segunda-feira, 11 de junho de 2012

Censura do PSDB leva à renúncia coletiva na Biblioteca Nacional

Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) não mostra!



Os dez membros do conselho editorial da Revista de História, publicada pela Biblioteca Nacional, anunciaram nesta segunda-feira (11) que renunciam aos seus cargos. O pedido foi anunciado em uma carta assinada pelos dez intelectuais, entre professores e escritores, que compunham o colegiado.

Nomes como Alberto da Costa e Silva, membro da Academia Brasileira de Letras, Lília Moritz Schwarcz, professora da USP e Ronaldo Vainfas, professor da Universidade Federal Fluminense, alegaram conflitos com Jean-Louis de Lacerda Soares, presidente da Sabin (Sociedade dos Amigos da Biblioteca Nacional) que gere os recursos que permitem publicar a revista.

As rusgas entre o conselho e a presidência da sociedade vêm sendo expostas desde a demissão do editor Luciano Figueiredo, supostamente (?) por retaliação política.

Os conselheiros já haviam ameaçado renunciar após a Sabin demitir Figueiredo "por razões administrativas internas" não especificadas, sem consultar o conselho.

Semanas antes, o então editor havia demitido o jornalista Celso de Castro Barbosa após divergências relacionadas a uma resenha escrita por ele sobre o livro "A Privataria Tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr., publicada no site da revista.

Em um de seus trechos, a resenha diz que o livro joga "uma pá de cal na aura de honestidade de certos tucanos". Em outro, afirma que José Serra "é quem tem a imagem mais chamuscada, para não dizer estorricada, ao fim da 'Privataria Tucana'".

O texto gerou protestos públicos do PSDB e foi tirado do ar, mas, segundo a Sabin, nem a demissão de Castro Barbosa por Figueiredo nem a deste pela sociedade tiveram qualquer componente de pressão política (faz-me rir...).
 

Sintonia Fina

Gosto é gosto

Mas quem foi que disse que eu não gosto de futebol? Quantas vezes fiquei, no domingo à tarde, na frente da televisão para ver um bom jogo de futebol?! Gosto dos lances muitas vezes caóticos do futebol, dos dribles inesperados, dos lances inteligentes, mas gosto também da velocidade, do domínio da bola, das belas e cinematográficas defesas, do sentido de conjunto que é próprio de um esporte coletivo. Gosto, sempre gostei. Quando criança, fiz uma escolha como toda criança faz: movido por alguma razão que nos foge, que não somos capazes de explicar. Pelo menos quando não se tem um pai que dá inteira liberdade de escolha ao filho, comprando camisetas de seu clube, comprando uma bola com suas cores, levando-o ao estádio apenas quando seu time joga. Pois eu, literalmente, não tive um pai assim. Ele detestava futebol, e torcer, lá em casa, era coisa que se fazia meio clandestinamente. Não me lembro como foi, só sei que um dia eu disse: torço para o meu time. E permaneço fiel àquela escolha até hoje. Sou torcedor.
Foto: Alexandre Machado
O que me parece incompreensível é que o mesmo lance que vale para grandes clubes, não valha para pequenos. Você sabe do que estou falando. Se o clube é pequeno, o jogador estava na banheira. Se é grande, estava na mesma linha. Ou no momento do lançamento … Mas isso quando se trata de comentaristas de futebol. Existe um deles, que transmite jogos e que torce tão desavergonhadamente que ninguém mais lhe dá crédito. E por uma razão muito simples: qualquer torcedor de A vê tudo ao contrário do que vê o torcedor de B quando ambos se confrontam. O primeiro diz que foi pênalti; o segundo jura por todos os santos brasileiros e estrangeiros que o juiz roubou. E não adianta discutir: nunca vão chegar a um acordo. As mesmas evidências vão conservar seus sentidos opostos.
Presumo ter conseguido demonstrar que entendo mais de futebol do que vocês supunham. Tudo bem, não me parece que entender de futebol seja uma falta assim tão grave. Alguns entendidos ainda têm salvação.
O que não pode é vocês me exigirem uma fantasia verde-amarela, é vocês esperarem de mim que saia gritando alucinado pelas ruas. Isso nunca fiz, jamais vou fazer. Jogue quem jogar, vou ter consciência de que não passa de um jogo. Posso até torcer, mas comedidamente, sem grandes expansões emocionais, porque é um jogo, não a salvação da lavoura. Se vocês me dissessem que do jogo depende a eliminação do analfabetismo, a diminuição da violência urbana, o fim da miséria e de outras mazelas sociais, então, meu amigo, acho que ninguém gritaria mais do que eu.
Ah, e não esqueçamos que no campo estão dois adversários. Não dois inimigos, como muitos órgãos da imprensa tentam nos fazer crer.
Por que tudo isso, agora? Sábado, dia 19 de maio, começou o longo e exaustivo Brasileirão. Aviões de Belém do Pará estarão riscando nosso céu cor de anil, eles, com suas turbinas barulhentas, para pousar em Porto Alegre. As vinte melhores (?) equipes brasileiras de futebol estarão voando nas asas da Panair, e algumas pessoas estarão tão preocupadas com o sobe e desce ‒ a zona do rebaixamento, a lista da Libertadores e outros assuntos semelhantes – que vão esquecer o dilema do povo grego, a mudança de rumo proposta por Hollande, o desaquecimento da economia brasileira, as ginásticas que teremos de fazer para não sermos atingidos pela crise econômica mundial, ou, pelo menos, para não sermos atingidos mortalmente.
Panis et circensis. 
Ah, Nero, Nero, que visão clara era a tua dos anseios populares.

