segunda-feira, 7 de maio de 2012

Quando as paredes da Veja falam...

Veja aqui o que o Partido da Imprensa Golpista (PIG) não mostra!



Por Marco Aurélio Mello:

Doze anos atrás, um colega, que - por razões mais do que óbvias - preferiu ficar no anonimato, entregou todo esquema de manipulação da revista Veja já àquela época. O caso teve alguma repercussão na incipiente internet, mas logo, como tudo nesta vida, caiu no esquecimento. É com a memória do brasileiro que a Editora Abril conta mais uma vez para se safar da mais nova safadeza. Se depender da blogosfera progressista e dos sujinhos, acho que muito há a ser lembrado. Para nós, a brincadeira está só começando... Veja a riqueza de detalhes do texto abaixo:


"Talvez o fato de trabalhar para a empresa que se acusa me faça cúmplice. No entanto, algum lampejo de honestidade me ilumina a razão e, por isso, vos narro o que sei. Há anos vivo os melindres da profissão e da filiação ao império Abril. É pena que o colega Mário Sérgio (1) tenha contado tão pouco do que lá se passa. É pena que tenha omitido detalhes importantes das trapaças arquitetadas pelos arrogantes senhores do resumo semanal. A revelação de tais fatos certamente macularia sua já arranhada reputação. Mas se a disputa se dá no campo da falta de ética, é certo que será superado pelos senhores Tales Alvarenga e Eurípedes Alcântara. (2)

De Mário Sérgio Conti tudo se pode dizer. Que é bruto com as mulheres, que fuma demais e que obriga seus subordinados a coletar argumentos para justificar falsidades. Dos outros dois, pode-se esperar ainda empáfia e ignorância. O primeiro é capaz de recorrer ao Dedoc (3) para descobrir se Vinícius de Moraes está vivo ou morto. O segundo, dublê de cientista e Don Juan da casa, é capaz de fundir boi e tomate numa fantástica e exclusiva descoberta. (4) Diagnóstico: a arrogância é tanta que não lhes cabe mais perder tempo com a aquisição de conhecimento.

O garoto de recados da Camorra editorial é o sr. Eduardo Oinegue. (5) Veja bem: Oinegue ao contrário quer dizer Eugênio. O que significaria a eugenia para o império dos Civita? Oinegue foi criado no laboratório da casa. Nunca trabalhou em qualquer outro órgão de imprensa. Saiu diretamente dos bancos escolares para Veja. Mantinha os contatos sujos com Cláudio Humberto (6), no ínicio da década. Hoje, chafurda na lama das matérias plantadas, dos panfletos encomendados pelo governo.

No dia 2 de maio, Alvarenga recebe um telefonema do "chefe supremo". O "filho do pato", alguém diz. Não, a secretária é quem lhe passa a senha. É do "mata-ratos", diz. (7). O diretor de redação está distante da sede naquele momento. O contato, no entanto, é feito rapidamente. Um homem de confiança do presidente Fernando Henrique Cardoso pede uma contrapartida. Afinal, a revista teria "batido" indiretamente no governo ao espicaçar a festa dos 500 anos. Alvarenga defende-se. Segundo ele, a revista "livrou a barra do governo" ao insistir na teoria "Dinamarca". Trata-se da informação de que o governo deu tantas Dinamarcas aos índios e beneficiou um mar de famílias com novas doações de terra. O diretor afirma que o governo saiu "limpinho" da história e que sobrou mesmo só para o "paranaense", numa referência ao ex-ministro Greca. (8)

Do outro lado da linha, o senhor Matarazzo pede novamente uma contrapartida. Alvarenga lembra que já se produz uma matéria sobre o MST, mas que não sabe quando será publicada. "Agora", diz o emissário governista, afirmando que "tudo já está acertado com o dono". Alvarenga ri e pergunta se há qualquer encomenda. "Bota aí esse negócio da Dinamarca. É um país titica, mas dá impressão boa". (9) Alvarenga dialoga com Alcântara e decidem convocar "Oinegue-boy" para executar o serviço sujo.

Começa rapidamente a operação. Durante a semana, Oinegue repreende duramente um repórter que não estaria "cooperando" para rechear o trabalho contra o MST. Discute-se a capa. Dois ou três editores executivos oferecem sugestões. Oinegue fala em "baderna", palavra sempre utilizada para desqualificar adversários de Veja. Os iluminados do semanário não sabem, mas "baderna" era termo freqüentemente utilizado pelo sociólogo Oliveira Viana e pelo pensador católico Jackson Figueiredo, ideólogos do Integralismo, movimento de inspiração nazi-fascista da década de 30. Usavam-no para caracterizar a "anarquia liberal". Decidem que "tática" é palavra importante na chamada "porque lembra futebol e fala fundo ao espírito brasileiro".

Alguém cita uma matéria sobre a Coréia do Norte. Oinegue manda utilizar os termos "Coréia Comunista" e "morta de fome". A revista precisa reforçar subliminarmente a mensagem contra o MST. Escolhe-se uma foto de agricultores para ilustrar a matéria. A legenda é "agricultura fracassada e crianças subnutridas: o país mais isolado". Num telefonema à redação, Alcântara sugere o uso da palavra "fracasso e fracassado". "Dá sempre certo. A Globo não cansa de usar o termo para avacalhar com greves gerais. Desmobiliza os caras e fode tudo".

A baixaria continua. Nova reunião é marcada entre os chefes. Uma repórter participa. A idéia é pintar o "vilão" da história. Não existe fantasma sem cara. Stedile é o preferido. Alguém sugere colocá-lo no "corpo de Guevara", outro sugere o corpo do cangaceiro Corisco. Resolvem, por fim, realizar uma montagem em que o líder do MST aparece com uma pistola na mão. É um suposto James Bond do mal. Alguém alega que "pode dar processo". "O dr. Civita (10) diz que pode mandar bala", afirma Alvarenga. O chefe da arte morre de rir ao ver o resultado. "Ficou bem bandido mesmo". Na página anterior, o compenetrado Fernando Henrique Cardoso aparece em foto de gabinete. Sério, parece zelar pela segurança dos brasileiros.


Pede-se a um repórter que ouça vozes da condenação. "Ouve lá o Celso Bastos. (11) Pra tacar pau na esquerda ele é ótimo, e sempre atende". O clima na redação não é dos melhores. Arranja-se uma foto da Folha Imagem, com um suposto sem-terra chutando uma porta. A matéria vai sendo escrita e reescrita. Há uma frase encomendada, introduzida de última hora: "(Cria-se) assim um mundo em que o MST desempenha o papel do Bem, num cenário maniqueísta em que o governo FHC é o Mal".
 

