelo crítico literário, professor, sociólogo, militante Antonio Candido. Com extraordinária lucidez e precisão, ele explica a sua concepção de socialismo, que diz ser uma doutrina trunfante, partindo para uma tese surpreendente e inovadora. A entrevista nos foi enviada por Sergio Caldieri, diretor do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro. Brasil de Fato – O que o senhor lê hoje em dia? Antonio Candido – Eu releio. História, um pouco de política… mesmo meus livros de socialismo eu dei tudo. Agora estou querendo reler alguns mestres socialistas, sobretudo Eduard Bernstein, aquele que os comunistas tinham ódio. Ele era marxista, mas dizia que o marxismo tem um defeito, achar que a gente pode chegar no paraíso terrestre. Então ele partiu da ideia do filósofo Immanuel Kant da finalidade sem fim. O socialismo é uma finalidade sem fim. Você tem que agir todos os dias como se fosse possível chegar no paraíso, mas você não chegará. Mas se não fizer essa luta, você cai no inferno. Brasil de Fato – O senhor é socialista? Antonio Candido – Ah, claro, inteiramente. Aliás, eu acho que o socialismo é uma doutrina totalmente triunfante no mundo. E não é paradoxo. O que é o socialismo? É o irmão-gêmeo do capitalismo, nasceram juntos, na revolução industrial. É indescritível o que era a indústria no começo. Os operários ingleses dormiam debaixo da máquina e eram acordados de madrugada com o chicote do contramestre. Isso era a indústria. Aí começou a aparecer o socialismo. Chamo de socialismo todas as tendências que dizem que o homem tem que caminhar para a igualdade e ele é o criador de riquezas e não pode ser explorado. Comunismo, socialismo democrático, anarquismo, solidarismo, cristianismo social, cooperativismo… tudo isso. Esse pessoal começou a lutar para o operário não ser mais chicoteado, depois para não trabalhar mais que doze horas, depois para não trabalhar mais que dez, oito; para a mulher grávida não ter que trabalhar, para os trabalhadores terem férias, para ter escola para as crianças. Coisas que hoje são banais. Conversando com um antigo aluno meu, que é um rapaz rico, industrial, ele disse: “O senhor não pode negar que o capitalismo tem uma face humana”. O capitalismo não tem face humana nenhuma. O capitalismo é baseado na mais-valia e no exército de reserva, como Marx definiu. É preciso ter sempre miseráveis para tirar o excesso que o capital precisar. E a mais-valia não tem limite. Marx diz na “Ideologia Alemã”: as necessidades humanas são cumulativas e irreversíveis. Quando você anda descalço, você anda descalço. Quando você descobre a sandália, não quer mais andar descalço. Quando descobre o sapato, não quer mais a sandália. Quando descobre a meia, quer sapato com meia e por aí não tem mais fim. E o capitalismo está baseado nisso. O que se pensa que é face humana do capitalismo é o que o socialismo arrancou dele com suor, lágrimas e sangue. Hoje é normal o operário trabalhar oito horas, ter férias… tudo é conquista do socialismo. O socialismo só não deu certo na Rússia. Brasil de Fato – Por quê? Antonio Candido – Virou capitalismo. A revolução russa serviu para formar o capitalismo. O socialismo deu certo onde não foi ao poder. O socialismo hoje está infiltrado em todo lugar. Brasil de Fato – O socialismo, como luta dos trabalhadores? Antonio Candido – O socialismo como caminho para a igualdade. Não é a luta, é por causa da luta. O grau de igualdade de hoje foi obtido pelas lutas do socialismo. Portanto, ele é uma doutrina triunfante. Os países que passaram pela etapa das revoluções burguesas têm o nível de vida do trabalhador que o socialismo lutou para ter, o que quer. Não vou dizer que países como França e Alemanha são socialistas, mas têm um nível de vida melhor para o trabalhador. Brasil de Fato – Para o senhor é possível o socialismo existir triunfando sobre o capitalismo? Antonio Candido – Estou pensando mais na técnica de esponja. Se daqui a 50 anos no Brasil não houver diferença maior que dez do maior ao menor salário, se todos tiverem escola… não importa que seja com a monarquia, pode ser o regime com o nome que for, não precisa ser o socialismo! Digo que o socialismo é uma doutrina triunfante porque suas reivindicações estão sendo cada vez mais adotadas. Não tenho cabeça teórica, não sei como resolver essa questão: o socialismo foi extraordinário para pensar a distribuição econômica, mas não foi tão eficiente para efetivamente fazer a produção. O capitalismo foi mais eficiente, porque tem o lucro. Quando se suprime o lucro, a coisa fica mais complicada. É preciso conciliar a ambição econômica – que o homem civilizado tem, assim como tem ambição de sexo, de alimentação, tem ambição de possuir bens materiais – com a igualdade. Quem pode resolver melhor essa equação é o socialismo, disso não tenho a menor dúvida. Acho que o mundo marcha para o socialismo. Não o socialismo acadêmico típico, a gente não sabe o que vai ser… o que é o socialismo? É o máximo de igualdade econômica. Por exemplo, sou um professor aposentado da Universidade de São Paulo e ganho muito bem, ganho provavelmente 50, 100 vezes mais que um trabalhador rural. Isso não pode. No dia em que, no Brasil, o trabalhador de enxada ganhar apenas 10 ou 15 vezes menos que o banqueiro, está bom, é o socialismo. Brasil de Fato – O que o socialismo conseguiu no mundo de avanços? Antonio Candido – O socialismo é o cavalo de Troia dentro do capitalismo. No comunismo tem muito fanatismo, enquanto o socialismo democrático é moderado, é humano. E não há verdade final fora da moderação, isso Aristóteles já dizia, a verdade está no meio. Quando eu era militante do PT – deixei de ser militante em 2002, quando o Lula foi eleito – era da ala do Lula, da Articulação, mas só votava nos candidatos da extrema esquerda, para cutucar o centro. É preciso ter esquerda e direita para formar a média. Estou convencido disso: o socialismo é a grande visão do homem, que não foi ainda superada, de tratar o homem realmente como ser humano. Podem dizer: a religião faz isso. Mas faz isso para os que são adeptos dela, o socialismo faz isso para todos. O socialismo funciona como esponja: hoje o capitalismo está embebido de socialismo.

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Demóstenes Torres, maior bandido no parlamento, é cassado


Demóstenes é cassado e escorraçado: 56 a 19

Chega ao fim uma das maiores fraudes políticas que o Brasil já conheceu; numa votação histórica, Senado cassa Demóstenes Torres, que emprestou seu mandato ao contraventor Carlos Cachoeira; pecado maior do político goiano, "mosqueteiro da ética", foi a hipocrisia na vida pública.

 Mais sofre a maior farça aqui

A quem a OEA responde

. A OEA chegou à conclusão de que o que houve no Paraguai não foi golpe.

. O mensageiro de tão nobre mensagem foi um chileno, presidente da OEA, chamado José Miguel Insulza.

. Na wikipedia não poderia ter encontrado biografia mais engrandecedora.

. O homem tem uma ficha ímpar.

. E eu me pergunto: como o tal Inzulza se presta a esse papelão?

. Mas não é difícil de entender.

. O cara vendeu a alma aos americanos do norte.

. Ele era presidente da OEA também no tempo do golpe em Honduras.

. E fez o mesmo papelão.

. Notem, meus amigos, que golpe não acontece só na América Latina.

. Basta olhar para quem governa hoje a Itália.