Não somos mais os queridinhos. Ainda bem

Há cerca de dois anos e meio o Brasil era considerado o queridinho do mercado financeiro internacional: com a mais alta taxa de juros do mundo (mesmo com reduções sucessivas devido à crise mundial), apresentava crescimento econômico forte, principalmente em razão da elevação do consumo interno.
Há perspectivas interessantes para o setor produtivo nacional e internacional: o País possui um forte mercado interno, cada vez com mais resiliência. Foto: Daniel Teixeira/AE
Hoje o cenário mudou. Por uma razão muito simples: o investidor financeiro global naturalmente se retrai com a depreciação temporária do real e com a velocidade da queda de juros no Brasil. Basta observar que o índice MSCI do banco Morgan Stanley, que reúne ações do Brasil em dólares, caiu para o menor nível desde 2006, uma vez que investidores tiraram 869 milhões de dólares de fundos de ações do País desde o início do ano. O curioso disso tudo é que, mesmo com essa saída de capital e com a depreciação do real, a moeda brasileira continua sendo a maior sobrevalorizada do mundo.
Alguns mais afoitos podem afirmar que a redução dos juros da economia brasileira fez com que houvesse uma “fuga” de capitais. Podem estar equivocados.
Primeiro, os juros nominais e reais brasileiros, mesmo com as reduções consecutivas, ainda são os maiores do mundo. Por esse viés, não é interessante retirar o capital da terra brasilis.
Segundo, as mudanças políticas que estão ocorrendo na Europa e, por consequência, a ameaça da Grécia em romper os acordos estabelecidos fazem com que os aplicadores internacionais saiam do Brasil para, talvez, cobrir seus possíveis prejuízos e perder rentabilidade.
Nas perspectivas do mercado financeiro, estamos deixando de ser o queridinho, mas há perspectivas interessantes para o setor produtivo nacional e internacional. Vejam só: o País possui um forte mercado interno, cada vez com mais resiliência. Um dos fatores que levam a isso é a melhora na educação. Para se ter uma ideia, de acordo com o Ministério da Educação, em 2002, 467 mil pessoas terminaram o curso superior; em 2009, foram 959 mil.
Outro ponto interessante para se repensar o investimento no Brasil é que possuímos uma infraestrutura financeira e regulação dos mercados desenvolvidas o suficiente para que os investidores não precisem se preocupar com isso, o que representa um risco menor. Com as reduções na taxa básica de juros, há o desafio dos bancos de reduzir os investimentos em títulos públicos e aumentar a exposição ao crédito. Portanto, as empresas devem olhar para o mercado de capitais para se financiarem.
A decisão histórica da presidenta Dilma Rousseff em alterar o cálculo de rendimento da poupança pode ser interpretada como um sinal muito forte de que o governo está determinado a trazer o juro básico a níveis mais civilizados. Por consequência, a cultura brasileira de investimento, financiamento e poupança tendem e devem mudar. Queiram ou não, por conta da crise mundial, atrelada à determinação política do governo federal, parece que estamos iniciando novos tempos na economia brasileira…

Que tal pensarmos o próximo passo?

Desde o início do plano Real, a política fiscal sempre ficou subordinada a política monetária. Ou seja, sempre ocorreu um esforço brutal do governo federal para bancar as altas taxas de juros impostas na economia brasileira, haja vista a crise de 98-99, em que o governo federal chegou a praticar uma taxa de juros muito próxima a 60% ao ano.
A partir de então, a economia brasileira está envolta ao seguinte tripé: superavit primário, juros altos e câmbio valorizado, a justificativa maior para esse mecanismo econômico era o controle da inflação, que aterrorizou os lares brasileiros a partir do final da década de 70.
E é justamente nesse ponto que grande parte dos intelectuais, politólogos, economistas etc. concentraram-se em desvendar e resolver a dita cuja inflação. A maioria desses forçaram a discussão econômica pura e simplesmente em debelar um processo inflacionário, esquecendo-se das questões do desenvolvimento econômico, político e social de um país.
Portanto, o que a presidenta Dilma está mexendo é em uma das partes do tripé, que são os juros altos. Essa batalha não envolve só questões técnicas e econômicas; tem também um grande e forte viés politico, pois interfere na renda daqueles(as) que não pretendem em hipótese alguma passar pelas agruras da produção.
Neste sentido, se os juros estão despencando, não há uma justificativa mais contundente para manter o superavit primário do vulto que foi esse último quadrimestre, de R$ 45,02 bilhões, correspondeu a 3,31% do PIB e representou 46,5% da meta de superávit consolidado do ano. Um desempenho acima do necessário.
Na verdade, desde 1996 o encilhamento financeiro do setor público brasileiro resultou em desembolsos a título de juros correspondentes a cerca de 7% do PIB, com exceção do ano de 1997, quando essa proporção caiu para 5%. As políticas cambial e monetária não só imobilizaram a política fiscal como implicaram a transferência de parcelas crescentes de juros para os rentistas, deteriorando a distribuição da renda nacional (os 10% mais ricos da população absorvem 44% da renda nacional, enquanto os 10% mais pobres ficam com apenas 1%).
Na década de 90 o Estado não saiu de cena, apenas mudou de lado: antes preocupava-se em desenvolver um capitalismo industrial, e então sua prioridade passou a ser o capital financeiro, algo que a presidenta Dilma está enfrentando bravamente. Entretanto, para repensar a tese de desenvolvimento brasileiro é mais do que urgente pensar a política fiscal não somente nos seus gastos de manutenção da máquina pública, como também em investimentos públicos. Ou seja, é possível e necessário enfrentar uma outra parte do tripé, a política fiscal, particularmente a redução do superavit fiscal.
Pensar em desenvolvimento, refere-se a um processo de transformação, que engloba o conjunto de uma sociedade. Para tanto, basta observarmos e cumprirmos a Constituição Federal. Além do que, essas transformações deverão estar ligadas à introdução de métodos produtivos mais eficazes e deverá se manifestar na forma de aumento de fluxos de bens e serviços finais à disposição da coletividade. E, felizmente, ou infelizmente, historicamente, ao menos no caso brasileiro, é praticamente impossível pensar e/ou imaginar o desenvolvimento sem o Estado.

