quarta-feira, 13 de junho de 2012

Países membros da OTAN e do Conselho de Segurança do Golfo (CCG) estão preparando um golpe de Estado e um genocídio sectário na Siria




OTAN prepara golpe midiático na Síria


Por Thierry Meyssan

Países membros da OTAN e do Conselho de Segurança do Golfo (CCG) estão preparando um golpe de Estado e um genocídio sectário na Síria. Se você deseja opor-se a esses crimes, atue de imediato. Faça circular este artigo através da Internet e ponha-se em contato com seus representantes democráticamente eleitos.

Dentro de alguns dias, talvez a partir do meio-dia da sexta-feira 15 de junho, os sírios que assistem aos canais nacionais somente captarão em seus televisores outros canais criados pela CIA. Imagens filmadas em estudio mostrarão massacres imputados ao governo, manifestações populares, ministros e generais renunciando, presidente Al-Assad fugiu, os rebeldes reunindo-se no centro das grandes cidades assim como a chegada de um novo governo ao palácio presidencial.

O objetivo dessa operação, dirigida directamente desde Washington por Ben Rhodes, conselheiro adjunto de seguridade nacional dos Estados Unidos, é desmoralizar os sirios e permitir assim um golpe de Estado. A OTAN, após chocar-se com o veto duplo pela Rússia e pela China no Conselho de Seguridade da ONU, alcançaria assim conquistar a Siria sem ter que atacar ilegalmente. Seja qual for a opinião de cada um sobre o que está sucedendo na Siria, o certo á que um golpe de Estado colocaria fim a toda esperança de democratização.

De forma totalmente oficial, a Liga Árabe tem solicitado aos operadores dos satélites Arabsat e Nilesat que ponham fim a retransmissão dos medios sirios, tanto públicos como privados (Syria TV, Al-Ekbariya, Ad-Dounia, Cham TV, etc.). Ja existe um precedente dado que a Liga Árabe impostou anteriormente a censura contra a televisión Líbia para impedir que os dirigentes de la Yamahiria puderam comunicar-se com seu própio povo. No existe na Síria nenhuma rede hertziana em que os canais de televisão se captem exclusivamente vía satélite. Mas este corte no deixará as telas em branco.

Na realidade, esta decisão somente é a parte visível do iceberg. Segundo  nossas informações, várias reuniões internacionais tiveram  lugar esta semana para coordenar a operação de intoxicação. As duas primeiras reuniões, de natureza técnica, se aconteceu em Doha (Qatar). a terceira, de caráter político, teve lugar em Riad, (Arábia Saudita).

Na primeira reunião participaram os oficiais de guerra psicológica «incrustados» em várias televisões via satélites, como Al-Arabiya, Al-Jazeera, BBC, CNN, Fox, France24, Future TV e MTV – Já é sabido que desde 1998 oficiais da United States Army’s Psychological Operations Unit (PSYOP) tem sido incorporados na redação da CNN, prática que a OTAN extendeu depois a outras estações televisivas de importância estratégica. Estes oficiais elaboraram de antemão uma série de notícias falsas, em função de uma história falsa concebida pela equipe de Ben Rhodes, na Casa Branca. Se estabeleceu um procedimento de validação recíproca no que cada mídia deve citar nas mentiras dos demais para dar-lhes credibilidade aos olhos dos telespectadores. Os participantes decidiram a não limitar-se a requisição unicamente dos canais da CIA para Síria e o Líbano (Barada, Future TV, MTV, Orient News, Syria Chaab, Syria Alghad), mas também uns 40 canais religiosos wahabitas para desatar massacres e exortar a fé sob o lema «¡Los cristianos a Beirut, los alauitas a la tumba!»

Na segunda reunião participaram engenheiros e realizadores encarregados de planificar a fabricação de imagens de ficção, em que se mesclan sequências rodadas em estudios a céu aberto com imagens computadorizadas. Nestas últimas semanas se tem montado, na Arabia Saudita, vários estudios que imitan os dos palácios presidenciais sírios e as principais praças de Damasco, de Alepo e de Homs. Ja existia esse tipo de estudios en Doha, mas eram insuficientes, dada a escala da operação proposta.
 
Na terceira reunião participaram o general James B. Smith, embaixador dos Estados Unidos; um representante do Reino Unido e o príncipe saudita Bandar Bin Sultan, o mesmo a quem o presidente George Bush (pai) designava como seu filho adotivo, quando a imprensa americana começou a chamá-lo «Bandar Bush». O objetivo desta reunião foi coordenar a ação dos meios de comunicação com a ação do «Ejército Sirio Libre», essencialmente composto por mercenários a mando do príncipe Bandar.

A operação já vinha sendo planejada havia meses, mas o Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos decidiu acelerar depois que o presidente russo Vladimir Putin notificou a Casa Branca de que a Russia iria se opor pela força a todo intento ilegal de intervenção da OTAN contra a Síria.

Esta operação compreende duas etapas simultâneas: por um lado, inundar os meios de comunicação com notícias falsas, e por outro, censurar e bloquear toda possibilidade de resposta.

O fato de proibir as televisões via satélites para desencadear e dirigir uma guerra não é nada novo. Sob a pressão de Israel, Estados Unidos e a União Européia tem proibido sucessivamente canais de televisão libaneses, palestinos, iraques, libios e até iranianos. Nenhum tipo de censura foi imposta em canais por satélite de outras regiões.

A difusão de noticias falsas tampouco é novidade. Quatro avanços significativos na arte de propaganda ter sido dada pela primeira vez durante a última década.

- Em 1994, uma estação de música pop, a Radio Libre de Mille Collines (RTML) deu o sinal que desencadeou o genocídio de Ruanda para encorajar a «¡Matar a las cucarachas!».

- Em 2001, a OTAN utilizou os meios de imprensa para impor uma interpretação dos atentados do 11 de setembro e justificar os ataques contra Afeganistão e Iraque. Já naquela época foi Ben Rhodes o encarregado de redatar, por ordem da administração Bush, Kean Hamilton o informe da Comissão sobre os atentados.

- Em 2002, a CIA utilizou 5 canais (Televen, Globovisión, Meridiano, ValeTV e CMT, para fazer crer que enormes manifestações haviam obrigado o presidente democraticamente eleito da Venezuela, Hugo Chávez, a renunciar a seu cargo, quando na realidade estava sendo vítima de um golpe de Estado militar.

- Em 2011, France desempenhava de fato o papel de ministerio de Información de Consejo Nacional Libio, ao que estava vinculada por contrato. Durante a batalha de Trípoli, a OTAN fez filmar em estudios e difundir através da Al-Jazeera y de Al-Arabiya imagens que mostravam os rebeldes líbios entrando na praça principal da capital quando na realidade se encontravam longe da cidade, de maneira que os habitantes, convencidos de que a guerra estava perdida, cessaram toda resistência.

Os meios de imprensa já não se conformam com apoiar a guerra. Agora eles fazem  a guerra.