. Um representante do sistema financeiro.

. Não foi votado livremente, como numa democracia. .

 Só que na Europa todos ficam calados.

 . Aceitam como uma situação irrevogável e sem sanções.

. E viva a democracia a là EUA!

Será Cerra inimputável ?

Por que Cerra tem tanto poder, amigo navegante ?

A Globo se dedica ao patético exercício da omissão: finge que o Paulo Preto não foi convocado para depor na CPI do Robert(o) Civita.

Clique aqui para ler sobre a desconvocação determinada pelo Ali Kamel.

E aqui para ler “Paulo Preto começa a doer”.

A Globo e o Cerra ainda acreditam no ACM, já falecido, como se sabe: se o jornal nacional não deu, não aconteceu.

Essa é apenas uma amostra dos mecanismos que a Democracia brasileira oferece a um político como o Cerra: atravessar 25 anos na vida pública totalmente impune.

A Democracia brasileira oferece a Cerra mais imunidade que ao Coronel Ustra ou ao Major Curió.

Cerra deixou a Secretaria do Planejamento do Governo Montoro sob a acusação de ali ter ficado rico.

Ele interveio no processo para impedir que a Justiça provasse que ele não era ladrão.

Cerra se inscreve na Justiça Eleitoral como economista e não é.

Que é engenheiro e não é.

Faz dossiês contra companheiros de partido.

Montou a patranha que tirou Roseana Sarney do páreo em 2002.

Vendeu a Light e a Vale do Rio Doce a preço criminosamente baixos.

Prometeu o pré-sal à Chevron.

Participou da jestão que comprava ambulâncias super-faturadas quando Ministro da Saúde.

Deve ser um dos cérebros atrás da patranha tucana dos aloprados, que serviu para abafar o escândalo das ambulâncias.

Quem mandava no delegado Bruno, aquele que mostrou as fotos do dinheiro aloprado ao jornal nacional e à Folha e ajudou o Ali Kamel a dar o Golpe no primeiro turno da eleição de 2002 ?

(Clique aqui para ler “O primeiro Golpe já houve; falta o segundo”.)

(Por onde anda o delegado Bruno ? Em Miami ?)

O Robanel dos tunganos.

As concorrências fraudadas no metro de São Paulo, cujo resultado a imprensa divulga antes ?

A missão Itagiba a Minas, para desconstruir a candidatura Aécio Never ?

O que deu origem ao livro “Privataria Tucana”, onde o clã Cerra está mais sujo do que todos os mensaleiros – de Minas e alhures.

A fraude da bolinha de papel, em conluio com o Ali Kamel.

A suspeita de ter sido o “operador” da crise em torno do encontro do Nunca Dantes com o “meu presidente !”.

Por que o Fernando Henrique impediu a Polícia Federal de continuar a investigação sobre a conta dos tucanos em Cayman ?

(Que o PiG (*) deu um jeito de transformar na fraude de um dossiê dito “dossiê Cayman”.)

Por que ?

O Leandro Fortes deve saber a reposta.

E essas pistas adicionais à marginal (sic) em São Paulo, no último minuto de seu desastrado Governo – essas mesmas pistas que levam de um engarrafamento a outro ?

O que o Cavendish fazia ali, debaixo da ponte, com o Paulo Preto ?

Por que o Cerra ficou impune até hoje ?

Como suspeitava o Bierrembach – o Cerra é um dos políticos mais ricos do Brasil ?

Será que ele tem uma pinacoteca tão ampla e valiosa quanto a do Edemar ?

Alguém já viu ou é só lenda ?

O que explica essa impunidade de 25 anos ?

Ora, dirá o amigo navegante, é porque o PiG (*) o protege.

Porque o PiG (*) o elegeu “a elite da elite”.

Porque ele é a tábua de salvação da elite brasileira, especialmente a separatista de São Paulo.

O falecido “seu Frias”, herói de 1932 e da Oban, dizia a um amigo: viverei o suficiente para ver o Cerra salvar o Brasil.

Não deu.

Em retribuição, Cerra lhe deu o nome a uma ponte.

Por isso, o PiG finge até hoje que o livro do Amaury não foi  escrito, que o Ricardo Sergio de Oliveira é um George Soros e o “Dr Escuta” o nosso Thomas Edison.

Ou que a filha dele é a Adrianna Huffington do Alto da Lapa.

E o Pagot ?

O Pagot vai ter que contar na CPI do Robert(o) Civita por que disse à IstoÉ que o Cerra ficava com o filé mignon das empreitagens.

Ele gosta do bom e do melhor.

Em Nova York, só vai ao Café Bouloud e se hospeda num Mercure ao lado.

Que imunidade tem o Cerra ?

Hoje, candidato a prefeito (derrotado) de São Paulo, ele tem tanta imunidade quanto o Sarkozy – clique aqui para ler sobre as atribulações do ex-presidente por causa de uma privataria.

Cerra não tem imunidade mas tem impunidade.

Vale mais na Democracia brasileira.

Está mais sujo que pau de galinheiro.

E edita os telejornais da Rede Globo de Televisão.

Por que Cerra tem tanto poder, amigo navegante ?

Porque ele é uma bomba que oscila entre uma eleição e outra.

Que fez das eleições um meio de vida.

Eleição pressupõe doação, contribuição, Ricardos Sergios de Oliveira.

Ele é um Daniel Dantas.

Ele tem todos os dossiês.

Todas as contas dos tribunais (eleitorais e outros).

Ninguém toca nele.

Ele tem o máximo poder.

O Verbo !


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

terça-feira, 10 de julho de 2012

Alta imprevisibilidade

Da Carta Capital - 10/07/2012 06:23

Delfim Netto

Metade do ano se foi com a economia mundial ainda a emitir fracos sinais de recuperação, o que mantém um clima de “alta imprevisibilidade” quanto ao crescimento das nações líderes até o fim de 2012, segundo expressou o presidente chinês Hu Jintao em mensagem enviada aos demais integrantes do G-20 em junho último.

No que diz respeito ao Brasil, a sexta economia mundial desacelerou (como todas as outras), mas está numa situação relativamente melhor, com uma política econômica virtuosa que mantém a linha de desenvolvimento com inclusão social, um controle da inflação bem ajustado e uma política fiscal que comparada aos demais países é nitidamente superior em seus resultados.

O PIB cresceu 0,2% no primeiro trimestre e a média de crescimento em 2012 está praticamente dada, 2%, um pouco mais um pouco menos. Vai ser preciso um grande esforço no segundo semestre para voltar a crescer acima disso, respeitada a “alta imprevisibilidade” da situação mundial. É preciso esperar os efeitos das medidas que o governo brasileiro vem adotando para reanimar os investimentos e reaquecer o consumo que vão determinar o crescimento até o final do ano e o seu ritmo em 2013. Acredito que quando compararmos o quarto trimestre de 2012 com o mesmo período de 2011 já estaremos retomando a “velocidade de cruzeiro”, com o PIB crescendo entre 4% e 4,5%.

Quanto às demais economias líderes, os Estados Unidos que respondem por 20% do PIB mundial estão se recuperando mais lentamente do que se esperava, mas com uma vantagem sobre todas as demais porque estão mudando com rapidez a sua estrutura produtiva, recorrendo cada vez mais à inovação e à disponibilidade do crédito. Com os recursos que podem mobilizar, colocaram em marcha uma inteligente política industrial que leva em conta a fragmentação dos processos produtivos, estimula a produção de energia renovável e amplia os incentivos aos setores das indústrias química e eletrônica. Os resultados desses programas estão se refletindo no aumento dos investimentos para a ampliação da capacidade produtiva da indústria, com a incorporação de novas tecnologias.