Qualquer semelhança não é mera coincidência

Em 2011, a crise financeira explodiu na Europa. A crise da Europa é uma crise de desconfiança na capacidade de governos honrarem as suas dívidas. A dívida dos países europeus já havia aumentado em 2009 porque o setor público teve que “estatizar” a dívida privada do seu sistema financeiro: bancos europeus emprestaram aos bancos americanos envolvidos nas operações subprime e não viram o seu dinheiro de volta.
Irritados com pouca influência no FMI e Banco Mundial, entre outras agências, apesar das extensas reservas financeiras, países em desenvolvimento discutem criação de entidade para financiar exclusivamente seus projetos. Foto: 401K/Flickr

Ao mesmo tempo, famílias europeias vinham se endividando para alcançar um modelo de consumo assemelhado ao “American way of life”(o modo de vida americano pré-crise, onde felicidade era sinônimo de consumo de bens de última geração). Então, os bancos europeus, desregulados, passaram a financiar casas e automóveis de luxo. A Europa se transformou em Eurolândia, onde “comprar e ter” passaram a ser mais importantes do que “viver e não ter vergonha de ser feliz” (Gonzaguina). Portugueses pobres e negros passaram a valorizar e a usar Nike. Carros Porsche, Audi, Mercedes, BMW e Volvo de alto luxo se tornaram comuns nas ruas da Europa.
Para financiar o consumo da periferia europeia, bancos se endividavam junto a outros bancos. Endividamento que fazia seus lucros aumentarem. E, muitos governos europeus fizeram dívidas dentro da própria Europa para tentar pagar suas contas comerciais com o exterior, devido à elevada importação que faziam. Governos da periferia, por exemplo, se endividaram para comprar produtos bélicos sofisticados da Alemanha e da França. A Alemanha incentivou esse processo onde bancos assumiam uma postura arriscada e pessoas e governos se endividavam. Lógico: 2/3 das suas exportações vão para a região da União Europeia.
A crise se espalhou por toda a Europa. Tudo começou na Grécia; mas, hoje, o mundo já reconhece as dificuldades da Irlanda, Portugal, Espanha, Itália, França… . Com fama de “bombeiro”, o FMI chegou à Europa e foi recebido pelos anfitriões Banco Central Europeu e a União Europeia. Formaram o bando chamado Troika. A fórmula que a Troika propõe, hoje, aos países europeus já foi adotada, sob as orientações do FMI, em diversos países da América Latina nos anos 1990 – por exemplo, no Equador e Argentina. São dois casos que mereciam ser conhecidos pelos europeus.
Aviso aos navegantes europeus: na América do Sul, o FMI provocou desemprego, miséria e helicóptero (helicóptero???). Aos trabalhadores e pobres, ofereceu o desemprego e a miséria. Aos governantes, ofereceu um helicóptero… (helicóptero???).
Merkel, a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde (E) e Sarkozy em encontro anterior em Bruxelas. Foto: Eric Feferberg/AFP
O Equador e a Argentina seguiram o receituário do Consenso de Washington imposto pelo FMI. Privatizaram suas empresas públicas, abriram seus mercados aos países industrializados, cortaram gastos sociais, promoveram demissão de funcionários públicos, reduziram direitos dos trabalhadores e deram liberdade a seus mercados financeiros. Mas, mais do que isso foi feito. Avaliavam que países de segunda categoria não tinham condições de ter moeda própria. Eram considerados, por natureza, irresponsáveis. Seria mais adequado que utilizassem a moeda americana, o dólar.
O Equador, no ano de 2000, substituiu a sua moeda, o sucre, pelo dólar. Lá, tudo é comprado ou vendido com dólares americanos. Na Argentina, houve um processo semelhante. A Argentina não extinguiu a sua moeda. Mas, a partir de 1º de janeiro de 1992, somente poderia circular o “peso argentino conversível”, isto é, para cada peso existente na economia deveria existir um dólar em posse do Banco Central da Argentina.
Mais pesos somente poderiam circular na economia se mais dólares estivessem nos cofres do Banco Central argentino. Para dar credibilidade ao chamado “Plano de Conversibilidade”, a taxa de câmbio de 1 peso para 1 dólar americano foi escrita na Constituição do país. Assim, a Argentina se dolarizou plenamente, tal como o Equador. Ambos os países perderam a capacidade, portanto, de emitir suas próprias moedas (qualquer semelhança da Europa, de hoje, com a América do Sul, dos anos 1990 e início dos anos 2000, não é mera coincidência).
O resultado de estabilidade e prosperidade prometido pelo FMI para a Argentina e o Equador não passou de propaganda enganosa. O presidente Carlos Menem governou a Argentina de 1989 a 1999. Era o garoto propaganda da peça publicitária pregada pelo FMI. Contudo, deixou um país em crise, endividado, com o patrimônio público dilapidado e com alto índice de desemprego e pobreza.
Em 1999, assumiu a presidência Fernando de La Rua, que resolveu aplicar o receituário do FMI para solucionar crises: cortar gastos públicos nas áreas sociais, aumentar impostos e promover arrocho salarial ao funcionalismo público. Não obteve sucesso. O povo argentino foi para as ruas com o sentimento de “tolerância zero” às medidas orientadas pelo FMI… e De La Rua foi obrigado a renunciar no dia 20 de dezembro de 2000. Fugiu da sede do governo, a Casa Rosada, de helicóptero.
Militantes protestam contra medidas dos governos diante da crise. Foto: Pascal Guyot/AFP
Todos os acontecimentos argentinos se repetiram no Equador. Em 20 de abril de 2005, o presidente foi destituído. O cenário não era mais a Casa Rosada; mas, sim, o Palácio Carondelet. Até o meio de transporte utilizado para a fuga foi o mesmo. Apenas o nome do passageiro do helicóptero era outro: presidente Lucio Gutiérrez.
A fórmula da Troika é conhecida por países sul-americanos. Assim, um alerta aos navegantes europeus deve ser deixado: depois da sequência de aventuras econômicas e financeiras para reduzir o déficit público, ao povo é oferecido desemprego, miséria e sofrimento.
Em paralelo, as revoltas populares se sucedem de forma incontrolável, até que se transformam em crise política e de governabilidade. Quando a situação se torna insustentável para todos, o FMI oferece “resgate de helicóptero” como prêmio de fidelidade ideológica a governantes desmoralizados.