Este dispositivo viola os princípios básicos do direito internacional, começando com o artigo 19 da Declaração Universal de Direitos Humanos que estipula o direito a «receber informações e opiniões, e o de difundi-las, sem limitação de fronteiras, por qualquer meio de expressão». E o mais importante é que viola as resoluções da Assembéia Geral da ONU, adotadas ao término da Segunda Guerra Mundial para prevenir as guerras. As resoluções 110, 381 e 819 proíbem «os obstáculos ao livre intercâmbio de informações e idéias» (neste caso, o bloqueio dos canais sírios) e «a propaganda tendenciosa a provocar ou estimular qualquer tipo de ameaça contra a paz, de ruptura da paz ou ato de agressão ». Na luz do direito, a propaganda a favor da guerra é um crime contra a paz. É crime ainda mais grave porque torna possíveis crimes de guerra e genocídio.

 



Tradução: Google
Imagem: Google

A verdade sobre a censura em Cuba



 Cuba denunciou em dezembro que o Facebook censurou sua página na rede social, que possui mais de 70 mil seguidores, porque ela protestava contra o fechamento do canal do portal Cubadebate no Youtube.

Por Mariana Mendes*
 

Tudo aconteceu porque o canal de vídeos do sítio estatal Cubadebate.cu publicou um vídeo sobre Luis Posada Carriles, que é acusado por vários crimes na Venezuela, incluindo a derrubada de um avião civil cubano que matou 73 pessoas, cumpriu pena no Panamá por tentar assassinar Fidel Castro e recentemente propôs a via armada para derrubar o governo cubano. O ex-agente da CIA está sendo julgado nos Estados Unidos apenas por fraude migratória, embora a Venezuela exija que o terrorista seja extraditado para ser julgado em seu país natal.

Segundo o Youtube, o vídeo possui "infração de copyright"; contudo, o sítio cubano afirma que as imagens do vídeo, que mostram Luis Posada Carriles dizendo que queria o pagamento por seus serviços como terrorista internacional, são utilizadas sem autoria em vários outros sítios.

Em nota, o sítio cubano afirma a existência de vários vídeos no Youtube com informações manipuladas e tendenciosas sobre Cuba com imagens roubadas do site estatal sem que o Google as tenha tirado da rede social, ainda que haja denúncias.

O acesso ao canal e à página cubanos foram restabelecidos, o vídeo de Carriles continua censurado. Outro canal já publicou o vídeo em protesto à censura do Google.

O embargo midiático
Além do embargo econômico imposto a Cuba pelos Estados Unidos, que dura mais de 50 anos, a ilha também sofre com o bloqueio midiático. A grande mídia filtra as informações reais sobre o país e divulga informações falsas.

Em seu livro Cuba, apesar do bloqueio, atualizado em 2011, Mario Augusto Jakobskind, que morou um ano em Cuba, afirma que o bloqueio midiático é a "desinformação externa, que cria no mundo um senso comum que demoniza Cuba. A imprensa mundial não se cansa de dizer que lá é 'uma ditadura', chega ao absurdo de chamar de 'ditadura dos irmãos Castro'. Isso não reflete a realidade".

Segundo o sítio do Cubadebate, o microblog Twitter censura os TT (temas do momento) quando eles não são do interesse da empresa. Isso aconteceu com o "hashtag" #DerechosCuba, que foi bloqueado na Espanha. Contas da rede social também são fechadas arbitrariamente por motivos políticos em todo o mundo, ou seja, os direitos tão proclamados de liberdade de expressão são simplesmente negados todos os dias para manipular opiniões.

Embora seja intensamente propagandeado que presenciamos a "era da informação", a realidade é que poucos possuem acesso à rede, e ela é controlada por uma minoria interessada em lucrar com a propagandaonline e bloquear o que foge de seus interesses. A sociedade cubana, ao contrário desta tendência, utiliza seus escassos recursos cibernéticos, diminutos por conta do embargo econômico e comercial, para divulgar a verdade sobre sua história. Falsas informações são propagadas com o argumento de que o governo cubano teme liberar o acesso total à internet, quando se trata, na verdade, da falta de recursos tecnológicos no país, devido ao implacável bloqueio.

O "cybermercenarismo"

Outra faceta da propaganda falsa contra Cuba se manifesta por meio do "cybermercenarismo". O jornal The New York Times publicou, em junho de 2010, que os Estados Unidos lideram um grupo de países que utilizam a tecnologia da informação mediante utilização de plataformas portáteis, viagens, consultorias,hardwares e apoio à criação de páginas virtuais e sistemas de telefonia móveis, para beneficiar os "dissidentes" em suas mensagens contrarrevolucionárias. Sob o falso título de "independentes", esses mercenários divulgam informações que incitam à desobediência civil, fazem propaganda ilusória sobre o capitalismo e mentem sobre a revolução cubana.

A propaganda pró-capitalismo é o resultado menos perigoso destas ações, já que tais blogueiros não gozam de popularidade entre os cubanos. Tais "cybermercenários" podem trabalhar como espiões e até promover interferências em sistemas estatais e danos nos sistemas de serviços à população, além de acidentes graves.

"La Polémica Digital"

Apesar de todos os gastos e dos imensos esforços da máfia capitalista para manter contrarrevolucionários em ação, a cada dia surgem novos blogueiros cubanos que acreditam na revolução cubana e escrevem sobre o sistema em que vivem.

O blog "La Polémica Digital", da jornalista cubana Elaine Diaz, é um destes blogs que escreve sobre o dia a dia de Cuba: "É sobre isso que gosto de escrever: o dia a dia, o que vejo na rua, no transporte público, o que ocorre com meu avô - que é camponês e não tem a menor ideia do que seja a internet, e, além disso, ela não lhe faz falta porque não a considera algo necessário para ser feliz. Por isso, eu acho muito engraçado que os indicadores para medir o grau de satisfação da população cubana sejam baseados em termos de internet, uma vez que a maioria da população do mundo nem sequer tem o que comer ou onde dormir esta noite".

 

*Mariana Mendes é professora de geografia na UFSCar, Sorocaba
 


Fonte: Pravda, Vermelho

Zé Dirceu abriu mão do sigilo bancário. Por que o Perillo não faz o mesmo?

Renato Rovai, Blog do Rovai

“Hoje o auge da CPI do Cachoeira foi chilique do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), um dos arautos da moralidade pública tucana.

Ele quase teve um treco quando o relator Odair Cunha (PT-MG) perguntou ao governador de Goiás por que este não abria mão de seu sigilo bancário, já que estava sendo tão prestativo com a CPI.

Carlos Sampaio, que se parece muito com o senador Demóstenes Cunha no jeito de agir com seus colegas, começou a gritar e tentar criar um clima de guerra.

O pedido do relator parecia uma agressão. Uma quebra das regras. Mas será que é isso mesmo?

No dia 7 de julho de 2005, como você pode ver aqui nesta notícia do Portal Terra, toda a direção do PT que estava sendo acusada no que ficou conhecido como o caso do Mensalão abriu mão de todos os sigilos.”
 