Dois repórteres são muito elogiados pelo editor executivo pelo empenho. Um deles afirma que o termo "baderna" caiu muito bem na história. É uma pena que não tenha se divertido antes. Baderna é o nome de uma dançarina que despertou paixões em sua passagem pelo Rio, em 1851. Os rapazes da época faziam ruído durante suas apresentações. Baderna, doce baderna. Dizem que era linda.

Notas:

* Esta carta, redigida por um funcionário da Editora Abril que prefere se manter anônimo, por razões óbvias, circulou na Internet no mês de maio de 2000.
1 - Mario Sergio Conti foi diretor de redação da revista Veja entre 1991 e 1997 e é autor de Notícias do Planalto - A imprensa e Fernando Collor, Companhia das Letras, São Paulo, 1999
2 - Tales Alvarenga é o atual diretor de redação de Veja e Eurípedes Alcântara é o seu redator chefe
3 - Departamento de Documentação da Editora Abril
4 - Barriga histórica de Veja, baseada em falsa matéria científica que "demonstrava" a possibilidade de fusão genética de animais com vegetais. A matéria, copiada de uma revista estrangeira, havia sido publicada como brincadeira de 1º de abril.
5 - Eduardo Oinegue é um dos cinco editores executivos de I
6 - Cláudio Humberto Rosa Silva foi o porta-voz do presidente Fernando Collor
7 - Ministro Angelo Andrea Matarazzo, chefe da Secretaria-Geral de Comunicação de Governo da Presidência da República
8 - Ex-ministro do Esporte e Turismo Rafael Valdomiro Greca de Macedo, coordenador dos festejos oficiais dos 500 anos
9 - O trecho publicado, na página 47, ficou assim: "Depois de receber 22 milhões de hectares de terra, área equivalente a cinco Dinamarcas, o MST acrescentou um item novo ao seu tradicional discurso. Agora, a tônica das reivindicações dos sem-terra deixou de ser a distribuição de terras e passou a ser distribuição do dinheiro público - daí a invasão dos prédios do Ministério da Fazenda e da sede do BNDES, no Rio de Janeiro"
10 - Roberto Civita, presidente e editor de Veja
11 - Celso Bastos é professor de Direito Constitucional em São Paulo


Sintonia Fina

O inferno astral da direita

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Maílson
Demóstenes é desmascarado, gravações comprometem seu órgão oficial, bancos podem perder lucros exorbitantes, aumenta a popularidade de Dilma
 
 
Veja está assustada. De um lado, seus métodos nada jornalísticos estão sendo questionados à luz de gravações para lá de comprometedoras, que mostram a revista como possível cúmplice de um esquema criminoso. E a publicação ainda perdeu sua fonte privilegiada, a quem apresentava como exemplo de retidão do conservadorismo brasileiro, o ainda senador Demóstenes Torres.
 
De outro lado, a alta popularidade da presidente Dilma Rousseff prejudica os projetos político-ideológicos da revista, hoje o mais importante porta-voz da direita brasileira. As últimas decisões do governo, na área econômica, deixaram Veja mais assustada ainda.
 
Seu colunista Maílson da Nóbrega também está assustado. Desde que acabou sua péssima e desastrada gestão como ministro da Fazenda no governo Sarney, quando o país chegou à hiperinflação, Maílson dedica-se a dar consultoria a bancos, empresas e investidores e publicar artigos na imprensa. É um direito dele, mas que Veja não admite ser também um direito do também ex-ministro José Dirceu.
 
Assim como Veja substituiu a reportagem pelo panfleto e a apuração jornalística pelos dossiês entregues de mão-beijada, Maílson substitui a análise econômica pela propaganda política. Faz a defesa dos banqueiros a quem serve, atribui a culpa pelos juros altos ao governo e cai na vala comum da direita assustada, que vê “populismo”, “intervencionismo” e “interferências descabidas”, entre outras coisas, no discurso e nos atos da presidente contra os juros altos e os excessos do sistema financeiro.
 
Há análises sérias, de economistas e empresários, sobre as medidas que vêm sendo tomadas pelo governo. Eles mostram que são positivas, porém insuficientes se não forem acompanhadas de outras, como a desindexação, a desconcentração bancária, a queda da carga tributária, os cuidados contra a inflação, entre outras.
 
Outro ex-ministro da Fazenda, que também cometeu seus erros nos tempos de ditadura, mas dá banho de conhecimento e competência em Maílson, sintetizou: a virtude do discurso e dos atos de Dilma “está em respeitar e proteger a solidez do sistema financeiro brasileiro, mas não consentir em deixá-lo ditar o tom da política econômica”. Isso, queiram ou não Veja, Maílson e a direita, compete ao Estado.
 
Mas o artigo do ex-ministro da hiperinflação na Veja é apenas mais um serviço de relações públicas que ele presta aos bancos. Que deveriam procurar escribas mais competentes e com melhor reputação profissional. A direita tem melhores do que Maílson.
 
Hélio Doyle

Sintonia Fina
- com O Texto Livre

Globo defende banqueiros, mas qual a diferença do 'mercado' e de licitações superfaturadas?

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Na semana passada, no "Jornal da Globo", patrocinado pelo banco Itau, Willian Waack fez quase um editorial contra a pressão da presidenta Dilma para baixar os juros bancários, dizendo ser a opinião de um banqueiro mantido no anonimato. O argumento do lobista foi dizer que os juros são altos pela "lógica de mercado" relacionada à dívida pública.

Mas afinal que lógica é essa e que "mercado" é esse?


No Brasil existe uma coisa que chamam de "mercado", que vem definindo os juros da dívida pública que o governo tem que pagar.


"Mercado" no capitalismo clássico, é o conjunto de encontros de quem quer comprar com quem quer vender (idealmente ao acaso), de acordo com a lei da oferta e da procura.


Mas no caso da dívida brasileira, "mercado" é algo como uma dúzia dos maiores banqueiros privados que resolvem combinar a taxa de juros que aceitam receber para aplicar o dinheiro que controlam na dívida pública do governo.