Ovo da serpente

O Brasil levou mais uma punição da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA).
O Estado brasileiro reconheceu a responsabilidade “pela violação dos direitos à vida e à segurança da pessoa” no caso da morte do cadete Márcio Lapoente, em 1990, durante curso de formação de oficiais na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman).
Há inúmeras mortes como essa nos quartéis brasileiros. São ocultadas pela inoperência, ou cumplicidade, do Ministério Público Militar, ou por influência dos generais que, mesmo na democracia, se julgam acima das leis.
Meia linha do acordo entre a CIDH e o Brasil exibe o ovo da serpente: “Prevenir ventuais novas violações”. Independentemente do resultado de uma ação judicial da familia do cadete em busca de reparação por danos morais e materiais nos organismos internacionais, o Exército terá de fixar uma placa na Aman “alusiva ao evento”.
A fronteira entre certos treinamentos militares e maus-tratos é tênue e leva a pensar sobre a distância que separa esses maus-tratos de torturas.
Vitória de Dilma. A eleição de Roberto Caldas indica a postura antitortura da presidenta. Foto: Glaucio Dettmar
Bom sinal
O advogado Roberto Caldas foi eleito juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). Obteve 19 votos em sessão da Assembleia Geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), em Cochabamba, na Bolívia. Derrotou o candidato mexicano por um voto.
O governo brasileiro jogou na disputa o peso do prestígio internacional que o País tem hoje. E essa vitória suada é muito mais importante do que parece.
Caldas participa das decisões da CIDH desde 2008. Como representante do Brasil, ad hoc, votou pela anulação da Leida Anistia, em 2010. Assim Dilma sinaliza a posição pessoal dela contra a impunidade de torturadores.
Aos fatos
Venceram a queda de braço os que queriam a antecipação do julgamento do processo do chamado “mensalão”. Tudo será feito às vésperas da eleição municipal e, como se supõe, o PT será prejudicado. Que assim seja se houver provas que sustentem a punição.
Enterro do linchamento
O senador Pedro Taques (PDT-MT) deixou uma marca no comportamento do CPMI do  Cachoeira válida, também, para as futuras comissões parlamentares. Evitou o linchamento moral, transmitido ao vivo pela tevê, tentado pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE) contra o senador Demóstenes Torres.
Em 2005, o petista Luiz Gushiken foi o único a reagir ao desrespeito da oposição quando depunha na CPI dos Correios. Taques não defendeu Demóstenes, defendeu um princípio.
Sumiço
Às vésperas da reunião Rio+20, os cariocas dão falta na cidade do general José Elito,  ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência.
Há quem diga que, em razão de a área de realização do evento, a Barra da Tijuca, ter sido entregue ao controle da ONU, Elito aproveitou para tirar férias. Será?
Santa(?) Lúcia
A Polícia Federal vai investigar o Hospital Santa Lúcia, de Brasília, com base em decisão da Procuradoria da República apontando indícios de fraudes nas informações prestadas ao  Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, do Ministério da Saúde.
As informações falsas podem esconder trabalho precário e jornadas ilegais, que comprometem a qualidade do serviço prestado. Além disso, há suspeita de sonegação de impostos. Provavelmente, as mesmas irregularidades existem em outros estados.
Compra e…
Finalmente, alguém falou na CPI do Cachoeira. A proeza foi alcançada com o empresário Walter Paulo Santiago, comprador da casa do governador Marconi Perillo, de Goiás.
Perillo diz que recebeu em cheque. Santiago diz que pagou em dinheiro vivo: 1,4 milhão de reais pelo imóvel e mais 100 mil aos intermediários, em notas de 50 e 100 reais, conseguidos “por empréstimo de banco ou qualquer lugar que só o contador da firma pode explicar”.
“Pacotinhos, coisica, colocada numa capanga”, entregue aos “representantes diretos” do governador.
…venda
Santiago aproveitou a audiência e botou a casa à venda.
Eis um trecho curioso das atentas anotações feitas pelo deputado Chico Alencar (PSOL), que passou quase em branco da fala do depoente: “Não quero mais ficar com ela, que, aliás, não é minha, pois só tem dado dor de cabeça. Por 1,8 milhão de reais eu vendo, para ter um  lucrinho”.

