terça-feira, 12 de junho de 2012

BRICS com Bê.

O poder econômico global está mudando de mãos.
A causa, é o grupo de países emergentes que se apresenta no cenário econômico internacional, de 10 anos para cá, como um bloco sólido e consistente, que cresce a taxas vistosas ano após ano.
Liderados pela China, os BRICS apontam para a construção de um PIB mundial, em 2015, maior que os países ditos desenvolvidos. Veja gráfico abaixo:
É provável que já neste 2012 estejamos empatados, ou seja, o PIB dos emergentes deve ser igual - ou ligeiramente inferior - ao PIB dos ricos.
Deve-se a vários fatores essa mudança de eixo, mas, essencialmente, pelo fato de termos, nós emergentes, iniciado um período de crescimento interno. Com muita força na China e Índia, mas também no Brasil, Russia e África do Sul.
Essa reversão da curva de poder econômico explica-se, ainda, pelo fracassado modelo ocidental de capitalismo. Enquanto as Nações ditas desenvolvidas cultuaram o "mercado" como uma divindade, lançando-se em aventuras consumistas sem qualquer controle ou medida, os emergentes, todos, tangenciaram as regras neoliberais usando a força de seus Estados para gerir, dirigir e orientar suas economias.
Em outras palavras, a intervenção do Estado nas economias emergentes foi decisiva - e ainda é! - para o crescimento sustentável de nossas sociedades. A geração de riqueza está atrelada, necessariamente, à repartição dos ganhos, seja através de emprego, seja através de programas sociais. Assim é na China, na Índia, Brasil, Russia e Africa do Sul.
A imagem abaixo mostra o salto da China, Brasil e Russia no comparativo das 10 maiores economias do planeta em relação ao PIB mundial, enquanto as economias desenvolvidas se arrastam, com crescimentos irrisórios.
A França, por exemplo, despenca do 5º para o 8º lugar do ranking, enquanto o Brasil salta para o 5º  lugar, seguido pela Russia, em 6º.
Os piores dados ficam com USA, Japão e Alemanha, com perda no percentual do PIB mundial. São justamente estas economias que menos interferem no mercado; onde o consumo das famílias é a base de sustentação, agora, enfraquecidas.
É bom notar que estes dados, colhidos do FMI, estão exageradamente otimistas, pois com a crise na Europa do Euro, as economias desenvolvidas podem sofrer ainda mais danos, enquanto os emergentes ainda têm fôlego para crescer de forma equilibrada.
Resta saber o que seremos capazes de fazer com este poder que estamos conquistando.
O mundo desenvolvido está mudando de endereço. E de cara.
No Sandálias do Pirata

O assassino em chefe

Dias insólitos 

Por Fidel Castro

“Graças a um longo artigo do New York Times, de Jo Becker e Scott Shane, ‘Secret ‘Kill List’ Proves a Test of Obama’s Principles and Will,’ (Lista secreta de assassinatos, prova dos principios e da vontade de Obama), sabemos agora que o presidente passou uma quantidade surpreendente de tempo supervisionando a “indicação” de presumíveis terroristas para assassiná-los mediante o programa de drones [aviões sem tripulação guiados por controle remoto] que herdou do presidente George W. Bush e que expandiu exponencialmente.”

“A linguagem do artigo sobre nosso presidente guerreiro […] se concentra nos dilemas de um homem que, como sabemos agora, aprovou e supervisionou o crescimento de um programa de assassinatos notavelmente poderoso no Iêmen, Somália e Paquistão baseado em uma “lista de assassinatos”. Ademais o fez regularmente, um alvo após outro, nome a nome […] Segundo Becker e Shane, o presidente Obama também esteve envolvido no uso de um método fraudulento de contagem de assassinatos por meio dos drones, que minimiza as mortes de civis.

“Falando historicamente, tudo isso é bastante estranho. O Times qualifica o papel de Obama na maquinaria de assassinatos por meio de drones como ‘sem precedentes na história presidencial’. E de fato é assim.”

“‘O mais estranho dos rituais burocráticos: Mais ou menos a cada semana, se reúnem mais de 100 membros do crescente aparato de segurança nacional do governo, em uma vídeo-conferência segura, para estudar as biografias de presumíveis terroristas e recomendar ao presidente quais devem ser os próximos eliminados. Esse processo secreto de ‘indicações’ é um invento do governo de Obama, um nefasto círculo de discussão que estuda as imagens em PowerPoint com os nomes, codinomes e biografias de presumíveis membros da filial da Al Qaida no Iêmen ou seus aliados na milícia Shabab na Somália. As indicações vão para a Casa Branca, onde por sua própria insistência e guiado pelo ‘czar’ do contraterrorismo John O. Brennan, Obama deve aprovar cada nome’.”

“Como nos informou na semana passada o Times, não só temos um assassino em chefe no Salão Oval, mas um ciberguerreiro…”


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Dirceu convoca estudantes para defendê-lo

Um dos 38 réus do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu convocou os estudantes a irem às ruas defendê-lo durante o julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que começa no dia 1º de agosto. Dirceu participou neste sábado à tarde do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, a partir de agora será “a batalha final”.

Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês — discursou Dirceu, aplaudido pelos 1.100 estudantes que lotaram o auditório da Uerj.

Ao lado do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, demitido pela presidente Dilma Rousseff após suspeitas de corrupção na pasta, Dirceu disse para os jovens ficarem “vigilantes”:

Não podemos deixar que este processo (do mensalão) se transforme no julgamento da nossa geração. Por isso, peço a vocês, hoje aqui, fiquem vigilantes. Não permitam julgamento político. Não permitam julgamentos fora dos autos (do processo). A única coisa que nós pedimos é o julgamento nos autos e que a Justiça cumpra o seu papel.

Dirceu afirmou ainda que deseja “olhar nos olhos dos que o acusaram”:

Eu tenho que provar a minha inocência. Eu deveria ter a presunção da inocência. Mas sou eu que tenho de provar. Me lincharam, me condenaram. Se eu estou aqui hoje de pé é graças a vocês, com a UJS, com a UNE (União Nacional dos Estudantes). Mas agora é a batalha final. É a reta final. Eu quero este julgamento. Quero olhar nos olhos daqueles que me acusaram e me lincharam esses anos todos.