Matéria Completa, ::Aqui::

Do Brasil! Brasil!

A Santa Sé em apuros

Paul Marcinkus

“Não se pode dirigir a Igreja apenas com Ave-Maria.” Nada santa, essa frase saiu da boca do falecido arcebispo Paul Casimir Marcinkus, responsável pela gestão, a partir de 1971, do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido mundialmente como Banco Vaticano. Marcinkus, responsável por um dos maiores escândalos da história da Igreja, transformou o Banco Vaticano numa lavanderia de dinheiro sujo e, para tal tarefa, à disposição de políticos poderosos, empresários potentes, maçons influentes da Loja P2, cardeais endinheirados e chefões das máfias siciliana e norte-americana. Para isso, Marcinkus, do Banco Vaticano, uniu-se a Michele Sindona, da Banca Privata Italiana e apelidado de “banqueiro da Máfia”, e a Roberto Calvi, do Banco Ambrosiano e apelidado de “banqueiro de Deus”.
 
A aliança resultou em quebradeiras de bancos e num inédito, vultoso e silencioso prejuízo para a Santa Sé. Esse rombo financeiro levou à busca de novas fontes de arrecadação e inventou-se um extraordinário Ano Santo em 1983: o ano jubilar, nascido em 1300, era feito a cada 25 anos e o último havia ocorrido em 1975.
 
Apesar dos pesares, Marcinkus manteve-se à frente do Banco Vaticano até 1989. Ele sobreviveu no cargo depois do (1) misterioso envenenamento de Sindona (1986), na cadeia e após sorver, sem saber, uma taça de café com cianureto, e do (2) assassinato de Calvi (1982), com enforcamento simulado na emblemática ponte londrina dos Frades Negros.
 
Pela falta de autópsia e sem acreditar no atestado de parada cardíaca, muitos ligaram a morte do papa Luciani (João Paulo I), ocorrida em setembro de 1978, ao IOR, que ele avisou que iria enquadrar no seu pontificado. Luciani, homem de fé e inconteste retidão moral, não tinha, quando patriarca de Veneza, concordado com a venda do Banco Católico do Vêneto para o Ambrosiano, de Calvi, e numa manobra de Marcinkus.
 
Muito se falou sobre a permanência de Marcinkus no IOR e no pontificado do papa Wojtyla (João Paulo II). Mas, como sabem até as colunas de Bernini que abraçam a Praça de São Pedro, do caixa do IOR, com o nihil obstat de Marcinkus, saíram 100 milhões de dólares para a federação sindical polonesa Solidarnosc (Solidariedade), dirigida por Lech Walesa, um ponta- de-lança do papa Wojtyla na cruzada pelo fim do comunismo.
 
No pós-Marcinkus, e como escreveu Gianluigi Nuzzi no best seller Vaticano S/A, surgiu um novo e sofisticado sistema de contas cifradas tendo como artífice o cardeal Donato de Bonis: “Contas cifradas de banqueiros, empresários e políticos de ponta”.
 
Para salvar o IOR das chamas do inferno e cuidar de um patrimônio líquido avaliado em 5 bilhões de euros, o papa Bento XVI confiou a sua presidência, em setembro de 2009, ao financista católico e docente universitário Ettore Gotti Tedeschi. A meta de Gotti Tedeschi era adotar as normas antirreciclagem da União Europeia, mas sucumbiu às resistências, à força do Conselho de Administração e ao inimigo Tarcisio Bertone, secretário de Estado desde 2008, carreira grudada à batina de Ratzinger, e acusação de encobrir, para evitar escândalos na Igreja, casos de clérigos pedófilos.
 
Em fevereiro passado, o IOR complicou-se com o sequestro, pela Magistratura italiana, de 23 milhões de euros. Tudo por suspeita de lavagem em bancos italianos e em operações proibidas pelas normas antirreciclagem da União Europeia. No mesmo dia da prisão do mordomo do papa por posse proibida de documentos secretos e por suspeita de promover a fuga de notícias, houve a suspensão de Gotti Tedeschi à frente do IOR e sua substituição pelo brasileiro Ronaldo Hermann Schmitz, - nascido em Porto Alegre.
 
A suspensão não foi engolida por alguns membros da Comissão Cardinalícia de Vigilância do IOR e um braço de ferro está sendo travado com o cardeal Bertone, que preside a referida Comissão. Por seu turno, Gotti Tedeschi, com uma vida de serviços de católico prestados no Vaticano, espera por uma conversa com Ratzinger e já se fala que assumirá outro cargo de prestígio.
 
O caso do ex-mordono Paolo Gabriele, que por colaborar poderá obter o perdão do papa, serviu para deixar em segundo plano o caso do IOR. Como dizem que o diabo não dorme, um novo foco de incêndio esquenta o Vaticano e se refere aos sequestros, em 1983 e quando tinham 15 anos, de Emanuela Orlandi e Mirella Gregori, a primeira nascida e então residente no Vaticano. Elas continuam desaparecidas e o mais novo filão investigativo aponta para clérigos pedófilos. Isso a partir de depoimento do arcebispo Bernard Law, defenestrado de Boston por não denunciar padres pedófilos.
 
Os desaparecimentos serão tema de uma próxima coluna. Por enquanto, fica a lembrança que os magistrados italianos (estão no caso porque Mirella é italiana e foi sequestrada em Roma) não abandonaram outra pista. Ou seja, de os sequestros estarem relacionados às operações de reciclagem do IOR.
 
Wálter Maierovitch

Fechando a porta depois de roubado

Será que Alckim, Perilo, Anastasia, Beto Richa, Kassab também vão proibir a Delta de contratar com seus governos?

Delta, de Cavendish, leva seu atestado de óbito


Ministro-chefe da CGU, Jorge Hage assinou ato que declara a empresa de Fernando Cavendish como inidônea por pagamento de propina a servidores do DNIT por obra no Ceará; a empreiteira envolvida no caso Cachoeira fica impedida de participar de licitações e de assinar novos contratos com o governo; obras em andamento ficam sujeitas a análise


Depois de muito sangrar, a empreiteira Delta receberá nesta quarta-feira 13, enfim, a notícia de que não pode fechar novos contratos com o governo. A Controladoria-Geral da União (CGU) decidiu nesta terça-feira 12 declarar a inidoneidade da construtora de Fernando Cavendish, envolvida no esquema do bicheiro Carlinhos Cachoeira. A decisão, contudo, não diz respeito ao caso Cachoeira, mas a processo administrativo aberto pela CGU com base nas investigação da Operação Mão Dupla, executada pela Polícia Federal em 2010.
A operação apontou irregularidades na execução de obras rodoviárias no Ceará. De acordo com o inquérito, a Delta pagou propina, entre 2008 e 2010, a cinco servidores do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), para burlar a fiscalização sobre o contrato. O ministro-chefe da CGU, Jorge Hage, já assinou o ato que declara a inidoneidade, que será publicado no Diário Oficial da União de quarta-feira.