A Santa Sé em apuros


Bento XVI acena para peregrinos em cerimônia no Vaticano em 10 de junho. Foto: Vincenzo Pinto: AFP
Bento XVI acena para peregrinos em cerimônia no Vaticano em 10 de junho. Foto: Vincenzo Pinto: AFP
“Não se pode dirigir a Igreja apenas com Ave-Maria.” Nada santa, essa frase saiu da boca do falecido arcebispo Paul Casimir Marcinkus, responsável pela gestão, a partir de 1971, do Instituto para as Obras Religiosas (IOR), conhecido mundialmente como Banco Vaticano. Marcinkus, responsável por um dos maiores escândalos da história da Igreja, transformou o Banco Vaticano numa lavanderia de dinheiro sujo e, para tal tarefa, à disposição de políticos poderosos, empresários potentes, maçons influentes da Loja P2, cardeais endinheirados e chefões das máfias siciliana e norte-americana. Para isso, Marcinkus, do Banco Vaticano, uniu-se a Michele Sindona, da Banca Privata Italiana e apelidado de “banqueiro da Máfia”, e a Roberto Calvi, do Banco Ambrosiano e apelidado de “banqueiro de Deus”.
A aliança resultou em quebradeiras de bancos e num inédito, vultoso e silencioso prejuízo para a Santa Sé. Esse rombo financeiro levou à busca de novas fontes de arrecadação e inventou-se um extraordinário Ano Santo em 1983: o ano jubilar, nascido em 1300, era feito a cada 25 anos e o último havia ocorrido em 1975.
Apesar dos pesares, Marcinkus manteve-se à frente do Banco Vaticano até 1989. Ele sobreviveu no cargo depois do (1) misterioso envenenamento de Sindona (1986), na cadeia e após sorver, sem saber, uma taça de café com cianureto, e do (2) assassinato de Calvi (1982), com enforcamento simulado na emblemática ponte londrina dos Frades Negros.
Pela falta de autópsia e sem acreditar no atestado de parada cardíaca, muitos ligaram a morte do papa Luciani (João Paulo I), ocorrida em setembro de 1978, ao IOR, que ele avisou que iria enquadrar no seu pontificado. Luciani, homem de fé e inconteste retidão moral, não tinha, quando patriarca de Veneza, concordado com a venda do Banco Católico do Vêneto para o Ambrosiano, de Calvi, e numa manobra de Marcinkus.
Muito se falou sobre a permanência de Marcinkus no IOR e no pontificado do papa Wojtyla (João Paulo II). Mas, como sabem até as colunas de Bernini que abraçam a Praça de São Pedro, do caixa do IOR, com o nihil obstat de Marcinkus, saíram 100 milhões de dólares para a federação sindical polonesa Solidarnosc (Solidariedade), dirigida por Lech Walesa, um ponta- de-lança do papa Wojtyla na cruzada pelo fim do comunismo.
No pós-Marcinkus, e como escreveu Gianluigi Nuzzi no best seller Vaticano S/A, surgiu um novo e sofisticado sistema de contas cifradas tendo como artífice o cardeal Donato de Bonis: “Contas cifradas de banqueiros, empresários e políticos de ponta”.
Para salvar o IOR das chamas do inferno e cuidar de um patrimônio líquido avaliado em 5 bilhões de euros, o papa Bento XVI confiou a sua presidência, em setembro de 2009, ao financista católico e docente universitário Ettore Gotti Tedeschi. A meta de Gotti Tedeschi era adotar as normas antirreciclagem da União Europeia, mas sucumbiu às resistências, à força do Conselho de Administração e ao inimigo Tarcisio Bertone, secretário de Estado desde 2008, carreira grudada à batina de Ratzinger, e acusação de encobrir, para evitar escândalos na Igreja, casos de clérigos pedófilos.
Em fevereiro passado, o IOR complicou-se com o sequestro, pela Magistratura italiana, de 23 milhões de euros. Tudo por suspeita de lavagem em bancos italianos e em operações proibidas pelas normas antirreciclagem da União Europeia. No mesmo dia da prisão do mordomo do papa por posse proibida de documentos secretos e por suspeita de promover a fuga de notícias, houve a suspensão de Gotti Tedeschi à frente do IOR e sua substituição pelo brasileiro Ronaldo Hermann Schmitz, -nascido em Porto Alegre.
A suspensão não foi engolida por alguns membros da Comissão Cardinalícia de Vigilância do IOR e um braço de ferro está sendo travado com o cardeal Bertone, que preside a referida Comissão. Por seu turno, Gotti Tedeschi, com uma vida de serviços de católico prestados no Vaticano, espera por uma conversa com Ratzinger e já se fala que assumirá outro cargo de prestígio.
O caso do ex-mordono Paolo Gabriele, que por colaborar poderá obter o perdão do papa, serviu para deixar em segundo plano o caso do IOR. Como dizem que o diabo não dorme, um novo foco de incêndio esquenta o Vaticano e se refere aos sequestros, em 1983 e quando tinham 15 anos, de Emanuela Orlandi e Mirella Gregori, a primeira nascida e então residente no Vaticano. Elas continuam desaparecidas e o mais novo filão investigativo aponta para clérigos pedófilos. Isso a partir de depoimento do arcebispo Bernard Law, defenestrado de Boston por não denunciar padres pedófilos.
Os desaparecimentos serão tema de uma próxima coluna. Por enquanto, fica a lembrança que os magistrados italianos (estão no caso porque Mirella é italiana e foi sequestrada em Roma) não abandonaram outra pista. Ou seja, de os sequestros estarem relacionados às operações de reciclagem do IOR.