O ex-ministro concentrou seus ataques na imprensa:

Estamos travando uma batalha contra quem? Contra a oposição? Não. São partidos que foram derrotados em duas eleições presidenciais. Estamos enfrentando o poder da mídia, do monopólio dos veículos de comunicação.

Jornal O Golpe



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¿Por qué no lo matan?

Os jornais contam a trajetória de José Dirceu sempre a partir de 2004, como se ele tivesse nascido com o mensalão. Seu passado de luta é esquecido
Fidel Castro estava fascinado pela beleza e graça das irmãs Nabuco -Nininha e Vivi-, filhas dos anfitriões dona Maria do Carmo e José Nabuco, que abriram as portas da mansão da rua Icatu, no Rio de Janeiro, para recepcionar o líder da vitoriosa revolução Cubana.

Ela viera para agradecer ao embaixador brasileiro em Cuba que, durante os duros tempos de luta contra o ditador Batista, deu apoio aos guerrilheiros do exército fidelista.

Intelectuais e políticos de todas as tendências se misturavam nos salões. Todos procuravam Fidel para tirar um papo, mas o comandante só tinha olhos para Nininha e Vivi.

O pessoal da esquerda, quando conseguia um pouco de atenção, aproveitava para falar mal de Carlos Lacerda, governador da Guanabara.

Cansado e irritado, meio em tom de "broma", de ouvir as queixas contra Lacerda, Fidel, querendo se ver livre, mandou: "¿Lacerda es un hombre como nosotros? ¿Tiene brazos, piernas? ¿Camina por la calle?"

"Si, si", disse um dos "reclamões".

"¿Entonces por qué no lo matan?", disse Fidel, encerrando o papo.

O episódio não me sai da cabeça quando leio, quase todo dia, notícias sobre José Dirceu nos jornais.

O tom é sempre de acusação, tratando de atos e práticas ilegais como se ele, na sua trajetória de animal político militante corajoso, só tivesse contabilizado ações negativas.

Sua trajetória é sempre contada a partir de 2004, como se tivesse nascido com o "mensalão". Não se fala na sua trajetória de líder estudantil que se entregou de corpo e alma à luta contra a ditadura militar. Prisão, exílio, retorno ilegal ao Brasil, clandestinidade -Dirceu jogou sempre toda sua energia pela democracia.

Anistiado, se filiou ao PT, coerente com sua visão de mundo.

Sua disciplina, sua vocação de estrategista, sua capacidade de trabalho e seu talento de transformar teoria em ação o elevaram a líder do PT. Afirmou-se assumindo sem medo a tarefa de acomodar no partido as diversas tendências, desde as mais radicais de esquerda às quase conservadoras, consolidando o primeiro partido de massa do Brasil.

Dirceu, apesar de sua formação de classe média e conhecimento acadêmico, teve a capacidade e humildade de entender o papel reservado a Lula. Reconhecendo a sua inegável qualidade de líder de massa, soube estruturar com o PT e a sua militância a grande revolução pacífica e democrática acontecida em toda a história republicana do Brasil.

Nos primeiros dois anos, a desconfiança das classes dominantes em relação ao governo Lula era enorme, como confidenciou-me um parrudo banqueiro: "Não sabíamos qual seria o exato momento que o governo Lula viraria a mesa".

Não se pensava noutra coisa a não ser evitar que Dirceu tivesse tempo e espaço para isso. Num desses almoços de entidades empresariais, ouvi o seguinte: "Zé Dirceu é a cabeça pensante, Lula é o líder mobilizador do sentimento popular. Vamos cortar a cabeça que o corpo cai".

Os oito anos de Lula serviram para destruir o mito de virada de mesa; o que o Lula virou mesmo foi o jogo do poder, priorizando políticas para as áreas social e econômica, o que resultou no Brasil de hoje, cada vez mais sólido internamente e respeitado internacionalmente.

O governo Lula mostrou também que José Dirceu não é uma cabeça sem corpo e que nem Lula é um corpo sem cabeça. Eles são carne e osso, são "hombres como nosotros y caminan por las calles".

"¿Entonces por qué no los matan?"

LUIZ CARLOS BARRETO, 84, é produtor cinematográfico. Produziu, entre outros, "Lula, o Filho do Brasil", "Dona Flor e seus Dois Maridos", "O que é Isso, Companheiro?", "O Quatrilho" e "Bye, Bye, Brasil"


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Não deu no Jornal Nacional: PT protocola requerimento para ouvir Serra na CPI do Cachoeira