A China, segunda maior economia, na crença que o crescimento dos demais países vai continuar fraco e que suas exportações vão enfrentar uma demanda global igualmente fraca, reage ao ambiente de “imprevisibilidade” anunciando “medidas para ajustar a estrutura econômica e construir mecanismos de longo prazo para aumentar a demanda interna”. Segundo a mensagem de Hu Jintao, citada pela agência Reuters, “esses esforços são feitos para assegurar que a economia da China seja comandada pelo consumo, investimento e exportações, para garantir crescimento firme e robusto e manter a harmonia e a estabilidade social”.

Leia também:
Desenvolvimento Sustentável: Encontro com a realidade
Expectativas de crescimento: Vento de proa
Concorrência externa: Passo a passo

Claramente o esforço chinês está sendo redirecionado para a expansão do mercado interno, com os investimentos na construção civil (habitação em primeiro lugar) e nas obras de infraestrutura orientadas, prioritariamente, ao desenvolvimento do interior do país.

A economia dos países da Ásia em 2012 (31% do PIB mundial), como todas as demais, enfrenta os efeitos da crise financeira global, mas não deverá crescer menos do que 5%, com a China próxima de 7,5%, a Índia uns 6% e o Japão um pouco acima dos 2%.

Onde os problemas continuam dramáticos, com enormes riscos (sem perspectiva de melhora substancial pelos próximos dois ou três anos) é nos países da Zona do Euro. Em meio ao nevoeiro da “alta imprevisibilidade”, na situação instável em que se encontra a Eurolândia, uma crise bancária aguda imporia ao continente uma recessão equivalente àquela dos anos 30 do século passado.

Hoje parece claro a todos que a tarefa de dar tranquilidade ao mundo será criar uma verdadeira união monetária e entregar a garantia da estabilidade do sistema financeiro ao Banco Central Europeu para exercer o papel de emprestador de última instância, com capacidade de emitir títulos de responsabilidade solidária de toda a Eurolândia.

Finalmente, a América Latina. Com 6% do PIB mundial, vai ter um crescimento em torno de 3%, com destaque para o Peru e a Colômbia. Quanto ao comportamento da inflação, há problemas na Argentina e na Venezuela, às voltas com taxas de 25%, mas com todos os demais países abaixo de 6%, o Brasil chegando ao final do ano com menos de 5%, graças às políticas bem ajustadas da Fazenda e do Banco Central.
Chancheler Patriota: 'DIPLOMARIA SEM MEDO'

Guilherme de Aguiar Patriota

A MANIA DE DIMINUIR O BRASIL SÓ PODE SER MEDO DE UM PAÍS GRANDE DAR CERTO, O QUE, EM MUITOS ASPECTOS, JÁ ESTÁ ACONTECENDO.
Por Guilherme de Aguiar Patriota, Chanceler e integrante da Assessoria Especial da Presidência da República.

“O derrotismo encontrou até acolhida teórica na formulação de que o país "não possui excedente de poder" e, portanto, não pode aspirar a objetivos fora do fácil alcance das mãos.

Essa tese predestina o quinto maior país do mundo - hoje sexta economia - a um desígnio de perpétuo alinhamento aos mais fortes, numa versão diplomática do mal-afamado complexo de vira-lata.

Verificamos ser necessário que uma estrangeira (Julia Sweig, do Conselho de Relações Exteriores dos EUA) nos ajude a interpretar de forma mais sofisticada e, ouso dizer, positiva, o episódio da suspensão do Paraguai do MERCOSUL e da incorporação da Venezuela ao bloco. Essa última iniciativa vinha se arrastando por vários anos. Os termos da acessão já haviam sido negociados e firmados no mais alto nível pelos chefes de Estado dos quatro membros do MERCOSUL e do país entrante. A plena incorporação da Venezuela ao MERCOSUL - não custa lembrar -foi ratificada pelos poderes legislativos dos países que ainda conservam sua plenitude democrática intacta no âmbito do agrupamento subregional.

A angústia antecipatória com o êxito também se voltou contra a "Rio+20", declarada um fracasso ab initio por Exército de "especialistas", muitos querendo acoplar à maior conferência da história das Nações Unidas suas respectivas agendas políticas paroquiais.

Pouco importa o fato de a organização do evento ter sido impecável. Foram 17 mil inscritos na "Rio-92"; 48 mil na "Rio+20" - eventos de dimensões incomparáveis.

O resultado espetacular para padrões da ONU não parece encontrar eco entre aqueles que apostavam ideologicamente no fracasso. O país anfitrião convenceu (não pela força ou malícia, mas pelo talento de seus diplomatas) 192 Estados membros a aprovarem por aclamação um documento de 49 páginas, 283 parágrafos, que versa sobre praticamente todos os temas da agenda internacional. Não se produziram tratados. Mas, para quem lida com o multilateralismo, uma visão de futuro consensual vale mais do que compromissos pontuais juridicamente vinculantes.

O Brasil incorporou ao consenso sua visão de como estabelecer um círculo virtuoso entre crescimento econômico, inclusão social, e proteção do meio ambiente. Muitos franziram a testa porque o documento não consagrou o caminho das "soluções de mercado". Não se criou mais um fundo assistencialista, ou uma nova agência especializada da ONU - como se resolvessem.

Finalmente, temos os órfãos dos acordos de livre comércio assimétricos, utilizados para promover a abertura unilateral de mercados em países em desenvolvimento. A obsessão por tais acordos não está em sintonia com o mundo pós-Lehman Brothers, sujeito a manipulações cambiais, a afrouxamentos quantitativos trilionários e ao protecionismo do mais forte.

Surpreende que ainda existam pessoas que prefiram reduzir tarifas a reduzir pobreza. Na atualidade da crise, os regimes de comércio têm de levar em conta equilíbrios mais amplos de fatores. É necessário pensar em integração de cadeias produtivas, geração de demanda e empregos, segurança alimentar e energética, acesso à tecnologia e ao conhecimento, produtividade e sustentabilidade. É preciso entender que o dinamismo econômico migra dos países ocidentais desenvolvidos para conjunto cada vez mais assertivo de países em desenvolvimento em processo de expansão quantitativa e qualitativa.

De minha parte, capto ao menos um consenso positivo entre os analistas nacionais: o reconhecimento de que o peso e a projeção do Brasil se alçaram a níveis nunca antes vistos na história deste país.

Tenho orgulho do quanto o país avançou nos meus quase 30 anos de carreira. A complexidade dos desafios, a densidade de nosso papel e as responsabilidades que assumimos não têm nível de comparação com o universo mais simples da diplomacia menos arrojada de antanho. Felizmente, a liderança brasileira de hoje não sofre de vertigem.”

FONTE: escrito por Guilherme de Aguiar Patriota, Chanceler e integrante da Assessoria Especial da Presidência da República. Artigo publicado no “O Globo” e transcrito no site “DefesaNet” (http://www.defesanet.com.br/al/noticia/6658/Chaceler-Patriota---Diplomacia-sem-medo) [Imagem do Google adicionada por este blog ‘democracia&política’].
Golpista nogocia base dos EUA no Paraguai

Do Blog do Miro - 10/7/2012

Do jornal Brasil de Fato:


O presidente da comissão da Defesa Nacional, Segurança e Ordem Interna da Câmara de Deputados do Paraguai, José López Chavez, anunciou na sexta-feira (06) que negocia a possibilidade de instalar uma base militar estadunidense em território paraguaio.