Como avaliar países

Periodicamente são divulgados índices de competitividade da economia brasileira, em geral em má colocação. Um deles é do Fórum Econômico Mundial; o outro, do World Competitive Scoreboard do Instituto Internacional de Desenvolvimento da Gestão. Ambos são sediados em Genebra e com enorme poder de marketing: seus resultados têm repercussão mundial.
Ambos são baseados em critérios desenvolvidos por Michael Porter, o notável economista norte-americano que, nos anos 80, lançou as bases dos estudos sobre competitividade entre países.
Ambos os índices s baseiam na metodologia do diamante de Porter: levam em consideração fatores físicos, condição de fatores, de demanda e indústrias relacionadas.
Não há diferenciação entre países. Em países autoritários, por exemplo, é muito menor a liberdade para empresários ou advogados externarem suas críticas ao país e governantes. Assim é difícil colocar na mesma métrica países como Brasil, Alemanha, Suécia, Singapura, Emirados Árabes etc.
Além disso, as avaliações são estáticas, colhidas em curto espaço de tempo. Não há intertemporalidade, não levando em conta nem dados passados, nem futuros, nem incrementais.
Por exemplo, uma economia com melhores significativas teria que ter peso relevante. Mas não existe ponderação em relação a isso.
No Fórum, há ponderações diferenciadas para alguns fatores. No caso de países menos desenvolvidos, leva-se em conta mão de obra, recursos naturais. Mas na essência são muito parecidos. Não consideram distribuição de renda, inclusão social, sustentabilidade, consumo de energia, qualidade dos recursos naturais, sequer os passivos ambientais.
No último trabalho do IND, na semana passada, o Brasil caiu 2 posições em relação a 2011: de44 para 46a . China caiu de 19 para 23o, Índia de 32 para 35o , África do Sul em 52o para 50o  indicando uma volatilidade excessiva.
Outro ponto que chama a atenção é países como Kwait, Qatar, Emirados Árabes sempre na frente do Brasil, mesmo tendo uma economia restrita, ser dependente do petróleo, não dispor de proteção trabalhista. Os índices não levam em conta a questão da inovação, dos avanços tecnológicos
Desde 2009, a ABDI (Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial), mais um conjunto de 35 países, decidiram participar da Federação Global dos Conselhos de Competitividade (Global Federation of Competitiveness Councils – GFCC). Essa organização congrega “conselhos de competitividade” de países. Conta com 15 países membro integrar e 35 participantes de sua rede total.
A primeira reunião da GFCC foi em Washington; a segunda em Porto Alegre, em novembro do ano passado, com a participação de representantes de 15 países.
O primeiro desafio da GFCC foi construir um novo conjunto de métricas de competitividade que refletissem as diferenças e potencialidade dos países, suas agendas de crescimento e desenvolvimento.
A GFCC decidiu discutir novas métricas, ampliando os conceitos de Porter.
A primeira proposta foi do Conselho Presidencial da Competitividade Nacional, da Coréia do Sul, desenvolvida por professores da Seoul University, que fundaram e coordenam o Industrial Policy Research institute (IPS).
Os novos fundamentos
De sua parte, a ABDI analisou o índice para o Brasil e apresentou um diagnóstico que foi debatido com os pesquisadores coreanos em Seul durante uma semana, no final de outubro de 2011. Em seguida, os diferentes conselhos apresentaram seus trabalhos na reunião de Porto Alegre. A decisão final foi, em vez de um único índice, desenvolver um painel de métricas (scoreboard), ampliando os conceitos do “diamante”, de Porter.
A razão das mudanças
Essa escolha se deve aos seguintes aspectos. 1) A construção de um índice tem problemas metodológicos intrínsecos. Por exemplo: como compatibilizar em um mesmo número taxa de alfabetização e crescimento do PIB per capita?  2) É difícil capturar em um único índice as realidades dos diferentes países participantes. Por exemplo: há como comparar diretamente os Emirados Árabes Unidos e a Rússia?
Porque scoreboard
O painel de indicadores permitirá que países com características distintas (e estratégias de desenvolvimento distintas) possam melhor comparar seu desempenho com outras nações. A ABDI trabalhará no desenvolvimento da metodologia conceitual do painel junto com o MBC. Será montado um grupo de governança para a condução dos trabalhos. O mesmo está ocorrendo com os temas levantados na reunião de Dublin.
A corrida para o topo
Muitas vezes a ideia da competitividade está associada à precarização da qualidade de vida e do trabalho. A ideia central do novo modelo será, ao invés de procurar economias de custos mais baixos, buscar a construção de economias e países mais prósperos. Em vez de uma “corrida para custos mais baixos”, “uma corrida para o topo”, segundo o executivo do conselho de competitividade da Irlanda.
A reunião de Seul
Em 24 de maio passado, finalmente, uma reunião técnica na Irlanda ajudou a afinar as métricas de competitividade da GFCC. Pela ABDI, foram o Chefe de Gabinete (Otavio Camargo), o Gerente de Assuntos Internacionais (Roberto Alvarez) e um professor da USP (Mario Salerno).
A ABDI propôs analisar os países de acordo com oito dimensões, cada qual medida por um conjunto de métricas.
As métricas
São as seguintes métricas: 1. Desempenho geral; 2. Complexidade econômica; 3. Infraestrutura; 4. Recursos humanos (talento); 5. Capital (financiamento); 6. Inovação; 7. Qualidade de vida; 5. Crescimento futuro.
Discutiram-se também princípios que deverão pautar as análises: Considerar indicadores estáticos e dinâmicos; indicadores ex-ante e ex-post; Indicadores da economia como um todo e micro; ênfase em dados duros (hard data); Segmentar os países conforme tamanho.

Não será julgado o mensalão, mas José Dirceu

por Eduardo Guimaraes no blog Cidadania

A definição da data inicial do julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal teve um gostinho de vitória para as famílias Marinho, Civita, Frias e Mesquita, bem como para o PSDB e o DEM. A aliança entre esses impérios de comunicação e partidos políticos tateia, há quase uma década, em busca de um feitiço que lhe permita recuperar o poder perdido.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

PROVAS DOCUMENTAIS DO CAIXA DOIS TUCANO DE FURNAS


DOCUMENTO Nº DOIS
DOCUMENTO Nº TRES
DOCUMENTO Nº QUATRO
DOCUMENTO Nº CINCO
DOCUMENTO Nº SEIS
DOCUMENTO Nº SETE
CAIXA DOIS TUCANO DE FURNAS
Relação completa de todos os polítcos que fizeram campanha usando caixa dois de FURNAS.


TUCANODUTO?