Via Terra

O PT apresentou requerimento, na semana passada, para ouvir o ex-prefeito de São Paulo José Serra (PSDB) na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira. De acordo com o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), autor do requerimento, o objetivo é ouvir Serra sobre os contratos firmados entre a prefeitura de São Paulo e a construtora Delta - que está no epicentro das investigações envolvendo os laços do empresário Carlinhos Cachoeira com políticos e empresas - durante a gestão do tucano.
A proposta inclui também o ex-diretor da empresa Desenvolvimento Rodoviário (Dersa) Paulo Vieira, conhecido como Paulo Preto. Durante a campanha eleitoral de 2010, Paulo Preto foi alvo de denúncias sobre um suposto esquema de corrupção em obras viárias do governo paulista. Segundo reportagem da revista Isto É, Vieira teria fugido com R$ 4 milhões arrecadados para a campanha de Serra ao Palácio do Planalto. Em entrevista ao jornalFolha de S.Paulo, o engenheiro negou ter arrecadado recursos para o PSDB, mas disse ter criado as melhores condições para que houvesse aporte de recursos em campanha, ao dar a palavra final e fazer os pagamentos no prazo às empreiteiras terceirizadas que atuaram nas grandes obras de São Paulo.
De acordo com o autor do requerimento, a proposta não precisa ter apreciação imediata pelos deputados. "Pretendo fazer o debate ao longo da CPI", afirmou. Questionado sobre um possível interesse eleitoral no pedido para ouvir Serra, pré-candidato do PSDB à prefeitura paulistana, Dr. Rosinha reconheceu que é normal haver controvérsias em uma comissão parlamentar. "Sempre há disputas políticas. Essa CPI não é diferente", declarou.
Procurada, a liderança do PSDB na Câmara dos Deputados não quis comentar o caso. Já o presidente nacional do partido, deputado federal Sérgio Guerra (PSDB-PE), criticou a proposta do colega petista. "Trata-se de uma proposta indecente. Um factóide demagógico de quem não quer investigação, mas confusão", disse.
Carlinhos Cachoeira
Acusado de comandar a exploração do jogo ilegal em Goiás, Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, foi preso na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, em 29 de fevereiro de 2012, oito anos após a divulgação de um vídeo em que Waldomiro Diniz, assessor do então ministro da Casa Civil, José Dirceu, lhe pedia propina. O escândalo culminou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Bingos e na revelação do suposto esquema de pagamento de parlamentares que ficou conhecido como mensalão.
Escutas telefônicas realizadas durante a investigação da PF apontaram contatos entre Cachoeira e o senador democrata Demóstenes Torres (GO). Ele reagiu dizendo que a violação do seu sigilo telefônico não havia obedecido a critérios legais.
Nos dias seguintes, reportagens dos jornais Folha de S.Paulo e O Globo afirmaram, respectivamente, que o grupo de Cachoeira forneceu telefones antigrampos para políticos, entre eles Demóstenes, e que o senador pediu ao empresário que lhe emprestasse R$ 3 mil em despesas com táxi-aéreo. Na conversa, o democrata ainda vazou informações sobre reuniões reservadas que manteve com representantes dos três Poderes.
Pressionado, Demóstenes pediu afastamento da liderança do DEM no Senado em 27 de março. No dia seguinte, o Psol representou contra o parlamentar no Conselho de Ética e, um dia depois, em 29 de março, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski autorizou a quebra de seu sigilo bancário.
O presidente do DEM, senador José Agripino Maia (RN), anunciou em 2 de abril que o partido havia decidido abrir um processo que poderia resultar na expulsão de Demóstenes, que, no dia seguinte, pediu a desfiliação da legenda, encerrando a investigação interna. Mas as denúncias só aumentaram e começaram a atingir outros políticos, agentes públicos e empresas.
Após a publicação de suspeitas de que a construtora Delta, maior recebedora de recursos do governo federal nos últimos três anos, faça parte do esquema de Cachoeira, a empresa anunciou a demissão de um funcionário e uma auditoria. O vazamento das conversas apontam encontros de Cachoeira também com os governadores Agnelo Queiroz (PT), do Distrito Federal, e Marconi Perillo (PSDB), de Goiás. Em 19 de abril, o Congresso criou a CPI mista do Cachoeira.

RedeTV! divulga lista negra. Xuxa e Datena estão entre os nomes

O pessoal da recepção da RedeTV!, em Osasco, já tem em mãos a versão mais atualizada da "lista negra" do canal. A relação, com 65 nomes, traz celebridades, cantores e esportistas que têm a entrada proibida nos estúdios da emissora e não podem ser entrevistados pelos programas da casa.

A listagem foi divulgada pelo colunista Flávio Ricco, do "UOL". Artistas que já criticaram, processaram ou simplesmente negaram convites da emissora fazem parte da "lista negra". De acordo com Ricco, a trupe do "Pânico" deve aparecer em breve na relação. Já a ida de Adriane Galisteu ao "SuperPop" foi considerada uma exceção.

Veja a lista completa e atualizada:

Xuxa
Sasha
Latino
José Luiz Datena
Claudete Troiano
Adriane Galisteu
Preta Gil
Zezé di Camargo
Luciano Camargo
Wanessa Camargo
Luana Piovani
Dado Dolabella
Carolina Dieckmann
Davi Dieckmann
Xororó
Dimas Caetano
Marcelo Bitencourt
Renata Stuart
André Tal
Lia Rossi
Maria Cristiana Mazzuka
Elizabeth Russo
Valesca Quintela
Rogério Siqueira
Getúlio Henrique Borges
Aline Pacheco
Marcia Prado
Mona Dorf
Carlos Chagas
José Carlos Bernardes
Florestan Fernandes Jr.
João Pedro Barroca
Renato Teixeira
Denise Campos de Toledo
Roberta Sandrini
Wagner Sugamele
Sérgio Fernandes
Rogério Lino Vieira
Luiz Antônio Cury Galebe
Magdalena Bonfiglioli Pelégio
Dan Sister
Cássia Maria da Cruz Santos
Marco Camargo
José Maria Vieira
Alexandre Garcia
Rogério Gallo
Roberto Avallone
Leonardo Vieira,
A nutricionista Maria Ruth Vieira Lemos Vasconcelos
Alexandre da Silva Mariano
Amaral
Marcos Oliver
Fabiola Monarca
Daniel Monarca
Mariana Kupfer
Ricardo Maia (ex Polegar)
Guilherme Arantes
Paulo Franco, o Paulinho
Mustafa Contursi
Wagner Ferreira dos Santos
Alberto Caubói
Cristina Borges
Ranzolin Falcão
Paulo Roberto Falcão

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Censura do PSDB leva à renúncia coletiva na Biblioteca Nacional

Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) não mostra!



Os dez membros do conselho editorial da Revista de História, publicada pela Biblioteca Nacional, anunciaram nesta segunda-feira (11) que renunciam aos seus cargos. O pedido foi anunciado em uma carta assinada pelos dez intelectuais, entre professores e escritores, que compunham o colegiado.

Nomes como Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras, Lília Moritz Schwarcz, professora da USP e Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense, alegaram conflitos com Jean-Louis de Lacerda Soares, presidente da Sabin (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional) que gere os recursos que permitem publicar a revista.

As rusgas entre o conselho e a presidência da sociedade vêm sendo expostas desde a demissão do editor Luciano Figueiredo, supostamente (?) por retaliação política.

Os conselheiros já haviam ameaçado renunciar após a Sabin demitir Figueiredo "por razões administrativas internas" não especificadas, sem consultar o conselho.

Semanas antes, o então editor havia demitido o jornalista Celso de Castro Barbosa após divergências relacionadas a uma resenha escrita por ele sobre o livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr., publicada no site da revista.

Em um de seus trechos, a resenha diz que o livro joga "uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos". Em outro, afirma que José Serra "é quem tem a imagem mais chamuscada, para não dizer estorricada, ao fim da 'Privataria Tucana'".

O texto gerou protestos públicos do PSDB e foi tirado do ar, mas, segundo a Sabin, nem a demissão de Castro Barbosa por Figueiredo nem a deste pela sociedade tiveram qualquer componente de pressão política (faz-me rir...).
 