 
Assim que o ato for publicado, a Delta estará impedida de participar de licitações ou assinar novos contratos com o governo. A CGU explica que os contratos em andamentos ficarão sujeitos a análise, caso a caso, pelos órgãos que celebraram os contratos com a empresa. A decisão da CGU foi embasada por estudo da Corregedoria-Geral da União, órgão da CGU.

Desembargador Tourinho Neto quer soltar todo o crime organizado de Goiás, DF e adjacências

Cadeia é para preto, pobre e puta e o doutor Cachoeira
não se enquadra nesses pré-requisitos
O desembargador Tourinho Neto, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região (TRF1), do Distrito Federal, reconheceu como ilegais as interceptações telefônicas da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que desmontou o grupo do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, investigado por CPI no Congresso Nacional. Com isso, o desembargador considera nulas as provas decorrentes desses grampos.

O resultado imediato desse voto do relator sobre o habeas corpus movido pela defesa de Cachoeira seria a imediata libertação do contraventor. Isso só não aconteceu porque um dos ministros pediu vista do processo. O julgamento será retomado somente na próxima semana.

O julgamento do habeas corpus está a cargo da terceira turma do TRF1, que tem três membros. Ou seja, se apenas mais um juiz acompanhar o relator, os grampos da operação Monte Carlo estarão anulados, quebrando, com isso, toda a espinha dorsal da investigação e facilitando a defesa dos 81 denunciados pelo Ministério Público.


Leia mais em: O Esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

Collor anuncia seis ações para impedir Gurgel e esposa

Do Brasil 247

O ex-presidente Fernando Collor aproveitou as luzes da CPI do caso Cachoeira para anunciar, há poucos instantes, seis representações abertas por ele contra o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, e sua esposa, Claudia Sampaio Marques, tanto na esfera cível como criminal. “O procurador-geral usa as investigações que chegam a ele contra autoridades com prerrogativa de foro privilegiado como moeda de troca”, disse o ex-presidente.

Numa das representações, Collor acusa Gurgel de prevaricação, artigo 319 de Código Penal, por ter engavetado as investigações contra o senador Demóstenes Torres. Ele também anunciou uma outra investigação contra o procurador-geral pelo crime de responsabilidade. “Ele será julgado aqui no Senado”, disse Collor, que não esconde a intenção de promover o impeachment de Gurgel.

O ex-presidente também aproveitou seu espaço para atacar o que chamou de “organização criminosa” Veja, que atuaria em conjunto para destruir reputações e que teria como “pilar central” o jornalista Policarpo Júnior, diretor da sucursal brasiliense da revista.


Leia mais em: O Esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

Fanático extremista de Guarulhos morre tarde

É com grande nenhuma tristeza que comunicamos o falecimento de Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, bispo emérito de Guarulhos, na manhã desta quarta-feira (13).

Dom Luiz estava internato no Hospital Stella Maris onde apresentava um quadro de pneumonia, que evoluiu para embolia pulmonar.


Leia mais em: O Esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

"Coloco à disposição da CPI meus sigilos", diz Agnelo


Comissão aplaude iniciativa do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz; ele ofereceu a quebra de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico; "Venho para restaurar a verdade", disse Agnelo Queiroz, do PT; "a organização aqui investigada tramou a minha derrubada", disse ele; "meu governo vem sendo perseguido pelo crime organizado".

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, iniciou às 10h38 seu depoimento à CPI do Cachoeira como uma postura agressiva. "Alguém aqui pode me citar um só nome de alguém que eu tinha indicado para o governo a pedido do sr. Carlos Cachoeira?", questionou. E depois citou trecho de grampo do araponga Idalberto Mathias, o Dadá: "Não conseguimos nomear nem um gari", repetiu o governador.

Nos primeiros minutos de seu depoimento, o governador afirmou que no vigésimo sexto dia de sua administração pediu auditoria em uma série de áreas da administração, entre elas o contrato da Delta Engenharia para coleta de lixo no DF. E afirmou que seu governo vem sendo perseguido pelo crime organizado. "A organização aqui investigada tramou a minha derrubada", disse.

Citando conversas das operações da Polícia Federal, em que membros do grupo de Cachoeira criticam o governo do DF, Agnelo defende que não deixou o crime se instalar em seu governo. E desafiou os presentes a citarem algum caso de infiltração da organização do bicheiro no Estado. "Que negócio [essa organização] conseguiu fazer aqui?", perguntou.

Causando agitação na CPI, o governador colocou à disposição dos parlamentares, ao final de seu depoimento inicial, a abertura de seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. "Quem não deve não teme", disse. Antes mesmo de terminar a fala, o depoente foi aplaudido na sessão.


Leia mais em: O Esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

SENTA A PUA: Por todas as Victorias do Brasil - Divulguem e par...

SENTA A PUA: Por todas as Victorias do Brasil - Divulguem e par...: quarta-feira, 13 de junho de 2012 Por todas as Victorias do Brasil no Blog da Cidadania Pretendo que este texto seja lido...

terça-feira, 12 de junho de 2012

Eu, sozinho, matei mais de cem militantes da esquerda durante a ditadura




A revelação acima é do ex-delegado do Dops, Claudio Antonio Guerra, no livro “Memórias de uma guerra suja” (Editora Topbooks, 2012). A leitura das revelações do delegado Guerra impressionam pela crueza (sempre na primeira pessoa) como são contadas as façanhas da chamada “tigrada” (agentes da repressão, sejam os recrutados no meio militar, sejam os das polícias civis dos estados e da PF).

Mais revelações do delegado e matador Claudio Guerra, no livro e em parte desta entrevista de 52 minutos, veiculada pela estação pública TV Brasil, e conduzida (de forma vacilante) pelo jornalista Alberto Dines:

- Governos dos Estados Unidos solicitavam ações clandestinas da repressão brasileira. Exemplo: o delegado Guerra participou de uma ação terrorista em Angola. Uma bomba colocada por um comando brasileiro, do qual Guerra participou, matou inúmeros dirigentes angolanos do MPLA que participavam de uma reunião no recinto de uma rádio em Luanda.

- A participação e o financimento da repressão feita por grandes empresários brasileiros, industriais, banqueiros, comerciantes, fazendeiros.

- A instituição de um aparato estatal de repressão montado a partir do AI-5, em 1968. Como se protegiam os que praticavam os crimes políticos bárbaros. O aparelhamento do Estado para a institucionalização de um aparato de sombras e terror, acima da lei, sem controle do próprio Estado, e, sobretudo, com a "garantia da mais absoluta impunidade". "Isso que nos motivava" - confessa Guerra, no livro.

- As motivações da bomba no Riocentro, em maio de 1981. Por que deu errado o atentado terrorista organizado pela “tigrada”. A luta interna entre os militares: os que queriam a "abertura, lenta, gradual e segura" e os setores recalcitrantes da linha dura (como o general Geisel dizia, os “bolsões sinceros, porém radicais”).

- A simulação de um atentado a bomba organizado pelo dono das Organizações Globo, Roberto Marinho, à sua própria residência no Cosme Velho, Rio de Janeiro.