A grosso modo, a coisa funciona assim:


O Brasil precisa rolar sua dívida, emitindo títulos novos, para cobrir títulos que estão vencendo, pelo menos em parte, senão teria que ir liquidando a dívida toda e não sobraria dinheiro para mais nada, nem para pagar salários, nem aposentadorias, nem para o SUS, nem para o PAC. Enfim, o Brasil pararia.


O Banco Central e o Tesouro Nacional oferecem os títulos com uma determinada taxa, em leilão público, equivalente a uma licitação.


Se a taxa for considerada baixa pelo "mercado" (o cartel dos banqueiros), o leilão fracassa. Daí o Banco Central e o Tesouro Nacional precisam oferecer taxas o "mercado" exige.


Quem compram estes títulos são os bancos, com o dinheiro que eles controlam, seja dos clientes que está aplicado em fundos de renda fixa, seja o dinheiro dos planos de aposentadoria complementar, seja de rentistas milionários, seja de fundos e investidores estrangeiros que trazem dinheiro para o Brasil em sofisticadas operações financeiras.


Se banco fosse empreiteira, esse chamado "mercado" que compra títulos em leilão, poderia ser confundido com formação de cartel para combinar licitação superfaturada.


O dinheiro dos fundos de renda fixa e de planos de aposentadoria complementar oferecidos pelos bancos é em grande parte aplicação de brasileiros de classe média.


Quando a maior massa deste dinheiro que rola a dívida fica na mão dos bancos privados, são eles que dão as cartas nos leilões, impondo as taxas de juros.


A solução vem com mais brasileiros transferindo suas contas bancárias para a Caixa e o Banco do Brasil.


Quanto mais dinheiro de fundos de renda fixa, ou aposentaria complementar, estiver nos bancos públicos, mais eles poderão participar dos leilões do Banco Central e do Tesouro, comprando títulos com juros menores, mais fiel à realidade de mercado mundial e não à imposição do cartel de banqueiros.


Por isso que é importante todos os brasileiros que sejam progressistas e nacionalistas, transferirem suas contas bancárias, suas poupanças, seus financiamentos, seus investimentos em fundos e aposentadoria complementar para bancos públicos, mesmo nos casos de pessoas que tem investimentos e não dívidas.


Alguém poderá perguntar: qual a vantagem para quem tem dinheiro aplicado se o objetivo final será reduzir a remuneração da aplicação?


A vantagem é ganhar na outra ponta. A maioria das pessoas de classe média, tem dinheiro aplicado para comprar um bem durável, um imóvel, dar entrada em algum negócio, ou como reserva para emergências. Quando os juros caem, a aquisição destes bens também torna-se mais barata, mais acessível, porque o custo financeiro embutido no preço dos produtos e dos empreendimentos também cai.


Se a aplicação rende menos, com o dinheiro que estará lá se conseguirá comprar mais.


Além disso, com juros menores para rolar a dívida, abre espaço no orçamento público para investimentos e aumento nos salários e aposentadorias, fazendo a roda da economia girar, gerando um ciclo de prosperidade para todos.


A não ser banqueiros e grandes rentistas que vivem de intermediar capitais, não há razão para se apegar a juros altos no Brasil, pois são tão
enganosos como era a alta rentabilidade da poupança na época da hiperinflação.


Sintonia Fina
- com Amigos do Lula

FHC não se cansa de ser mau-caráter

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Discorrendo sobre o mais recente livro de Alain Touraine, FHC afirma em um dos trechos do artigo: "na medida em que, por exemplo, se vê o Tesouro engordar o caixa das grandes empresas à custa dos contribuintes via BNDES, uma palavra por mais igualdade, até mesmo tributária, pode mobilizar. Para tal é preciso politizar o que aparece como constatação tecnocrática e denunciar os abusos usando a linguagem do povo".

Mas veja só.FHC falando em uso de recursos públicos-via BNDES- para socorrer empresas.É muita cara-de-pau desse bom-caráter!

 
Esse tucano louco se esquece que o BNDES foi usado no seu governo para financiar empresas em via de privatização, como foi  caso da Eletropaulo. É sabido que BNDES sob FHC, o louco, fez um aporte  de 100% e a compradora, a AES, não pagou em dia nem a primeira prestação.Ou seja, FHC usou recursos públicos para financiar a compra do patrimônio público por empresas privadas, e, ao final, o BNDES levou cano.Mas não foi só caso da AES.As vendas de outras estatais foram financiadas com recursos públicos.

 
Esse escroque se esquece também que seu governo usou recursos do Tesouro Nacional para salvar banco falido.Falo do PROER, o maior programa de transferência de renda do governo FHC(para os ricos, claro!).o PROER custou a bagatela de R$ 111,3 bilhões. O resultado da malversação de recursos públicos foi a condenação de Serra, Malan, Parente e cia a devolverem R$ 200 milhões de reais a União.Serra não devolveu os recursos devidos porque Gilmar Mendes(sempre ele) achou por bem mandar arquivar o processo que condenara Serra e caterva.

 
Lula não usou recursos do BNDES para financiar compra de estatais. Lula apenas emprestou recursos a empresas privadas, com o comopromisso de as mesmas pagarem o financiamento obtido no BNDES em dia.

 
Foi graças à atuação do BNDES foi possível minimizar os efeitos da crise financeira internacional, permitindo que o Brasil fosse o primeiro país a deixar a turbulência para trás.No governo FHC o BNDES era direcionado a privilegiados.

 
FHC pensa que somente os jumentos quadrados que pastam no site de Reinaldo Azevedo leem seus artigos.Não, FHC, a classe média politizada também adora lê, afinal, ninguém suporta as suas mentiras deslavadas.


Sintonia Fina
- com O Terror do Nordeste

VAZA, VAZA, VAZA TUDO. É PRECISO VAZAR MESMO PRA SE DESCOBRIR MAIS E MAIS

Concordo com Melchiades Filho, vaza tudo, inclusive a corrupção de Policarpo Jr, Civita e a revista Veja. Toda essa amizade com Cachoeira, Demóstenes e Veja. Vaza tudo!