Sintonia Fina

Gosto é gosto

Mas quem foi que disse que eu não gosto de futebol? Quantas vezes fiquei, no domingo à tarde, na frente da televisão para ver um bom jogo de futebol?! Gosto dos lances muitas vezes caóticos do futebol, dos dribles inesperados, dos lances inteligentes, mas gosto também da velocidade, do domínio da bola, das belas e cinematográficas defesas, do sentido de conjunto que é próprio de um esporte coletivo. Gosto, sempre gostei. Quando criança, fiz uma escolha como toda criança faz: movido por alguma razão que nos foge, que não somos capazes de explicar. Pelo menos quando não se tem um pai que dá inteira liberdade de escolha ao filho, comprando camisetas de seu clube, comprando uma bola com suas cores, levando-o ao estádio apenas quando seu time joga. Pois eu, literalmente, não tive um pai assim. Ele detestava futebol, e torcer, lá em casa, era coisa que se fazia meio clandestinamente. Não me lembro como foi, só sei que um dia eu disse: torço para o meu time. E permaneço fiel àquela escolha até hoje. Sou torcedor.
Foto: Alexandre Machado
O que me parece incompreensível é que o mesmo lance que vale para grandes clubes, não valha para pequenos. Você sabe do que estou falando. Se o clube é pequeno, o jogador estava na banheira. Se é grande, estava na mesma linha. Ou no momento do lançamento … Mas isso quando se trata de comentaristas de futebol. Existe um deles, que transmite jogos e que torce tão desavergonhadamente que ninguém mais lhe dá crédito. E por uma razão muito simples: qualquer torcedor de A vê tudo ao contrário do que vê o torcedor de B quando ambos se confrontam. O primeiro diz que foi pênalti; o segundo jura por todos os santos brasileiros e estrangeiros que o juiz roubou. E não adianta discutir: nunca vão chegar a um acordo. As mesmas evidências vão conservar seus sentidos opostos.
Presumo ter conseguido demonstrar que entendo mais de futebol do que vocês supunham. Tudo bem, não me parece que entender de futebol seja uma falta assim tão grave. Alguns entendidos ainda têm salvação.
O que não pode é vocês me exigirem uma fantasia verde-amarela, é vocês esperarem de mim que saia gritando alucinado pelas ruas. Isso nunca fiz, jamais vou fazer. Jogue quem jogar, vou ter consciência de que não passa de um jogo. Posso até torcer, mas comedidamente, sem grandes expansões emocionais, porque é um jogo, não a salvação da lavoura. Se vocês me dissessem que do jogo depende a eliminação do analfabetismo, a diminuição da violência urbana, o fim da miséria e de outras mazelas sociais, então, meu amigo, acho que ninguém gritaria mais do que eu.
Ah, e não esqueçamos que no campo estão dois adversários. Não dois inimigos, como muitos órgãos da imprensa tentam nos fazer crer.
Por que tudo isso, agora? Sábado, dia 19 de maio, começou o longo e exaustivo Brasileirão. Aviões de Belém do Pará estarão riscando nosso céu cor de anil, eles, com suas turbinas barulhentas, para pousar em Porto Alegre. As vinte melhores (?) equipes brasileiras de futebol estarão voando nas asas da Panair, e algumas pessoas estarão tão preocupadas com o sobe e desce ‒ a zona do rebaixamento, a lista da Libertadores e outros assuntos semelhantes – que vão esquecer o dilema do povo grego, a mudança de rumo proposta por Hollande, o desaquecimento da economia brasileira, as ginásticas que teremos de fazer para não sermos atingidos pela crise econômica mundial, ou, pelo menos, para não sermos atingidos mortalmente.
Panis et circensis. 
Ah, Nero, Nero, que visão clara era a tua dos anseios populares.

Não somos mais os queridinhos. Ainda bem

Há cerca de dois anos e meio o Brasil era considerado o queridinho do mercado financeiro internacional: com a mais alta taxa de juros do mundo (mesmo com reduções sucessivas devido à crise mundial), apresentava crescimento econômico forte, principalmente em razão da elevação do consumo interno.
Há perspectivas interessantes para o setor produtivo nacional e internacional: o País possui um forte mercado interno, cada vez com mais resiliência. Foto: Daniel Teixeira/AE
Hoje o cenário mudou. Por uma razão muito simples: o investidor financeiro global naturalmente se retrai com a depreciação temporária do real e com a velocidade da queda de juros no Brasil. Basta observar que o índice MSCI do banco Morgan Stanley, que reúne ações do Brasil em dólares, caiu para o menor nível desde 2006, uma vez que investidores tiraram 869 milhões de dólares de fundos de ações do País desde o início do ano. O curioso disso tudo é que, mesmo com essa saída de capital e com a depreciação do real, a moeda brasileira continua sendo a maior sobrevalorizada do mundo.
Alguns mais afoitos podem afirmar que a redução dos juros da economia brasileira fez com que houvesse uma “fuga” de capitais. Podem estar equivocados.
Primeiro, os juros nominais e reais brasileiros, mesmo com as reduções consecutivas, ainda são os maiores do mundo. Por esse viés, não é interessante retirar o capital da terra brasilis.
Segundo, as mudanças políticas que estão ocorrendo na Europa e, por consequência, a ameaça da Grécia em romper os acordos estabelecidos fazem com que os aplicadores internacionais saiam do Brasil para, talvez, cobrir seus possíveis prejuízos e perder rentabilidade.
Nas perspectivas do mercado financeiro, estamos deixando de ser o queridinho, mas há perspectivas interessantes para o setor produtivo nacional e internacional. Vejam só: o País possui um forte mercado interno, cada vez com mais resiliência. Um dos fatores que levam a isso é a melhora na educação. Para se ter uma ideia, de acordo com o Ministério da Educação, em 2002, 467 mil pessoas terminaram o curso superior; em 2009, foram 959 mil.
Outro ponto interessante para se repensar o investimento no Brasil é que possuímos uma infraestrutura financeira e regulação dos mercados desenvolvidas o suficiente para que os investidores não precisem se preocupar com isso, o que representa um risco menor. Com as reduções na taxa básica de juros, há o desafio dos bancos de reduzir os investimentos em títulos públicos e aumentar a exposição ao crédito. Portanto, as empresas devem olhar para o mercado de capitais para se financiarem.
A decisão histórica da presidenta Dilma Rousseff em alterar o cálculo de rendimento da poupança pode ser interpretada como um sinal muito forte de que o governo está determinado a trazer o juro básico a níveis mais civilizados. Por consequência, a cultura brasileira de investimento, financiamento e poupança tendem e devem mudar. Queiram ou não, por conta da crise mundial, atrelada à determinação política do governo federal, parece que estamos iniciando novos tempos na economia brasileira…

Que tal pensarmos o próximo passo?