- A tentativa de assassinato de Leonel Brizola.

- O assassinato do delegado Sérgio Paranhos Fleury, por decisão dos seus próprios companheiros, motivado pela sua relativa autonomia, consumo excessivo de álcool e cocaína, e por ter se exposto demais na sua ação criminosa no comando do DOI-Codi e na Operação Bandeirantes. 

- Os jornalistas e artistas (ainda vivos) que serviram a linha dura e as ações criminosas da “tigrada”.

- O assassinato do ex-dono da revista Manchete, Alexandre Von Baumgarten.

- O uso de uma usina de açúcar e álcool para incinerar corpos de militantes vítimas de torturas bárbaras, mutilações de corpos, esquartejamento e sumiço de pessoas. Ele relata que viu o corpo da irmã do jornalista Bernardo Kucinski - autor do livro “K” - e do seu marido antes de ser jogado na fornalha da usina que fica em Campos, estado do Rio.

Já se vê que o ex-delegado Claudio Guerra tem muita história para contar à Comissão da Verdade. Aliás, tanto no livro, quanto nesta entrevista, ele afirma que está disposto a declinar o nome de seus antigos companheiros da “irmandade” (como eles se chamavam entre si, durante a repressão civil-militar de 64/85).

Será que alguém ainda tem coragem de dizer que o ex-delegado Claudio Antonio Guerra é um revanchista, por estar revelando a memória que muitos querem borrar da história brasileira?

BRICS com Bê.

O poder econômico global está mudando de mãos.
A causa, é o grupo de países emergentes que se apresenta no cenário econômico internacional, de 10 anos para cá, como um bloco sólido e consistente, que cresce a taxas vistosas ano após ano.
Liderados pela China, os BRICS apontam para a construção de um PIB mundial, em 2015, maior que os países ditos desenvolvidos. Veja gráfico abaixo:
É provável que já neste 2012 estejamos empatados, ou seja, o PIB dos emergentes deve ser igual - ou ligeiramente inferior - ao PIB dos ricos.
Deve-se a vários fatores essa mudança de eixo, mas, essencialmente, pelo fato de termos, nós emergentes, iniciado um período de crescimento interno. Com muita força na China e Índia, mas também no Brasil, Russia e África do Sul.
Essa reversão da curva de poder econômico explica-se, ainda, pelo fracassado modelo ocidental de capitalismo. Enquanto as Nações ditas desenvolvidas cultuaram o "mercado" como uma divindade, lançando-se em aventuras consumistas sem qualquer controle ou medida, os emergentes, todos, tangenciaram as regras neoliberais usando a força de seus Estados para gerir, dirigir e orientar suas economias.
Em outras palavras, a intervenção do Estado nas economias emergentes foi decisiva - e ainda é! - para o crescimento sustentável de nossas sociedades. A geração de riqueza está atrelada, necessariamente, à repartição dos ganhos, seja através de emprego, seja através de programas sociais. Assim é na China, na Índia, Brasil, Russia e Africa do Sul.
A imagem abaixo mostra o salto da China, Brasil e Russia no comparativo das 10 maiores economias do planeta em relação ao PIB mundial, enquanto as economias desenvolvidas se arrastam, com crescimentos irrisórios.
A França, por exemplo, despenca do 5º para o 8º lugar do ranking, enquanto o Brasil salta para o 5º  lugar, seguido pela Russia, em 6º.
Os piores dados ficam com USA, Japão e Alemanha, com perda no percentual do PIB mundial. São justamente estas economias que menos interferem no mercado; onde o consumo das famílias é a base de sustentação, agora, enfraquecidas.
É bom notar que estes dados, colhidos do FMI, estão exageradamente otimistas, pois com a crise na Europa do Euro, as economias desenvolvidas podem sofrer ainda mais danos, enquanto os emergentes ainda têm fôlego para crescer de forma equilibrada.
Resta saber o que seremos capazes de fazer com este poder que estamos conquistando.
O mundo desenvolvido está mudando de endereço. E de cara.
No Sandálias do Pirata

O assassino em chefe

Dias insólitos 

Por Fidel Castro

“Graças a um longo artigo do New York Times, de Jo Becker e Scott Shane, ‘Secret ‘Kill List’ Proves a Test of Obama’s Principles and Will,’ (Lista secreta de assassinatos, prova dos principios e da vontade de Obama), sabemos agora que o presidente passou uma quantidade surpreendente de tempo supervisionando a “indicação” de presumíveis terroristas para assassiná-los mediante o programa de drones [aviões sem tripulação guiados por controle remoto] que herdou do presidente George W. Bush e que expandiu exponencialmente.”

“A linguagem do artigo sobre nosso presidente guerreiro […] se concentra nos dilemas de um homem que, como sabemos agora, aprovou e supervisionou o crescimento de um programa de assassinatos notavelmente poderoso no Iêmen, Somália e Paquistão baseado em uma “lista de assassinatos”. Ademais o fez regularmente, um alvo após outro, nome a nome […] Segundo Becker e Shane, o presidente Obama também esteve envolvido no uso de um método fraudulento de contagem de assassinatos por meio dos drones, que minimiza as mortes de civis.

“Falando historicamente, tudo isso é bastante estranho. O Times qualifica o papel de Obama na maquinaria de assassinatos por meio de drones como ‘sem precedentes na história presidencial’. E de fato é assim.”

“‘O mais estranho dos rituais burocráticos: Mais ou menos a cada semana, se reúnem mais de 100 membros do crescente aparato de segurança nacional do governo, em uma vídeo-conferência segura, para estudar as biografias de presumíveis terroristas e recomendar ao presidente quais devem ser os próximos eliminados. Esse processo secreto de ‘indicações’ é um invento do governo de Obama, um nefasto círculo de discussão que estuda as imagens em PowerPoint com os nomes, codinomes e biografias de presumíveis membros da filial da Al Qaida no Iêmen ou seus aliados na milícia Shabab na Somália. As indicações vão para a Casa Branca, onde por sua própria insistência e guiado pelo ‘czar’ do contraterrorismo John O. Brennan, Obama deve aprovar cada nome’.”

“Como nos informou na semana passada o Times, não só temos um assassino em chefe no Salão Oval, mas um ciberguerreiro…”


Leia mais em: O Esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

Dirceu convoca estudantes para defendê-lo

Um dos 38 réus do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu convocou os estudantes a irem às ruas defendê-lo durante o julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que começa no dia 1º de agosto. Dirceu participou neste sábado à tarde do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, a partir de agora será “a batalha final”.

Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês — discursou Dirceu, aplaudido pelos 1.100 estudantes que lotaram o auditório da Uerj.

Ao lado do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, demitido pela presidente Dilma Rousseff após suspeitas de corrupção na pasta, Dirceu disse para os jovens ficarem “vigilantes”:

Não podemos deixar que este processo (do mensalão) se transforme no julgamento da nossa geração. Por isso, peço a vocês, hoje aqui, fiquem vigilantes. Não permitam julgamento político. Não permitam julgamentos fora dos autos (do processo). A única coisa que nós pedimos é o julgamento nos autos e que a Justiça cumpra o seu papel.