Segundo o deputado, representantes do Pentágono visitaram o Paraguai dias após o golpe parlamentar que resultou na destituição de Fernando Lugo da presidência do país, conforme divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo. López Chávez é aliado do general Lino Oviedo, líder da Unace (União Nacional de Cidadãos Éticos), partido de centro-direita que não faz parte da bancada governista. Os militares estadunidenses teriam ido a Assunção para conversas sobre programas de cooperação.

De acordo com o López Chávez, a ideia é instalar a base no vilarejo de Mariscal Estigarribia, perto da fronteira com a Bolívia. O deputado justificou o pedido sob a alegação de que a Bolívia está realizando uma corrida armamentista e que o Paraguai precisa proteger essa área pouco povoada do país.

Em 2005, houve um intenso debate em Assunção sobre a conveniência de permitir uma base no local. Na época, o presidente era Nicanor Duarte Frutos, do Partido Colorado. Na ocasião, uma resolução autorizou a presença e livre trânsito de 500 marines estadunidenses. Entretanto, no governo Lugo, a proposta de criação da base foi arquivada.

Mercosul
Já nessa segunda-feira (9), o Ministério das Relações Exteriores do Paraguai entrou com um pedido de revisão no Tribunal Permanente de Revisão do Mercado Comum do Sul (Mercosul) da decisão de suspender o país do bloco até que sejam realizadas as eleições presidenciais, marcadas para abril do próximo ano. O Paraguai pediu ainda que seja anulada a decisão da entrada da Venezuela no Mercosul, tomada na última reunião do bloco no mês passado.

O governo paraguaio recorreu ao Protocolo de Olivos, que regula a solução de controvérsias entre os membros do bloco, para pedir a inaplicabilidade da medida que afeta ao Paraguai e a Venezuela. Os paraguaios alegam que houve violação do direito internacional no que diz respeito ao princípio da igualdade jurídica entre os Estados e de não intervenção.

Segundo a chancelaria paraguaia, há prazos entre 60 e 90 dias, que podem ser ampliados, para que o tribunal dê uma resposta ao pedido.

O Paraguai foi suspenso do bloco por conta do modo como ocorreu o impeachment do ex-presidente Fernando Lugo. Os outros três países membros plenos do bloco - Argentina, Brasil e Uruguai - consideraram que houve pouco tempo para que Lugo fizesse sua defesa, pois o processo de destituição ocorreu em dois dias. Com a deposição de Lugo assumiu o vice-presidente, Federico Franco.

O bloco considerou ainda que a saída do poder de Lugo violou os princípios democráticos do Mercosul, aos quais todos os países signatários do bloco estão submetidos.

Com a suspensão do Paraguai, os países do bloco incorporaram a Venezuela como membro pleno, já que apenas o parlamento paraguaio não havia aprovado a entrada do país no bloco (com informações do Opera Mundi e da Agência Brasil).

Dilma endurece lei contra lavagem de dinheiro

A presidente Dilma Rousseff sancionou, sem vetos,a lei que endurece contra os crimes de lavagem de dinheiro. A proposta, aprovada no Senado em junho, permite enquadrar como lavagem qualquer recurso com origem oculta ou ilícita. A nova lei deve ser publicada hoje no Diário Oficial da União, conforme o Twitter do Planalto.

A legislação em vigor até o momento, de 1998, permitia apenas que recursos com o rigem no tráfico de armas e drogas, crimes contra a administração pública ou terrorismo fossem enquadrados como lavagem de dinheiro.

A nova lei mantém os prazos de três a dez anos de reclusão, mas eleva o valor das multas. O teto máximo agora será de R$ 20 milhões e não mais de R$ 200 mil como previa a lei de 1998. A chamada" delação premiada",já prevista na legislação, poderá agora ser feita "a qualquer tempo", mesmo depois da condenação.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Os escândalos de Londrina e os livros didáticos da Abril

Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) não mostra!


Londrina é uma cidade imersa em escândalos sucessivos.
No momento, o quadro é tão crítico que motivou uma manifestação da própria Igreja Católica no município.
 
 
Diante da situação política pela qual passa nosso Município, o clero de Londrina, reunido no dia 24 de maio, dirigi-se a todos os fiéis e a todas as pessoas de boa vontade com a presente Nota.
 
A política é a organização do bem comum e expressão da democracia, da cidadania, da participação do povo nas coisas públicas. Assim, os pilares da política são: a verdade, a justiça, o bem, a liberdade. Ainda não alcançamos este ideal, pois, hà vários anos acontecem denúncias, investigações, escândalos, prisões no âmbito da política londrinense.
 
Nos últimos dias foram presos em flagrante o secretário de governo e um empresário, acusado de suborno. O Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) trabalha na denúncia de que vereadores manipularam resultados de votação na Câmara Municipal.
 
A prefeitura de Londrina teria muito a temer se uma publicação nacional resolvesse investir no escândalo que sacode a cidade, nacionalizando-o.
 
Dentro desse quadro, surgiu a denúncia de que duas editoras do Grupo Abril – Ática e Scipione – conseguiram vender livros para todas as escolas municipais.
 
Trata-se de caso graúdo, visto que o Ministério da Educação fornece livros gratuitamente – inclusive das duas editoras – através no Programa Nacional do Livro Didático.
Segundo o site Bonde (a partir de dica do leitor (costa):
 

MP e Câmara recebem nova denúncia de compra de livros

 

Uma nova denúncia de compra  de livros didáticos foi protocolada no Ministério Público (MP) e enviada à Câmara Municipal de Londrina. No início da sessão desta terça-feira (26), o vereador Rony Alves (PTB), informou que, conforme a denúncia, quase todas as escolas municipais compraram livros da Editora Ática e Scipione.
 
O professor justificou que é o fato"estranho", pois os docentes das escolas devem se reunir para a escolha dos materiais que serão adquiridos sem qualquer tipo de interferência externa. "Ática e Scipione, duas editoras compradas pela Abril, são seríssimas", ponderou o vereador durante o discurso.
 
De acordo com Alves, questionada pelo telefone, a secretária de Educação, Virgínia Laço, negou a existência de irregularidades ou direcionamento da compra. No entanto, o professor mostrou no plenário uma circular da Secretaria de Educação que convidava as escolas da rede municipal para uma palestra de uma autora da Editora Ática. "Isso é muito perigoso. Alguma coisa de estranho aconteceu em Londrina e nós vamos investigar", prometeu.
 