Melchiades Filho
Vaza tudo!
BRASÍLIA - Se os constrangedores diálogos coletados pela Polícia Federal não tivessem vindo a público, Demóstenes Torres estaria agora na vanguarda dos protestos contra a mudança na caderneta de poupan ça, posando de baluarte da retidão no Senado e na imprensa. A Delta continuaria a responder por obras superfaturadas e a ganhar contratos em troca de propina. Não saberíamos que Carlinhos Cachoeira contava com uma rede de arapon gas para destruir adversários.
Por isso é tão espantoso quanto revelador o desinteresse dos congressistas que dirigem a CPI do Cachoeira pelos áudios e transcrições das operações policiais. CPI que, paradoxalmente, só foi instalada devido à divulgação dos grampos.
O presidente Vital do Rêgo (PMDB-PB) e o relator Odair Cunha (PT-MG) manobram para limitar as revelações ao já revelado. Empenham-se em dificultar o acesso dos colegas à pequena parcela de documentos encaminhada pelo Judiciário quando deviam, além de facilitar essa consulta, batalhar para receber tudo o que a polícia recolheu.
Milhares de conversas não foram anexadas ao lote entregue à CPI. Não há quase nada, por exemplo, de um longo período de 2010. Justamente aquele em que a campanha presidencial pegava fogo.
Esse material está represado em algum degrau da pirâmide investigativa -Polícia Civil, PF, Ministério Público, Procuradoria-Geral da República, Ministério da Justiça... Alguém anda negociando o vazamento a conta-gotas desse conteúdo. Ou o não vazamento em bloco.
Só a CPI tem poder para evitar uma grande armação. Claro, é necessário cuidado com os grampos. Nem sempre bastam como prova de ilicitude. Podem até arrastar terceiros indevidamente para o furacão. Mas, para fazer justiça e ao mesmo tempo impedir injustiças, é preciso conferir tudo o que sustenta o inquérito e tudo o que foi descartado.
melchiades.filho@grupofolha.com.br

Aécio Neves, futuro presidente dos Estados Unidos do Brasil, grande estadista, nos ensina que o país chegou ao futuro com a internet e que nada dependeu do governo federal. Concordo, nada dependeu do governo FHC, do PSDB. Aécio deixou uma Minas Gerais falida e agora posa de professor. Coitado!

Aécio Neves
Horizontes da internet
Eterno país do futuro, o Brasil já pode comemorar o fato de ter deixado de ser promessa num dos campos mais relevantes da atualidade: a internet.
O site Social Bakers nos informa que somos a segunda nação com mais usuários no Facebook, com mais de 46 milhões de perfis, atrás apenas dos EUA. Praticamente um em cada quatro brasileiros está na mídia social de maior expressão nos dias de hoje.
Quando ainda nem se usava amplamente a expressão "redes sociais", o Brasil já dividia a liderança do Orkut com a Índia. Em vários momentos da última década, as pesquisas Ibope-Nielsen mostraram uma liderança persistente dos brasileiros em tempo médio de navegação, à frente de internautas dos EUA, do Reino Unido, do Japão, da França e da Alemanha, entre outros.
Um dos maiores fenômenos da breve história do YouTube teve um inusitado colorido verde-amarelo e ainda ecoa. Sem entrar no mérito dos que gostam e dos que não gostam do gênero, não há como ignorar o feito de Michel Teló, que bombou entre os videoclips mais vistos planeta afora. Polêmicas à parte, o fenômeno confirmou a existência de imensa e promissora janela de oportunidades para os brasileiros.
A grande vantagem aqui é que nada disso até agora dependeu do governo federal. Muito pelo contrário. Toda essa estimulante performance se dá a despeito de uma banda larga ruim e cara, que costuma nos empurrar para posições sofríveis nos rankings de qualidade tecnológica.
A velocidade com que se multiplicaram os celulares, resultado da correta privatização do sistema Telebrás, nos anos 90, está a exigir mais determinação na democratização e na melhoria dos serviços de banda larga.
Há um largo horizonte de crescimento pela frente. Com uma múltipla teia de conexões em todos os continentes, a internet pode ser uma plataforma importante para que empresas brasileiras se renovem e encontrem novos mercados para seus produtos.
Isso sem contar as muitas oportunidades na era da Copa e das Olimpíadas para a marca Brasil. O país do café, do Carnaval e do futebol pode abrir, assim, outras promissoras fronteiras de posicionamento internacional.
No campo interno, em que pese muitas vezes a ocorrência de um organizado enfrentamento político de baixíssimo nível, há inquestionáveis ganhos com a disseminação de informação e a construção de um ambiente favorável ao debate sobre as grandes causas e mazelas nacionais.
Tal como em outras partes do mundo, aos poucos a internet espontaneamente se movimenta para redescobrir o
país real, dos enormes passivos sociais e da corrupção institucionalizada. Contra toda massiva propaganda oficial, agora basta apenas um click.
AÉCIO NEVES escreve às segundas-feiras nesta coluna.

Mídia mira na Delta. Serra treme!