*Quem é quem e quem recebeu quanto na lista do caixa dois de Furnas *

A "Lista de Furnas"

- documento sobre um suposto esquema de caixa dois nas eleições de 2002, cuja autenticidade está sob investigação da Polícia Federal - é essencialmente uma lista tucana.
Confira nos gráficos abaixo.

Os candidatos do PSDB teriam ficado com mais de dois terços (68,3%) dos R$39,9 milhões que teriam sido distribuidos a 156 políticos por empresas fornecedoras da última grande estatal do ramo elétrico. O PFL fica com um segundo lugar bem distante, 9,3%.

Mas, segundo a "Lista", o dinheiro do PSDB não teria sido distribuido por igual. O grosso foi para três candidatos, que disputavam os três cargos mais importantes do esquema eleitoral tucano em 2002: José Serra, que pleiteava a Presidência, Geraldo Alckmin, candidato a governador de São Paulo, e Aécio Neves, que concorreu ao governo de Minas. Os três, conforme a "Lista", triam ficado com mais da metade do dinheiro do esquema de Furnas. Os demais 153 políticos que constam na "Lista" teriam dividido os 45,4% que restaram.


*A filiação partidária dos 156*

O PSDB também é o primeiro colocado em número de políticos entre os 156 citados no esquema que seria operado pelo então presidente de Furnas, Dimas Toledo, levado ao cargo pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. São 47 tucanos na lista, cinco deles candidatos a cargos majoritários. O PFL comparece com 33 candidatos, apenas um a cargo majoritário (senador).

Veja adistribuição:

Outro modo interessante de ler o documento em exame na PF é comparar os nomes que constam ali com a relação dos membros da CPI dos Correios, que desde junho do ano passado investiga as denúncias de corrupção no Parlamento.
O primeiro destaque é para o deputado ACM Neto (PFL-BA), que tem se salientado pela estridência de seu desempenho na comissão. Ele teria recebido R$ 75 mil do esquema de Furnas. Quanto ao PSDB, constam da "Lista" três dos seus quatro deputados que são titulares ou suplentes da CPI. Figuram também entre os 156 um membro da CPI dos Correios pertencente ao PL e dois dos quadros do PTB.

"Banqueiro de Deus" revela trama diabólica

Polícia encontra na casa de Ettore Gotti Tedeschi, ex-presidente do Banco do Vaticano, um dossiê que dizia: “Se me assassinarem, esta é a razão da minha morte”; escândalo mancha o pontificado de Bento XVI
Um documento obtido pela polícia italiana na casa de Ettore Gotti Tedeschi, ex-presidente do Banco do Vaticano, amplia um dos maiores escândalos de todos os tempos na Igreja Católica. Era um pequeno pacote, com vários documentos, onde se lia: “Se me assassinarem, esta é a razão da minha morte”. Ou seja: o “banqueiro de Deus” temia ser assassinado por homens da própria igreja.
Tedeschi comandou o Instituto para as Obras da Religião (IOR), mais conhecido como Banco do Vaticano, entre setembro de 2009 e maio deste ano. Saiu em meio a um escândalo de vazamentos da Santa Sé, que já vem sendo chamado de “Vatileaks”, numa referência ao site Wikileaks.
Agora, sabe-se que Tedeschi tentou se proteger contra um possível assassinato. Seus dossiês citam o cardeal Tarcísio Bertone, sempre cogitado como possível papa, e o secretário particular de Bento XVI, George Ganswein, como personagens envolvidos em operações financeiras irregulares.
De acordo com as investigações, o Banco do Vaticano é acusado de funcionar como uma grande lavanderia, incrustada na capital romana, que se presta à lavagem de recursos da máfia e também de donos de grandes fortunas, que mantêm recursos na Suíça.
Um dos responsáveis pelas denúncias é o jornalista Gianpaolo Nuzzi, que escreveu dois livros sobre o caso. O primeiro se chama Vaticano S/A e já foi publicado no Brasil. O segundo, intitulado Sua Santidade, continua inédito.
No 247

quinta-feira, 7 de junho de 2012



E se Peluso e o STF absolverem o Dirceu ?

Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) não mostra!

Ufa !, finalmente o decano Celso de Mello e o presidente Ayres Brito – aquele que abriu as janelas do Supremo para o sol entrar, depois de seis anos de sombra – marcaram o julgamento do mensalão para 1º de agosto.

O Sintonia Fina reproduz texto do Conversa Afiada 


Isso tem muitas vantagens, amigo navegante.

Primeiro, abre espaço para o STF, ainda na gestão de Ayres Britto, validar de forma inequívoca a Satiagraha e devolver Daniel Dantas ao nicho que o aguarda.

Segundo, dá bastante tempo para o resultado do julgamento ter um forte impacto sobre as eleições municipais.

Assim, como este ansioso blogueiro quer ver o STF e o Ministro Peluso condenarem o José Dirceu sem provas, dará tempo para o José Dirceu entrar no horário eleitoral gratuito do Haddad e mandar “cordiais saudações” ao Cerra.

O amigo navegante se lembra de o Cerra, na derrotada campanha de 2010, tentar aplicar um estigma na Dilma: o “estigma” Zé Dirceu.

Ele receberá a menção de volta.

O portador pode ser o Paulo Preto.

É impressionante, amigo navegante, como o PiG (*)  comemora a fixação da data para agosto a tempo de pegar a eleição.

O Globo é o mais feliz.

Anteontem, exigiu a fixação da data num editorial.

Hoje, o “Merval Global e o Melhor do Carnaval”, diria o Boni, parece mais feliz do que quando soube que o sucessor do Evandro na TV Globo não seria ele.

Merval se considera um dos vencedores da batalha bem sucedida: STF, vote já !

E conseguiu o que mais desejava: dar tempo de Cezar Peluso votar.