Desde o início do plano Real, a política fiscal sempre ficou subordinada a política monetária. Ou seja, sempre ocorreu um esforço brutal do governo federal para bancar as altas taxas de juros impostas na economia brasileira, haja vista a crise de 98-99, em que o governo federal chegou a praticar uma taxa de juros muito próxima a 60% ao ano.
A partir de então, a economia brasileira está envolta ao seguinte tripé: superavit primário, juros altos e câmbio valorizado, a justificativa maior para esse mecanismo econômico era o controle da inflação, que aterrorizou os lares brasileiros a partir do final da década de 70.
E é justamente nesse ponto que grande parte dos intelectuais, politólogos, economistas etc. concentraram-se em desvendar e resolver a dita cuja inflação. A maioria desses forçaram a discussão econômica pura e simplesmente em debelar um processo inflacionário, esquecendo-se das questões do desenvolvimento econômico, político e social de um país.
Portanto, o que a presidenta Dilma está mexendo é em uma das partes do tripé, que são os juros altos. Essa batalha não envolve só questões técnicas e econômicas; tem também um grande e forte viés politico, pois interfere na renda daqueles(as) que não pretendem em hipótese alguma passar pelas agruras da produção.
Neste sentido, se os juros estão despencando, não há uma justificativa mais contundente para manter o superavit primário do vulto que foi esse último quadrimestre, de R$ 45,02 bilhões, correspondeu a 3,31% do PIB e representou 46,5% da meta de superávit consolidado do ano. Um desempenho acima do necessário.
Na verdade, desde 1996 o encilhamento financeiro do setor público brasileiro resultou em desembolsos a título de juros correspondentes a cerca de 7% do PIB, com exceção do ano de 1997, quando essa proporção caiu para 5%. As políticas cambial e monetária não só imobilizaram a política fiscal como implicaram a transferência de parcelas crescentes de juros para os rentistas, deteriorando a distribuição da renda nacional (os 10% mais ricos da população absorvem 44% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres ficam com apenas 1%).
Na década de 90 o Estado não saiu de cena, apenas mudou de lado: antes preocupava-se em desenvolver um capitalismo industrial, e então sua prioridade passou a ser o capital financeiro, algo que a presidenta Dilma está enfrentando bravamente. Entretanto, para repensar a tese de desenvolvimento brasileiro é mais do que urgente pensar a política fiscal não somente nos seus gastos de manutenção da máquina pública, como também em investimentos públicos. Ou seja, é possível e necessário enfrentar uma outra parte do tripé, a política fiscal, particularmente a redução do superavit fiscal.
Pensar em desenvolvimento, refere-se a um processo de transformação, que engloba o conjunto de uma sociedade. Para tanto, basta observarmos e cumprirmos a Constituição Federal. Além do que, essas transformações deverão estar ligadas à introdução de métodos produtivos mais eficazes e deverá se manifestar na forma de aumento de fluxos de bens e serviços finais à disposição da coletividade. E, felizmente, ou infelizmente, historicamente, ao menos no caso brasileiro, é praticamente impossível pensar e/ou imaginar o desenvolvimento sem o Estado.

Qualquer semelhança não é mera coincidência

Em 2011, a crise financeira explodiu na Europa. A crise da Europa é uma crise de desconfiança na capacidade de governos honrarem as suas dívidas. A dívida dos países europeus já havia aumentado em 2009 porque o setor público teve que “estatizar” a dívida privada do seu sistema financeiro: bancos europeus emprestaram aos bancos americanos envolvidos nas operações subprime e não viram o seu dinheiro de volta.
Irritados com pouca influência no FMI e Banco Mundial, entre outras agências, apesar das extensas reservas financeiras, países em desenvolvimento discutem criação de entidade para financiar exclusivamente seus projetos. Foto: 401K/Flickr