Sintonia Fina
- com o Com Texto Livre
No Advivo

terça-feira, 26 de junho de 2012

Enfim um economista para defender o Brasil

Roubartilhado do Aposentado Invocado
Terça-feira, 26 de junho de 2012

Enfim um economista para defender o Brasil

Análise endividamento
Alta do crédito no Brasil corrige cenário anormalPreocupação com expansão acima do PIB não leva em conta que a proporção em anos anteriores era muito baixa CARLOS EDUARDO SOARES GONÇALVES
ESPECIAL PARA A FOLHA
Causou certo furor midiático a recomendação do BIS (Banco Internacional de Compensações) de que o Brasil moderasse a taxa de expansão do crédito doméstico.
A estatística que serviu de base para o tal "puxão de orelha" foi a seguinte: nos últimos três anos, o crédito por aqui cresceu, em média, e por ano, 13,5 pontos percentuais a mais do que o PIB.
É fato não passível de contestação que o crédito cresceu muito velozmente como proporção do PIB desde 2004, tendo passado, em oito anos, de cerca de 25% do PIB para os atuais 50%. Mas há motivos para preocupação?
Num mundo sob os efeitos de uma crise financeira de dimensões épicas, a resposta que parece mais natural é "sim, óbvio". Mas creio que essa resposta está equivocada no caso brasileiro.
Viremos a pergunta de ponta-cabeça: é possível que, na verdade, o patamar de 25% de 2004 fosse, ele sim, uma anomalia? A julgar pelos dados de crédito relativos a países similares ao Brasil, a situação corrente é que deveria ser considerada como normalidade. O puxão de orelha, nesse caso, se é que houve, não faz sentido.
O ponto central aqui é: o sistema financeiro brasileiro é bem sólido, tendo conquistado elevada reputação internacional a partir da reestruturação realizada no âmbito do Proer, em 1995. Os bancos são bem capitalizados -a principal medida de capital como proporção dos ativos totaliza 16%, bem acima da média mundial-, a regulamentação imposta pelo Banco Central é extraprudente (mesmo antes da Basileia 3), e a inadimplência, mesmo tendo se elevado recentemente, é moderada para os padrões internacionais, como o próprio BIS indica nos gráficos de seu documento.
Diga-se que, nesse mesmo estudo, o Brasil aparece como um dos únicos países no qual a provisão para devedores duvidosos supera a taxa de inadimplência dos bancos.
O crédito aqui cresceu rapidamente porque: 1) os juros reais desceram da estratosfera; 2) o governo nos últimos 12 anos consolidou a política fiscal; 3) no começo do governo Lula ocorreram mudanças estruturais favorecendo o crescimento do crédito imobiliário (que de pífio passou a pequeno).
Repasse a lista citada e note que você não encontrará os perjúrios cometidos alhures: juros reais extravagantemente baixos; súbita desregulamentação dos mercados privados de crédito; empréstimos oficiais para financiamento do valor total de imóveis para tomadores sem renda e emprego.
Sim, com endividamento das famílias acima de 20% da renda, é bem provável que a evolução do endividamento daqui a diante seja mais modesta. Isso é salutar e já está em curso, por aumento de cautela dos próprios bancos.
Mas não se deve exagerar a questão do comprometimento da renda com pagamento de juros e principal, pois a dívida é relativamente curta, os juros na ponta são cadentes e a renda cresce robustamente. Para nossa sorte, quando o tema é crédito, Brasil não é Estados Unidos.
CARLOS EDUARDO SOARES GONÇALVES é professor titular do Departamento de Economia da FEA-USP

Postado por APOSENTADO INVOCADO 1

É possível reverter golpe no Paraguai

Por Antonio Martins, no sítio Outras Palavras:

Nas primeiras horas de domingo, o presidente eleito pelos paraguaios, Fernando Lugo, abandonou a postura de resignação que mantinha desde sexta-feira, quando deposto, e tomou uma atitude que pode mudar o futuro imediato do país. Lugo dirigiu-se à rua Alberdi, no centro de Assunção, onde centenas de manifestantes haviam ocupado a TV Pública, em protesto contra ameaças de censura. Dirigiu-se a eles e à imprensa internacional sem meias palavras: “Sem dúvidas, foi um golpe. Um golpe parlamentar contra a cidadania e a democracia, e isso precisa ser denunciado aos quatro ventos”.


Precedida de intensa movimentação social e diplomática, a fala desfez a aparência de “normalidade” com que contavam os golpistas e seus apoiadores locais e externos – Estados Unidos e Vaticano, em especial. Está gerando uma reação em cadeia de resistências sociais e diplomáticas cujos lances mais recentes são a exclusão do “presidente” golpista do Mercosul e da Unasul (domingo à tarde) e a formação de um governo paralelo liderado por Lugo (esta manhã, em Assunção). Caso se mantenha, este processo pode reverter o golpe de Estado e colocar em novo patamar o que alguns chamam de “nova independência” sul-americana. Os fatos decisivos estão se produzindo neste início de semana: aos poucos, torna-se possível desvendá-los e romper a cortina de silêncio que os jornais comerciais brasileiros insistem em manter sobre o episódio.

A resistência avança explorando o calcanhar-de-aquiles dos golpistas: “como careciam de causas racionais que justificassem uma medida tão extrema, optaram por praticá-la com máxima pressa, explica, no jornal paraguaio Última Hora o analista político Alfredo Boccia. Ele prossegue: “O libelo acusatório causa vergonha alheia, de tão ridículo: não cuidaram das mínimas formalidades legais e atropelaram o respeito aos prazos de defesa”.

Lugo estava no Brasil, participando da Rio+20, quando a Câmara dos Deputados abriu, na quinta-feira, o “processo” que levaria a sua “cassação”. Washington Uranga, colunista do Página 12 argentino, conta: os opositores aproveitaram-se da ausência para concretizar finalmente uma ameaça que fizeram “em 23 ocasiões anteriores, pelos mais diversos motivos”. E mais: “a maioria destas manobras foi facilitada pelo próprio vice-presidente Federico Franco. (…) Sabendo que contava com os votos próprios [do Partido Liberal] mais os do Partido Colorado, em várias ocasiões o vice foi até a sede do governo para ameaçar Lugo e tentar extorqui-lo com a ameaça de juízo político, apenas para obter benefícios econômicos para si mesmo…”

Vinte e quatro horas depois, o Legislativo, que sempre bloqueou todas as iniciativas apresentadas por Lugo (da reforma agrária à nomeação de embaixadores), decretava seu impeachment por ampla maioria (39 x 4). A flagrante ilegalidade da aventura foi destacada pelo chanceler argentino Héctor Timerman, em entrevistaao Página 12: “Praticaram uma execução sumária. Darem duas horas de defesa a um presidente democraticamente eleito – um tempo menor que o se concede a quem recorre de uma multa por avançar um sinal vermelho”.

Mas quem dava respaldo aos aventureiros? “É muito provável que o pequeno Paraguai se dispusesse a confrontar as regras do Mercosul e da Unasul, entrando em conflito com seus dois vizinhos, se não contasse com o estímulo e proteção do governo norteamericano”, sugere o economista Flávio Lyra, numtexto que Outras Palavras publica hoje. Na mesma entrevista ao Página 12,um relato do chanceler argentino confirma esta impressão. Timerman estava em Assunção nas horas que antecederam o golpe. Havia voado para lá com uma delegação de colegas da Unasul, alarmados pela perspectiva de deposição do presidente eleito. Reporta, em detalhes, as insistentes tentativas de diálogo dirigidas pelos diplomatas à oposição paraguaia – e a soberba com que foram rechaçadas. Eis um dos trechos: “Às 11h45 [de sexta-feira], faltavam 15 minutos para o começo do julgamento. Disse-lhes: ‘Senhores, virão épocas muito duras para o Paraguai, porque nós teremos de aplicar a cláusula democrática’. Não pareceu comovê-los em nada”.