Sanguessugado do Miro
Altamiro Borges
Diante das graves revelações da Operação Monte Carlo da PF – que já mataram politicamente o ex-demo Demóstenes Torres, abalaram os governadores Marconi Perillo e Agnelo Queiroz e respingaram em deputados, policiais e empresários –, a mídia tentou uma manobra ousada. Desviar o foco das investigações, concentrando as suas baterias contra as maracutaias da construtora Delta.
Ela é responsável por várias obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal. Com isso, os holofotes da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar o mafioso Carlinhos Cachoeira se voltariam contra a presidenta Dilma Rousseff. A manobra, porém, parece que deu xabu. O ex-governador José Serra pode se arrebentar com esta brincadeira.
Contratos de R$ 943,2 milhões
A excelente jornalista Conceição Lemes, do blog Viomundo, foi uma das primeiras a mostrar que o tucano sempre manteve fortes ligações com a Delta. De 2002 a 2011, a empreiteira fechou pelo menos 27 contratos com empresas e órgãos públicos do governo de São Paulo. “Em valores corrigidos (considerando a inflação do período), eles chegam a R$ 943,2 milhões”, relata.
“Desses R$ 943,2 milhões, R$ 178, 5 milhões foram celebrados nas gestões Alckmin (2002 a março de 2006 e de janeiro de 2011 em diante) e R$ 764,8 milhões no governo de José Serra (janeiro de 2007 a abril de 2010)”. Segundo Conceição Lemes, o maior contrato foi feito com a Dersa para executar a ampliação da marginal do rio Tietê: R$ 415.078.940,59 (valores corrigidos).
O retorno de Paulo Preto
Neste ponto é que Serra treme de vez. Na época da licitação da obra, Paulo Vieira de Souza, o famoso Paulo Preto, era diretor de engenharia da Dersa. “Com uma extensa folha de serviços prestados ao PSDB, ele foi apontado como arrecadador do partido e acusado pelos próprios tucanos de sumir com R$ 4 milhões que seriam destinados à campanha do então presidencial José Serra”.
Diante desta descoberta, Conceição Lemes faz algumas perguntas que poderiam servir de roteiro para as investigações da CPI do Cachoeira: “1. Considerando que o senador Demóstenes Torres é sócio oculto da Delta e apoiou José Serra em 2010, será que dinheiro da Nova Marginal do Tietê irrigou a campanha do tucano à presidência?; 2. Entre os R$ 4 milhões que teriam sido arrecadados por Paulo Preto e não entregues ao PSDB, haveria alguma contribuição da Delta?; 3. Paulo Preto ou Delson Amador [outro envolvido no caso] teve algum contato direto com Cachoeira?”.
O caixa 2 dos tucanos?
As perguntas incomodas da blogueira do Viomundo ganham mais força com as revelações da revista IstoÉ desta semana. Em reportagem assinada por Pedro Marcondes de Moura, a publicação confirma a ligação de José Serra com a empresa Delta. Vale conferir:
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Os desdobramentos da Operação Monte Carlo, que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com governos estaduais e municipais, chegaram ao principal bunker da oposição: o Estado de São Paulo. Em Brasília, parlamentares que compõem a “CPI do Cachoeira” já tiveram acesso a conversas telefônicas gravadas com autorização judicial entre junho do ano passado e janeiro deste ano. Elas apontam que a construtora Delta, braço operacional e financeiro do grupo do contraventor, foi favorecida nas gestões de José Serra (PSDB) e de seu afilhado político Gilberto Kassab (PSD) na prefeitura e também quando o tucano ocupou o governo do Estado. Em 31 de janeiro deste ano, por exemplo, Carlinhos Cachoeira telefona para Cláudio Abreu, o representante da empreiteira na região Centro-Oeste, atualmente preso sob a acusação de fraudar licitações e superfaturar obras.
Na ligação, o bicheiro pergunta se Abreu teria conversado com Fernando Cavendish, oficialmente o dono da construtora, sobre “o negócio do Kassab”. Em seguida, diz a Abreu que o prefeito de São Paulo “triplicou o contrato”. Essa conversa, segundo membros da CPI e do Ministério Público de São Paulo, é um dos indícios de que a organização de Cachoeira também teria atuado com os tucanos e seus aliados em São Paulo. “Os depoimentos de Cachoeira e Abreu serão fundamentais para que se descubra o alcance das relações entre a empreiteira e políticos”, diz o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).
A Delta começou a prestar serviços à capital paulista em 2005, quando Serra assumiu o comando do município. Inicialmente, os contratos somavam R$ 11 milhões. A partir de 2006, quando Serra deixou a prefeitura e venceu as eleições para governador, os negócios da empreiteira com o município se multiplicaram, em muitos casos sem licitação. Em 2010, ano em que o tucano disputou a Presidência, os repasses chegaram a R$ 36,4 milhões. Entre 2008 e 2011, os pagamentos da prefeitura para a Delta ultrapassaram R$ 167 milhões.
O que chama mais a atenção da CPI e do Ministério Público de São Paulo, porém, é o fato de a Delta ter vencido em outubro do ano passado uma concorrência para limpeza urbana no valor de R$ 1,1 bilhão. O MP abriu um inquérito para apurar se houve fraude na licitação. Há suspeitas de uso de documentos falsos e de edital dirigido. “Se a Delta cometeu essas irregularidades em outros Estados e municípios, precisamos apurar se isso ocorreu também em São Paulo”, diz o promotor Silvio Marques, do Patrimônio Público. Na quarta-feira 2, ele encaminhou ofício à PF, solicitando acesso às investigações da Operação Monte Carlo.
Entre a papelada, o promotor receberá a transcrição de uma conversa gravada com autorização judicial ocorrida em 4 de agosto do ano passado. No diálogo, a que ISTOÉ teve acesso, um homem identificado como Jorge pergunta para Gleyb Ferreira, segundo a PF uma espécie de “faz-tudo” de Cachoeira, sobre o edital de uma licitação. “E aí, evoluiu aquele negócio?”, pergunta Jorge. “Aguardamos estar com o edital hoje à tarde. O Carlinhos (Cachoeira) quer que a gente converse com o Heraldo (Puccini Neto, representante da Delta na região Sudeste). Já estamos conseguindo uma prorrogação com o secretário para o dia 31 ao invés do dia 15”, responde Gleyb. Para a PF, o diálogo se refere à concorrência de R$ 1,1 bilhão vencida pela empresa ligada ao bicheiro. O Ministério Público já apurou que foram necessários dois editais para a concorrência. No primeiro, a Delta foi desclassificada.
Se a Delta multiplicou seus contratos com a prefeitura entre 2005 e 2011, um movimento semelhante ocorreu com o governo de São Paulo, quando Serra chegou ao Palácio dos Bandeirantes em janeiro de 2007. Durante o mandato do tucano, a construtora recebeu R$ 664 milhões do governo paulista. O valor corresponde a 83% de todos os 27 convênios firmados pela Delta com o Estado de São Paulo na última década. A obra mais polêmica é a ampliação da Marginal Tietê, um dos cartões de visita da campanha presidencial de Serra em 2010. Além de inúmeros problemas, como atrasos e falta de compensação ambiental, o valor pago ao consórcio Nova Tietê, liderado pela Delta, sofreu um reajuste de 75%. Na quarta-feira 2, o Ministério Público de São Paulo instaurou Inquérito Civil para apurar a existência de irregularidades na licitação, superfaturamento e conluio entre agentes públicos.
Segundo documentos obtidos por ISTOÉ, a obra da Marginal era acompanhada dentro do governo de São Paulo por Delson José Amador e Paulo Vieira de Souza, conhecido como Paulo Preto, que no PSDB é identificado como um dos arrecadadores das campanhas eleitorais de Serra. Tanto Paulo Preto como Amador são citados na Operação Castelo da Areia, da Polícia Federal, por suposto envolvimento com empreiteiras. Pelo lado da Delta, o responsável pelo gerenciamento da obra era o diretor da empreiteira para a região Sudeste, Heraldo Puccini Neto. Ele está foragido, após ter a prisão preventiva decretada por envolvimento em suposto esquema de fraude em licitações na área de transporte público do Distrito Federal. “A apuração sobre os contratos da Delta com o governo paulista pode levar ao caixa 2 dos tucanos em São Paulo”, afirma o deputado estadual João Paulo Rillo (PT). “Não podemos nos limitar a fazer uma análise política”, diz o líder tucano Álvaro Dias (PR). “Devemos checar todos os contratos da Delta para saber de que forma foram celebrados e se os preços praticados foram justos. Afinal, a empresa foi a principal patrocinadora da relação do bicheiro Cachoeira com os recursos públicos.”