Ao mesmo tempo, famílias europeias vinham se endividando para alcançar um modelo de consumo assemelhado ao “American way of life”(o modo de vida americano pré-crise, onde felicidade era sinônimo de consumo de bens de última geração). Então, os bancos europeus, desregulados, passaram a financiar casas e automóveis de luxo. A Europa se transformou em Eurolândia, onde “comprar e ter” passaram a ser mais importantes do que “viver e não ter vergonha de ser feliz” (Gonzaguina). Portugueses pobres e negros passaram a valorizar e a usar Nike. Carros Porsche, Audi, Mercedes, BMW e Volvo de alto luxo se tornaram comuns nas ruas da Europa.
Para financiar o consumo da periferia europeia, bancos se endividavam junto a outros bancos. Endividamento que fazia seus lucros aumentarem. E, muitos governos europeus fizeram dívidas dentro da própria Europa para tentar pagar suas contas comerciais com o exterior, devido à elevada importação que faziam. Governos da periferia, por exemplo, se endividaram para comprar produtos bélicos sofisticados da Alemanha e da França. A Alemanha incentivou esse processo onde bancos assumiam uma postura arriscada e pessoas e governos se endividavam. Lógico: 2/3 das suas exportações vão para a região da União Europeia.
A crise se espalhou por toda a Europa. Tudo começou na Grécia; mas, hoje, o mundo já reconhece as dificuldades da Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, França… . Com fama de “bombeiro”, o FMI chegou à Europa e foi recebido pelos anfitriões Banco Central Europeu e a União Europeia. Formaram o bando chamado Troika. A fórmula que a Troika propõe, hoje, aos países europeus já foi adotada, sob as orientações do FMI, em diversos países da América Latina nos anos 1990 – por exemplo, no Equador e Argentina. São dois casos que mereciam ser conhecidos pelos europeus.
Aviso aos navegantes europeus: na América do Sul, o FMI provocou desemprego, miséria e helicóptero (helicóptero???). Aos trabalhadores e pobres, ofereceu o desemprego e a miséria. Aos governantes, ofereceu um helicóptero… (helicóptero???).
Merkel, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (E) e Sarkozy em encontro anterior em Bruxelas. Foto: Eric Feferberg/AFP
O Equador e a Argentina seguiram o receituário do Consenso de Washington imposto pelo FMI. Privatizaram suas empresas públicas, abriram seus mercados aos países industrializados, cortaram gastos sociais, promoveram demissão de funcionários públicos, reduziram direitos dos trabalhadores e deram liberdade a seus mercados financeiros. Mas, mais do que isso foi feito. Avaliavam que países de segunda categoria não tinham condições de ter moeda própria. Eram considerados, por natureza, irresponsáveis. Seria mais adequado que utilizassem a moeda americana, o dólar.
O Equador, no ano de 2000, substituiu a sua moeda, o sucre, pelo dólar. Lá, tudo é comprado ou vendido com dólares americanos. Na Argentina, houve um processo semelhante. A Argentina não extinguiu a sua moeda. Mas, a partir de 1º de janeiro de 1992, somente poderia circular o “peso argentino conversível”, isto é, para cada peso existente na economia deveria existir um dólar em posse do Banco Central da Argentina.
Mais pesos somente poderiam circular na economia se mais dólares estivessem nos cofres do Banco Central argentino. Para dar credibilidade ao chamado “Plano de Conversibilidade”, a taxa de câmbio de 1 peso para 1 dólar americano foi escrita na Constituição do país. Assim, a Argentina se dolarizou plenamente, tal como o Equador. Ambos os países perderam a capacidade, portanto, de emitir suas próprias moedas (qualquer semelhança da Europa, de hoje, com a América do Sul, dos anos 1990 e início dos anos 2000, não é mera coincidência).
O resultado de estabilidade e prosperidade prometido pelo FMI para a Argentina e o Equador não passou de propaganda enganosa. O presidente Carlos Menem governou a Argentina de 1989 a 1999. Era o garoto propaganda da peça publicitária pregada pelo FMI. Contudo, deixou um país em crise, endividado, com o patrimônio público dilapidado e com alto índice de desemprego e pobreza.
Em 1999, assumiu a presidência Fernando de La Rua, que resolveu aplicar o receituário do FMI para solucionar crises: cortar gastos públicos nas áreas sociais, aumentar impostos e promover arrocho salarial ao funcionalismo público. Não obteve sucesso. O povo argentino foi para as ruas com o sentimento de “tolerância zero” às medidas orientadas pelo FMI… e De La Rua foi obrigado a renunciar no dia 20 de dezembro de 2000. Fugiu da sede do governo, a Casa Rosada, de helicóptero.
Militantes protestam contra medidas dos governos diante da crise. Foto: Pascal Guyot/AFP
Todos os acontecimentos argentinos se repetiram no Equador. Em 20 de abril de 2005, o presidente foi destituído. O cenário não era mais a Casa Rosada; mas, sim, o Palácio Carondelet. Até o meio de transporte utilizado para a fuga foi o mesmo. Apenas o nome do passageiro do helicóptero era outro: presidente Lucio Gutiérrez.
A fórmula da Troika é conhecida por países sul-americanos. Assim, um alerta aos navegantes europeus deve ser deixado: depois da sequência de aventuras econômicas e financeiras para reduzir o déficit público, ao povo é oferecido desemprego, miséria e sofrimento.
Em paralelo, as revoltas populares se sucedem de forma incontrolável, até que se transformam em crise política e de governabilidade. Quando a situação se torna insustentável para todos, o FMI oferece “resgate de helicóptero” como prêmio de fidelidade ideológica a governantes desmoralizados.

Ovo da serpente

O Brasil levou mais uma punição da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O Estado brasileiro reconheceu a responsabilidade “pela violação dos direitos à vida e à segurança da pessoa” no caso da morte do cadete Márcio Lapoente, em 1990, durante curso de formação de oficiais na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
Há inúmeras mortes como essa nos quartéis brasileiros. São ocultadas pela inoperência, ou cumplicidade, do Ministério Público Militar, ou por influência dos generais que, mesmo na democracia, se julgam acima das leis.
Meia linha do acordo entre a CIDH e o Brasil exibe o ovo da serpente: “Prevenir ventuais novas violações”. Independentemente do resultado de uma ação judicial da familia do cadete em busca de reparação por danos morais e materiais nos organismos internacionais, o Exército terá de fixar uma placa na Aman “alusiva ao evento”.
A fronteira entre certos treinamentos militares e maus-tratos é tênue e leva a pensar sobre a distância que separa esses maus-tratos de torturas.
Vitória de Dilma. A eleição de Roberto Caldas indica a postura antitortura da presidenta. Foto: Glaucio Dettmar
Bom sinal
O advogado Roberto Caldas foi eleito juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Obteve 19 votos em sessão da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Cochabamba, na Bolívia. Derrotou o candidato mexicano por um voto.
O governo brasileiro jogou na disputa o peso do prestígio internacional que o País tem hoje. E essa vitória suada é muito mais importante do que parece.
Caldas participa das decisões da CIDH desde 2008. Como representante do Brasil, ad hoc, votou pela anulação da Leida Anistia, em 2010. Assim Dilma sinaliza a posição pessoal dela contra a impunidade de torturadores.
Aos fatos
Venceram a queda de braço os que queriam a antecipação do julgamento do processo do chamado “mensalão”. Tudo será feito às vésperas da eleição municipal e, como se supõe, o PT será prejudicado. Que assim seja se houver provas que sustentem a punição.
Enterro do linchamento
O senador Pedro Taques (PDT-MT) deixou uma marca no comportamento do CPMI do  Cachoeira válida, também, para as futuras comissões parlamentares. Evitou o linchamento moral, transmitido ao vivo pela tevê, tentado pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE) contra o senador Demóstenes Torres.
Em 2005, o petista Luiz Gushiken foi o único a reagir ao desrespeito da oposição quando depunha na CPI dos Correios. Taques não defendeu Demóstenes, defendeu um princípio.
Sumiço
Às vésperas da reunião Rio+20, os cariocas dão falta na cidade do general José Elito,  ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.
Há quem diga que, em razão de a área de realização do evento, a Barra da Tijuca, ter sido entregue ao controle da ONU, Elito aproveitou para tirar férias. Será?
Santa(?) Lúcia
A Polícia Federal vai investigar o Hospital Santa Lúcia, de Brasília, com base em decisão da Procuradoria da República apontando indícios de fraudes nas informações prestadas ao  Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, do Ministério da Saúde.
As informações falsas podem esconder trabalho precário e jornadas ilegais, que comprometem a qualidade do serviço prestado. Além disso, há suspeita de sonegação de impostos. Provavelmente, as mesmas irregularidades existem em outros estados.
Compra e…
Finalmente, alguém falou na CPI do Cachoeira. A proeza foi alcançada com o empresário Walter Paulo Santiago, comprador da casa do governador Marconi Perillo, de Goiás.
Perillo diz que recebeu em cheque. Santiago diz que pagou em dinheiro vivo: 1,4 milhão de reais pelo imóvel e mais 100 mil aos intermediários, em notas de 50 e 100 reais, conseguidos “por empréstimo de banco ou qualquer lugar que só o contador da firma pode explicar”.
“Pacotinhos, coisica, colocada numa capanga”, entregue aos “representantes diretos” do governador.
…venda
Santiago aproveitou a audiência e botou a casa à venda.
Eis um trecho curioso das atentas anotações feitas pelo deputado Chico Alencar (PSOL), que passou quase em branco da fala do depoente: “Não quero mais ficar com ela, que, aliás, não é minha, pois só tem dado dor de cabeça. Por 1,8 milhão de reais eu vendo, para ter um  lucrinho”.