Na suposição de que Cezar Peluso, na véspera de recolher-se à aposentadoria, levará para casa um voto que condene alguém sem provas.

O PiG (*) e o Merval também subestimam o caráter dos ministros do Supremo.

A faca nos dentes funcionou na hora de votar a abertura da investigação – quando, em dúvida, contra o réu – mas não vai funcionar na hora de julgar – quando, em dúvida, a favor do réu.

O ansioso blogueiro se lembra, por exemplo, da relatoria do Ministro Lewandowiski na histórica decisão em que as cotas raciais ganharam de 10 a 0 da Globo e do Ali Kamel.

O ansioso blogueiro tem certeza de que a revisão de Lewandowski no mensalao estará à altura da revisão nas cotas.

Nenhum juiz do Supremo vai condenar sem provas, só porque teme o PiG (*).


O PiG (*) passa – e falta pouco para extermínio – mas a biografia fica nos livros.

O acusador, o brindeiro Gurgel, chegará ao julgamento com a faca no pescoço empunhada pelo Collor: a acusação de prevaricação.

No julgamento, quem mais vai se defender – ao acusar o Dirceu – será o brindeiro Gurgel, ao longo de cinco horas.

Por enquanto, só quem pôs a mão no fogo pelo brindeiro foi a Globo 

Mas, se a mão da Globo decidisse no STF …

A mão da Globo não decide mais nem medição da audiência na tevê.

A acusação do brindeiro Gurgel terá o peso de um chip em Las Vegas.

Os juízes decidirão por si, independente da oratória flamejante do brindeiro Gurgel.

O PiG (*) considera que ganhou a batalha subsequente, que foi impor a “versão Gilmar Dantas” sobre a versão do Nunca Dantes e do Nelson Johnbim sobre aquele encontro.

O PiG (*) acredita piamente que o Nunca Dantes, desprovido de qualquer inteligência, ia pedir ao Gilmar – ao Gilmar !!! – para adiar o julgamento !

(Quando a Catanhêde fará a entrevista-bomba com o Nelson Johnbim ?)

Ledo engano.

A batata do Gilmar Dantas (**) já assou.

E já tinha assado quando o Nunca Dantes foi àquele inútil encontro.

Gilmar não consegue explicar os vôos.

Não consegue explicar aquela frase inesquecível do Demostenes, “o Gilmar mandou subir”.

Gilmar Dantas (**) também estará em julgamento no mensalão.

Ele terá a chance de se livrar da “maldição do Dantas”.

Quem encosta no Dantas degenera.

Não é isso, Padim ?



Paulo Henrique Amorim

 
 Sintonia Fina
 

Planejando o PIB de 2013


Coluna Econômica - 07/06/2012
O PIBinho do primeiro semestre está diretamente relacionado com as medidas tomadas no ano passado.
Havia um quadro internacional neutro negativo. Internamente, o aumento da inflação em decorrência dos preços internacionais de commodities.
Fazenda e Banco Central resolveram adotar a postura mais conservadora possível: combinação de juros altos e medidas prudenciais (restrição de crédito) visando esfriar a economia. Se a situação internacional piorasse, a dosagem seria excessiva.
Piorou.
Não apenas isso. O país acabou submetido a quatro fatores de desaquecimento:
A piora da situação internacional.
A queda na safra agrícola.
Mudanças no mercado de caminhões. Como tiveram que se adaptar às novas normas de emissão. Com isso, fabricantes anteciparam produção no padrão anterior. Quando entrou em vigor o novo padrão, houve queda de até 50% nas vendas de algumas linhas.
Os problemas sérios na Argentina atrapalhando as exportações brasileiras. A Argentina responde por 30% de nossas exportações.
***
Pelos primeiros indicadores, as medidas de estímulo ao consumo deverão garantir um segundo semestre rodando a 1,5% ao trimestre. Como o primeiro semestre foi muito ruim, o PIB de 2012 já está comprometido.
A notícia boa é que começa a se pensar estrategicamente 2013 e 2014.
***
Ainda não se considera esgotado o mercado de consumo interno. Nos últimos anos houve a incorporação de milhões de consumidores, mas leva-se em conta outros milhões ainda a serem incorporados.
De qualquer modo, o motor do crescimento será o investimento.
Da parte dos investimentos de governo - transporte, habitação, saneamento -, o problema maior é operacional, com necessidade de preparar mais projetos, revisão de custos etc.
A Petrobrás é elemento central. Sozinha, investe mais do que 1,5 vez o governo. Também tem uma dinâmica própria de investimento, algo como o que gasto militar representa para a economia norte-americana.
Nesse momento seus projetos estão passando por algumas reavaliações. Em breve deverá retomar o ritmo normal de investimentos.
No caso da infraestrutura, os investimentos estão calcados em concessões. Há vários projetos caminhando em rodovias, ferrovias, portos e aeroportos. Não movimenta de imediato o PIB mas mobiliza novos investimentos.
Há ganhos objetivos da crise. O maior deles é o fato dos juros terem chegado a um patamar irreversível. Mesmo que a inflação eventualmente volte a aumentar, não haverá mais risco de se jogar as taxas de juros nos níveis das últimas décadas.
Outro ganho - ainda à espera de consolidação - é parar de se analisar o superávit fiscal como  uma variável estática.
Quando a economia fraqueja, estímulos fiscais ajudam na sua recuperação, permitindo o crescimento absoluto da receita - mesmo com quedas se alíquotas ou desonerações.
O caminho da retomada está dado. O desafio é muito mais de execução do que de prospecção de novos rumos.
PS - é escandalosa a maneira como antigos membros da Confraria da Selic passaram a aceitar os juros mais baixos. Não propriamente pelo ataque de bom senso. Mas pelo fato de, agora, estarem na ponta comprada do mercado futuro de juros.