Ministro da Saúde Alexandre Padilha: Fazer muito com pouco


Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em entrevista concedida à revista CartaCapital, afirma que o sistema público é subfinanciado, mas pode ser mais eficiente.

Os recursos do Ministério da Saúde têm crescido, mas o titular da pasta, o médico Alexandre Padilha, acredita que ainda há muito que fazer. O desafio começa por definir como a área será financiada, e passa por mudanças na forma de gastar. “No Brasil, a sociedade precisa continuar debatendo duas questões: como investir melhor os recursos que temos para a saúde e como ter um financiamento cada vez maior para a saúde do País”, disse o ministro a CartaCapital.
De acordo com Padilha, é importante que o Brasil garanta a transferência de tecnologia quando adquire equipamentos sem similar nacional, como tem feito o Ministério da Saúde na área de radioterapia. Leia, a seguir, os principais trechos da entrevista:
CartaCapital: Como tem se comportado o orçamento da Saúde?
Alexandre Padilha: Desde o período do presidente Lula, o governo federal aplica aquilo que está na Emenda Constitucional 29, que faz com que o orçamento da saúde seja o mesmo do ano anterior, acrescido da variação do PIB e da inflação. Isso fez com que, desde o começo do governo do presidente Lula, tenhamos um orçamento crescente para a saúde.
Comparando 2011 com 2010, tivemos aumento de 13 bilhões de reais em valores absolutos, e de 17% no orçamento, vamos chegar a um pouco mais de 80 bilhões de reais, superando inclusive o está estabelecido na Emenda 29.
CC: Ainda faltam recursos para financiar a saúde?
AP: Isso não resolveu o debate de como financiar a saúde no País. Ainda temos uma defasagem no financiamento da saúde pública, comparado ao setor privado. O setor suplementar cuida de 45 milhões de pessoas e investe três vezes mais per capita do que a saúde pública. Sabemos que mesmo as pessoas que têm plano de saúde, nos procedimentos da mais alta complexidade, tratamento de câncer, tratamento de doenças crônicas ou serviços de urgência e emergência, acabam procurando o sistema de saúde pública, o SUS. Então a sociedade precisa continuar debatendo duas questões: em primeiro lugar, como investirmos melhor os recursos que temos para a saúde, como melhorar a gestão da saúde, como ganhar eficiência e como combater fortemente qualquer desvio de recursos para a saúde. A outra questão é como ter um financiamento cada vez maior para a saúde do País.
CC: Que opções teríamos para ampliar os recursos da área?
AP: Esse é um debate que o Congresso tem de fazer. Eu, como ministro, a alternativa que tenho é fazer mais com o que temos. Primeiro precisamos combater qualquer tipo de desperdício de recursos. Em 2011, mudamos a forma como o Ministério da Saúde comprava medicamentos. Uma parte dos medicamentos distribuídos no SUS tem compra centralizada no ministério. E mudamos a forma de compra dos medicamentos de hemoderivados e insumos.
CC: A compra é feita por leilão?
AP: Centralizamos a compra no pregão eletrônico. Em relação aos hemoderivados, produtos relacionados a fatores do sangue, conseguimos mais eficiência e uma economia de 1,7 bilhão de reais na aquisição dos medicamentos. Em um ano, aumentamos em quatro vezes o número de pessoas com acesso aos remédios para hipertensão e diabetes de graça na farmácia popular. Ou seja, economizamos de um lado e combatemos qualquer tipo de desperdício.
CC: Qual o investimento anual no programa de distribuição de medicamentos?
AP: No programa para hipertensos e diabéticos são cerca de 800 milhões de reais. No conjunto de compras de medicamentos e vacinas, investimos quase 10 bilhões de reais. O Ministério da Saúde tem um poder de compra que temos utilizado para reduzir o preço dos medicamentos, facilitar o acesso da população e cobrar transferência de tecnologia de medicamentos e produtos para o Brasil. Só podemos ter o programa de vacinação que temos hoje porque 96% das doses de vacinas são produzidas no Brasil. Ou seja, transferimos tecnologia.
“Nosso poder de compra tende a reduzir preços e garantir transferência de tecnologia” – afirma Padilha.
CC: Há um programa no ministério para trazer fornecedores de equipamentos para radioterapia. Não há fabricantes locais?
AP: Não temos nenhuma empresa que produza o acelerador linear para radioterapia no Brasil. A balança comercial de equipamentos na saúde é de quase 4 bilhões de dólares negativos. O único setor de equipamentos em que a gente mais vende do que importa é o odontológico. A cadeia de equipamentos é muito deficitária. Nesse plano de radioterapia, que é a maior aquisição internacional que o setor público está fazendo, a empresa tem como obrigação passar a produzir no Brasil num curto período de três anos. São 80 equipamentos que ela pode até importar, mas no final terá de ter a fábrica instalada no Brasil, senão vai ter de devolver o dinheiro. Esse é um investimento de 500 milhões de reais.
CC: O ministério tem contratado novos servidores? Existe a necessidade de mais pessoal?
AP: Temos essa necessidade, mas quem contrata são os estados e municípios. O ministério coordena as políticas. Não temos gestão direta, são poucos os serviços em que temos gestão direta, apenas seis hospitais federais no Rio de Janeiro. A maior parte dos serviços é de responsabilidade dos estados e municípios. Porém, uma pesquisa revelou que o Brasil abre 19 mil novos postos de trabalho para médicos por ano, isso em dados do ano passado. Precisamos distribuir melhor os médicos. Temos estados onde há 4 médicos por mil habitantes e estados, como o Maranhão, onde temos 0,6 médico por mil habitantes. Precisamos nos aproximar das médias de outros países, que têm sistemas nacionais públicos. Por exemplo, a Inglaterra tem 2,7 médicos por mil habitantes. A Espanha, 3. Portugal tem 3,2. O Brasil todo tem 1,9 médico por mil habitantes.
CC: Vemos cenas caóticas em hospitais, pessoas esperando dias para serem atendidas. Será que não está faltando um choque de gestão?
AP: Isso passa, sobretudo, por uma organização da rede de serviços. O Ministério da Saúde tem um programa chamado SOS Emergências, no qual pegamos as maiores urgência e emergências do País, as áreas mais críticas da baixa qualidade de atendimento, em hospitais de estados e municípios, e estamos juntamente com eles reorganizando os serviços e a relação desses hospitais com o conjunto da rede. Toda vez que abrimos uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas, a cada cem pessoas que procuram direto um pronto-socorro, 97 têm seu problema resolvido em 24 horas.
CC: Quantas UPAs estão em operação?
AP: Hoje temos 150 funcionando, e ao todo são quase 600 em construção.
CC: Foi aprovada pelo Senado a venda pelos supermercados de medicamentos não controlados. Qual a posição do ministério sobre o assunto?
AP: Vai para um debate interno no governo. Precisamos ver o texto final, que foi aprovado detalhadamente. A presidenta tem o tempo dela para decidir isso.
CC: A Anvisa tem duas vagas para diretores em aberto. Por que não foram feitas as nomeações?
AP: Priorizamos o plano de reestruturação da Anvisa, inclusive para se definirem a competência e o papel de cada diretoria. Com esse novo plano de reestruturação, temos papéis definidos para cada uma das diretorias. A partir daí, a gente pode definir qual é o critério técnico mais apropriado para ocupar essa diretoria, qual é o perfil técnico mais apropriado, e aí o governo encaminhará para o Senado os nomes.