A Santa Sé em apuros


Bento XVI acena para peregrinos em cerimônia no Vaticano em 10 de junho. Foto: Vincenzo Pinto: AFP
Bento XVI acena para peregrinos em cerimônia no Vaticano em 10 de junho. Foto: Vincenzo Pinto: AFP
“Não se pode dirigir a Igreja apenas com Ave-Maria.” Nada santa, essa frase saiu da boca do falecido arcebispo Paul Casimir Marcinkus, responsável pela gestão, a partir de 1971, do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido mundialmente como Banco Vaticano. Marcinkus, responsável por um dos maiores escândalos da história da Igreja, transformou o Banco Vaticano numa lavanderia de dinheiro sujo e, para tal tarefa, à disposição de políticos poderosos, empresários potentes, maçons influentes da Loja P2, cardeais endinheirados e chefões das máfias siciliana e norte-americana. Para isso, Marcinkus, do Banco Vaticano, uniu-se a Michele Sindona, da Banca Privata Italiana e apelidado de “banqueiro da Máfia”, e a Roberto Calvi, do Banco Ambrosiano e apelidado de “banqueiro de Deus”.
A aliança resultou em quebradeiras de bancos e num inédito, vultoso e silencioso prejuízo para a Santa Sé. Esse rombo financeiro levou à busca de novas fontes de arrecadação e inventou-se um extraordinário Ano Santo em 1983: o ano jubilar, nascido em 1300, era feito a cada 25 anos e o último havia ocorrido em 1975.
Apesar dos pesares, Marcinkus manteve-se à frente do Banco Vaticano até 1989. Ele sobreviveu no cargo depois do (1) misterioso envenenamento de Sindona (1986), na cadeia e após sorver, sem saber, uma taça de café com cianureto, e do (2) assassinato de Calvi (1982), com enforcamento simulado na emblemática ponte londrina dos Frades Negros.
Pela falta de autópsia e sem acreditar no atestado de parada cardíaca, muitos ligaram a morte do papa Luciani (João Paulo I), ocorrida em setembro de 1978, ao IOR, que ele avisou que iria enquadrar no seu pontificado. Luciani, homem de fé e inconteste retidão moral, não tinha, quando patriarca de Veneza, concordado com a venda do Banco Católico do Vêneto para o Ambrosiano, de Calvi, e numa manobra de Marcinkus.
Muito se falou sobre a permanência de Marcinkus no IOR e no pontificado do papa Wojtyla (João Paulo II). Mas, como sabem até as colunas de Bernini que abraçam a Praça de São Pedro, do caixa do IOR, com o nihil obstat de Marcinkus, saíram 100 milhões de dólares para a federação sindical polonesa Solidarnosc (Solidariedade), dirigida por Lech Walesa, um ponta- de-lança do papa Wojtyla na cruzada pelo fim do comunismo.
No pós-Marcinkus, e como escreveu Gianluigi Nuzzi no best seller Vaticano S/A, surgiu um novo e sofisticado sistema de contas cifradas tendo como artífice o cardeal Donato de Bonis: “Contas cifradas de banqueiros, empresários e políticos de ponta”.
Para salvar o IOR das chamas do inferno e cuidar de um patrimônio líquido avaliado em 5 bilhões de euros, o papa Bento XVI confiou a sua presidência, em setembro de 2009, ao financista católico e docente universitário Ettore Gotti Tedeschi. A meta de Gotti Tedeschi era adotar as normas antirreciclagem da União Europeia, mas sucumbiu às resistências, à força do Conselho de Administração e ao inimigo Tarcisio Bertone, secretário de Estado desde 2008, carreira grudada à batina de Ratzinger, e acusação de encobrir, para evitar escândalos na Igreja, casos de clérigos pedófilos.
Em fevereiro passado, o IOR complicou-se com o sequestro, pela Magistratura italiana, de 23 milhões de euros. Tudo por suspeita de lavagem em bancos italianos e em operações proibidas pelas normas antirreciclagem da União Europeia. No mesmo dia da prisão do mordomo do papa por posse proibida de documentos secretos e por suspeita de promover a fuga de notícias, houve a suspensão de Gotti Tedeschi à frente do IOR e sua substituição pelo brasileiro Ronaldo Hermann Schmitz, -nascido em Porto Alegre.
A suspensão não foi engolida por alguns membros da Comissão Cardinalícia de Vigilância do IOR e um braço de ferro está sendo travado com o cardeal Bertone, que preside a referida Comissão. Por seu turno, Gotti Tedeschi, com uma vida de serviços de católico prestados no Vaticano, espera por uma conversa com Ratzinger e já se fala que assumirá outro cargo de prestígio.
O caso do ex-mordono Paolo Gabriele, que por colaborar poderá obter o perdão do papa, serviu para deixar em segundo plano o caso do IOR. Como dizem que o diabo não dorme, um novo foco de incêndio esquenta o Vaticano e se refere aos sequestros, em 1983 e quando tinham 15 anos, de Emanuela Orlandi e Mirella Gregori, a primeira nascida e então residente no Vaticano. Elas continuam desaparecidas e o mais novo filão investigativo aponta para clérigos pedófilos. Isso a partir de depoimento do arcebispo Bernard Law, defenestrado de Boston por não denunciar padres pedófilos.
Os desaparecimentos serão tema de uma próxima coluna. Por enquanto, fica a lembrança que os magistrados italianos (estão no caso porque Mirella é italiana e foi sequestrada em Roma) não abandonaram outra pista. Ou seja, de os sequestros estarem relacionados às operações de reciclagem do IOR.