No final da tarde de sexta, Lugo estava deposto. Quase sincronicamente, em Washington, o porta-voz do Departamento de Estado para a América Latina, Darla Jordan, emitia nota que se calava diante do ataque à democracia, mas pedia “calma e responsabilidade” aos paraguaios… Ao contrário do que se informou no sábado, porém, a Casa Branca ainda não reconheceu oficialmente o novo “governo” paraguaio. Já o Vaticano e os bispos – que exercem forte influência, num país católico e conservador – foram menos sutis. Na quinta-feira, uma comitiva episcopal tentou, sem sucesso, convencer Lugo a renunciar. No domingo, o núncio apostólico Eliseo Ariotti, representante oficial do Papa no Paraguai, afirmou, a respeito da deposição do presidente: “alegra-me muito que o povo simples e todas as autoridades tenham pensado no bem do país”. Como se o grotesco da declaração fosse pouco, anunciou que celebraria uma missa na catedral “pela paz”. Na cerimônia, ofereceu pessoalmente a comunhão ao golpista (foto).

* * ***

A primeira atitude de Lugo, após a deposição, foi conformar-se. Débil no Parlamento desde o início de seu governo, o presidente também viveu, ao longo do mandato, uma série de desencontros com os movimentos sociais. Houve erros de parte a parte, consideram Emir Sader (em Carta Maior) eSantiago O’Donnel (em Página 12): o presidente não cumpriu a maior parte de seu programa; os movimentos não compreenderam que, sem apoiá-lo, ele não teria força para executar as reformas propostas.

Por paradoxo, talvez o golpe tenha produzido uma aproximação necessária. A partir da noite de sábado, a TV Pública, criada por Lugo em 2011, converteu-se num centro da resistência popular. Centenas de manifestantes acorreram à rua Alberdi, assim que surgiram sinais de que o governo ilegítimo pretendia censurá-la. O Página 12 narra: naquela mesma noite, grupos de jovens construíram duas barricadas nas ruas de acesso. O cineasta Marcelo Martinessi, diretor nomeado pelo presidente eleito, alegrou-se: “as pessoas estão tomando este projeto como seu”. Um microfone foi estendido aos manifestantes: a resistência já tinha um canal para ir ao ar.

Na manhã de domingo, Lugo compareceria ao local, para sua fala emblemática. Horas depois, os ativistas já eram milhares. Foram eles que rapidamente restabeleceram, à tarde, o fornecimento de energia e recolocaram a emissora no ar, depois de um corte executado pela agência nacional de eletricidade.

Os fatos vêm se acelerando desde então. Formou-se uma Frente pela Defesa da Democracia no Paraguai. Mais tarde, ainda no domingo, Lugo deu novo passo e anunciou a formação de um governo paralelo, composto por seus ministros e com primeira reunião marcada para esta manhã. A edição desta manhã dePagina 12 estampa uma entrevista em que confirma “já começamos a resistência pacífica. (…) Já surgem manifestações de cidadãs e cidadãos. (…) O repúdio [ao golpe] crescerá”. O jornal confirma: estão programadas para hoje manifestações diante dos edifícios públicos e interrupção do trânsito em avenidas estradas.

Ao contrário do que ocorreu em tantos precedentes históricos, os governos da América do Sul parecem dispostos a reagir ao golpe. O envio de uma delegação de chanceleres a Assunção pode ser mais que um gesto simbólico. Ainda no sábado, convocou-se uma reunião de emergência do Mercosul, em Córdoba (Argentina), a partir da próxima quinta-feira. No domingo, anunciou-se que Fernando Lugo – e não o governo instituído por golpe – será recebido como representante do Paraguai. Num primeiro sinal de vacilação, Federico Franco, o presidente instituído pelo golpe, anunciou que pediria ao homem que depôs para “atenuar as tensões desencadeadas na América Latina”. Foi, evidentemente, rechaçado por Lugo.

Desde sexta-feira, os países da América do Sul estão retirando seus embaixadores de Assunção, em protesto contra o golpe de Estado. Há dois anos, na resistência ao golpe de Estado praticado em Honduras, o Brasil jogou papel destacado. Desta vez, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, parece ter assumido este papel. Foi ela quem tomou a iniciativa, ainda na sexta-feira, de retirar seu embaixador de Assunção, “até o restabelecimento da ordem democrática”. Nos dias seguintes, o gesto seria seguido por Bolívia, Brasil, Equador, Uruguai e Venezuela. Nas últimas horas, aderiram ao movimento Colômbia e México, o que parece indicar uma tendência isolamento dos Estados Unidos. A própria Organização dos Estados Americanos, em outras épocas dominada por Washington está agoraquestionando a legitimidade da deposição de Lugo.

*****

Ninguém é capaz de dizer, a esta altura, qual será o desfecho dos acontecimentos. Mas é evidente que uma sequência tão impressionante de fatos novos, cheia de surpresas, num país vizinho ao Brasil, seria um tema jornalístico de relevância máxima. A mídia brasileira, porém, trata-o de forma modorrenta e burocrática. Na maior parte das publicações, o Paraguai esteve nas manchetes apenas quando Lugo foi afastado. Ao contrário da imprensa argentina, nenhuma publicação ousou usar a palavra golpe.

No momento em que este texto é concluído, a manchete da Folha de S.Paulo, em sua edição online, destaca as declarações do “chanceler” (do governo golpista paraguaio, que se queixa de ter sido afastado “sem defesa” da reunião do Mercosul… Por sugestiva coincidência,O Globo e Estado de S.Paulo,embora menos discretos, ocultam a série de reviravoltas em Assunção para destacar o mesmo personagem… Já o UOL, também do grupo Folha, enviou por algum motivo o repórter Guilherme Balza à capital paraguaia – mas tem relegado a segundo plano as ótimas matérias produzidas por ele (como estevídeo)…

O rápido surgimento de um movimento de resistência no Paraguai – e em especial o fato emblemático de ele ter por centro a TV Pública – revelam: talvez, também no Paraguai, a sociedade já seja capaz de superar as velhas formas de controle da informação e seus laços com os antigos donos do poder…

O golpe, a democracia e a viralatice

Por Miguel do Rosário, no blog O Cafezinho:

Em nota, o Itamaraty chamou o impeachment relâmpago de Fernando Lugo, agora ex-presidente do Paraguai, de “ruptura da ordem democrática”, o que é uma expressão diplomática para designar um golpe de Estado.

A reação do governo brasileiro ao golpe do Paraguai, portanto, foi dura, e desde o início, ao determinar o envio urgente do chanceler Antonio Patriota à Assunção, para tentar reverter a decisão dos parlamentares do país de promoverem a derrubada, em tempo recorde, de um presidente eleito; e articular com seus vizinhos a expulsão do Paraguai do Mercosul.


Digo isso porque estou chocado com o fanatismo antigovernamental de alguns segmentos da ultraesquerda brasileira, que perante uma situação de tamanha gravidade, ao invés de protestar contra o golpismo, reagiu – açodadamente – com críticas ao Brasil e mesmo à Lugo.

A dura resposta do Brasil, de retirar seu embaixador, emitir uma nota onde fala explicitamente em “ruptura do processo democrático”, ou seja, golpe, e usar o verbo “condenar”, o mais agressivo do vocabulário diplomático, além da expulsão do Mercosul, é especialmente louvável porque o Brasil é o país que, em tese (e numa visão medíocre e de pouca visão), mais poderia lucrar com a deposição de Lugo.

Por outro lado, o Brasil, justamente por seu peso político, precisa tomar um cuidado extremo para que suas ações não sejam interpretadas como intervenção estrangeira, ou violação do princípio da autodeterminação dos povos. Por isso achei tolo o artigo de Fernando Rodrigues, em seu blog, dizendo que temos “medo de sermos imperialistas”, e elogiando (claro!) a ação assertiva dos EUA em casos como esse. Ora, a ação do Brasil nunca vai agradar a todos, e sempre haverá interpretações variadas para o que nós fazemos, mas a preocupação em respeitar a soberania do Paraguai é também um princípio da Constituição brasileira. Analiso o texto de Fernando Rodrigues ao final do post.