segunda-feira, 7 de maio de 2012

domingo, 6 de maio de 2012


Boni, da TV Globo, frequentava sauna com coronéis da ditadura, diz testemunha

“O Boni é malandro, inteligente. Não sei o que falava com os militares"
- Basílio Pinto Moreira, dono do restaurante

No livro “Memórias de uma Guerra Suja”, o ex-delegado da Polícia Civil do Espírito Santo Cláudio Guerra afirma que o restaurante tradicional carioca Angu do Gomes, frequentado por artistas e celebridades, era também ponto de encontro de coronéis linha dura do regime militar no fim dos anos 70 e começo dos anos 80.

Guerra conta: “O restaurante, inaugurado em 1977 pelo português Basílio Pinto Moreira e por João Gomes, era associado a uma sauna e foi fachada para as nossas atividades, misturando agentes da comunidade de informações ... Foram planejados assassinatos comuns e com motivações políticas, e discutimos vários atentados a bomba que tinham como objetivo incriminar a esquerda e dificultar, ou impedir, a redemocratização”.

... Por telefone, Basílio Moreira (82 anos) confirmou que Cláudio Guerra participava de reuniões com coronéis no local. Entre eles, o coronel Freddie Perdigão, do DOI-CODI.

“O Claudinho não saía daqui, rapaz! Vi que ele deu uma entrevista e muitas coisas que disse são verdade ... Tinha o Cláudio, o Freddie Perdigão ... Era uns 10 coronéis. Se reuniam aqui. Nunca me interessei na conversa deles, que era de militar para militar. Então eu me afastava. Não tenho nada que falar deles”, completou.

Sauna e artistas

Anexo ao restaurante funcionava uma sauna com garotas de programa. “Tinha strip-tease, e passou a ser frequentada também por artistas, policiais, militares e figurões da época...”, diz Guerra.

Basílio Moreira confirma e diz que seu irmão, ex-policial federal Augusto Pinto Moreira, era dono. Moreira lembra de alguns nomes famosos que frequentavam a sauna, entre eles o então executivo da TV Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho: “O Boni é malandro, inteligente. Não sei o que falava com os militares", desconversou.

Outros famosos, segundo Guerra e Basílio, eram Jece Valadão, Carlos Imperial, Lúcio Mauro, e Ciro Batelli, ex-vice-presidente da rede de hotéis-cassino Caesar Palace. (Com informações do Ig)

A série de matérias sobre o livro "Memórias de uma guerra Suja", com incineração de corpos de desaparecidos políticos em usina de açúcar, com desaparecidos na Lagoa da Pampulha e outras revelações  está aqui.

O MUNDO ESTÁ PRENHE DE REVOLUÇÕES

Os Bancos Centrais executam movimentos desesperados, tentando evitar que o colapso de grandes companhias arraste toda a economia para o buraco de 1929.

Os investidores se refugiam em ativos menos inseguros.

O crédito escasseia e encarece.

Investimentos produtivos são adiados sine die.

Já não se discute se haverá retração econômica no futuro imediato, mas sim a amplitude dessa retração.

Existe até quem compare nossa situação atual à dos passageiros do Titanic, logo após o choque com o iceberg: o navio está afundando, mas ainda não nos demos conta.

A que se deve este tsunami que devasta a economia mundial, após tantos anos de crescimento significativo?

Os expertos sentenciam que os Bancos Centrais das nações desenvolvidas foram coniventes com operações mirabolantes, ultrapassando de tal maneira os ativos reais nos quais deveriam estar respaldadas que o desabamento do castelo de cartas era pura questão de tempo.

Mas, será que tudo se reduz mesmo a um mero desleixo das autoridades que deveriam evitar a transformação do mercado financeiro em cassino?

Ora, a alternância de fases de expansão e retração econômicas marca o capitalismo desde o seu início. Por que desta vez seria diferente? De onde os doutos economistas tiraram a idéia de que o crescimento agora seria ininterrupto? Isto me parece mais expressão de desejo do que análise isenta.

Segundo Marx, o pecado original do capitalismo é a mais-valia: como os assalariados não recebem de volta o valor total dos bens que produzem, estão impedidos de adquiri-los todos, daí o descompasso entre o estoque de produtos oferecidos e o poder aquisitivo dos consumidores.

Até a metade do século passado, isto se reequilibrava de formas dramáticas: desde as queimas de café para evitar a queda do preço internacional do produto (distribui-lo aos carentes estava fora de cogitação!) até as guerras, que geravam um mercado cativo para a produção excedente, na forma de armamentos.

Com o advento das armas nucleares, entretanto, os conflitos entre potências passaram a ter o pequeno inconveniente de poderem extinguir a espécie humana. Então, desde 1962, ano da crise dos mísseis cubanos, tais situações passaram a ser administradas com mais cautela. Os gigantes nunca mais se enfrentaram, passando a não intervir quando algum deles surrava um nanico da sua esfera de influência.