Como avaliar países

Periodicamente são divulgados índices de competitividade da economia brasileira, em geral em má colocação. Um deles é do Fórum Econômico Mundial; o outro, do World Competitive Scoreboard do Instituto Internacional de Desenvolvimento da Gestão. Ambos são sediados em Genebra e com enorme poder de marketing: seus resultados têm repercussão mundial.
Ambos são baseados em critérios desenvolvidos por Michael Porter, o notável economista norte-americano que, nos anos 80, lançou as bases dos estudos sobre competitividade entre países.
Ambos os índices s baseiam na metodologia do diamante de Porter: levam em consideração fatores físicos, condição de fatores, de demanda e indústrias relacionadas.
Não há diferenciação entre países. Em países autoritários, por exemplo, é muito menor a liberdade para empresários ou advogados externarem suas críticas ao país e governantes. Assim é difícil colocar na mesma métrica países como Brasil, Alemanha, Suécia, Singapura, Emirados Árabes etc.
Além disso, as avaliações são estáticas, colhidas em curto espaço de tempo. Não há intertemporalidade, não levando em conta nem dados passados, nem futuros, nem incrementais.
Por exemplo, uma economia com melhores significativas teria que ter peso relevante. Mas não existe ponderação em relação a isso.
No Fórum, há ponderações diferenciadas para alguns fatores. No caso de países menos desenvolvidos, leva-se em conta mão de obra, recursos naturais. Mas na essência são muito parecidos. Não consideram distribuição de renda, inclusão social, sustentabilidade, consumo de energia, qualidade dos recursos naturais, sequer os passivos ambientais.
No último trabalho do IND, na semana passada, o Brasil caiu 2 posições em relação a 2011: de44 para 46a . China caiu de 19 para 23o, Índia de 32 para 35o , África do Sul em 52o para 50o  indicando uma volatilidade excessiva.
Outro ponto que chama a atenção é países como Kwait, Qatar, Emirados Árabes sempre na frente do Brasil, mesmo tendo uma economia restrita, ser dependente do petróleo, não dispor de proteção trabalhista. Os índices não levam em conta a questão da inovação, dos avanços tecnológicos
Desde 2009, a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), mais um conjunto de 35 países, decidiram participar da Federação Global dos Conselhos de Competitividade (Global Federation of Competitiveness Councils – GFCC). Essa organização congrega “conselhos de competitividade” de países. Conta com 15 países membro integrar e 35 participantes de sua rede total.
A primeira reunião da GFCC foi em Washington; a segunda em Porto Alegre, em novembro do ano passado, com a participação de representantes de 15 países.
O primeiro desafio da GFCC foi construir um novo conjunto de métricas de competitividade que refletissem as diferenças e potencialidade dos países, suas agendas de crescimento e desenvolvimento.
A GFCC decidiu discutir novas métricas, ampliando os conceitos de Porter.
A primeira proposta foi do Conselho Presidencial da Competitividade Nacional, da Coréia do Sul, desenvolvida por professores da Seoul University, que fundaram e coordenam o Industrial Policy Research institute (IPS).
Os novos fundamentos
De sua parte, a ABDI analisou o índice para o Brasil e apresentou um diagnóstico que foi debatido com os pesquisadores coreanos em Seul durante uma semana, no final de outubro de 2011. Em seguida, os diferentes conselhos apresentaram seus trabalhos na reunião de Porto Alegre. A decisão final foi, em vez de um único índice, desenvolver um painel de métricas (scoreboard), ampliando os conceitos do “diamante”, de Porter.
A razão das mudanças
Essa escolha se deve aos seguintes aspectos. 1) A construção de um índice tem problemas metodológicos intrínsecos. Por exemplo: como compatibilizar em um mesmo número taxa de alfabetização e crescimento do PIB per capita?  2) É difícil capturar em um único índice as realidades dos diferentes países participantes. Por exemplo: há como comparar diretamente os Emirados Árabes Unidos e a Rússia?
Porque scoreboard
O painel de indicadores permitirá que países com características distintas (e estratégias de desenvolvimento distintas) possam melhor comparar seu desempenho com outras nações. A ABDI trabalhará no desenvolvimento da metodologia conceitual do painel junto com o MBC. Será montado um grupo de governança para a condução dos trabalhos. O mesmo está ocorrendo com os temas levantados na reunião de Dublin.
A corrida para o topo
Muitas vezes a ideia da competitividade está associada à precarização da qualidade de vida e do trabalho. A ideia central do novo modelo será, ao invés de procurar economias de custos mais baixos, buscar a construção de economias e países mais prósperos. Em vez de uma “corrida para custos mais baixos”, “uma corrida para o topo”, segundo o executivo do conselho de competitividade da Irlanda.
A reunião de Seul
Em 24 de maio passado, finalmente, uma reunião técnica na Irlanda ajudou a afinar as métricas de competitividade da GFCC. Pela ABDI, foram o Chefe de Gabinete (Otavio Camargo), o Gerente de Assuntos Internacionais (Roberto Alvarez) e um professor da USP (Mario Salerno).
A ABDI propôs analisar os países de acordo com oito dimensões, cada qual medida por um conjunto de métricas.
As métricas
São as seguintes métricas: 1. Desempenho geral; 2. Complexidade econômica; 3. Infraestrutura; 4. Recursos humanos (talento); 5. Capital (financiamento); 6. Inovação; 7. Qualidade de vida; 5. Crescimento futuro.
Discutiram-se também princípios que deverão pautar as análises: Considerar indicadores estáticos e dinâmicos; indicadores ex-ante e ex-post; Indicadores da economia como um todo e micro; ênfase em dados duros (hard data); Segmentar os países conforme tamanho.