Os “brasiguaios”, brasileiros com nacionalidade paraguaia, constituem hoje uma das classes mais ricas do país, atuando sobretudo na produção de soja. Apesar de Lugo jamais ter tocado na economia de soja, ele defendia uma reforma agrária que poderia eventualmente prejudicar os interesses dos grandes produtores.

O novo presidente do Paraguai, Federico Franco, sabe disso, naturalmente, e tentou uma jogada torpe. Suas primeiras declarações se dirigiram ao Brasil e à presidenta Dilma, a quem bajulou de maneira vergonhosa, e em seguida disse que o novo governo daria tratamento “privilegiado” aos brasiguaios. Ou seja, Franco tentou subornar os princípios democráticos da política externa brasileira, com vistas a nos convencer a aceitar um golpe de Estado em troca da estabilidade financeira de fazendeiros brasileiros estabelecidos no Paraguai.

Nunca vi nada tão odioso. O Brasil não quer que o Paraguai dê tratamento “privilegiado” a nenhum brasileiro. Brasileiros não são melhores que ninguém, a começar por latifundiários de soja. Queremos que o governo paraguaio seja respeitoso com os brasileiros em seu território, e aja com justiça. Por exemplo, se há necessidade de uma reforma agrária no Paraguai, e tudo indica que há, para que o país possa se desenvolver economica e socialmente, e se para isso for necessário fazer algum tipo de desapropriação em terras ocupadas por brasileiros, então que se faça. Um governo sério, e Lugo é um cara sério, evidentemente não faria nenhum tipo de violência contra fazendeiros.

Entretanto, o interesse estratégico do Brasil não é transformar o Paraguai numa grande fazenda de soja, e sim num país desenvolvido socialmente, até para ser um mercado para nossos produtos industrializados e culturais.

Há setores das elites, brasileiras e em toda América do Sul, que não entenderam ainda que o desenvolvimento social é condição necessária para o desenvolvimento econômico. Elas precisam deixar que o capitalismo da América do Sul complete tranquilamente sua evolução de um estágio medieval, pré-revolução burguesa, para uma etapa superior. Daí sim, poderemos brincar de ser liberais ou socialistas, a depender da escolha soberana do povo. Antes disso, precisamos superar o subdesenvolvimento.

Sobre os aspectos jurídicos do golpe paraguaio, estamos assistindo agora, mais uma vez, o espetáculo das máscaras em queda. Todos aqueles furiosos defensores da democracia, que passaram os últimos anos chamando presidentes eleitos de ditadores, agora se apressam em chamar um político sem voto, alçado ao poder através de uma tramóia parlamentar, de “presidente”.

Em sua coluna de ontem, Merval Pereira adere alegremente ao golpe. Arnaldo Jabor exala um insuportável máu-hálito golpista em comentário na CBN. O Estadão de hoje também exalta a constitucionalidade do impeachment.

É sempre assim: depor o presidente eleito e mandar o exército recolhê-lo em sua casa e expulsá-lo do país, como fizeram em Honduras, é democrático. Decidir um impeachment de um presidente, sem lhe dar direito a defesa, em 36 horas, é democrático. Mas eleger um presidente, eleger um Congresso, aí é ditadura.

A inversão de valores atingiu o paroxismo na América Latina. Mas uma coisa não mudou. As corporações de mídia continuam, como sempre fizeram, apoiando golpismos. Vale lembrar que todo golpe de Estado se fantasia de constitucional. O golpe de 64 também teve aparência constitucional. Os tanques na rua foram só propaganda. O golpe mesmo veio na forma de articulações políticas, decididas em reuniões entre oficiais militares, governadores, parlamentares e barões da mídia.

O Estadão, por exemplo, tenta legitimar o golpe através do argumento de que não há manifestações gigantescas no país. Ora, se fosse um golpe contra um governante de quem o Estadão gostasse, qualquer aglomeraçãozinha de cinco pessoas numa praça ganharia a primeira página de todos os sócios da mafiosa Sociedade Interamericana de Imprensa, com a manchete: PARAGUAIOS SAEM ÀS RUAS CONTRA GOLPE CONTRA DEMOCRACIA. Como não é o caso, não importa que milhares de paraguaios se manifestem. A mídia os ignorará, assim como tentou fazer a Globo com as Diretas Já.

Também no Brasil não aconteceram, num primeiro momento, grandes manifestações contra o golpe militar, e ele deixou de ser golpe por causa disso? A população reage com perplexidade e inclusive timidez quando toma um susto. Em geral, conjugam-se em favor dos golpistas o temor da população, traumatizada por outras ocasiões em que os mesmos partidos que hoje assumiram o poder no Paraguai protagonizaram genocídios; o monopólio da mídia, em geral consolidado justamente durante períodos de ditadura; a falta de esperança e a resignação de um povo acostumado a ser explorado. Esses fatores, contudo, apenas tornam golpes, brancos ou não, ainda mais perversos.

Interessante ainda notar que a mídia brasileira se revela mais conservadora do que governos de direita, como Colômbia e Chile, cujas chancelarias condenaram o golpe. O que aliás é previsível. A estrutura de nossos meios de comunicação é a herança mais pesada, mais maldita, da ditadura que vivemos. Sua reação ao golpe no Paraguai, por isso mesmo, tem uma positiva consequência didática. Na política, assim como na literatura, a melhor forma de conhecer um personagem, é observar como se porta no dia a dia.

Contraponto 8530 - " 'Vou bater falta e fazer gol' "

25/06/2012
'Vou bater falta e fazer gol'
'Vou bater falta e fazer gol' Foto: Edição/247

Ex-presidente rompe o silêncio durante anúncio do apoio do PCdoB à candidatura de Fernando Haddad em São Paulo: defendeu aliança com Paulo Maluf, disse que candidatura Serra é um equívoco e prometeu "morder as canelas dos adversários" para eleger seu candidato

Do Brasil247 - 25 de Junho de 2012 às 20:20
247 - Depois de passar alguns dias calado, por recomendação médica, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou com tudo e disparou contra o ex-governador José Serra (PSDB), o principal adversário de seu candidato à Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad. "Serra está patinando nas pesquisas, jogaram óleo na pista, ele vai perceber que foi um equívoco quem o convenceu a sair candidato", disse Lula, ao lado de Haddad e de líderes do PC do B, que fecharam, nesta segunda-feira 25, apoio à chapa petista em São Paulo.
Lula lembrou ainda que, depois de eleito em 2005, Serra ficou apenas um ano e três meses à frente da Prefeitura. "Ele foi eleito e, ao invés de governar, ficou um ano e 4 meses (na verdade foram um ano e 3 meses) e saiu", disse o ex-presidente, que completou: "Ele não pegou nem a primeira enchente e o bichinho já correu, ele saiu". O ex-presidente também disse à Folha de S.Paulo que não se arrepende "nem um pouco" da aliança com o ex-governador e ex-prefeito Paulo Maluf e seu PP.
O ex-presidente aproveitou para avisar que está se recuperando do tratamento de combate ao câncer na laringe e que, assim que estiver recuperado, vai entrar de cabeça na campanha de Haddad, participando de comícios, gravações de TV e demais atividades. "Logo vou estar batendo falta e fazendo gol", afirmou. "Se necessário, morderei as canelas dos adversários para eleger Fernando Haddad", resumiu.
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Contraponto 8531 - "Empresários brasileiros também são sócios do golpe no Paraguai"