A desigualdade, entretanto, continuou caracterizando o capitalismo, com a agravante de que os formidáveis avanços científicos e tecnológicos das duas últimas décadas criaram plenas condições para proporcionar-se a cada habitante do planeta o suficiente para uma existência digna.

Em vez disso, o que houve foi um incremento ad absurdum das atividades parasitárias, totalmente inúteis para o ser humano, cuja expressão mais conspícua, claro, são os bancos, amos e senhores do capitalismo atual.

E, para que os bens e serviços continuassem sendo consumidos independentemente do poder aquisitivo insuficiente dos consumidores, expandiu-se a oferta de crédito também ad absurdum. Então, desde as nações até as famílias passaram a operar com as contabilidades mais insensatas, em que as contas nunca fecham e os débitos, impagáveis, são sempre empurrados para o futuro.

É sobre esse pano-de-fundo de artificialidade básica que se projeta a atuação dos grandes especuladores do mercado financeiro, cujo campo de ação foi enormemente ampliado pelo advento da internet.

Atribuir-lhes (ou às autoridades que não os policiaram suficientemente) a responsabilidade pela recessão anunciada é tão falacioso agora quanto, p. ex., na quebra da Bolsa em 1929. O nome do vilão sempre foi outro: capitalismo.

A indústria cultural, hoje totalmente a serviço dos poderosos, incute em seus públicos a noção de que a realidade presente é a única possível e as opções existentes são apenas as oferecidas dentro do sistema. Então, termos de conformarmo-nos com a etapa de vacas magras que se avizinha, como preço a pagarmos pela fase anterior, em que as vacas nem sequer foram realmente gordas, com o espetáculo do crescimento deixando muito a desejar...

Mas, salta aos olhos estarmos, isto sim, pagando pelas mazelas do capitalismo, que se torna mais nocivo à medida que aumenta o potencial (criminosamente desperdiçado!) para construirmos uma sociedade igualitária e livre, em que ninguém mais seja limitado pela necessidade.

Talvez o estímulo à diferenciação e à busca do privilégio tenha sido essencial no passado, como motivação para o homem dominar a natureza e alcançar a atual capacidade de geração de riquezas.

Hoje, entretanto, já temos tudo de que precisávamos. O que nos aflige não é mais a insuficiência de recursos, mas sim seu mau aproveitamento, com a desigualdade obscena condenando nações inteiras e parcelas da população de outros países a existências subumanas; e a prevalência de interesses particulares sobre o bem comum levando à dilapidação insensata dos recursos finitos do planeta.

Estamos recebendo mais um alerta de que o capitalismo, com sua irracionalidade intrínseca, torna-se cada vez mais uma força destrutiva direcionada contra a humanidade, podendo tanto infligir-nos a penúria, quanto fazer com que se abata sobre nós a fúria da natureza.

Mas, não há nenhum mandamento divino ou lei natural que nos obrigue a manter o rumo atual até o mais amargo fim. Tudo depende de vontade e consciência, corações e mentes. “Onde vivem os homens, a ajuda só pode vir dos homens”, disse o grande Brecht.

Obs.: se a algum leitor atento ocorreu já haver lido este texto,  parabéns! Palavra por palavra, trata-se do artigo Pesadelo globalizado, que escrevi quanto da última crise capitalista, em setembro de 2008. 

Novamente, a perspectiva é de uma recessão, que vai sendo imposta a país após país; e o fantasma a rondar o mundo, o de que ela evolua para  uma recessão global e, pior ainda, para uma grande depressão.

E os Delfins Nettos da vida têm a desfaçatez de sustentar que as teorias econômicas marxistas caducaram! Pelo contrário, estão mais vivas do que nunca. Como eu já dissera em 2008, o que estamos vendo não passa das velhas crises cíclicas capitalistas em versão século 21. 

E, como o capitalismo está agora em estágio de putrefação avançada, o intervalo entre as crises já não é de 10 anos, como nos tempos de Marx, mas sim de três. Se as peças do dominó não caírem todas desta vez, quando será a próxima crise? Daqui a dois anos? Um ano? Seis meses?

O mundo está prenhe de revoluções.

ANISTIA DE 1979 NÃO IMPEDE QUE USTRA RESPONDA PELO ATENTADO DO RIOCENTRO

Eis dois incisos do Artigo 5 da Constituição Federal, com grifos meus:
  • XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, por eles respondendo os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
  • XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático.
E eis o que o ex-delegado do Dops/SP, Cláudio Antônio Guerra, declarou a respeito do atentado do Riocentro, em 30 de abril de 1981: os comandantes da operação foram “os mesmos de sempre”, quais sejam (ele apontou) o coronel de Exército Freddie Perdigão, do SNI; o comandante Antônio Vieira, do Cenimar; e o então coronel Brilhante Ustra, do DOI-Codi paulista.

Guerra, portanto, acusou Brilhante Ustra de comandar um atentado terrorista, que não só é imprescritível e insuscetível de graça ou anistia, como nem sequer estaria abrangido pela anistia de 1979, pois esta só abarcou fatos ocorridos até 15 de agosto de 1979. Desta vez não há como ele escapar pela tangente do  pacto de conciliação nacional...

Quando ainda era uma revista, a
veja apontou os reais culpados.
Temos, portanto, um antigo comandado fazendo denúncia pública contra os comandantes (e também os outros executantes) de uma  ação terrorista. Nada, absolutamente nada, isenta os que continuarem vivos de responderem por tal tentativa de provocar um pânico que, ao que tudo indica, teria consequências as mais terríveis, com um sem número de espectadores de um espetáculo musical morrendo pisoteados.  

A crermos no que a Folha de S. Paulo publica nesta 6ª feira (4), as autoridades estão, simplesmente, ignorando este crime gravíssimo:
"A Polícia Federal abriu investigação sobre o paradeiro de supostas vítimas do ex-delegado Cláudio Guerra, que afirma ter matado e incinerado corpos de presos políticos na ditadura militar.

O ex-policial prestou depoimento a um delegado da PF há cerca de um mês. A presidente Dilma Rousseff e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foram informados do relato, que está em sigilo.

A intenção é enviar as informações à Comissão da Verdade, ainda não instalada".
Não é só à Comissão da Verdade que devem ser enviadas as informações. O Ministério Público tem de ser imediatamente acionado, para verificar se existem criminosos a serem acusados e, em caso afirmativo, iniciar de imediato tais procedimentos.