Dirceu afirmou ainda que deseja “olhar nos olhos dos que o acusaram”:

Eu tenho que provar a minha inocência. Eu deveria ter a presunção da inocência. Mas sou eu que tenho de provar. Me lincharam, me condenaram. Se eu estou aqui hoje de pé é graças a vocês, com a UJS, com a UNE (União Nacional dos Estudantes). Mas agora é a batalha final. É a reta final. Eu quero este julgamento. Quero olhar nos olhos daqueles que me acusaram e me lincharam esses anos todos.

O ex-ministro concentrou seus ataques na imprensa:

Estamos travando uma batalha contra quem? Contra a oposição? Não. São partidos que foram derrotados em duas eleições presidenciais. Estamos enfrentando o poder da mídia, do monopólio dos veículos de comunicação.

Jornal O Golpe



Leia mais em: O Esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

¿Por qué no lo matan?

Os jornais contam a trajetória de José Dirceu sempre a partir de 2004, como se ele tivesse nascido com o mensalão. Seu passado de luta é esquecido
Fidel Castro estava fascinado pela beleza e graça das irmãs Nabuco -Nininha e Vivi-, filhas dos anfitriões dona Maria do Carmo e José Nabuco, que abriram as portas da mansão da rua Icatu, no Rio de Janeiro, para recepcionar o líder da vitoriosa revolução Cubana.

Ela viera para agradecer ao embaixador brasileiro em Cuba que, durante os duros tempos de luta contra o ditador Batista, deu apoio aos guerrilheiros do exército fidelista.

Intelectuais e políticos de todas as tendências se misturavam nos salões. Todos procuravam Fidel para tirar um papo, mas o comandante só tinha olhos para Nininha e Vivi.

O pessoal da esquerda, quando conseguia um pouco de atenção, aproveitava para falar mal de Carlos Lacerda, governador da Guanabara.

Cansado e irritado, meio em tom de "broma", de ouvir as queixas contra Lacerda, Fidel, querendo se ver livre, mandou: "¿Lacerda es un hombre como nosotros? ¿Tiene brazos, piernas? ¿Camina por la calle?"

"Si, si", disse um dos "reclamões".

"¿Entonces por qué no lo matan?", disse Fidel, encerrando o papo.

O episódio não me sai da cabeça quando leio, quase todo dia, notícias sobre José Dirceu nos jornais.

O tom é sempre de acusação, tratando de atos e práticas ilegais como se ele, na sua trajetória de animal político militante corajoso, só tivesse contabilizado ações negativas.

Sua trajetória é sempre contada a partir de 2004, como se tivesse nascido com o "mensalão". Não se fala na sua trajetória de líder estudantil que se entregou de corpo e alma à luta contra a ditadura militar. Prisão, exílio, retorno ilegal ao Brasil, clandestinidade -Dirceu jogou sempre toda sua energia pela democracia.

Anistiado, se filiou ao PT, coerente com sua visão de mundo.

Sua disciplina, sua vocação de estrategista, sua capacidade de trabalho e seu talento de transformar teoria em ação o elevaram a líder do PT. Afirmou-se assumindo sem medo a tarefa de acomodar no partido as diversas tendências, desde as mais radicais de esquerda às quase conservadoras, consolidando o primeiro partido de massa do Brasil.

Dirceu, apesar de sua formação de classe média e conhecimento acadêmico, teve a capacidade e humildade de entender o papel reservado a Lula. Reconhecendo a sua inegável qualidade de líder de massa, soube estruturar com o PT e a sua militância a grande revolução pacífica e democrática acontecida em toda a história republicana do Brasil.

Nos primeiros dois anos, a desconfiança das classes dominantes em relação ao governo Lula era enorme, como confidenciou-me um parrudo banqueiro: "Não sabíamos qual seria o exato momento que o governo Lula viraria a mesa".

Não se pensava noutra coisa a não ser evitar que Dirceu tivesse tempo e espaço para isso. Num desses almoços de entidades empresariais, ouvi o seguinte: "Zé Dirceu é a cabeça pensante, Lula é o líder mobilizador do sentimento popular. Vamos cortar a cabeça que o corpo cai".

Os oito anos de Lula serviram para destruir o mito de virada de mesa; o que o Lula virou mesmo foi o jogo do poder, priorizando políticas para as áreas social e econômica, o que resultou no Brasil de hoje, cada vez mais sólido internamente e respeitado internacionalmente.

O governo Lula mostrou também que José Dirceu não é uma cabeça sem corpo e que nem Lula é um corpo sem cabeça. Eles são carne e osso, são "hombres como nosotros y caminan por las calles".

"¿Entonces por qué no los matan?"

LUIZ CARLOS BARRETO, 84, é produtor cinematográfico. Produziu, entre outros, "Lula, o Filho do Brasil", "Dona Flor e seus Dois Maridos", "O que é Isso, Companheiro?", "O Quatrilho" e "Bye, Bye, Brasil"


Leia mais em: O Esquerdopata
Under Creative Commons License: Attribution

Não deu no Jornal Nacional: PT protocola requerimento para ouvir Serra na CPI do Cachoeira

Via Terra

O PT apresentou requerimento, na semana passada, para ouvir o ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. De acordo com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), autor do requerimento, o objetivo é ouvir Serra sobre os contratos firmados entre a prefeitura de São Paulo e a construtora Delta - que está no epicentro das investigações envolvendo os laços do empresário Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas - durante a gestão do tucano.
A proposta inclui também o ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) Paulo Vieira, conhecido como Paulo Preto. Durante a campanha eleitoral de 2010, Paulo Preto foi alvo de denúncias sobre um suposto esquema de corrupção em obras viárias do governo paulista. Segundo reportagem da revista Isto É, Vieira teria fugido com R$ 4 milhões arrecadados para a campanha de Serra ao Palácio do Planalto. Em entrevista ao jornalFolha de S.Paulo, o engenheiro negou ter arrecadado recursos para o PSDB, mas disse ter criado as melhores condições para que houvesse aporte de recursos em campanha, ao dar a palavra final e fazer os pagamentos no prazo às empreiteiras terceirizadas que atuaram nas grandes obras de São Paulo.
De acordo com o autor do requerimento, a proposta não precisa ter apreciação imediata pelos deputados. "Pretendo fazer o debate ao longo da CPI", afirmou. Questionado sobre um possível interesse eleitoral no pedido para ouvir Serra, pré-candidato do PSDB à prefeitura paulistana, Dr. Rosinha reconheceu que é normal haver controvérsias em uma comissão parlamentar. "Sempre há disputas políticas. Essa CPI não é diferente", declarou.
Procurada, a liderança do PSDB na Câmara dos Deputados não quis comentar o caso. Já o presidente nacional do partido, deputado federal Sérgio Guerra (PSDB-PE), criticou a proposta do colega petista. "Trata-se de uma proposta indecente. Um factóide demagógico de quem não quer investigação, mas confusão", disse.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

RedeTV! divulga lista negra. Xuxa e Datena estão entre os nomes

O pessoal da recepção da RedeTV!, em Osasco, já tem em mãos a versão mais atualizada da "lista negra" do canal. A relação, com 65 nomes, traz celebridades, cantores e esportistas que têm a entrada proibida nos estúdios da emissora e não podem ser entrevistados pelos programas da casa.