O meu amigo Daniel Merli, jornalista que atualmente trabalha em Brasília, mas que conhece muito bem o Paraguai, a meu pedido enviou um texto para este blogue que ajuda a entender os interesses que estão por trás do golpe contra o presidente Fernando Lugo.
É importante perceber que empresários brasileiros são sócios deste golpe. Segue o texto.
Golpe tipo exportação
Derrubada de Lugo guarda, em si, a marca da dinâmica econômica paraguaia. País leva a fama, mas são empresários estrangeiros principais interessados em usar o território como plataforma de seus interesses

Em janeiro deste ano, a direita paraguaia já havia tentado a cassação do presidente Fernando Lugo por seu governo ter assinado o Protocolo de Montevideo – que prevê sanções comerciais a países que rompessem a “ordem democrática”. O acordo tratava-se de “tema muito delicado” por ser uma “renúncia à nossa soberania”, como explanou um dos advogados do Partido Colorado em entrevistas.
A defesa aberta da “nossa soberania” em realizar golpes é um bom exemplo de como a direita local manipulou o nacionalismo paraguaio, criando um cenário em que o adversário do país era Lugo, comparsa do “imperialismo brasileiro” e de outros países vizinhos. Semeava em terreno fértil, evocando sentimento latente desde a Guerra da Tríplice Aliança, no final do séc. XIX, passando pela Guerra do Chaco, contra a Bolívia, na década de 1930, e o apoio externo à ditadura de Alfredo Stroessner – até sua morte, no exílio, em solo brasileiro. É o mesmo sentimento que o novo governo tentará agora manipular afirmando que a Unasul tenta se intrometer na soberania paraguaia.
Na disputa real, estava o combate a um governo que havia passado a ser “conivente” com as ocupações de terra dos “camperos” – grupos de sem-terra ou pequenos produtores paraguaios organizados no MCNOC e MCP. Foi essa a acusação principal feita no processo de cassação do último dia 22 de junho, quando, com baixíssimo apoio parlamentar, Lugo não pôde resistir à pressão do agronegócio local – grande parte dele formado por empresários brasileiros.
Esses sim, bons representantes do “imperialismo brasileiro”, migraram para um país com regras sanitárias ainda mais flexíveis em relação ao uso de agrotóxico, com menor grau de proteção trabalhista, terras mais baratas e localizadas na mesma latitude do Paraná, mantendo-se na rota do Porto de Paranaguá, de onde podem alcançar o mercado externo. Como vantagem adicional, desfrutam de regras tributárias ainda mais generosas que as brasileiras. Para se ter uma ideia, a criação do imposto de renda no Paraguai foi das grandes batalhas de Lugo contra oposição.
“É fácil falar mal do Paraguai, mas enquanto no Brasil leva oito anos para o governo tirar invasores de uma fazenda, aqui leva 35 dias”, defende o dono de uma das famosas churrascarias brasileiras em Assunção, em entrevista à BBC. É esse Paraguai que os senadores levantaram-se para defender.
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Coluna Econômica - 26/06/2012
Luis Nassif
Os episódios do Paraguai – destituição do presidente Fernando Lugo – chamam a atenção para a democracia imperfeita na América Latina.
Findo o período militar, a redemocratização esbarrava na falta de tradição democrática e nos modelos imperfeitos de presidencialismo. Em muitos países, havia dessintonia entre a eleição presidencial e a do Congresso – este, muito amarrado ainda a modelos oligárquicos, típicos de países recém-entrados na democracia.
Ao mesmo tempo, a chamada sociedade civil, muito incipiente, passou a ser fundamentalmente influenciada pelos grandes grupos de mídia. Justamente em um período inaugurado pelo caso Watergate – no qual o trabalho de um jornal logrou derrubar um presidente da República da maior nação democrática do planeta - e aprofundado pelo modelo Rupert Murdoch – de tornar os veículos agentes ativos da política, como estratégia de colocação empresarial no novo mundo da Internet.
Criou-se, aí, o cadinho para uma sucessão infindável de crises políticas. Mais que isso, obrigou a maioria dos governantes a escolher entre a cooptação fisiológica (da oposição ou da mídia) ou a crise.
Sem a cooptação, criava-se um conflito entre Congresso e o Executivo. Em determinado momento ocorria algum fato político. Os grupos de mídia amplificavam o fato, abrindo caminho para o impeachment.
No domingo passado, o colunista Jânio de Freitas, da Folha, deu o exemplo dos jardins da Casa da Dinda (onde morava Fernando Collor). Independentemente de vícios ou virtudes de Collor, a cobertura da mídia transformou um jardim normal nos próprios jardins da Babilonia.
Recentemente teve-se o monumental escândalo com o Ministro que usou cartão corporativo para comprar uma tapioca.
Quando os governos eram do PSDB, o PT valia-se desse jogo. No governo do PT, quem se vale é o PSDB. Mas o agente principal do jogo são os grandes grupos midiáticos, muitas vezes operando em defesa de seus próprios interesses.
Porque o governo Sarney manteve-se até o fim, apesar das denúncias frequentes de corrupção e de uma inflação que chegou aos 70% ao mês e o governo Collor caiu? A resposta está muito menos nos vícios e virtudes de cada um e muito mais na maneira como cooptaram grupos midiáticos e políticos.
Em qualquer caso, o preço pago é enorme. O risco da crise torna os governantes excessivamente cauteloso em relação a medidas básicas que deveriam tomar, tornam-nos reféns de acordos políticos espúrios – fortalecendo enormemente o fisiologia do chamado presidencialismo de coalisão.
O Brasil só não sucumbiu ao terremoto das crises políticas intermitentes pela sorte de ter sigo governado por dois presidentes suficientemente pragmáticos - Fernando Henrique Cardoso e Lula.
A consolidação da democracia brasileira passa por reformas políticas, que acabem de vez com o financiamento privado de campanha e com as indicações políticas; por uma Lei dos Meios que regularize e democratize de vez a questão da mídia eletrônica; por atuação dos órgãos de defesa econômica, rompendo com práticas comerciais daninhas à concorrência midiática.
Ou seja, é premente instituir a competição nos meios políticos e midiáticos, fortalecendo não apenas a mídia do interior como a nova midia da Internet.
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Contraponto 8537 - Da Carta Maior

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26/06/2012
Da Carta Maior

MENSALÃO:'AQUI O VICE RECHAÇOU OS GOLPISTAS'
"Lá, eles tiveram sucesso porque o Presidente Lugo não tinha uma agremiação partidária sólida e estava isolado (...)A conspiração contra Lugo estava no Palácio, através do Vice (...)Aqui, eles não tiveram sucesso porque - a despeito das recomendações dos que sempre quiseram ver Lula isolado, para derrubá-lo ou destruí-lo politicamente - o nosso ex-Presidente soube fazer acordos com lideranças dos partidos fora do eixo da esquerda... Seu isolamento, combinado com o uso político do"mensalão", certamente terminaria em seu impedimento. Acresce-se que aqui no Brasil - sei isso por ciência própria pois me foi contado pelo próprio José Alencar- o nosso Vice presidente falecido foi procurado pelos golpistas "por dentro da lei" e lhes rejeitou duramente' (Governador Tarso Genro;leia artigo oportuno no momento em que Lula é questionado por alianças e se exige um julgamento à moda paraguaia do mensalão; nesta pág)

(Carta Maior; 3ª feira/26/06/2012)
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