A listagem foi divulgada pelo colunista Flávio Ricco, do "UOL". Artistas que já criticaram, processaram ou simplesmente negaram convites da emissora fazem parte da "lista negra". De acordo com Ricco, a trupe do "Pânico" deve aparecer em breve na relação. Já a ida de Adriane Galisteu ao "SuperPop" foi considerada uma exceção.

Veja a lista completa e atualizada:

Xuxa
Sasha
Latino
José Luiz Datena
Claudete Troiano
Adriane Galisteu
Preta Gil
Zezé di Camargo
Luciano Camargo
Wanessa Camargo
Luana Piovani
Dado Dolabella
Carolina Dieckmann
Davi Dieckmann
Xororó
Dimas Caetano
Marcelo Bitencourt
Renata Stuart
André Tal
Lia Rossi
Maria Cristiana Mazzuka
Elizabeth Russo
Valesca Quintela
Rogério Siqueira
Getúlio Henrique Borges
Aline Pacheco
Marcia Prado
Mona Dorf
Carlos Chagas
José Carlos Bernardes
Florestan Fernandes Jr.
João Pedro Barroca
Renato Teixeira
Denise Campos de Toledo
Roberta Sandrini
Wagner Sugamele
Sérgio Fernandes
Rogério Lino Vieira
Luiz Antônio Cury Galebe
Magdalena Bonfiglioli Pelégio
Dan Sister
Cássia Maria da Cruz Santos
Marco Camargo
José Maria Vieira
Alexandre Garcia
Rogério Gallo
Roberto Avallone
Leonardo Vieira,
A nutricionista Maria Ruth Vieira Lemos Vasconcelos
Alexandre da Silva Mariano
Amaral
Marcos Oliver
Fabiola Monarca
Daniel Monarca
Mariana Kupfer
Ricardo Maia (ex Polegar)
Guilherme Arantes
Paulo Franco, o Paulinho
Mustafa Contursi
Wagner Ferreira dos Santos
Alberto Caubói
Cristina Borges
Ranzolin Falcão
Paulo Roberto Falcão

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Censura do PSDB leva à renúncia coletiva na Biblioteca Nacional

Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) não mostra!



Os dez membros do conselho editorial da Revista de História, publicada pela Biblioteca Nacional, anunciaram nesta segunda-feira (11) que renunciam aos seus cargos. O pedido foi anunciado em uma carta assinada pelos dez intelectuais, entre professores e escritores, que compunham o colegiado.

Nomes como Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras, Lília Moritz Schwarcz, professora da USP e Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense, alegaram conflitos com Jean-Louis de Lacerda Soares, presidente da Sabin (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional) que gere os recursos que permitem publicar a revista.

As rusgas entre o conselho e a presidência da sociedade vêm sendo expostas desde a demissão do editor Luciano Figueiredo, supostamente (?) por retaliação política.

Os conselheiros já haviam ameaçado renunciar após a Sabin demitir Figueiredo "por razões administrativas internas" não especificadas, sem consultar o conselho.

Semanas antes, o então editor havia demitido o jornalista Celso de Castro Barbosa após divergências relacionadas a uma resenha escrita por ele sobre o livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr., publicada no site da revista.

Em um de seus trechos, a resenha diz que o livro joga "uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos". Em outro, afirma que José Serra "é quem tem a imagem mais chamuscada, para não dizer estorricada, ao fim da 'Privataria Tucana'".

O texto gerou protestos públicos do PSDB e foi tirado do ar, mas, segundo a Sabin, nem a demissão de Castro Barbosa por Figueiredo nem a deste pela sociedade tiveram qualquer componente de pressão política (faz-me rir...).
 

Sintonia Fina

Gosto é gosto

Mas quem foi que disse que eu não gosto de futebol? Quantas vezes fiquei, no domingo à tarde, na frente da televisão para ver um bom jogo de futebol?! Gosto dos lances muitas vezes caóticos do futebol, dos dribles inesperados, dos lances inteligentes, mas gosto também da velocidade, do domínio da bola, das belas e cinematográficas defesas, do sentido de conjunto que é próprio de um esporte coletivo. Gosto, sempre gostei. Quando criança, fiz uma escolha como toda criança faz: movido por alguma razão que nos foge, que não somos capazes de explicar. Pelo menos quando não se tem um pai que dá inteira liberdade de escolha ao filho, comprando camisetas de seu clube, comprando uma bola com suas cores, levando-o ao estádio apenas quando seu time joga. Pois eu, literalmente, não tive um pai assim. Ele detestava futebol, e torcer, lá em casa, era coisa que se fazia meio clandestinamente. Não me lembro como foi, só sei que um dia eu disse: torço para o meu time. E permaneço fiel àquela escolha até hoje. Sou torcedor.
Foto: Alexandre Machado
O que me parece incompreensível é que o mesmo lance que vale para grandes clubes, não valha para pequenos. Você sabe do que estou falando. Se o clube é pequeno, o jogador estava na banheira. Se é grande, estava na mesma linha. Ou no momento do lançamento … Mas isso quando se trata de comentaristas de futebol. Existe um deles, que transmite jogos e que torce tão desavergonhadamente que ninguém mais lhe dá crédito. E por uma razão muito simples: qualquer torcedor de A vê tudo ao contrário do que vê o torcedor de B quando ambos se confrontam. O primeiro diz que foi pênalti; o segundo jura por todos os santos brasileiros e estrangeiros que o juiz roubou. E não adianta discutir: nunca vão chegar a um acordo. As mesmas evidências vão conservar seus sentidos opostos.
Presumo ter conseguido demonstrar que entendo mais de futebol do que vocês supunham. Tudo bem, não me parece que entender de futebol seja uma falta assim tão grave. Alguns entendidos ainda têm salvação.
O que não pode é vocês me exigirem uma fantasia verde-amarela, é vocês esperarem de mim que saia gritando alucinado pelas ruas. Isso nunca fiz, jamais vou fazer. Jogue quem jogar, vou ter consciência de que não passa de um jogo. Posso até torcer, mas comedidamente, sem grandes expansões emocionais, porque é um jogo, não a salvação da lavoura. Se vocês me dissessem que do jogo depende a eliminação do analfabetismo, a diminuição da violência urbana, o fim da miséria e de outras mazelas sociais, então, meu amigo, acho que ninguém gritaria mais do que eu.
Ah, e não esqueçamos que no campo estão dois adversários. Não dois inimigos, como muitos órgãos da imprensa tentam nos fazer crer.
Por que tudo isso, agora? Sábado, dia 19 de maio, começou o longo e exaustivo Brasileirão. Aviões de Belém do Pará estarão riscando nosso céu cor de anil, eles, com suas turbinas barulhentas, para pousar em Porto Alegre. As vinte melhores (?) equipes brasileiras de futebol estarão voando nas asas da Panair, e algumas pessoas estarão tão preocupadas com o sobe e desce ‒ a zona do rebaixamento, a lista da Libertadores e outros assuntos semelhantes – que vão esquecer o dilema do povo grego, a mudança de rumo proposta por Hollande, o desaquecimento da economia brasileira, as ginásticas que teremos de fazer para não sermos atingidos pela crise econômica mundial, ou, pelo menos, para não sermos atingidos mortalmente.
Panis et circensis. 
Ah, Nero, Nero, que visão clara era a tua dos anseios populares.

Não somos mais os queridinhos. Ainda bem

Há cerca de dois anos e meio o Brasil era considerado o queridinho do mercado financeiro internacional: com a mais alta taxa de juros do mundo (mesmo com reduções sucessivas devido à crise mundial), apresentava crescimento econômico forte, principalmente em razão da elevação do consumo interno.
Há perspectivas interessantes para o setor produtivo nacional e internacional: o País possui um forte mercado interno, cada vez com mais resiliência. Foto: Daniel Teixeira/AE
Hoje o cenário mudou. Por uma razão muito simples: o investidor financeiro global naturalmente se retrai com a depreciação temporária do real e com a velocidade da queda de juros no Brasil. Basta observar que o índice MSCI do banco Morgan Stanley, que reúne ações do Brasil em dólares, caiu para o menor nível desde 2006, uma vez que investidores tiraram 869 milhões de dólares de fundos de ações do País desde o início do ano. O curioso disso tudo é que, mesmo com essa saída de capital e com a depreciação do real, a moeda brasileira continua sendo a maior sobrevalorizada do mundo.
Alguns mais afoitos podem afirmar que a redução dos juros da economia brasileira fez com que houvesse uma “fuga” de capitais. Podem estar equivocados.
Primeiro, os juros nominais e reais brasileiros, mesmo com as reduções consecutivas, ainda são os maiores do mundo. Por esse viés, não é interessante retirar o capital da terra brasilis.
Segundo, as mudanças políticas que estão ocorrendo na Europa e, por consequência, a ameaça da Grécia em romper os acordos estabelecidos fazem com que os aplicadores internacionais saiam do Brasil para, talvez, cobrir seus possíveis prejuízos e perder rentabilidade.
Nas perspectivas do mercado financeiro, estamos deixando de ser o queridinho, mas há perspectivas interessantes para o setor produtivo nacional e internacional. Vejam só: o País possui um forte mercado interno, cada vez com mais resiliência. Um dos fatores que levam a isso é a melhora na educação. Para se ter uma ideia, de acordo com o Ministério da Educação, em 2002, 467 mil pessoas terminaram o curso superior; em 2009, foram 959 mil.
Outro ponto interessante para se repensar o investimento no Brasil é que possuímos uma infraestrutura financeira e regulação dos mercados desenvolvidas o suficiente para que os investidores não precisem se preocupar com isso, o que representa um risco menor. Com as reduções na taxa básica de juros, há o desafio dos bancos de reduzir os investimentos em títulos públicos e aumentar a exposição ao crédito. Portanto, as empresas devem olhar para o mercado de capitais para se financiarem.
A decisão histórica da presidenta Dilma Rousseff em alterar o cálculo de rendimento da poupança pode ser interpretada como um sinal muito forte de que o governo está determinado a trazer o juro básico a níveis mais civilizados. Por consequência, a cultura brasileira de investimento, financiamento e poupança tendem e devem mudar. Queiram ou não, por conta da crise mundial, atrelada à determinação política do governo federal, parece que estamos iniciando novos tempos na economia brasileira…

Que tal pensarmos o próximo passo?

Desde o início do plano Real, a política fiscal sempre ficou subordinada a política monetária. Ou seja, sempre ocorreu um esforço brutal do governo federal para bancar as altas taxas de juros impostas na economia brasileira, haja vista a crise de 98-99, em que o governo federal chegou a praticar uma taxa de juros muito próxima a 60% ao ano.
A partir de então, a economia brasileira está envolta ao seguinte tripé: superavit primário, juros altos e câmbio valorizado, a justificativa maior para esse mecanismo econômico era o controle da inflação, que aterrorizou os lares brasileiros a partir do final da década de 70.
E é justamente nesse ponto que grande parte dos intelectuais, politólogos, economistas etc. concentraram-se em desvendar e resolver a dita cuja inflação. A maioria desses forçaram a discussão econômica pura e simplesmente em debelar um processo inflacionário, esquecendo-se das questões do desenvolvimento econômico, político e social de um país.
Portanto, o que a presidenta Dilma está mexendo é em uma das partes do tripé, que são os juros altos. Essa batalha não envolve só questões técnicas e econômicas; tem também um grande e forte viés politico, pois interfere na renda daqueles(as) que não pretendem em hipótese alguma passar pelas agruras da produção.
Neste sentido, se os juros estão despencando, não há uma justificativa mais contundente para manter o superavit primário do vulto que foi esse último quadrimestre, de R$ 45,02 bilhões, correspondeu a 3,31% do PIB e representou 46,5% da meta de superávit consolidado do ano. Um desempenho acima do necessário.
Na verdade, desde 1996 o encilhamento financeiro do setor público brasileiro resultou em desembolsos a título de juros correspondentes a cerca de 7% do PIB, com exceção do ano de 1997, quando essa proporção caiu para 5%. As políticas cambial e monetária não só imobilizaram a política fiscal como implicaram a transferência de parcelas crescentes de juros para os rentistas, deteriorando a distribuição da renda nacional (os 10% mais ricos da população absorvem 44% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres ficam com apenas 1%).
Na década de 90 o Estado não saiu de cena, apenas mudou de lado: antes preocupava-se em desenvolver um capitalismo industrial, e então sua prioridade passou a ser o capital financeiro, algo que a presidenta Dilma está enfrentando bravamente. Entretanto, para repensar a tese de desenvolvimento brasileiro é mais do que urgente pensar a política fiscal não somente nos seus gastos de manutenção da máquina pública, como também em investimentos públicos. Ou seja, é possível e necessário enfrentar uma outra parte do tripé, a política fiscal, particularmente a redução do superavit fiscal.
Pensar em desenvolvimento, refere-se a um processo de transformação, que engloba o conjunto de uma sociedade. Para tanto, basta observarmos e cumprirmos a Constituição Federal. Além do que, essas transformações deverão estar ligadas à introdução de métodos produtivos mais eficazes e deverá se manifestar na forma de aumento de fluxos de bens e serviços finais à disposição da coletividade. E, felizmente, ou infelizmente, historicamente, ao menos no caso brasileiro, é praticamente impossível pensar e/ou imaginar o desenvolvimento sem o Estado.